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História Agridoce - Capítulo III


Escrita por: BonecaMecanica

Notas do Autor


Me desculpeeeeem!
Eu fiquei enrolada com o TCC
Mas juro que estou formadinha e sem empendimentos de seguir essa história <3
Enjoy

Capítulo 4 - Capítulo III


Townsville, 09 de agosto, 10 d.E (depois de Ele)

 

O quarto de Boomer não era nada do que Bubbles esperava. Não que ela ficasse imaginando ao longo dos anos como seria o quarto dele, porém, se um dia pedissem para ela descrever o que poderia vir a ser o quarto do loiro, ela jamais chegaria perto de dizer algo como aquilo.

O quarto possuía paredes brancas, com exceção de uma azul escuro onde ficava a cama de casal com uma guitarra em cima. O guarda-roupa era de apenas 3 portas, simples e branco. Havia um cavalete com um quadro inacabado, junto a outras dezenas de quadros finalizados ao chão e muitas folhas de desenho em cima de uma escrivaninha também branca que era cercada por vários tipos de tinta, lápis e pincéis.

Ela esperava algo escuro, bagunçado, sangrento... Aquilo era normal, claro e limpo demais. Tanto que a deixava mais estressada.

- Então... – ele começou quebrando o silêncio e pegando a guitarra de cima da cama e a apoiando em um local apropriado perto da cama e junto a um sofá de dois lugares. – Você pode ficar na cama se quiser, ou no sofá, ou no chão. Estou te dando a opção de escolha.

Bubbles franziu o olhar, porém não respondeu. Não confiava nele.

- Ou quem sabe você queira tomar um banho? – disse finalmente apontando para uma porta a sua direita, próxima ao cavalete. – Sabe, você está fedendo e toda cheia de sangue – respondeu torcendo o nariz.

Ela ignorou o comentário e dirigiu-se à enorme janela que mostrava a madrugada de Townsville. Em outras circunstâncias, seria uma vista bonita.

- Por quê? – ela perguntou sem virar-se para ele.

- Porque, o que? – ele questionou.

- Por que não nos matou quando teve a chance? Para que precisam que fiquemos aqui? – ela questionou com um ar cansado.

Boomer viu o cabelo loiro da garota preso em um rabo de cavalo alto se soltar um pouco do penteado e cair sob sua nuca desnuda. A regata branca deixava em evidência seus ossos das costas e a protuberância de sua coluna vertical.

Lembrava-se da garota como a mais gordinha entre as irmãs, aquilo fez seu estômago embrulhar.

- Amanhã explicaremos tudo, mas preciso que confie em mim. – ele disse a fazendo virar em supetão. Os olhos em assombro e descrença.

- Confiar?! Confiar em você?! – ela disse dando passos firmes em sua direção, a faca presa no cós de seus shorts. – Você e seus irmãos tiraram tudo de mim! Meu pai, minha casa, minha infância, minha vida e liberdade! Você destruiu a chance de sobrevivência de centenas, tirou a paz e a esperança de milhares e acabou com a condição de felicidade de toda a humanidade. Eu vi mães enterrarem seus filhos, vi crianças ficarem órfãs. EU FIQUEI ÓRFÃ e à mercê desse mundo caótico que vocês criaram. – ela disse frisando cada palavra, tudo o que estava engasgado há anos ela estava colocando para fora fazendo o corpo de Boomer gelar e o incapacitar de sair do lugar. – O único motivo de eu e minhas irmãs estarmos vivas é porque vocês possuem alguma razão muito egoísta e de benefício próprio que os incapacita de nos matar a priori, mas me diga, Boomer Jojo: quando vocês verem que não precisam de mais nenhuma informação de nós, vão nos manter vivas?

Boomer estava estático, sem conseguir falar nada. Ninguém, jamais, em toda a sua existência, ousou falar daquela maneira com ele. Ou melhor, ousou falar aquilo para ele. A realidade era como um soco em seu âmago. E agora, aquela garota magricela, fraca e sem poderes estava jogando na sua cara um quinto das consequências de seus atos.

