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História After You - Segunda Temporada - 8 months



Notas do Autor


Boa noite CLAWEN's❤

Capítulo Novo!

Capítulo 26 - 8 months


Antes de Claire terminar de falar, Lauren entrou com tudo na sala. Estava com a mão enfaixada.

- Você sabe que vai me pagar por isso, não sabe? - disparou, até ver Owen mudando completamente de postura. - É... Owen... Oi...

- Primeiramente é bom dia senhora e senhor Grady. Deveria ter batido na porta, somos seus patrões. Não seus colegas.

- É... Me perdoe Owen... - disse sem jeito. - Mais Você sabe o que a sua esposa fez ontem comigo? - encarou Claire.

- Já disse que é senhor Grady. - Disse rispidamente. - Bom, ela me contou sim. Inclusive quero perguntar, que história é essa de que jantamos juntos?

Lauren ficou vermelha na hora, não sabia o que dizer. Não tinha como mentir mais.

- Foi... - Claire a interrompeu.

- Olha, já chega. - levantou a encarando. - Não adianta ficar mentindo, eu confio no meu marido e já descobri o quanto você é descarada.

- Você não tem o direi...

- Cala boca, ainda não terminei! - disse com um tom firme. - A sua sorte é que está grávida e eu não posso demiti-la, a não ser por justa causa. Então toma cuidado com o que faz. Sendo assim, você será transferida de cargo e vai trabalhar no prédio do centro de controle. Não posso deixar você em um cargo de confiança.

- Sabe que o que fez vai ter consequência... - com um tom de ameaça, se aproximou da mesa.

- Sei... E tem todo o direito de me processar... - inclinou-se apoiando as mãos na mesa.

Owen acabou tendo que interferir, o olhar mortal que elas trocaram naquele momento botava medo até na T-Rex.

- Ok, tudo esclarecido. Espero não ter problema com nenhuma das duas novamente. - O loiro então acompanhou a mulher até a porta e a fechou.

Claire voltou a sentar, abriu o notebook olhando para a tela. Não tinha coragem de encará-lo. Ele sentou ao lado dela como se nada tivesse acontecido, juntando todas as planilhas. A ruiva o observou em silêncio e segurou a mão dele.

- Me desculpe por tudo isso... Sei que eu errei. Obrigada por ficar ao meu lado.

- Esquece isso meu amor. Eu sei que você não tem jeito mesmo... - Beijou a mão dela. - Daqui a pouco pode ir se sentar, tem que descansar as costas.

Ela riu e o deu um beijo demorado.

- Não posso... Depois que te passar alguns números, preciso ir aos paddocks. - estava bem elétrica. - A cada dia o número de visitantes estão aumentando... Sem contar os lucros. - apontou para a tela do computador. - Imagina quando inaugurarmos as novas atrações?

Owen arregalou os olhos e lembrou-se do dia que foi trabalhar gripado. Se arrastava pelos corredores achando que iria morrer de tanta indisposição e dor no corpo. Mas a esposa grávida de 8 meses parecia estar disposta a escalar o Everest de chinelos.

- Eu... eu vou com você, posso?

Claire sorriu, ele estava com uma expressão bem engraçada.

- Claro meu amor... Amo a sua companhia. Vamos? - levantou-se com a ajuda do marido.

Os dois passavam de carro pelos paddocks, estava quase tudo pronto. Só precisavam ver se tinham já testados a cercas elétricas, Claire estava feliz com a evolução do parque. Sabia que se Masrani estivesse vivo, estaria muito orgulhoso. E ela não conseguiria aquilo sem Owen, ele era um ótimo administrador daquele parque. Ela não podia ter encontrado melhor marido e melhor parceiro de trabalho.

O passeio durou até a hora do almoço. Ambos comeram no primeiro restaurante que viram pela frente, depois prosseguiram com o trabalho de checar cada paddock das espécies cenozóicas.

- Amor? Fala Archaeornithomimus?

- De novo... Amor. - o encarou rindo. Sabia que ele queria rir da cara dela. Continuou andando. - Archeorthomimus...

Owen apoiou-se na parede já chorando de rir.

- Céus... Você nunca aprende a falar certo, a Clarisse vai ser a primeira a aprender e você não...

Ela o deu um tapa no braço.

- Para de rir, está todo mundo olhando... - ficou corada na hora. - Eu acho ridículo esses nomes científicos... Como se fala espertinho?

Owen voltou a postura normal e pigarreou.

