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História After - Supercorp - Primeiro beijo, e mãe?


Escrita por: TommyKurkowski

Notas do Autor


Espero que gostem❤️

Capítulo 9 - Primeiro beijo, e mãe?


“Kah?”, pergunta Lena, parecendo confusa. Ela esfrega os olhos com a mão. Está toda descabelada e veste apenas uma calcinha preta e sutiã da mesma cor. Estranhamente, fico mais admirada com sua beleza naquele momento do que com o fato de ter me chamado de “Kah” em vez de “Kara”.

“Lena, por favor, posso entrar? Tem um cara…”, digo e olho para trás. Lena passa por mim e olha para o outro lado do corredor. Ela encara o tarado, cuja expressão passa de assustadora para amedrontada antes de dar meia-volta e seguir na direção contrária.

“Você sabe quem é?”, pergunto com uma voz baixa e trêmula.

“Sei, sim, entra aí”, ela diz e me puxa pelo braço para dentro do quarto. Não tenho como deixar de reparar em seus músculos sob a pele tatuada enquanto ela volta para a cama. Suas costas não têm tatuagens, o que é um pouco estranho, já que seu peito, seus braços e sua barriga são cobertos delas. Ela esfrega os olhos de novo. “Você está bem?” Sua voz está mais rouca, porque acabou de acordar.

“É… estou. Desculpe ter vindo aqui acordar você. Não sabia o que…”

“Não se preocupe com isso.” Ela passa as mãos pelos cabelos despenteados e solta um suspiro. “Ele encostou em você?” A pergunta não vem acompanhada de nenhum tipo de sarcasmo ou ironia.

“Não, mas tentou. Fui burra o suficiente para me trancar dentro de um quarto com um bêbado desconhecido, então acho que a culpa é minha.” Só de pensar naquele tarado tocando em mim, começo a chorar de novo.

“Não é culpa sua. Você só não está acostumada com esse tipo de… situação.” O tom de voz dela é gentil, ao contrário do habitual. Vou andando pelo quarto na direção dela, pedindo em silêncio permissão para me aproximar. Ela dá um tapinha de leve na cama e eu me sento com as mãos no colo.

“E não quero me acostumar. É a última vez que apareço aqui ou em qualquer outra festa. Não sei nem por que vim. E aquele cara… ele foi tão…” “Não chore, Kah”, murmura Lena.

E o mais engraçado é que não tinha percebido que estava chorando. Lena aproxima sua mão e faço menção de me afastar, mas não antes que seu polegar limpe uma lágrima da minha bochecha. Minha boca se abre com a surpresa de seu toque suave. Quem é essa guria e onde está o Lena sarcástica e grosseira que eu conheço? Olho para ela e me deparo com seus olhos verdes como esmeraldas e suas pupilas dilatadas.

“Não tinha notado que seus olhos são meio cinza”, ela diz, tão baixo que preciso me aproximar para ouvir. Sua mão ainda está no meu rosto, e minha mente está a toda. Mordendo o lábio inferior, ela segura o piercing entre os dentes. Nossos olhares se encontram, mas baixo a cabeça sem saber ao certo o que está acontecendo. Quando Lena retira a mão, olho para sua boca uma vez mais e posso sentir minha consciência e meus hormônios em conflito.

Minha consciência perde, e eu levo minha boca até a dela, pegando-a totalmente desprevenida.

-------

Não tenho ideia do que estou fazendo, mas não consigo parar. Quando meus lábios tocam os de Lena, sinto que ela respira fundo de susto. Sua boca tem exatamente o gosto que eu imaginava. Dá para notar um resquício do sabor de menta em sua língua quando ela abre a boca e me beija de volta. E pra valer. Sinto sua língua morna percorrer a minha e o metal frio do piercing no canto da minha boca. Meu corpo todo parece estar em chamas; nunca me senti dessa maneira antes. Ela faz uma carícia no meu rosto vermelho antes de levar ambas as mãos aos meus quadris. Depois se afasta um pouco e me beija de leve.

