História Águas passadas - 1a Temporada - Capitulo 43: Última chance. Parte II

[Aeroporto Internacional de Gimpo; Seul]

[1 mês depois]

Depois de treze horas de voo em pânico, estava achando aquela uma péssima ideia. Ainda mais quando não se dá para dormir com Kim Jongdae, um cara da universidade de Seul que estava dormindo no mesmo quarto que o meu.

Depois de uma noite tentando pegar no sono, estava pronto para entrar no auditório onde iria acontecer a palestra sobre composição e arranjo com um dos professores convidados.

Procurei uma cadeira vazia para que eu pudesse sentar e fui me guiando, com dificuldade, pelo bem iluminado espaço ouvindo vozes ecoando por todo lugar.  Todas animadas.

Sentei na cadeira confortável azul e arrumei meu caderno de anotações sobre a pequena mesa junto com a cadeira.  

Não demorou muito para um homem mais velho subir no tablado em frente a todas aquelas cadeiras e começar a falar.  

Meu inglês era intermediário, mas isso não fez com que eu tivesse muita dificuldade em acompanhar o que ele falava.

Seriam longas duas horas de falatório, sem tempo de intervalo.

Respirei pesadamente e me arrumei na cadeira, voltando a anotar algumas coisas no caderninho de capa preta enquanto escutava o homem falar como fazer um Jingle de propaganda.

A hora demorou para passar, depois de uma hora desconcentrei meu foco da palestra e foquei em rabiscar as laterais da página.  

Meu ânimo diminuía quando lembrava que esse era o motivo pelo qual eu tinha pago 200 mil wons e encarado quase 13 horas de voo para assistir aos debates. Ficava ainda pior quando lembrava que queria desistir do curso assim que eu voltasse.

Quando o homem saiu do pequeno palco e de repente todos começaram a levantar e a sair do auditório. Olhei para os lados, juntando minhas coisas na bolsa que estava no meu colo e levantei, seguindo o fluxo de pessoas para fora do lugar.

O diretor reuniu todos os cinco que foram e ficamos na parte de fora do prédio, perto do jardim. Ele falava sobre as próximas que teriam e se estenderiam até às cinco da tarde.

Chequei no meu relógio e ainda eram onze da manhã. Teríamos que fazer uma única pausa para o almoço e não seríamos obrigados a ficar até o final.

Suspirei já cansado, imaginando o final daquilo tudo e eu podendo ir para o hotel deitar naquela cama confortável de molas e ligar o ar-condicionado.

Almoçamos em um pequeno restaurante nos fundos do prédio e, quando terminamos, voltamos para aquelas salas de uma única cor com um palquinho na frente.

Seria um dia cansativo.

[...]

Quando meu despertador tocou, eram oito da noite. Tinha que me arrumar para a pequena festa que a empresa tinha preparado para os estudantes de música de diversas faculdades que iriam estar presentes na semana da palestra.

Levantei da cama, coçando os olhos e esticando a coluna. Tomei um banho demorado e coloquei uma roupa formal, mas nem tanto. Já que o próprio diretor pediu para que não exagerássemos muito na roupa.

Coloquei a calça social preta e uma blusa de linho da mesma cor, colocando meus tênis brancos.

Terminei de me arrumar e vi olhei as horas em meu celular. Peguei minhas coisas e fui esperar pelos outros no salão principal.  

Assim que desci o elevador, dei de cara com dois dos caras que vieram no grupo. Ambos estavam bem vestidos e conversavam entre si quando me notaram chegar.

-Jeon Jungkook, eu tomaria cuidado com as garotas nessa festa, elas não vão te largar. - falou o loiro rindo e o acompanhei - está muito gato, Jungkook. Eu não vou poder ficar do seu lado senão eu me apaixono - riu, colocando a mão sobre o peito.

- Só faltou os sapatos de couro Italiano ra completar o look. - disse, o outro apontando para meus sapatos - Mas JunHee, ele namora então já pode tirar o olho dele.

-Vocês não tem jeito - ri sem jeito e eles voltaram a conversar sobre a festa.

Queria saber se encontraria Namjoon lá e mataria a saudade que sinto dele, era surreal a vontade que eu tinha de olhá-lo depois de tantos meses longe. E só de saber que ele não fazia ideia de que eu estava aqui, mais ansioso eu ficava.

Meu coração chegava a apertar dentro do peito, criando ilusões sobre esse reencontro. Mas o medo dele não estar lá era maior.

Não demorou muito para os outros descerem e irmos para o jardim do prédio onde aconteceria a tal festa. Fomos todos juntos e assim que chegamos no lugar, me senti um verdadeiro penetra.

Aquilo não era para mim.

