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História After the Titanic - I can see the storm is coming


Escrita por: LakeMoose

Notas do Autor


Não vou enrolar muito por aqui hoje, obrigada pelos comentários e favoritos, espero que goste do capítulo.
Boa leitura!

Capítulo 2 - I can see the storm is coming


I can see the storm is coming 
         [Eu posso ver a tempestade que se aproxima]

No caminho até o bar descobri que Helena, realmente, falava demais, tão rápido que eu me vi incapaz de acompanhar os movimentos da sua boca, em vez disso foquei minha atenção a um ponto qualquer na calçada à nossa frente, enquanto esquentava as minhas mãos no bolso da calça jeans.

– E por que Psicologia? – perguntei antes que ela emendasse um novo assunto.

Helena riu, não da minha pergunta, mas de si mesma, ao longo do percurso descobri que ela fazia muito isso, o que me deixou ainda mais curioso com a sua resposta, porque tudo era mais interessante quando se tratava dela.

– Ah, você sabe – ela disse com um sorriso travesso – Pelo mesmo motivo que a maioria das garotas escolhem Psicologia – deu de ombros esperando que eu compreendesse, mas minha expressão não podia ser mais confusa – Para me entender – completou como se fosse óbvio, desviando seus olhos dos meus para chutar uma pedra em que ela quase tropeçou – Mas, acontece que Freud não tem todas as respostas e as aulas de Anatomia são um porre.

Eu ri da sua justificativa, tomando cuidado para não tropeçar nos buracos da calçada enquanto andava ao seu lado.

– Você não parece com a maioria das garotas – respondi franco, depois dei um sorriso sem jeito ao perceber como soava embasbacado, realmente não tinha como eu parecer menos idiota – É bem ali – falei rápido apontando na direção do nosso destino antes que ela me fizesse confessar o que havia passado pela minha cabeça quando a vi, aquela garota era minha sina.

– É sério? – ela indagou olhando do estabelecimento para mim com uma sobrancelha arqueada – Um bar?

– Você tem ideia melhor? – perguntei irônico.

Já era fim de noite e as pessoas estavam deixando o frio do centro da cidade para se aquecer em suas casas, sem saber que esse é o melhor momento para se estar fora dela, provavelmente, em noites frias como esta, Helena era como essas pessoas, mas hoje não seria.

– Tenho – ela afirmou – Mas eu jurava que você era mais criativo que eu.

– Não é a primeira vez que eu te desaponto, não é?

– Nem tanto – ela respondeu divertida – Mas você acertou, eu preciso de vodca – falou e então adiantou-se na direção do balcão esbarrando em algumas cadeiras de plástico pelo caminho.

De fato, minha ideia não era tão ruim, aquele era o melhor bar da cidade, o único que não tocava Despacito a cada cinco minutos. E eu tinha esperanças de que, talvez, o álcool a fizesse confessar sua intenção de me enlouquecer com seus sorrisos gratuitos.

Mas, quando percebi, doses mais tarde, quem estava cambaleando era eu, enquanto ela exibia um sorriso vitorioso ao perceber que o álcool já tinha tomado o controle do meu sistema motor.

– Acho melhor você voltar para os seus cigarros, campeão.

– Campeão? – indaguei escutando a palavra se arrastar lentamente pela minha língua enrolada – Eu só estou perdendo hoje, Helena – completei manhoso, estranhando minha própria voz.

– Então vem perder mais um pouco – ela disse me arrastando para uma mesa de sinuca, mais alegre do que etílica.

– Você sabe jogar? – questionei depois de me recuperar dos seus movimentos rápidos.

– Não muito – ela deu de ombros – Mas não pode ser tão difícil, é só encaçapar umas bolas, né?

Eu ri, pela primeira vez naquela noite eu não iria perder e Helena sabia disso.

– Não é tão fácil – expliquei – Você não pode encaçapar a bola branca, nem as que não forem suas – respondi, em seguida demonstrei como funcionava a regra de bolas pares e ímpares me divertindo com sua expressão confusa.  

– E qual é a da bola oito? – ela interrogou segurando a bola em questão em frente aos olhos, enquanto fingia que tinha entendido alguma coisa.

Arqueei meus ombros.

– É só uma bola.

– Que broxante – ela retrucou lentamente, o álcool finalmente fazendo efeito em seu organismo.

– Desistiu de jogar? – perguntei divertido.

Ela pensou um pouco antes de responder.

– Eu odeio perder – ponderou com uma careta – Mas vou abrir uma exceção – ela disse com um sorriso provocativo enquanto pegava um taco sem saber como usá-lo.

Apesar disso, Helena não teve dificuldades para encontrar a posição certa na mesa, entretanto me fez revisar várias vezes as regras até fazer sua primeira tacada. Mesmo assim, ela quebrou pelo menos a metade delas logo de cara com sua falta de coordenação, contudo suas tentativas tinham até certo charme, ela estava se divertindo.