Claro que com o passar dos anos, ele foi tomando consciência das atrocidades que fazia. Tanto ele, quanto os irmãos, já haviam tido momentos de reflexão quanto a suas ações, porém jamais falaram a respeito em alto e bom tom.

Eles tinham com eles que se verbalizassem a situação, ela se tornaria real. Logo, eles jamais comentaram sobre seus dilemas, apenas ao se olhar após uma missão já sabiam o que se passava na mente do outro.

Porém, ali estava sua antiga inimiga, olhando para ele com ódio, com lágrimas de raiva escorrendo em seu rosto fino e pálido.

Ele não tinha o que responder para ela, em absoluto. Ao invés disso, foi até o guarda-roupa, retirou uma toalha e jogou em cima da cama.

- Tome um banho – ele disse saindo do quarto – tem sabonete novo embaixo da pia e outros itens de higiene.

Ela ficou parada olhando-o sair do quarto. Quando a porta bateu a sua frente, apertou os olhos para que pudesse pensar mais racionalmente.

Como sairiam dali?

***

Butch estava com a cerveja parada no colo desde quando começou a ouvir o discurso da loira no outro cômodo com Boomer graças a sua super audição.

Buttercup encarava o rapaz atônito sentado ao sofá sem entender nada. Quando ele virou a cabeça para o corredor ela o imitou, vendo Boomer sair atordoado de seu quarto. Ao ver o irmão na sala engoliu em seco.

- Tem mais dessas? – Boomer questionou sem esperar uma resposta e se dirigindo à cozinha.

- Na porta. – Foi tudo o que Butch disse antes de virar um largo gole.

Buttercup estava sentada em uma poltrona, a uma distância segura de sua contraparte.

Ela não dizia nada, apenas observava o comportamento dos dois e se mantinha alerta para qualquer sinal de perigo.

- Então, Buttercup! – chamou Butch buscando a atenção da garota para si. – Como escaparam?

 - Não é da sua conta. – ela respondeu sem olhar para ele, o pensamento focado em suas irmãs a alguns cômodos de distância.

Boomer riu pelo nariz sentando-se em frente a televisão e ligando o vídeo-game.

- Vai ser uma puta de uma noite longa – disse para ninguém em específico e ouvindo seu irmão soltar um riso pelo nariz.

***

Blossom tentava manter o seu ritmo cardíaco controlado, porém todas as tentativas para se acalmar eram inúteis.

Sentia a boca seca, as mãos suavam e tinha quase certeza de que iria vomitar a qualquer momento.

Brick sempre fora o pior dos três. Buch sempre foi briguento, mas Brick era o sádico, era a mente diabólica por trás do trio.

Sua contraparte inteligente e monstruosa.

- Você pode se sentar, caso queira – ele disse sem a encarar, muito concentrado em uns papeis em suas mãos – tem um sanduiche na cabeceira da cama, eu fiz para comer e me esqueci.

Blossom então passou a olhar o ambiente em que estava. Parecia uma biblioteca bem antiga com um papel de parede antiquado de losangos vermelhos. Uma parede era destinada apenas para a enorme estante de madeira escura abarrotada de livros. Na verdade, havia livros na estante, no chão, na escrivaninha e até mesmo alguns empilhados em cima da cama de casal emaranhada.

Um guarda roupa de correr de 6 portas estava encostado ao lado da cama, onde Blossom se encontrava atônita e pensativa.

- Estou sem fome. – ela respondeu o mais firme que conseguiu e não saiu do lugar.

Brick pareceu tê-la ignorado e sentou-se na escrivaninha ainda com as muitas anotações em suas mãos.

A cena parecia surreal para a ruiva. Ela, no quarto escuro e empoeirado de Brick, o vendo de costas, e sem condições de matá-lo.