- Archaeornithomimus! Que tal irmos embora? Amanhã tem consulta, madame.

- Irmos embora? - olhou o relógio. - Ainda vai dar cinco horas... Tenho tanta coisa para fazer ainda. A inauguração das novas atrações é daqui uma semana... - disse se aproximando dele e repousou as duas mãos sobre eu peitoral.

- Daqui uma semana você pode estar dando a luz. Vamos Claire, é sério. Posso adiar essa inauguração...

- Não... Adiar não. Está bem, vamos. Amanhã eu continuo... - o acompanhou até o carro. - A imprensa vai estar em peso na inauguração, temos que fazer os nossos discursos...

- Meu discurso sai na hora. Amanhã a noite temos uma reunião, deixo você ir se comportar.

Claire riu e o encarou.

- Eu vou de qualquer jeito, Owen. Prometo descansar mais, depois da inauguração.

- Sei que você não tem jeito. - Conferiu se o cinto dela estava apertado e pisou fundo no acelerador do carro. - Vou instalar a cadeirinha dela amanhã.

- Sério? Já coloca uma no meu carro também, por favor... - sorriu acariciando a barriga. - Ela está chegando Owen... Provavelmente a Dra.Jones já marque o dia do parto amanhã... - respirou fundo. - Não sei se estou mais ansiosa ou com medo. - confessou olhando pela janela.

Owen queria acalmá-la de alguma forma, mas não conseguia. Achava que o melhor a fazer naquela situação seria deixá-la em paz e permanecer ao seu lado quando ela quisesse puxar alguma conversa. Nada do que ele dissesse ajudaria em nada, e talvez, com o passar do tempo de espera, ela acabasse cochilando.

Em um gesto gentil, colocou a mão direita sobre a dela.

- Vai dar tudo certo. Cuidei bem de você até aqui... sei que escapa da dieta às vezes porque eu olho no lixo os papéis das coisas que você come.

Claire o encarou com os olhos cerrados e um sorriso de canto. Ele era incrivelmente cuidadoso.

- Cuidou mais que bem, foi ótimo. - entrelaçou seus dedos nos dele. - Se acontecer alguma coisa... Salve ela, está bem?

Owen deu uma freada brusca.

- Que papo é esse?

Esse ato com certeza a assustou.

- Owen! Ficou doido de parar assim? - o repreendeu. - Você entendeu o que eu quis dizer... Caso o parto tenha alguma complicação, você tem que salvar ela!

Nas últimas semanas, ela estava lendo bastante sobre a hora do parto. E tinha consciência de todos os riscos.

- Está de brincadeira comigo, só pode. Não vai acontecer nada com a nossa filha, muito menos com você. - A verdade era que só de pensar que aconteceria algo com ela, Owen sentia um buraco imenso no peito.

Em silêncio, retornaram para casa. Owen preparou a cama e se deitou. Claire foi direto para o banho, assim que terminou e se vestiu. Foi fazer o jantar, também sem dizer uma palavra.

- Arruma suas coisas, depois da consulta vamos para casa da Karen. - Disse atrás dela com um copo de água na mão.

Ela virou rapidamente para ele.

- O que? Por que?

- Ela vai cuidar de você.

- Não vou a lugar nenhum Owen.

- Esqueceu do nosso antigo combinado?

- Não.... Mas o combinado era depois que a Clarisse nascesse. Ela ainda não nasceu, eu não vou! - virou de costas para ele, continuando a picar os ingredientes da sopa.

- Você é muito teimosa, Claire. Pelo que eu estou vendo, quer parir a Clarisse no banheiro quando for fazer xixi... - Disse ao mesmo tempo que a abraçava por trás.

Ela não aguentou e acabou rindo daquele comentário.

- Vai dar tudo certo, Okay? - virou para ele. - Eu não posso mais ficar longe de você.

- Quando fizer nove meses eu vou pra lá. Não é uma má idéia...

- É uma péssima idéia. Não insista... Não vou a lugar nenhum. - se afastou dele, para finalizar o jantar.

- Hey, deixe que eu faço isso. Vai se sentar... - O marido tomou as coisas dela e começou a preparar o jantar.

Claire revirou os olhos e retirou o avental. Foi para sala o deixando sozinho na cozinha. Ligou a TV assistindo qualquer coisa que passava.

Logo ele retorna com duas tigelas de sopa e coloca na mesa.

- Vem Claire.