Olhei impressionado por todo o lugar, aproveitando a decoração bem-feita e organizada pelo extenso salão. Olhei as mesas com pessoas conversando animadamente e algumas sentadas no grande sofá de canto do salão.

O ambiente era tomado por uma iluminação mais franca que a usual e a música baixa tocando, deixando o ambiente com um tom sensual quando misturado com a noite lá fora.

Continuei seguindo com o grupo até o lado de fora, onde tinha uma pista de dança, debaixo de uma casa aberta, sobre um lago artificial. Alguns feixes coloridos mexiam ora ou outra lá dentro, deixando um clima bom para quem quisesse dançar.

Passamos pelo caminho, com altas palmeiras e o chão de concreto quando diretor parou mais a frente para cumprimentar alguém e ele logo se virou para a gente.

-Esses são os alunos de música que trouxe comigo. - falou, em inglês sorrindo para o homem alto e, aparentemente, mais velho.

-Sejam bem-vindos a Walker entertainment – disse com sua voz grave – aproveitem a festa, mas estejam preparados para as próximas discussões. Quero ver todos participando delas. Espero que em breve nós voltemos a se encontrar, adoraria revê-los. Não quero tomar muito tempo de vocês, aproveitem a festa.  saiu dali, depois de se despedir brevemente e o diretor Kang se voltou para a gente de novo.

-Vamos ficar aqui até meia noite, eu e o vice-diretor Choi. Se alguém quiser ir com a van para o hotel, basta nos encontrar no estacionamento. - avisou - vão se divertir e esqueçam que eu existo, não aguento mais ficar colado com vocês. - disse, com a voz transbordando senso de humor.

O grupo se dispersou e fui procurar algo para beber. Estava quente ali, mesmo que fosse outono.

Enquanto passava por entre as pessoas, cumprimentava rapidamente cada uma delas. Cheguei ao pequeno bar improvisado e pedi por um dos drinks.

Apoiei meu braços no balcão alto e virei para a festa, enquanto minha bebida não chegava.

Vasculhei o lugar com os olhos, mas não consegui avistar Namjoon. Talvez ele não estivesse nessa festa como pensei durante todos os dias aqui ou se tivesse  estaria ocupado demais para ficar sozinho nessa festa.

O barman voltou me entregando a bebida escura em um copo pequeno com pedras de gelo e algumas folhas de hortelã em cima. Peguei o canudinho preto e o levei aos lábios, sentindo o gosto doce da bebida atingir meu paladar.

Continuei virado para as pessoas, ainda com o copo gelado em mãos, procurando por algum sinal de NamJoon ali.

De onde eu estava não conseguia ver muita coisa, então levantei da mesa, seguindo pelo meio das pessoas procurando ele com os olhos no meio daquele grande salão.

Foi quando eu o vi.

Em um círculo e pessoas desconhecidas, provavelmente da empresa, rindo e bebendo alguma bebida de cor amarelada. Parecia animado e entretido ali no meio, tanto que nem percebia nada a sua volta, só se mantinha focado ali.

Não queria me aproximar dele tão de repente, então dei meia volta decidido de que voltaria quando terminasse minha bebida. NamJoon estava vestido dos pés à cabeça com roupa social, uma blusa de botões azul e a calça social da mesma cor, mas em tom mais escuro, o deixam com um ar mais sério e másculo, como um típico empresário.

Era novo vê-lo vestido daquele jeito.

Fui até uma das mesas redondas ali e sentei em uma, ainda vazia. Deixei meu copo sobre o tampo de vidro escuro e voltei a olhá-lo de longe.

Meu coração estava agitado de saber que ele estava ali e eu podia a qualquer minuto chegar e o abraçar. Sorri sem jeito comigo mesmo e de repente Namjoon olhou ao seu redor e parou os olhos em mim, como um imã.

Um sorriso cresceu em seu rosto e logo ele se virou para as pessoas ao seu lado, falando alguma coisa e saiu dali, caminhando apressadamente na minha direção.

Tive que conter um sorriso de surgir em meu rosto e apenas me levantei, arrumando minhas roupas e esperando que ele chegasse até mim.

Só me toquei de que ele estava na minha frente quando seus braços circularam meu pescoço, me puxando contra seu corpo.

— O que está fazendo aqui? Como chegou aqui? Jungkook, você sabe que aqui é Nova Iorque? - disparou as perguntas uma atrás da outra e sorri contra a pele do seu pescoço - Isso é loucura.

— Sim, eu sei onde estou. Eu vim participar de um congresso e pensei em te fazer uma surpresa. - ele assentiu freneticamente, me apertando mais e depois soltou, deixando um beijo em meu rosto  - Você está lindo.