“Kah”, ela sussurra, e em seguida cola sua boca à minha outra vez, chegando ainda mais fundo com a língua. Minha mente não está mais no comando; uma sensação arrebatadora domina cada pedacinho do meu corpo. Lena me puxa pelos quadris e deita de novo na cama, sem parar de me beijar. Sem saber o que fazer com as mãos, apoio as duas em seu peito e monto em cima dela. Sua pele é quente e seu peito oscila com a respiração acelerada. Lena afasta sua boca da minha, e eu solto um resmungo de protesto, mas logo em seguida ela já está no meu pescoço. Sinto intensamente cada movimento de sua língua. Lena respira fundo junto de mim. Depois agarra meus cabelos para me manter imóvel enquanto beija meu pescoço. Seus dentes roçam minha clavícula, e eu solto um gemido, sentindo uma sensação boa se espalhar pelo meu corpo todo quando ela começa a sugar de leve minha pele. Ficaria com vergonha caso não estivesse tão inebriada, tanto por Lena como pelo álcool. Nunca tinha beijado ninguém dessa maneira, nem mesmo Mike.

Mike!

“Lena… para”, peço, mas não reconheço minha própria voz, que soa grave e rouca. Minha boca está seca.

Ela não para.

“Lena!”, falo mais uma vez, agora de forma clara e audível, e ela larga meus cabelos. Quando olho em seus olhos, noto que estão mais escuros, apesar de mais amenos, e seus lábios estão inchados e vermelhos por causa dos beijos. “Não podemos fazer isso”, digo. Embora queira muito beijá-la de novo, sei que não posso.

A delicadeza em seus olhos desaparece, e ela se afasta, jogando-me para o outro lado da cama. O que foi que aconteceu?

“Desculpa, desculpa”, digo, e não consigo pensar em mais nada para falar. Meu coração parece prestes a explodir a qualquer momento.

“Pelo quê?”, ela pergunta enquanto anda até a cômoda, pega uma camiseta preta e veste. Meus olhos analisam todo seu corpo musculoso só de calcinha e sutiã pretos.

Fico vermelha e desvio o olhar. “Por beijar você…”, explico, apesar de alguma coisa dentro de mim me dizer que não tenho por que me desculpar. “Não sei por que fiz isso.”

“Foi só um beijo. As pessoas se beijam o tempo todo”, ela diz.

Por algum motivo, aquelas palavras me magoam. Não que faça diferença que não tenha sentido o mesmo que eu… E o que foi que eu senti, aliás? Só sei que não gosto dela de verdade, que estou bêbada e que ela é bonita. Foi o efeito do álcool, e de uma noite longa e difícil, que me levou a beijá-la. Em algum lugar no fundo da minha mente, tenho que suprimir a vontade de fazer de novo.

Provavelmente porque ela foi gentil comigo, para variar.

“Então podemos fingir que isso nem aconteceu?”, pergunto. Eu me sentiria muito humilhada caso ela contasse para alguém. Essa não sou eu. Não fico bêbada nem traio meu namorado.

“Pode acreditar que também não quero que ninguém fique sabendo. Já chega de falar sobre isso”, ela esbraveja.

A arrogância habitual está de volta. “Pelo jeito você já voltou a ser a mesma Lena de sempre…”

“Nunca fui nada diferente disso… e não pense que, só porque me beijou, praticamente contra a minha vontade, a gente tem algum tipo de intimidade agora.”

Ai. Contra a vontade dela? Ainda sinto sua mão nos meus cabelos, a maneira como me puxou para junto dela, o modo como sussurrou meu nome antes de me beijar de novo.

Eu me levanto da cama com um pulo. “Você podia ter me impedido.”

“Até parece”, ela retruca, e sinto vontade de chorar outra vez. Quando estou com ela, fico emotiva demais. É humilhante e doloroso ter que ouvir que Lena me beijou só porque foi forçada a isso. Escondo o rosto entre as mãos por um momento antes de tomar o caminho da porta.

“Você pode passar a noite aqui, já que não tem pra onde ir”, ela fala baixinho, mas balanço a cabeça negativamente. Não quero ficar perto dela.

É tudo parte de um de seus joguinhos.

Provavelmente quer que eu durma em seu quarto para se fingir de boazinha e depois desenhar alguma coisa obscena na minha testa ou coisa do tipo.

“Não, obrigada”, respondo antes de sair. Quando chego à escada, acho que ouço sua voz chamar meu nome, mas sigo em frente. Do lado de fora, o contato da brisa fria com minha pele é alentador, e eu me sento de novo na mureta de pedra e pego meu celular. São quase quatro da manhã. Devia estar acordando dali a uma hora para tomar banho cedo e estudar. Em vez disso, estou sentada sozinha no escuro do lado de fora de uma festa.

Alguns bêbados ainda circulam por ali e, não muito certa do que fazer, vejo as mensagens de texto que recebi durante a noite de Mike e da minha mãe. Claro que ele contou para ela. Ele sempre faz isso…

Mas não posso nem pensar em ficar chateada com ele. Acabei de trair meu namorado. Quem sou eu para reclamar de alguma coisa?