A ruiva levantou-se e foi até lá, sentando-se ao lado dele como de costume e começou a comer.

- Está muito bom...

- Sei que está, sou o melhor cozinheiro. - Gabou-se enquanto finalizava o 4°prato de sopa.

Ela revirou os olhos, mas tinha que concordar, sentiu saudade daquele convencido. Era um alívio tê-lo ali.

- Eu te amo... - disse quase sussurrando.

- Eu também me amo, ruiva.

Claire levantou levando seu prato até a pia e voltou o abraçando pelo pescoço.

- Eu vou dormir... A Clarisse precisa estar bem descansada para amanhã.... - lhe deu um beijo na bochecha.

- Vai lá. Boa noite. Já me deito com você. E eu também amo você. Vocês... - Beijou-lhe a barriga.

- Também te amamos. - lhe deu um selinho e foi para o banheiro escovar os dentes. Estava tão cansada que assim que deitou adormeceu, antes de o marido se juntar a ela.

*

A manhã seguinte na Ilha Nublar começou perfeita, mesmo que nada fora do normal tivesse acontecido. Owen tinha convicção do simples fato de tê-la ali ao seu lado, dormindo, linda como um anjo, já era o suficiente para deixa-lo bem. Sua maquiagem, embora mais fraca, se mantinha perfeita. Seus cabelos vermelhos estavam soltos, ele tentou se lembrar em que momento da noite anterior ele havia desfeito sua trança. O perfume de baunilha parecia fraco se comparado ao perfume natural que sua pele emanava. Ela estava tranquila, respirando devagar, e o movimento de subida e descida que o peito dela fazia era um pouco hipnótico. Mesmo inconsciente, Claire parecia feliz, e aquilo fez com que o marido sentisse uma paz de espírito tão grande que, de repente, se deu conta de que poderia passar o resto da vida ali, daquele jeito, assistindo-a não fazer nada.

Mas em algum momento ela acordaria. E quando isso acontecesse, ele queria estar preparado. Era engraçado como sentia-se disposto a parecer o melhor marido do mundo para ela, e igualmente engraçado era o fato de que achava que realmente podia ser. Owen havia prometido a ela, e a si mesmo, que cuidaria dela para sempre, e sempre a faria feliz. Era uma das pouquíssimas promessas que havia feito a alguém algum dia, e seria talvez a única que Owen realmente cumpriria.

Contra a vontade, o homem levantou-se da cama e caminhou até o banheiro para um banho morno, tomando cuidado para não acordá-la. Ela ainda dormia na mesma posição quando ele voltou ao quarto. Escolheu uma calça de moletom qualquer para vestir e recolheu do chão as suas peças de roupa, esquecidas na noite anterior, saindo logo em seguida.

Saiu e preparou o melhor café da manhã que conseguiu, com sucos de maçã e morango, pãeszinhos, torradas, dois tipos de geléias, patê, chocolate e biscoitos de água e sal. Owen sentou-se na cozinha e comeu distraidamente, tentando lembrar de todos os detalhes da festa de casamento há 8 meses atrás, mas só conseguindo lembrar-se sempre da mesma coisa: Ela. E de como ela estava maravilhosa. E de como ele se sentia ao vê-la caminhando para ele, o aceitando, aceitando ser dele. E de como tudo parecia girar em torno dela de uma forma natural. E de como ele a amava.

Owen sentiu uma saudade boba de repente, como se estivessem longe há tempo suficiente. Ele colocou em uma bandeja tudo que conseguiu e foi com ela para o quarto, sem pensar se Claire já havia acordado àquela hora. Para felicidade do loiro, ela estava se espreguiçando em volta do edredom como uma gatinha mansa - e a melhor parte: completamente nua. Por um bom tempo tudo que Owen conseguiu fazer foi admirá-la da porta, com a bandeja ainda na mão. Ficou feliz quando ela não fez menção em se cobrir ao vê-lo ali.

- Bom dia. - Disse, deixando a bandeja no colchão ao seu lado e beijando suavemente suas costas - Com fome, senhora Grady?

Claire tinha dormido muito bem, se sentia mais leve e muito feliz. Sentou-se na cama toda descabelada. Owen tinha um lindo sorriso nos lábios, que a fizeram suspirar de tanto amor.

- Bom dia... - sorriu olhando para a bandeja farta. - Uau...- se aproximou o dando um selinho. - Você está tão cheiroso... Isso tudo é para mim?