— Eu não consigo descrever o que eu tô sentindo com você aqui na minha frente depois de tanto meses. - falou sorrindo e puxando minha cintura e querendo me beijar, mas o afastei constrangido – O que foi? Estou com saudade de você, não posso te beijar?

— Quero muito te beijar aqui, agora, NamJoon. Mas estamos no meio de muita gente. Não acho bom sermos o centro das atenções, ainda mais que você trabalha aqui e-...

— Todos sabem que eu namoro com o cara mais incrível de todo o mundo, JungKook. - falou, sorrindo de canto e ajeitando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha - Mas acho melhor conversarmos em outro lugar.

Ele riu e me puxou pela mão para um lugar mais afastado, passando pelo meio daquela gente todo apressado.

Sorrimos cúmplices, deixando o murmúrio para trás e ficamos no silêncio, apenas escutando nossos passos sobre o chão de concreto. Logo Namjoon ficou entre o prédio e um muro que separava o jardim e ele, levando suas mãos até minha cintura.  

— Longe o suficiente? - perguntou, deslizando suas mãos em meu corpo. Assenti sem jeito – Posso beijar meu namorado?  

— Por que ainda pergunta? - respondi e ouvi uma risada vinda dele, antes de sentir seus braços me apertarem, avançando contra os meus lábios com pressa.

Sentir a textura macia dos seus lábios cheinhos sobre os meus, me revigorava. Ter sua boca se movendo sem pressa pela a minha me fazia entrar em combustão, como se eu pudesse me desmanchar a qualquer segundo entre os seus braços.

Era inigualável o poder que o beijo de Kim Namjoon tinha sobre mim.  

Nos separamos, deixando breves selos e apoiei minha cabeça em seus ombros, ouvindo ele ofegar perto do meu pescoço

— Senti falta disso. - revelou beijando meu pescoço - Merda, eu senti falta de você.

Passei a mão por sua camisa e me afastei um pouco para olhar seu rosto.

— Eu senti falta de você nesses meses.  - sussurrei fechando os olhos, sentindo ele continuar com os beijos em minha pele – senti tanta falta.

— Ei. Sabe que não precisa disso. - disse, afastando seu rosto e segurando o meu com ambas as mãos - Eu estou aqui. Bem na sua frente e vamos ficar assim por essa semana. Vamos passar o máximo de tempo juntos, antes que você volte para Seul.

— Eu não quero ficar nessa festa. Por que ficar aqui, se posso passar a noite com você? - perguntei sugestivo e ele riu torto, se inclinando mais uma vez e tomando meus lábios com os seus.

— A cama do seu quarto cabe mais um?

Engatinhei sobre seu corpo, o vendo com a camisa já aberta e sua ereção marcando a calça. Sentei em seu colo, sentindo seu pau sob minha bunda.

Sorri com o gemido que ele soltou e rebolei contra seu quadril, enquanto desabotoava o restante da minha camisa, jogando-a no chão. Namjoon se pôs sentado e terminou de tirar a sua, pronto para desabotoar sua calça social.

Seus dedos apertaram minhas coxas e deslizaram para o meio das minhas pernas, apertando minha ereção evidente naquela calça preta.  

Gemi arrastado e movi meu quadril, mais uma vez, para frente, me apoiando em seu peito desnudo.  

— Caralho, Kookie. - arfou jogando sua cabeça para trás e passando a mão de qualquer jeito em seus fios os deixando mais bagunçados do que antes - Tira minha calça, por favor.

Saí do seu colo e deixei que ele mesmo tirasse a peça de roupa, fazendo o mesmo com a minha. Vi ele tirar sua cueca junto e vi seu membro duro, apontando para cima, com a glande brilhando pelo pré-gozo e engoli em seco, tirando a minha boxer também.

Voltei para o seu colo, passando minhas pernas por cima das suas e chupei seus lábios com força, o ouvindo arfar pesado. Suas mãos grandes e macias apertaram minha cintura e me puxaram para frente, grudando nossas bocas com urgência.

Minhas mãos exploraram seu corpo, ao mesmo tempo que ele ondulava seu quadril, fazendo uma fricção entre nossos corpos

—NamJoonnie... - gemi arrastando a última sílaba, entreabrindo os lábios, deixando sua língua úmida passear por fora da minha boca com maestria – Por favor… Vamos logo com isso.  

— Vamos com calma, preciso lembrar de como você é perfeito. - falou, com dificuldade, deixando um tapa em minha coxa e me jogando na cama, colocandoseu corpo sobre o meu.  

Seu pau passou por minha entrada, deixando o rastro molhado do seu pré-gozo. Senti ele ameaçar entrar, mas não fez. Voltando a deixar beijos por todo meu tronco, junto com algumas marcas fracas.