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Ando um quarteirão e as ruas estão escuras e silenciosas. As fraternidades aqui perto ocupam casarões do mesmo tamanho que a de Lena. Depois de uma hora e meia de caminhada, consultando o GPS a cada passo, finalmente chego ao campus. Totalmente sóbria e ciente de que é melhor nem dormir, passo no Noonan’s e compro um café.

Quando a cafeína faz efeito, me dou conta de que tem um monte de coisas que não entendo em Lena. Tipo: por que ela faz parte de uma fraternidade cheia de filhinhos de papai se diz que é punk? E por que foi de afetuosa a impassível em um piscar de olhos? Meu interesse, porém, é puramente acadêmico, já que não tenho motivo para perder tempo pensando nela, e depois do que aconteceu na madrugada desisti de vez de tentar estabelecer uma relação amigável. Não consigo acreditar que a beijei. Foi o maior erro que poderia ter cometido, e assim que baixei a guarda ela me atacou com mais força do que nunca. Não sou burra a ponto de acreditar que não vai contar para ninguém porque pedi, mas espero que a vergonha de ter beijado “a virgem” seja suficiente para manter sua boca fechada. Se alguém me perguntar, nego até a morte.

Preciso inventar uma boa explicação para minha mãe e para Mike sobre meu comportamento ontem à noite. Não sobre a parte do beijo, que eles nunca vão saber, mas sobre ter saído. De novo. E preciso muito conversar sobre essa mania de Mike de contar tudo para minha mãe. Se quero ser tratada como uma adulta de agora em diante, ele não pode controlar tudo o que faço.

Quando chego ao alojamento, minhas pernas e meus pés estão doendo, e solto um suspiro de alívio ao virar a maçaneta.

Mas então quase tenho um ataque do coração ao ver Lena sentado na minha cama.

“Não acredito!”, eu meio que grito quando finalmente me recupero do susto.

“Onde você estava?”, ela pergunta sem se alterar. “Rodei quase duas horas de carro tentando te encontrar.”

Quê? “Como assim? Por quê?” Se era para fazer isso, por que não se ofereceu para me trazer enquanto eu ainda estava lá? Ou, melhor ainda, por que eu mesma não pedi uma carona assim que descobri que ela não bebia?

“Só achei que não era uma boa ideia você andar por aí sozinha de madrugada.”

E, como nem tento mais ler suas expressões e Sam está sabe-se lá onde e eu estou sozinha com ela, a pessoa mais perigosa do mundo para mim, só consigo rir, dar uma gargalhada enlouquecida, que não tem nada a ver comigo. E não porque vejo graça na situação, mas porque estou exausta demais para ter outra reação.

Lena me olha com uma a sobrancelha arqueada, o que por sinal a deixa ainda mais linda, mas nesse momento me faz rir ainda mais. “Sai daqui, Lena… some da minha frente!”

Ela me encara e passa as mãos pelos cabelos. Pelo menos é uma reação que consigo entender.

No pouco tempo que tive para descobrir que Lena Luthor é uma guria enlouquecedora, aprendi que quando faz isso é porque está estressada ou sem jeito. No momento, espero de verdade que sejam as duas coisas.

“Karah, eu…”, ela começa a dizer, mas suas palavras são interrompidas por batidas violentas na porta e uma voz gritando:

“Karah! Karah Zor El, abra essa porta!”

Minha mãe. É minha mãe. Às seis da manhã, e tem uma garota toda tatuada no meu quarto.

Imediatamente entro em ação, como sempre faço quando ela fica com raiva. “Ai, meu Deus, Lena, entra no armário”, cochicho para ela e a seguro pelo braço, arrancando-a da cama e me surpreendendo com minha força.

Ela me encara, quase rindo. “Não vou me esconder no armário. Você tem dezoito anos.”

Lena diz isso — e com razão — porque não conhece minha mãe. Solto um grunhido de frustração, e ela esmurra a porta outra vez. A maneira desafiadora como ela cruza os braços me diz que não vai sair dali, então me olho no espelho, dou uma esfregada nas olheiras, pego a pasta de dente e espalho um pouco sobre a língua para disfarçar o cheiro de álcool, que persiste mesmo depois do café. Talvez a mistura dos três odores confunda o nariz dela ou coisa do tipo.