- É sim... - Quando Claire virou de barriga para cima, foi tomado por uma vontade imoral de agarrá-la e enchê-la de beijos, mas tudo que fez foi beijar sua barriga. - Ela anda muito quieta... - Começou, espalmando a mão ali, e como se fosse uma resposta à sua constatação, sentiu imediatamente um minúsculo chute. - Acho que ela quer conversar... Bom dia, princesa.

Claire observou a cena abismada, ao mesmo tempo que comia uma torrada.

- Foi só você falar... - riu e deu uma gemido assim que a filha chutou mais forte. - Aí meu amor... - levou a mão de Owen até o local. - Já estou vendo que ela vai ser o grudinho do papai... Ela estava muito agitada nos dias que estava viajando. Acho que ela sabia que você estava longe... E agora que está ao nosso lado de novo, ela se acalmou...

Owen ao sentir mais um chute como resposta, sorriu involuntariamente. Era claro que ela não estava respondendo-o, mas era como se estivessem conversando, e essa pequena interação entre os dois estava deixando Owen feliz como uma criança em véspera de Natal.

Ele se inclinou para a barriga de Claire e começou a falar coisas completamente sem importância, apenas com o intuito de fazer com que sua voz vibrasse perto da filha. Sempre que ele se calava, pensando no próximo assunto para abordar, sentia um pequeno chute como forma de protesto ao seu silêncio, e então voltava a falar qualquer besteira. A essa altura, Claire já havia alcançado a bandeja e pegado outra torrada para comer, provavelmente esperando que o marido parasse de bancar o louco falando com seu umbigo.

Mas na verdade era o oposto, Claire amava aqueles momentos que Owen conversava com sua barriga. As duas pessoas que mais amava no mundo estavam ali, interagindo. Enquanto ele falava, a ruiva continuou comendo e as vezes ria com o que escutava.

Ela começou a imaginar daqui um tempo, quando Clarisse nascesse. Owen trocando suas fraldas e preparando sua mamadeira. Desesperado quando a pequena começasse a chorar sem parar, e até mesmo brincando de boneca com a filha. Claire tinha convicção de que tudo isso iria acontecer e amava aquela idéia e pensamentos. Owen Grady, o homem de sua vida que treinava raptores e passeava com eles na floresta, agora era pai de uma menina.

- Sua mamãe não pára de comer aqui, vou ter que por um freio nela... - Owen soltou uma gargalhada baixa, beijando sua barriga com calma.

Claire até se engasgou com o suco.

- Okay... - tossiu recuperando o ar e o puxou para um beijo. - Você não faz idéia, como esse momento de vocês dois é lindo... - disse com seus lábios colados ao dele.

- É mesmo? Tenho que conversar com a minha bebezinha. - Pontuou beijando outra vez sua barriga e formando uma trilha de beijos até um ponto próximo a um dos seus seios.

- Tem sim... - arfou com a sensação que seus beijos causavam em seu corpo. - Preciso ir me arrumar, Senhor provocador... Se começar, não levanto mais daqui hoje...

Ignorando o protesto dela, Owen beijou com suavidade o bico esquerdo, já levemente excitado. Ela gemeu baixo, e o som leve de seu gemido fez com que ele se sentisse um pouco mais feliz. Brincou com a língua no outro seio, de uma forma ainda suave, e ela riu dessa vez. E toda vez que ela ria, Owen sentia que a amava um pouquinho mais.

- Você está me deixando excessivamente romântico. - Falou ainda contra a sua pele, apoiando o queixo no peito dela e sorrindo sem motivo - Isso não faz bem para minha masculinidade, ruiva.

Saber aquilo a deixou bem satisfeita e entrelaçou seus dedos em seus cabelos loiros. Claire sem dúvidas estava encantada com aquele momento. Olhou no fundo dos olhos de Owen e viu um brilho a mais, o que aqueceu seu coração. Tinha algo a mais nos dois, algo novo e genuíno.

- Masculinidade? Eu não tenho dúvidas dela. - riu beijando a ponta de seu nariz. - Eu gosto bastante do seu romantismo... Me faz me sentir mais amada...

O marido a levou para tomar banho, porque se dependesse da vontade que ele estava de amá-la intensamente, iriam perder o horário da consulta.

*

- Por que está tão calada? - Perguntou ao parar o carro no sinal vermelho. – Está nervosa? Não fique. - Falou, levando a mão livre para a perna - Vai dar tudo certo.