— NamJoon – arranhei seus ombros, me movendo embaixo dele, procurando aumentar o contato com seu órgão - A camisinha. – apontei para a minha mala e ele acompanhou.

— Deixa eu te curtir mais um pouco, hum. - falou rouco, chupando o lóbulo da minha orelha, deixando um gemido arrastado sair por sua garganta.

— Eu não faço tem um tempo... - confessei, sentindo minhas bochechas esquentarem pelo calor que eu estava sentindo - Vai com calma.

Ele sorriu contra minha boca, voltando a ficar sentado sobre os tornozelos, deixando sua mão descer pelo meu corpo livremente, parando em minhas coxas. Abriu minhas pernas e levantou-as, me puxando por lá.

— Eu vou te preparar bem, amor. - falou, sorrindo e dedilhando minha entrada com calma.

Assenti, sentindo seu dedo rodear minha entrada, deixando um arrepio subir pela minha coluna e fazer minhas pernas derreterem.

Suas mãos afastaram minha bunda e senti sua respiração bater entre elas. Arfei ansioso e senti seu músculo tocá-la com calma, para depois penetrá-la com sua língua morna.  

Enquanto ele massageava minha bunda com ambas as mãos, sua língua me penetrava com calma, fazendo meu baixo ventre formigar em excitação e minha garganta ficar seca. Soltei um gemido grosso, quando sua língua subiu um pouco mais e chupou meus testículos.

Antes de se afastar, deixou um tapa nos dois lados da minha coxa e abriu minhas pernas, se afastando rapidamente e voltando com a camisinha vestida em seu pau.. Senti sua glande me tocar mais uma vez e entrar em mim, rapidamente. Logo seu pau todo entrou em mim e grunhi, sentindo minha entrada arder pela invasão repentina.

— Merda, Namjoon. - segurei o cobertor da cama, arqueando minhas costas. Senti sua mão cobrir a minha e logo entrelaçar nossos dedos, quando ele começou a se mover devagar dentro de mim.

Gemi alto, quando seu membro tocou em meu ponto.

Os movimentos de NamJoon começaram a ficar mais brutos, fazendo com que meus gemidos saíssem entrecortados e o barulho das peles se chocando se tornasse constante dentro do quarto.  Meu corpo ia para frente e voltava se chocando com seu quadril, deixando seu pau se afundar cada vez mais em mim.

Minhas pernas estavam abertas, deixando o corpo do outro ir e voltar sem impedimento algum, fazendo com que o contato fosse maior e mais fundo.

O aperto em minha mão aumentou, conforme NamJoon ia me penetrando fundo, deixando minha mão avermelhada pelo aperto.

Fechei os olhos, sentindo a região perto do meu pau esquentar e algo estranho se formar em minha barriga. Meus olhos logo marejaram e minha boca abriu, sem emitir som algum.  

Namjoon percebeu que estava a um ponto de gozar e se moveu mais rápido, levando uma das suas mãos ao meu pau e o masturbando no mesmo ritmo que metia em mim.

Gemi, sentindo as sensações voltarem mais fortes e joguei a cabeça para trás, gozando forte sobre os lençóis da cama, percebendo NamJoon vir logo depois de mim.

Deixei meu corpo cansado cair na cama, sem me importar se estava suja ou não.

Meu corpo estava cansado.  

Namjoon saiu de mim e se jogou ao meu lado, com um sorriso cansado, arfando alto ao meu lado.

— Cansado? - perguntou sem fôlego e neguei, sorrindo de lado – Por Deus, JungKook.

— Vamos fazer de novo.

[...]

Os dias tinham se passado muito rápido e quando vi já era sexta feira. Era o meu último dia em solo americano e não tinha como estar pior.

Saber que deixaria Namjoon aqui por mais alguns meses, me destruía. Mas lembrava desses dois dias que tínhamos passado juntos e isso dava um sentido para eu voltar e esperar por ele.

Terminei de colocar meus objetos espalhados na mala e a fechei, deixando apenas a roupa que iria para o aeroporto, logo cedo e o necessário para me arrumar.

Deixei a mala de lado e indo para o banheiro. Lavei meu rosto e peguei meu celular, deixado na bancada na noite anterior. Vi uma mensagem de Namjoon na tela e logo respondi.

Ele iria assistir a última palestra comigo e depois passaríamos no apartamento que ele tinha alugado.

Peguei minha bolsa com as coisas que precisaria e sai do quarto, pegando o elevador e vendo o diretor Kang e o sub-diretor Choi na recepção conversando.

Passei por eles e os cumprimentei, avisando que iria um pouco mais cedo para o prédio da Walker entertainment. Eles assentiram e peguei um táxi na porta do hotel, dando o endereço para o motorista.