O conforto e segurança que ele sentia perto de si era um insulto. Uma afronta aos seus sentimentos de medo e ataque de nervos.

Passando-se dez minutos em completo silêncio e a garota sem ter se mexido um centímetro de onde estava, Brick se virou rapidamente em sua cadeira giratória.

- Você está pensando muito alto – ele ralhou em um tom grave.

Blossom deixou a boca se abrir em completa descrença.

- Como disse? – questionou tentando assimilar o que ouvira.

- Você está pensando muito alto – repetiu mantendo o mesmo tom e após suspirar colocou dois dedos entre os olhos apertando-os e buscando paciência ao prosseguir – Eu adquiri com o tempo a capacidade de sentir as ondas de pensamento das pessoas. Sei quando estão nervosas, melancólicas... e você está um turbilhão na minha cabeça! É um barulho insuportável!

Ele disse segurando-se para não gritar ou ficar ainda mais irritadiço.

Blossom não sabia se ria ou se chorava, resolveu, no entanto, ser lógica.

- Você me sequestrou – respondeu polida – não esperava que estivesse com meus pensamentos em perfeita ordem, não?

Brick respirou fundo.

Não, ele não esperava.

Mais um minuto de silêncio para que ele pudesse colocar a mente no lugar.

- Foi a Morbucks quem as encobriu, não foi? – ele questionou a encarando nos olhos.

Blossom ficou sem fala por um momento, assimilando a informação que fora um segredo dela e das irmãs por tanto tempo.

- Creio que não foi a Princess quem lhe contou isso, certo? – ela respondeu soltando o ar pelo nariz ao vê-lo balançar a cabeça em negativa – Claro que você descobriu por si mesmo, nasceu para ser como eu, inteligente como eu...

Ela balbuciou em lamento. Brick a encarou cansado, ela estava uma pilha e o deixando pilhado também. Contra sua vontade, precisava mantê-la calma de alguma forma.

- Eu fui criado para ser uma arma, mas creio que seu ponto não está completamente errado – respondeu levantando uma sobrancelha e sorrindo de canto.

Blossom cruzou os braços, em defensiva. Não gostava de acertos pela metade.

- É isso que diz a si mesmo para dormir à noite e se confortar? Que foi criado para ser uma arma? – questionou o olhando séria. O coração batia rápido devido ao atrevimento de suas palavras para o rapaz a sua frente.

Porém, diferente do que esperava do que poderia ser a reação do ruivo, ele não a atacou. Ele não a olhou com raiva e nem ironia e muito menos respondeu de forma agressiva. Na verdade, ele foi bastante compassivo quando respondeu.

- Eu não durmo.

Blossom piscou um pouco incomodada demais com a sinceridade daquelas palavras, a educação e o tom. Brick pareceu mais cansado ainda ao ver o semblante irritado dela.

- Se eu fosse você comeria o sanduíche, pode dizer que não está com fome, mas estou ouvindo seu estômago roncar daqui. – respondeu virando-se novamente para sua escrivaninha e recomeçando uma leitura que não parecia ter fim.

***

Buttercup já havia imaginado dentro daquela uma hora e meia umas sete formas de escapar, porém em todas as versões ela e suas irmãs eram pegas e aquilo já estava a deixando frustrada.

- Sabe, Boomer... você joga como uma garota! – Butch disse rindo e entornando mais da cerveja.

Buttercup segurou-se para não revirar os olhos com o comentário infeliz de sua contraparte. Ela sabia que seus traços de personalidade eram semelhantes, mas tentava convencer a si mesma que não era uma versão tão escrota do rapaz a sua frente.

Boomer apoiou os pés na mesa de centro enquanto reiniciava o jogo, sua postura estava muito serena quando respondeu o irmão.

- Sabe, Butch, não me admira que você precise pagar para trepar com uma mulher tendo pensamentos tão toscos quanto este.