Era realmente nisso que ele acreditava. Claro que não estava completamente calmo, mas também não estava nervoso ou com medo. Só estava ansioso, simplesmente porque sabia que dali a alguns minutos estaria vendo a filha em uma tela de ultrassom, talvez seria a última vez antes de vê-la pessoalmente.

Claire estava com medo. Medo de que tudo o que planejaram não desse certo, ou que algo acontecesse na hora do parto. Mas não queria atormentar o marido com seus pensamentos, pois ele a mantinha calma. Tudo o que mais queria, era já ter a filha em seus braços. E compartilhara da mesma ansiedade de Owen. Ela segurou a mão dele que estava em sua perna, depositando um beijo.

- Vai sim, amor. - lhe ofereceu um sorriso acolhedor.

Owen ligou o rádio do carro e colocou para tocar a primeira música que apareceu. Ela pareceu relaxar um pouco com a melodia romântica, afrouxando um pouco o aperto que seus dedos faziam nos dele. A música do momento se chamava “You and Me” da banda Lifehouse.

O loiro dirigiu um pouco mais rápido, pela ansiedade. Pelo horário da consulta, estavam adiantados, mas se fossem ter que esperar de qualquer jeito, pelo menos que fosse sentados no sofá de espera do consultório médico.

Quando chegaram, Owen pediu para que ela fosse se sentar enquanto cuidava dos detalhes da consulta com a recepcionista. Havia algumas mulheres na frente, umas acompanhadas dos maridos e outras não. Algumas barrigas estavam crescidas, mais ou menos do mesmo tamanho da de Claire; outras estavam muito maiores, e algumas eram tão lisas que sequer pareciam poder comportar uma criança.

Quando ele foi ao encontro dela, sozinha em um sofá de três lugares, a ruiva olhava com curiosidade as barrigas alheias.

- Você ainda é a grávida mais linda. - Falou com uma voz doce ao seu ouvido, sentando ao seu lado e estendendo um braço por trás do seu pescoço - De longe.

Ela o encarou com um meio sorriso.

- E de perto? Não? - brincou se fingindo de desentendida. Voltando a segurar sua mão com força.

- De perto é um espetáculo de ruivinha...

Ela sorriu o beijando. A cada minuto que se passava sentia um frio na barriga. Até que chegou uma paciente de cadeira de rodas aos gritos, entrando em trabalho de parto e sendo levada para a emergência. Os olhos de Claire estavam tão arregalados de pânico ao ver aquilo.

- Acho que eu não vou conseguir, Owen... E-eu... Não... - apertou a mão dele.

- Hey, não olhe... - Começou, brincando com uma mecha dos seus cabelos apenas para tentar passar para ela a calma dele.

Algumas lágrimas escorreram de seu rosto. Ela olhou nos olhos do amado enquanto ele a distraia, precisava manter a calma. Não podia se alterar tanto fora de época. Respirava fundo, e quando Owen sorriu para ela, Claire soube que tudo ficariam bem. Então, retribuiu o sorriso. Mais calma, apoiou a cabeça no ombro dele.

- Nossa, estão demorando muito para chamar...

- Chegamos muito cedo meu amor, é o esper... - Foi isso que Owen pensou que tivesse acontecido, pelo menos até o momento em que o nome de Claire foi chamado em voz alta, aproximadamente uma hora depois, e ela se pôs de pé em um salto, o puxando pela mão sem nem olhar para ele.

- Boa tarde, senhor e senhora Grady... vejam só o tamanho dessa barriga!

- Olá doutora Jones. Como tem se passado?

- Muito bem, e vocês dois?

- Muito bem, também. - Claire sorriu com a expressão da Dra. - Pois é, ela cresceu bastante nas últimas semanas. O peso já está ficando, demais para mim. - Sentou-se com a ajuda de Owen.

Quando a médica começou a fazer as perguntas básicas, Owen informou-a sobre tudo. Apresentou os exames de sangue pedidos pelo obstetra da ilha, citou quase todos os sintomas que Claire estava tendo, já que ela se mantinha calada.

- E ela se mexe às vezes quando sente a minha mão. - Falou, agora mais animado - É possível que ela reconheça o meu toque?

- Claro que sim. Não só o seu toque como a sua voz. Ela já estabeleceu com você uma relação familiar, e vai reconhecê-lo quando ouvi-lo falando com ela depois do nascimento também.