Assim que cheguei, fui direto para o lugar que Namjoon me pediu para encontrá-lo. Cheguei no jardim e o vi de longe, conversando com uma mulher enquanto bebia um copo de suco, nenhum dos dois notaram minha presença ali, mas logo NamJoon se afastou com as sobrancelhas franzidas.

Namjoon estava usando uns óculos de sol e uma roupa social, sem deixar de usar os tênis dele. Me aproximei receoso e ele, assim que me viu, parou de falar com a mulher e levantou da mesa.

— Bom dia, amor. - falou baixo, deixando um beijo casto em minha bochecha e me guiou até a mesa onde ele estava – dormiu bem?

— Sim. E você? - a mulher se retirou sem dizer nada e Namjoon não a impediu - me parece cansado.

— Fiquei resolvendo algumas coisas do projeto até tarde, mas nada a se preocupar. - falou bebendo um pouco do suco – Vai passar lá em casa? - assenti e ele sorriu, olhando para os lados antes de inclinar seu corpo e me beijar – quando a palestra terminar, me liga e vá para a entrada do estacionamento.

* * *

As seis e meia as palestras terminaram e pude respirar aliviado, mas com um peso enorme em meu peito. Me despedi brevemente dos caras do grupo e fui para o estacionamento enquanto digitava o número de Namjoon e esperava ele ligar.

Fui breve na ligação e não esperei nem cinco minutos e Namjoon apareceu dentro de um carro grande da cor cinza. Entrei no carro, colocando a bolsa no banco de trás.

Namjoon aumentou o volume do rádio e ficou perguntando sobre a palestra até chegarmos na casa dele.

Era umas daquelas casa típicas de New York, como nos filmes. A escada de incêndio perto das janelas da frente e o prédio feito de tijolos vermelhos. Eu estava preso em um filme e não sabia.

— Não é grande, mas é confortável. -falou, parando o carro.

Saiu do carro e fiz o mesmo, me encontrando com ele na porta de entrada. NamJoon passou e deu boa tarde a uma senhora que estava ali, fiz o mesmo e subimos as escadas sem pressa alguma. Chegamos em uma porta de madeira e ele logo a destrancou, mostrando o apartamento dele.

Os móveis em um tom escuro e a cozinha aberta a direita, com apenas um balcão separando do resto do apartamento e a cama ficava ao lado da escada de incêndio, me parecia confortável.

Entrei no apartamento e ele veio atrás, segurando minha cintura e afundando seu rosto na curva do meu pescoço.

— Gostou? - perguntou ele sussurrando. Assenti e ele apertou seus braços, fechando a porta de madeira com seu pé - Bem que podia ficar aqui comigo - comentou, sorrindo contra meu pescoço e eu apenas balancei a cabeça - Vamos assitir um filme e dormir agarradinhos?

— Foi para isso que eu vim aqui, Namjoon. - soltei uma risada e ele desfez o aperto seguindo para o pequeno sofá em frente a Tv. Sentei no mesmo, enquanto ele ligava a Tv e procurava por um filme – vamos ver um de romance?

— O que acha? - perguntou olhando por sobre seu ombro e dando uma piscadela, voltando sua atenção para a lista de filmes na tela da televisão - Vamos assistir um de terror, quero você bem grudado em mim.

Falou ele de modo brincalhão e revirei os olhos, quando ele pegou o controle e foi para o meu lado no sofá, passando seu braço pelos meus ombros me trazendo para perto dele.

Deixou um beijo estalado em minha orelha e começamos a ver o filme que Namjoon tinha escolhido.  

Não sabia o nome e não prestei atenção na história dele. Aproveitamos o volume baixo para ficar aos amassos no sofá de molas antigo dele, o ouvindo ranger quando nos mexíamos muito.

Não demorou muito mais do que meia hora para Namjoon tirar o filme e pegar duas cervejas na geladeira, me dando uma e bebendo a outra direto do gargalo.  

Aproveitamos o tempo à sós para falar sobre o que aconteceu nos meses que ficamos separados e quando deu dez da noite, percebi o quão tarde estava e eu precisa estar descansado para as horas de voo amanhã cedo.

NamJoon me emprestou uma blusa sua e pegou uma cueca comprada em uma loja de conveniência e fui tomar banho. Não demorou muito para Namjoon aparecer no meio do meu banho e se colocar debaixo do chuveiro comigo.

Saí do box e me sequei colocando as roupas do outro e indo para o "quarto" dele, onde dispunha de uma cama de casal, aparentemente, confortável, um armário branco de portas de correr e um espelho na porta, a janela com acesso a escada de incêndio.

Me joguei sobre o colchão e fiquei vendo o céu escuro estrelado por uma parte da janela não coberta de plantas e o metal da escada.