Butch ia responder quando ouviu algo que não esperava. Uma risada, e não era de seu irmão. 

Ambos os rapazes viraram rápido a cabeça em direção a morena que se amaldiçoava enquanto apertava os lábios para segurar ainda mais a risada.

Boomer apontava o controle do vídeo game para Buttercup enquanto olhava o irmão.

- Viu? Ela concorda comigo! – o loiro disse sorridente e Butch o encarou irritado.

Buttercup virou o resto da cerveja em sua mão, louca para calar sua boca que teimava em querer retrucar com veemência qualquer possibilidade de concordância que viesse dos rapazes.

Butch encarou a morena franzina na sua frente, tão frágil e pequena e levemente alterada pela bebida entornada sem nada no estômago. Um lado sádico de Butch despertou, querendo torturar a pobre alma tão arredia a sua frente.

- Me conte, Buttercup. Você acha isso engraçado? – ele questionou colocando sua cerveja de lado e encarando a menina de forma séria.

Em outras circunstâncias, Buttercup teria dito que não. Em qualquer outra situação, ela teria apenas abaixado a cabeça e pensado que deveria se manter viva para ajudar as irmãs. Porém, naquele momento, ela não soube bem o que a fez o encarar com ironia, o que a fez sorrir e o que a fez responder:

- Eu acho isso hilário.

Butch quis pular em cima dela, e não da forma que esperava querer pular em cima de uma powerpuff.

O sorriso da garota o fez sentir um arrepio percorrer sua espinha e de alguma forma, os olhos dela que eram mais claros e brilhantes que os seus, pareciam sádicos e provocativos.

Ele quase se deu um soco quando se pegou descendo os olhos para o pescoço alvo, fino e com cicatrizes da garota.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta do quarto de Brick se abriu com um estrondo e ele cruzou a sala a passos largos e pesados.

- Chega, eu aguento mal humor, raiva, medo qualquer merda de coisa que vocês estejam sentindo nessa casa, mas ISSO já é demais para mim. – disse o ruivo encarando Butch com um olhar irritado.

Boomer encarou a cena sem compreender nada junto a Buttercup. Blossom encarava tudo por trás da porta aberta e olhava a irmã alerta.

Butch ficou sem fala por um momento, acreditava que em anos, jamais havia sentido vergonha como estava sentindo naquele momento.

Brick apertou a têmpora com força, tudo o que ele menos precisava naquele momento era de seu irmão perturbado sentindo tesão por uma powerpuff.

- Butch... – Brick chamou com calma, tentando ponderar as palavras em meio aos presentes e de uma forma que não constrangesse o moreno.

- Sim? – ele questionou tentando manter a postura.

- Vá buscar a Morbucks na casa dela – respondeu abrindo os olhos novamente. – eu preciso de paz para conseguir me concentrar no que fazer e estão todos muito nervosos aqui. Preciso que todos acalmem os ânimos.

- Na casa dela? – interpelou Butch – são 2 horas da manhã! Ela vai se negar a vir!

Brick o encarou novamente, dessa vez com a voz mais alterada.

- Boomer trouxe sozinho 3 powerpuffs nos braços até aqui! Está me dizendo que não consegue fazer o mesmo com a magricela da Princess?

Sem esperar ouvir mais sermão, Butch saiu voando dali, enquanto Boomer tinha um sorriso imenso no rosto.

- Eu arrasei muito, né?

Brick o encarou azedo, fazendo o sorriso do loiro vacilar.

- Traga a loira pra sala, vamos todos esperar aqui, juntos – respondeu terminando a fala olhando para a ruiva no parapeito de sua porta com cara de assustada – E se você não vai comer aquele sanduíche dê para a sua irmã, ela está bêbada e logo vai estar me deixando constrangido!

E antes que ele tivesse a chance de continuar, Blossom já estava cruzando a sala com o prato de pão com queijo e tomates na mão.


Notas Finais


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