A verdade era que Owen não a deixava falar, sempre respondia primeiro e Claire não se importava. Acha muito fofo, era muito participativo de tudo. Ela olhou para o amado e viu o sorriso bobo dele ao ouvir as palavras da médica.

- Ele já é um papai bem coruja. - fez a observação. - Essa vai ser a última consulta? Já podemos marcar o dia do parto? - perguntou ansiosa.

- Ainda vamos ver isso, Claire. Mas agora, vocês não querem dar uma olhada na princesinha?

O coração do loiro deu um salto. Sim, era exatamente o que ele queria. Era exatamente por isso que vinha esperando, e saber que a hora tinha chegado estava deixando-o tão ansioso que talvez fosse mais saudável acalmar-se primeiro.

Quando chegaram à outra sala, onde estavam dispostos os aparelhos necessários para o exame, a Dra. Jones ajudou Claire a deitar na cama alta e estreita enquanto já dava alguns detalhes sobre o exame.

- Nós vamos checar o coração da filha de vocês, os membros, a coluna e basicamente tudo que pudermos enxergar.

Claire estava tão ansiosa, aquele momento tão esperado. Ver a filha e saber que em breve estaria em seus braços a deixou emocionada. Longos 8 meses esperando para conhecê-la. Desde o primeiro momento a amava incondicionalmente, e queria fazer de tudo pelo pequeno ser que gerava dentro de si. Fruto do amor mais verdadeiro que alguém já imaginou.

Suas mãos suavam frio segundo a mão do papai ansioso ao seu lado. Seu olhar não desgrudavam do monitor. Não queria perder nada, nem um detalhe sequer.

O loiro puxou a primeira cadeira que encontrou e foi se sentar ao lado da esposa. Encarou a TV a diagonal sem piscar, porque sabia que o que quer que aparecesse, apareceria ali.

Quando o aparelho foi ligado, a imagem parecia apenas suja e chiada, como se não houvesse um canal em sintonia. Mas no momento em que a doutora Jones aproximou aquele aparelho lambuzado de gel da barriga de Claire, as imagens foram se formando aos poucos.

Owen não sabia definir nada ali, mas sabia que tinha alguma coisa se mexendo. Era como as ultrassonografias comuns, em preto e branco, mostrando apenas uma imagem achatada de alguma coisa que provavelmente era a Clarisse.

- Eu não consigo ver direito... - Falou um pouco baixo, inclinando-se para perto dela enquanto tentava definir o que estava sendo mostrado na tv. Nesse momento, a massa dinâmica em preto e branco se moveu levemente, mas o suficiente para fazê-lo entender agora o que exatamente estava encarando.

A forma de um pequeno bebê ficou clara, em posição fetal, de lado. Era possível ver a cabecinha, a barriga, os membros e até as curvas da boca e do nariz. Era como encarar uma sombra de alguém de perfil, não exatamente perfeita, mas visivelmente formada.

- Olha só quem está aqui... - Ouviram a voz da médica falar em algum lugar longe dele, mas não deixou de encarar a TV. E não podia. Aquela era a sua filha, mesmo escura, mesmo borrada, mesmo muito pouco visível. Mas era a filha dele.

A imagem se mexia e parava, repetindo esse processo algumas vezes. Quando ela ficava estática, Owen podia ver palavras como "pé", "perna", "cabeça" e "barriga" serem digitadas na tela, definindo para quais partes estavam olhando. Mas não havia necessidade de legenda, porque ele conseguia ver tudo. Ou quase tudo.

- Sim, sim... É mesmo uma menina. - A voz da médica soou outra vez, fazendo com que a imagem mexesse mais um pouco - Uma menina perfeita. Clarisse.

Sim. Ela era perfeita, até onde ele conseguia ver. Era absolutamente perfeita, e minúscula. Era linda, e talvez Owen não estivesse respirando naquele momento. Mas foi quando a médica fez alguma coisa naquele aparelho e, de repente, surgiu a mesma imagem de antes em alto relevo e amarelada, que provavelmente tudo naquela sala pareceu desaparecer à volta do homem.

- E aí está ela, um pouco mais visível agora.

Enquanto via as imagens da filha, Claire tentava entender como podia um ser tão frágil dentro de sua barriga. Sem dúvidas um filho era um milagre. O mais perfeito. Agora todas as palavras de Karen sobre ter filhos e ser mãe, fazia todo o sentido para ela.