Namjoon logo veio e se arrumou ao meu lado, ficando de frente para mim, quase colando seu rosto ao meu. Podia sentir seu hálito batendo contra o meu rosto e sorri, pelo conforto que isso me causava.

— Está pensando no que? - perguntou ele buscando minha mão e entrelaçando nossos dedos, sorrindo de forma doce para mim.

— Em nada, só perdido. - respondi sincero e ele espremeu os olhos apertando a minha mão com a sua.

— É com a viagem de amanhã? - assenti, fechando os olhos e sentindo seu toque em mim – JungKook-...

— Eu não quero voltar agora, quero ficar aqui com você mais um tempo. Essa semana passou muito rápido, mas a única coisa que me conforta é saber que vai estar de volta daqui a 2 meses e tudo vai voltar a ser como era.. Mesmo tendo ficado quase um ano fora, sei que vai voltar e vamos passar vários anos juntos e vamos esquecer desse tempo longe. - disse abrindo os olhos e o vi desviar seu olhar encarando a parede atrás de mim.

Namjoon tragou sua saliva, olhando fixamente para o chão. Percebi ele prender sua respiração e soltar alguns instantes depois, parecendo mais pesada do que deveria ser.

— Não sei como te falar isso e nem se é uma boa hora para te contar - cortou a frase e suspirou baixinho - Eu fui contratado pela Walker.  - falou baixo e arregalei meus olhos.

— O quê? - indaguei, confuso.

— Disse que só ficaria no tempo do projeto ficar pronto, mas o Walker,me deu uma oportunidade e eu aceitei. Eu posso oferecer tanta coisa boa para a empresa que deixou de ser apenas trabalho do projeto e passou a ser meu trabalho definitivo. - seu tom era baixo, mas decidido e isso foi o que mais me incomodou em meio aquela conversa – Vou ficar aqui por mais 1 ano, até meu contrato expirar. Mas vai passar rápido.

— 1 ano passa rápido? Pra quem, Namjoon? Você não faz ideia de como é ficar longe de você por tanto tempo.  - Senti meus olhos ardendo, talvez pelo cansaço ou pelo rumo que essa conversa estava indo – Está me dizendo que não vai voltar?

— Eu pretendo voltar, só não sei quando.

Apertei meus cabelos entre os dedos e senti meus olhos marejarem mais, pela dor causa em meu peito. Ver Namjoon na minha frente, sabendo que podia ser um dos meus últimos encontros pessoalmente com ele me matavam de um jeito que não sabia explicar.

Toda aquela animação de tê-lo de volta em 2 meses tinha sumido tão rápido como tinha chegado.

Fiquei em silêncio por alguns minutos e Namjoon também. Abracei meu próprio corpo, virando de costas para o outro. Não queria ter que vê-lo, estava furioso.

— Por que não fica aqui comigo? - perguntou, quebrando o silêncio – Podemos fazer dar certo aqui. Eu e você morando juntos aqui, não parece um sonho? Podemos casar, como estávamos planejando-...

— Namjoon, eu não vou sair da Coréia para morar com você aqui, sinto muito. Minha família e amigos estão lá. - disse apertando minhas mãos uma na outra, sentindo aquele nós se formando em minha garganta - Não vou abandonar tudo por um sonho que é seu.

O colchão da cama afundou, um pouco atrás de mim e seus braços rodearam minha cintura, deixando uma cabeça apoiada em meu ombro. Pude ouvir sua respiração entrecortada e fechei os olhos, respirando fundo para manter o controle sobre aquela situação.

— Pensa bem, pode ser difícil no começo, já que é um lugar bem diferente da Coréia, mas se ficarmos juntos, pode ser uma experiência única.-  sua voz sussurrada, me tirava do sério. Como ele conseguia falar aquilo tão naturalmente, como se não fosse nada? - Você pode ir amanhã e voltar em alguns meses.

— Não. Eu não quero isso para mim. - minha voz saiu falhada. Me virei para ele e ele logo segurou minhas mãos, levando-as até seu colo - Não quero morar com você aqui, Namjoon. Aqui pode ser um sonho para você, mas não é para mim. Já pensou que pode não vai ser a mesma coisa?

Enchi meu peito de ar e soltei com dificuldade. Curvei os ombros e abaixei a cabeça, sentindo o peso das lágrimas saírem e molharem minhas pernas.

Namjoon colocou sua mão em meu ombro e me puxou para ele, abraçando meu corpo.  

Eu não seria capaz de aguentar tudo isso. Não outra vez.

— Não quero ter que te ver raramente. Gosto de presença, NamJoon e quero você comigo.- falei, com a voz baixa, perto do seu ouvido - Quero poder te ver todos os dias, dormir ao seu lado e te tocar, mas sei que isso não importa tanto.