Entre uma tacada e outra, Helena cantarolava alguma música desritmada e, quando não encontrava nenhuma em seu repertório, ela achava algum assunto para conversar com um senso de humor invicto. Nesses momentos, eu nem me lembrava que no começo da noite ela havia surrupiado meu isqueiro para fumar escondida.

No auge do meu altruísmo, quase cavalheiresco, eu fiz o possível para deixá-la ganhar, mas aí o jogo se estenderia pela noite toda e Helena se entediava fácil demais.

– E agora, o que acontece? – ela indagou quando eu finalmente havia encaçapado todas as minhas bolas.

– O jogo acaba – respondi guardando nossos tacos.

– Eu não fui tão mal, ou fui? – ela perguntou sentando-se em cima da mesa com um impulso.

– Para alguém que não sabia nem o lado certo de pegar no taco, até que não – considerei – Eu esperava um desastre.

– Você facilitou pra mim – ela alegou sem se ofender.

– Não era a minha intenção – eu disse com um sorriso de canto, entregando a verdade – Mais vodca?

– Acho que algo mais forte – respondeu dando um salto da mesa, dirigindo-se ao balcão com uma agilidade impressionante para uma garota alcoolizada.

Quando me aproximei, Helena já tinha feito nossos pedidos e a única coisa que eu podia acompanhar era os movimentos rápidos do atendente conforme ele fazia misturas que eu desconhecia e que, com certeza, não cairiam bem na manhã seguinte.

– Alguém precisa mudar essa música – ela disse quando Asleep dos Smiths começou a tocar – Eu já volto.

Ela demorou alguns minutos até encontrar uma música que a agradasse, fazendo uma careta quando passava por alguma música do Wesley Safadão. Achei que ela iria voltar para a melodia cadenciada de Mourricey, mas me surpreendi quando ela encontrou uma das faixas de um álbum do Quiet Riot no meio daquela bagunça de estilos musicais. Helena também se surpreendeu, sorrindo satisfeita enquanto cantava os versos melhor que o Kevin DuBrow.

Cum on feel the noize – cantou empolgada olhando na minha direção como se soubesse de algo que eu não sabia – Girls rock your boys – ela balançou sua cabeça no ritmo da música, bagunçando seus cabelos – We’ll get wild, wild, wild.

Wild, wild, wild – cantei junto com ela, contagiado pela sua energia, continuamos cantando o refrão juntos até percebermos que éramos desafinados pra cacete.

Ela se sentou ao meu lado no balcão sorrindo contente.

– Um brinde? – ela perguntou estendendo o copo.

– À ressaca de amanhã – completei ouvindo o tilintar dos nossos copos.

– E aí, vai me falar porque você estava com cara de mau quando te encontrei?

– Eu só estava pensativo – respondi – Não sabia que eu tinha cara de mau.

– Ah, você tem – ela revelou com uma piscadela – E isso é sexy.

Eu gargalhei.

– Você está muito bêbada.

– Não estou, não.

– Não foi uma pergunta – falei com uma sobrancelha arqueada.

– Engraçadinho – ela riu – No que você estava pensando, Tiago?

Eu suspirei antes de responder, quem deveria estar confessando seus segredos era ela, não eu. Mas Helena adorava contrariar meus pensamentos, mesmo sem saber.

– Em tantas coisas – comecei – Quando eu estou perdido, fumar me faz bem.

– Fumar não pode te fazer bem – ela avaliou – Cigarro faz mal pra caralho.

Eu dei de ombros.

– Mas eu gosto da sensação – respondi – Me faz sentir como se eu não tivesse fôlego para correr dos meus problemas.

Ela parou para pensar, satisfeita com a minha resposta, mas não tanto quanto eu gostaria.

– Vem comigo – ela disse, pela segunda vez naquela noite, me guiando para onde quisesse.

Não vou mentir, a sensação da sua mão quente segurando meu pulso fez com que meu estômago desse uma cambalhota muito louca.

– Ah, que droga! – ela falou olhando desapontada para o céu cinzento assim que cruzamos a porta do bar.

– O quê? – questionei olhando na mesma direção que ela.

– Essas nuvens atrapalhando minha vista, eu precisava procurar uma resposta.

– Nas estrelas? – perguntei.

– Sim.

Ficamos em silêncio por um instante como se aquilo não fosse loucura.

– Vai chover – eu disse simples.

– É, vai.  

E choveu, não lá fora, dentro de mim. Naquela noite, caçando estrelas, Helena preencheu o meu vazio, me inundando com a tempestade dos seus olhos castanhos.


Notas Finais


Primeiramente, não tenho nada contra o Wesley Safadão, já fui no show dele e dancei bastante, acreditem ahsduahsdh. Segundamente (e mais uma vez pra não perder o costume) espero que tenham gostado do capítulo e qualquer erro por favor me avise. Obrigada por ler, até mais!


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