De fato era a melhor fase de sua vida e sabia que dali em diante tudo seria diferente. Ela seria diferente. Agora teriam que se preparar para recebe-la ao mundo. Clarisse era uma bebê muito amada pelos pais. A ruiva como de costume, não conteve as lágrimas emocionada.

- A nossa filhinha é linda, meu amor... - acariciou a mão do marido com as pontas dos dedos, sem desviar o olhar do monitor.

Se antes era possível identificar o nariz, a boca e os membros, agora, por contraste, eles se mostravam absolutamente perfeitos. Era possível ver o formato do nariz, ainda de perfil, das mãos e das pernas. Era possível ver sua cabeça se mexendo em tempo real. Era possível ouvir e ver as ondas das batidas do seu coração na parte inferior da tela.

Era possível vê-la. Perfeita.

- Só mais um pouco... - A doutora ajeitou o aparelho.

A imagem estava se mexendo, virando muito lentamente para frente. O processo era lento, mas Owen fez questão de acompanhar cada milímetro percorrido, com medo de piscar e perder alguma coisa. E então, pouco menos de um minuto depois, ela estava de frente para eles, como quem sabia que estava sendo observada, posando despreocupadamente para a câmera. O rosto dela estava ali, ainda pequeno, ainda magro, mas perfeito. Sua mão direita estava debaixo do minúsculo queixo, como se ela estivesse pensando, ou como se simplesmente estivesse se apoiando ali. E quando seus pequenos lábios se estreitaram e ela sorriu - visivelmente sorriu - ele ouviu um soluço ao seu lado.

Claire estava se debulhando em lágrimas, toda vermelha, tampando a boca com uma das mãos. A outra estava apertando os dedos dele com muita força, e o loiro só se deu conta disso naquele momento. Owen estava de pé, e não sabia quando tinha dispensado a cadeira que havia puxado.

A verdade era que Owen estava fazendo uma força quase titânica para não chorar feito um bebê também. Sua visão já estava embaçada pelas lágrimas que seu orgulho teimava em sustentar, e vê-la naquele estado não estava ajudando em nada - ele não aguentava ver mulher alguma chorar, mas ver Claire chorando conseguia ser dez vezes mais difícil.

Respirou fundo, ainda lutando contra as lágrimas, e se debruçou sobre a cama para beija-la na testa. Ela estava literalmente soluçando, e Owen sentiu que aquilo seria o seu fim.

- Como ela está? Ela está bem? Ela está perfeita? - Sua voz saiu meio esganiçada, tentando soar em meio ao choro e àquele turbilhão de emoções.

- Ela está ótima! - A Dra. Jones falou sorridente. - Não há nenhum problema genético e nenhuma má formação. Ela parece perfeita, e pelo visto está contente.

Owen encarou outra vez a TV e constatou que, como a médica havia dito, ela ainda sorria calmamente, como se estivesse tendo um sonho bom.

Para ele, sua filha estava bem, e nada mais importava.

- Vamos tirar algumas fotos para vocês levarem...

Ele continuou encarando a TV, hipnotizado pela imagem. Aos poucos Clarisse foi deixando de sorrir, mas não foi o suficiente para deixá-lo triste. Ela estava relaxando, parecia estar caindo no sono. Quando suas duas mãozinhas cobriram seu pequeno rosto, ele teve a impressão que ela queria sossego, e se sentiu na obrigação de parar de observá-la, se era isso que ela queria.

Ao final do exame, terminaram com mais ou menos quinze imagens da ultrassonografia, mostrando o feto em posições diferentes. Owen se apaixonou particularmente pela foto que a mostrava sorrindo, como se ela soubesse que aquele sorriso faria com que os pais se derretessem. Claire encarava as imagens ainda fungando, tentando se manter forte e não voltar a chorar. Seus olhos e nariz estavam muito vermelhos e um pouco inchados, e aquilo fez com que o marido tivesse uma enorme vontade de abraçá-la.

- Está mesmo tudo bem?

Claire olhava detalhadamente cada foto, cada expressão da filha. Era tanta alegria que não cabia no peito.

- Está sim... - Voltou a chorar. - Ela é... Muito perfeita. E-eu... - começou a soluçar sentindo uma leve falta de ar. Não conseguia ao menos se expressar com palavras.

Owen não perdeu mais tempo e a abraçou até que ela se acalmasse. A doutora não pode deixar de sorrir.

- Claire querida, se você sentir alguma dor ou algum incômodo anormal, não hesite em me contatar. Você faz exercícios?

- Ela não faz... ela pode?