— Sabe que não é assim, Jungkook. Eu te amo mais que tudo, mas a oportunidade que me deram é uma em mil, não posso jogar isso fora. Sem falar que o salário é excelente, se fizer uma forcinha e conseguir esperar mais um ano-...

— Posso parecer egoísta, mas não iria deixá-lo vir se soubesse que isso acontece.. - me afastei do seu toque e abracei meu próprio corpo - Por que não me disse antes? Preferiu manter isso em segredo como quase tudo da sua vida?

— Não é bem assim, JungKook. - desviei meus olhos dele e mordi meu lábio inferior com força e meus lábios tremeram - Sinto muito, sei que errei. Deveria ter te contado antes, mas eu não vou voltar agora para Coréia. Sei que não vou achar uma empresa que me dê tanto suporte como a Walker dá.

Fiquei em silêncio, absorvendo suas palavras para então dizer:

— Então vai ser melhor se colocarmos um ponto final em tudo isso. - ditei decidido, com a voz firme, enquanto olhava em seus olhos.

Traguei minha saliva e lambi meus lábios, sentindo os machucados que eu acabara de fazer em mim e nele.

— Ponto final? Está dizendo que é melhor a gente terminar? - perguntou com a voz falhando e assenti, olhando em seus olhos - É isso o que quer? Terminar comigo de repente?

— Não é "de repente", Namjoon. Eu não quero ter um namoro a distância e você o emprego, vai ser melhor para nós dois.

Seus lábios tremeram e arrumou sua postura na cama, deixando sua coluna reta e as mãos apoiadas nos joelhos.

— Kookie...

— Não me chame assim agora, NamJoon. - levantei da cama, passando a mão grosseiramente por meu rosto, secando-o - Eu vou embora amanhã, mas não significa que eu não quero nunca mais falar com você.

— Não, Jungkook. Eu não quero terminar com você Eu não aceito isso. . - respondeu, apertando seus dedos no joelho e levantando rapidamente em segurando pelos ombros - Olha para mim - pediu, segurando meu queixo - É um momento importante da minha vida, quero ter alguém com quem dividir tudo isso e você sabe como eu te amo e quero passar o resto dos meus dias ao seu lado.   

Me mantive impassível, absorvendo todas as suas palavras firmes e decididas, mas com uma grande carga de emoção. Conseguia sentir isso, mas não queria.

— Não dá, Nam. Eu sinto muito por ter que acabar desse jeito, mas é o que eu quero agora. Mesmo que eu te ame também, não vou aceitar isso.

— Então quer mesmo terminar? - assenti, olhando dentro dos seus olhos e ele concordou,largando meus ombros e dando alguns passos para longe de mim.

Continuei no mesmo lugar, vendo ele voltar para mim e me apertar entre seus braços, sem derramar uma lágrima sequer.

Senti o calor do seu corpo uma última vez, antes de pegar todas as minhas coisas e me preparar para sair.

— Posso te levar ao hotel, se quiser. - ofereceu, acanhado em um canto da casa enquanto me observava.

Neguei, jogando a alça da bolsa em meu ombro

— Vamos mesmo terminar assim? - sua voz vacilou mais uma vez e assenti. Não tinha mais forças para falar e se fizesse, desabaria ali mesmo. Sua expressão chorosa, logo foi transformada em uma séria e impassível, me fazendo desabar ali – Certo. Faça uma boa viagem, tá bom? - seu tom tinha mudado.

— Vou fazer. - ele abriu a porta do apartamento e sai dali parando no corredor – Nam, se cuida, por favor. Não esqueça de tomar os remédios.

Ele sorriu e me puxou pelo pulso até perto do seu corpo, rodeando seus braços em minha cintura e afundando seu rosto no vão do meu pescoço.

— Eu não quero te perder mais uma vez. Eu não posso.

— Você não vai, tenha certeza disso. - falei sorrindo e ele assentiu, me afastando dos seus braços - Espero que se dê bem nessa empresa. - minha voz falhou e me senti baixo, vendo ele limpando embaixo dos seus olhos depressa.

— Eu te amo. - disse de repente, me fazendo voltar um pouco meus passos e sorrindo sem jeito.

— Eu também te amo, Namjoon. - me afastei, secando meu rosto. Virei para ele, sentindo uma parte de mim ficar para trás também.

— Jungkook. - ele chamou e virei – Os dias que passei ao seu lado, todos eles, foram os momentos mais felizes que eu compartilhei com alguém.  - sorriu gentilmente, se apoiando na porta e fechando ela aos poucos – Tenha uma boa vida, Jungkook.

[...]

Assim que voltei para a Coréia, esperei alguns meses para tomar minha decisão e sair de vez da vida compartilhada que levava com Namjoon.