Abro a porta com um sorriso simpático no rosto, mas então percebo que ela não está sozinha. Mike está ao seu lado, claro. Ela parece furiosa. E ele parece… preocupado? Magoado?

“Oi. O que estão fazendo aqui?”, pergunto, mas minha mãe passa por mim e vai diretamente até onde está Lena. Mike entra no quarto em silêncio, deixando que ela tome a dianteira da situação.

“Então é por isso que você não estava atendendo o telefone? Porque estava com essa… essa…” Ela agita os braços na direção dela. “Arruaceira tatuada no seu quarto às seis da manhã!”

Meu sangue ferve. Geralmente me intimido e fico com medo quando minha mãe age assim. Ela nunca me bateu nem nada do tipo, mas jamais demonstrou o menor pudor em apontar meus erros:

Você não vai querer sair vestida assim, certo, Kara? Você deveria ter penteado melhor os cabelos, Kara.

Você poderia ter tirado notas melhores nas provas, Kara.

Ela me pressiona demais para ser perfeita o tempo todo, e isso é exaustivo.

Mike, por sua vez, se limita a ficar parado olhando feio para Lena, e eu sinto vontade de gritar com os dois — na verdade, com os três. Com minha mãe por me tratar como uma criança. Com Mike por contar tudo para ela. E com Lena por ser do jeito que é.

“É isso que você anda fazendo na faculdade, mocinha? Fica acordada a noite inteira e traz garotas para o quarto? O coitado do Mike estava morrendo de preocupação. Então viemos até aqui só para encontrar você com essa garota”, ela diz, e eu e Mike ficamos constrangidos.

“Na verdade, acabei de chegar. E ela não estava fazendo nada de errado”, responde Lena, deixando-me chocada. Ela não faz ideia de quem está enfrentando. Pensando bem, ela é uma teimosa irredutível, e ela, uma controladora irrefreável. Talvez saia uma boa briga. Meu subconsciente sugere que eu pegue um saco de pipoca e me sente na primeira fileira para ver.

Minha mãe fecha a cara. “Como é? Eu não estava nem falando com você. E não sei o que alguém como você está fazendo com minha filha, por falar nisso.”

Lena absorve o golpe em silêncio, mas não se move e continua olhando para ela.

“Mãe”, eu digo por entre os dentes.

Não sei nem por que estou defendendo Lena, mas é esse meu impulso. Talvez em parte porque a maneira como ela a está tratando seja parecida com o modo como Lena me tratou quando a conheci. Mike olha para mim, para Lena e de novo para mim. Será que sabe que nós nos beijamos? A lembrança ainda está fresca na minha mente e faz minha pele se arrepiar só de pensar.

“Kara, você está fora de controle. Dá para sentir o cheiro da bebida daqui, e não venha me dizer que isso tudo não é influência da sua coleguinha de quarto e dela ali”, ela diz, apontando para Lena.

“Tenho dezoito anos, mãe. Nunca bebi antes e não fiz nada de errado. Sinto muito que a bateria do meu celular tenha acabado, e que por isso vocês tenham vindo até aqui, mas está tudo bem comigo.” De repente, o cansaço das últimas horas começa a bater. Eu me sento na cadeira diante de escrivaninha antes mesmo de terminar de falar. Ela solta um suspiro.

Depois de ouvir o que falei, minha mãe assume uma postura mais tranquila — afinal de contas, ela não é um monstro. Virando-se para Lena, ela diz: “Poderia nos dar licença um minutinho?”.

Lena me olha como quem pergunta se vai ficar tudo bem. Faço um gesto afirmativo com a cabeça, e ela faz o mesmo antes de sair do quarto. Mike fecha a porta logo em seguida, sem tirar os olhos de Lena. É uma sensação estranha me posicionar ao lado de Lena contra minha mãe e meu namorado. Por algum motivo, fico pensando que ela vai esperar no corredor até os dois irem embora.

Durante os vinte minutos seguintes, minha mãe fica sentada na minha cama explicando que só está preocupada, com medo de que eu estrague minhas chances de ter uma boa formação e diz que não me quer bebendo de novo. Ela também fala que não aprova minha amizade com Sam, Lena ou qualquer um do grupo, e me faz prometer que não vou mais andar com elas. Depois da noite passada, não quero mesmo chegar perto de Lena e não pretendo ir a nenhuma festa com Sam, então minha mãe não tem como saber que tipo de relação vou ter com ela daqui para a frente.


Notas Finais


O tão esperado beijo chegouuuuu
Me digam o que acharam? Ksksk


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