- Moderadamente e com acompanhamento de um especialista, é até recomendado. Vocês têm piscina em casa?

- Não... tem a do hotel, mas não frequentamos...

- Trabalhar conta? - brincou já mais calma. - Eu costumava a malhar Dra. Mas depois que sou da gravidez parei. - olhou para o marido.

- O que acham de hidroginástica? Encontrem um bom professor que esteja disponível. Mas lembre-se, sem exageros. Seu corpo tem limites, e você tem que respeitá-los. Isso vai dar a você uma sensação de bem estar muito maior, e vai ajudar a tonificar os músculos afetados pela gravidez.

A Dra. Jones se levantou, tentando se lembrar de algum conselho esquecido. Como nada lhe veio à cabeça, tudo que fez foi se despedir.

- Nos vemos daqui a um mês. - Ele pontuou, estendendo sua mão para ele e os cumprimentando.

- Obrigado, doutora. - Respondeu ele, ainda um pouco anestesiado. Sua cabeça doía da força que havia feito para não acabar se debulhando em lágrimas como Claire, e só então se deu conta de que ela era muito mais inteligente do que ele em se deixar levar pela emoção do momento.

Claire se levantou e caminhou para a porta na sua frente, segurando as fotos como quem segurava um tesouro muito precioso.

Ela caminhou um pouco mais a frente e sorria vendo novamente as fotos da filha. Até que se lembrou de algo muito importante e virou para ele.

- Owen... Ela disse daqui a um mês. Céus, queria tanto saber que dia vou poder segurar a nossa filha. - estava visivelmente desapontada.

- Quer que eu volte e converse com ela? Acho que como vai ser parto normal é só esperarmos as contrações... a bolsa romper... não é?

Claire ficou pensativa, ele tinha razão.

- Acho que sim...- pegou a foto em que a Clarisse estava sorrindo e colocou na frente rindo e virou para ele a imagem. - Ela puxou a qual de nós, tão simpática?

- Esse narizinho empinado é da mamãe.... - Sorriu bobo encarando a imagem.

Ela riu ficando corada e se aproximou dele o beijando com ternura.

- A simpatia é toda do papai... - fez a observação. - Vamos para nossa casa, comemorar? - sussurrou em seu ouvido.

- Sabe que a gente pode comemorar bastante em cima da mesa do escritório antes da reunião amanhã à noite? - Sussurrou de forma provocativa lhe mordiscando o lóbulo da orelha.

- Que proposta indecente e maravilhosa, Senhor Grady. - riu de canto beijando-lhe no pescoço. - Mas a reunião é hoje, então se prepara para comemorar. - olhou para o relógio. - Precisamos voltar urgente para Nublar... - o puxou pela mão indo em direção a saída.

- É amanhã Claire. Hoje peguei o dia de folga por sua causa! - Owen tratou de levar a esposa para dentro do carro e fechar a porta. - Vamos comprar as roupas pra você que me pediu?

Ela procurou a data na agenda do seu celular, que antes estava marcada para o dia de hoje.

- Era para ser hoje Owen. Não acredito que você mudou a data... - Bufou. - Preciso mandar fazer um vestido para o dia da inauguração, aproveitamos e compramos um terno novo para você...

- Não preciso de terno novo, já tenho aquele antigo... - Ele se deteve em prosseguir como olhar mortífero da esposa quando era contrariada. - Sim, meu anjo. Tem razão.

- "Anjo"... - riu. - Estou longe disso. Owen... Aconteceu alguma coisa na viagem?

Ela percebeu o quanto o marido estava mudado, para melhor. Ele estava mais flexível, menos cabeça dura.

- Aconteceu... nada. - Olhou para ela sem entender.

Ela o olhou quase que ao mesmo tempo, levando a mão esquerda até os cabelos de sua nuca, acariciando o local.

- Você está... Diferente... Eu não sei te explicar, mas... É para melhor... Algo novo...

- Ah, estou a mesma pessoa meu amor... vamos?

Não, não estava. Claire sentia isso, era como se Owen estivesse amadurecendo. Algo que ele mesmo não iria perceber, mas ela por conhecê-lo perfeitamente. Percebeu apenas com o olhar.

- Vamos.


Notas Finais


Muitas emoções nos últimos momentos da gravidez de Claire. Owen cada dia mais fofo.

Mas será que Claire está pressentindo algo?

Até a próxima❤

Nosso Instagram: @owenmgrady @clairedearinggrady


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