Tinha fechado minha matrícula na faculdade de música e agora estava trabalhando em uma loja de roupas, como atendente. Não via problema em passar o dia inteiro trabalhando para pagar o aluguel do apartamento, mas com o passar dos meses, foi ficando cada vez mais difícil manter um apartamento tão grande como aquele.

Decidi colocar o apartamento a venda e, logo quando vendi, me mudei para um lugar menor no centro da cidade, perto de tudo.

Era perto do trabalho e barato e só isso já valia.

Depois de umas semanas meus pais descobriram sobre eu e NamJoon e vieram passar uns dias comigo, me ajudando a organizar o apartamento.

Fiquei sozinho nos 3 meses depois daquela viagem, não queria ter contato com ninguém e só falar com ChoHee.

Não me arrependia nem um pouco da decisão que tomei. Namjoon era um bom namorado, mas preferi não arriscar namorar a distância.

Sempre gostei de contato e ter um namorado que eu iria ver poucas vezes em  1 ano me deixava inseguro. Não era errado querer um namorado presente ao invés de um no outro lado do globo trabalhando e, possivelmente, sem tempo para mim.

Não queria me magoar com Namjoon mais uma vez, ainda mais sabendo que eu podia ter mudado o final da nossa história. Se eu tivesse ficado lá, com ele, teria abandonado tudo para trás para viver um sonho que não era meu e eu nunca fui assim.

Eu conseguiria aguentar com isso sozinho. Dessa vez, tinha certeza. Estava forte e mais maduro, sabia enfrentar a dor de um término. Sabia ver que era para o nosso bem.

Subi os dois lances de escadas até o apartamento e entrei no mesmo, jogando minhas coisas no sofá e indo para a cozinha.

Meu celular tocava incessantemente dentro da bolsa, mas preferi não atender.

Já tinha me inscrito para a universidade de Seul e começaria no próximo semestre, que começaria logo em setembro e não podia estar mais ansioso.

Mas não estava com pressa de começar uma nova faculdade, até porque eu ganhava bem no emprego que estava na loja e ganhava mais por trabalhar em dois turnos.

Tirei algumas coisas da geladeira para começar a fazer meu jantar, mas perdi o ânimo quando um bocejo alto saiu cortando minha garganta.

Estava cansado e sem fome, não tinha necessidade de fazer comida a essa hora da noite.

Olhei a comida em cima da bancada e joguei tudo de novo na geladeira, pegando uma garrafa de água e bebendo um pouco.

Me joguei sobre a cama, separada por uma divisória de madeira e tirei minhas meias olhando para o teto.

Estava exausto da rotina cansativa que eu tinha agora, sem contar o enorme cansaço emocional que eu estava nos últimos meses. Mas agradecia a essa rotina por existir e não deixar tempo para que eu pensasse sobre o que aconteceu.

Como Namjoon tinha falado, ele não queria sair da minha vida, mas foi exatamente isso o que ele fez. E era o que eu tinha mais medo desde o início.

Depois do segundo mês, ele desapareceu completamente, me deixando curioso e furioso por ter me deixado levar mais uma vez. Mesmo sabendo da possibilidade disso acontecer, não podia negar que estava frustrado.

Me peguei pensando várias vezes se não tinha acontecido alguma coisa, mas ao perceber que ele estava sempre on-line nas horas que costumávamos nos falar, um grande aperto me pegou e senti-me traído. Enganado.

Uma promessa que não valeu nada...

Mais uma das várias promessas dele que foram quebradas.

Não queria mais me apegar a alguém e sair machucado no final, sendo feito de idiota por uma promessa que não passou só de palavras.

Eu viveria a minha vida e o apagaria da minha cabeça. Seria melhor para nós dois.

Assim conseguiria me concentrar melhor nos meus deveres e permitir me divertir às vezes.

Faria o que mais tinha medo, pela primeira vez, mas não deixava de estar ansioso e receoso.  

Me permitindo gostar sem namorar, me divertir sem me apegar e fazer amizades, mas não confiar.

Seria um novo Jeon Jungkook. Um sem mágoas guardadas e sem histórias inacabadas.

Eu podia ser assim por um momento, não podia?

Isso só o futuro me permitiria saber e eu estava disposto a entrar de cabeça e encarar tudo isso sem medo de me machucar.

Já tinha cansado de ser enganado, de sofrer e de me deixar levar pelas pessoas.

Já estava na hora de eu crescer e ser um adulto de quase 23 anos, sem medos.

Respirando fundo, tomei a maior decisão da minha vida:

Crescer.

Tudo o que eu passei nesses últimos anos, virariam águas passadas.

E eu não viveria delas.  

Não mais.