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História Ah mar - Ah olhos


Escrita por: crlhmills

Notas do Autor


Oláaaaa, olha quem voltou! Vocês não imaginam minha saga com esse notebook, ele pifou do nada e se estão lendo esse capítulo agradeçam a Lavy porque só o espírito dela arrumou meu note! Enfim, aproveitem!

Capítulo 4 - Ah olhos


O oxigênio entra pelas nossas narinas e de repente ele já está na laringe, traqueia e só então nos pulmões, que o manda para o resto do nosso corpo, nos providenciando a vida. Nossa respiração é um movimento involuntário que acontece sem que ao menos a gente perceba, é rápido e contínuo. Em geral, o corpo humano pode suportar de 3 a 6 minutos sem oxigênio, antes que ocorra o dano cerebral, mas este pode variar de pessoa para pessoa. Se o fluxo sanguíneo e de oxigênio cessa por mais tempo que isso, graves danos e muitas vezes irreversíveis danos são prováveis que ocorram. Depois de dez minutos, há certeza de dano neurológico e poucas pessoas tendem a recuperar qualquer função cognitiva depois que o cérebro fica tanto tempo sem oxigênio.

Ou seja, algumas vezes nossa realidade e percepção de vida muda em um estalo. Qual é o ponto que determina que não tem mais volta? Qual o ponto que determina o quão cansados estamos, que não somos mais capazes de lutar? Tudo o que somos capazes de enxergar são escolhas. Elas são demasiadamente importantes como: lutar ou se entregar, viver ou morrer. E, essa última, nem sempre cabe a nós decidirmos. Às vezes entregamo-nos nas mãos e terceiros e confiamos cegamente que eles façam nosso trabalho duro, que é viver. Porém respirar, só nós podemos.

*

Os olhos da multidão encaravam o tubo. Atentos, curiosos, esperançosos, admirados. Regina o olhava impressionada, dedos cruzados. Ela conseguiria. Emma conseguiria, não conseguiria? A morena viu a respiração de todos cessarem assim que o tubo acabou e Emma não estava em pé, nem ao menos sua prancha a morena conseguia ver, ela estava submersa. Mills ao menos pensou, tirou o óculos de sol como um jato, correu como nunca até o jet-ski disponível na beirada para que pudessem salvar os nadadores. O colete nunca fora vestido com tanta pressa. Ela estava surda, seu subconsciente gritava para que ela baixasse a adrenalina. Choque. A terceira lei de Newton fazia-se presente a cada passada do veículo na água, levantando-o e quase o fazendo flutuar. Seus olhos corriam por toda a extensão de água. Desespero. Lufadas de ar eram mandadas para os pulmões e pareciam continuar sem ar, desacelerou o veiculo até este parar, respirou fundo. Sabia que precisava agir rápido, afinal, Emma poderia estar desmaiada, mas não poderia deixar um encanto por aqueles olhos esmeraldas - que era mantido em segredo - afetar seu juízo e seu senso.

Pensa Regina. Pensa.

Seus olhos captaram um ponto preto logo a frente que ela deduziu ser a prancha da loira e era inútil tentar brigar e pedir paciência a adrenalina do corpo nesse momento. Segundos foram necessários para que a morena tomasse a decisão, levantou-se. O colete fora desabotoado e colocado com segurança do compartimento independente do jet-ski. Respirou fundo, fechou os olhos e mergulhou. Mills agradecia mentalmente as aulas de natação que seu pai a incentivara a fazer enquanto ela ainda tinha medo daquela imensidão.

*

Quando entramos em choque, diversos sintomas ocorrem no nosso organismo. As mãos soam, a respiração acelera, a fala se perde, as pupilas se dilatam, o peito sobe e desce tentando acompanhar o ritmo das lufadas de ar. David sentiu sua mão ser apertada pela da esposa assim que a onda perdeu velocidade e sua garota não estava lá. Ele conhecia aquilo, conhecia o desespero, mas ele estava do outro lado agora. Ambos quiseram correr, as pernas falharam, quiseram gritar inutilmente. Grossas lágrimas escorriam pelas bochechas da morena, que tinha sua mão afagada pela do marido. Viram a salva-vidas correr em direção à praia. A multidão se calou.

“Onde está Emma Swan, não vejo nem a prancha dela.” O alto falante soou como soco no estômago dos pais. Perturbador. David tinha olhos verdes, que agora castanhos acompanhava toda a movimentação da equipe de salvamento, ele queria gritar, se desesperar, correr e alcançar sua garotinha, mas.. Ele não podia. Mary estava ali, sua mulher precisava dele.  

- Dave.. Ela.. Você acha que.. – Sua voz saiu entre cordada. O choro já era compulsivo, Mary viu o marido abrir os braços e se aninhou ali em busca de um mísero conforto.

- Tia.. – Ruby que até então não se manifestara, não conseguiu controlar o desespero, agarrou-se ao fio de esperança que mantinha na competência dos profissionais ali.

- Shhh. – Pediu. – Não falem nada. Temos ótimos profissionais ali e.. – Seus olhos pousaram no mar, seu agito parecia adivinhar algo acontecendo. – Olha, ela mergulhou. Vão pegar nossa garota, vem. – Chamou-as, passando por debaixo da fita de proteção. – Esperaremos lá perto.

- Eu não posso perdê-la amor. – Fungou colocando a mão no ventre. Sentiu seu estômago embrulhar, ela sabia que enjoos eram comuns na gravidez, mas tudo parecia se intensificar. – Nós não podemos.

- Vocês ainda não contaram a ela. – Ruby os olhou e eles manearam negativamente a cabeça, fazendo com que a morena com longas mechas vermelhas soltasse grunhidos da garganta enquanto não conseguia cessar seu choro. – Realmente não podemos perder ela tio. – Sua voz era fraca. A família de Swan estava ali, em pedaços.

- E não vamos, confiem em mim! – Pediu acariciando a barriga da mulher, tentando transparecer a calma que não continha em seu interior, mas necessitava. – Você está bem amor? – Seu tom era preocupado, diria um tanto transtornado.

- Não, mas..

Foram interrompidos pelo som da multidão, gritavam o nome da loira. Vira o jet-ski acelerar em direção à praia, a morena pilotava numa velocidade absurda, mas no coração deles era uma calmaria torturante, era perturbador, era sufocante.

*

 

Point of view on – Emma Swan.

As gotas de suor escorriam pelo meu rosto, geladas, se misturavam com a água do mar que respingava por todo o meu corpo. Palavras não eram e jamais seriam suficientes para explicar o surfar fazia comigo, o reboliço em meu peito, a abertura da minha mente para um plano espiritual acima. Era minha vida. Era minha casa. Meus ouvidos captavam toda a euforia da multidão assim que acabei a “batida do lip”, devo confessar que a agitação toda me trazia excelentes vibrações e energias positivas. Meus olhos passaram por toda a praia, enquanto eu sentava na prancha para esperar meu próximo movimento, ainda não o tinha decidido e mesmo com a distância era impossível não enxergar a louca da Ruby fazendo uma gritaria, era o que eu mais amava nela, sua exaltação contagiante. Logo a direita da minha família tia o placar, eu estava bem, uns bons pontos a frente do segundo colocado, mas eu precisaria de mais.. Não estava fazendo aquilo porque eu queria o prêmio, o prestígio ou qualquer coisa desse tipo, estava fazendo porque isso tudo é quem eu sou. Emma Swan.

Tubo. Minha mente gritava para fechar aquela apresentação com o tubo. Deitei a barriga na prancha, fechei meus olhos, molhei minhas mãos e as levei na nuca, era parte de um ritual que eu fazia sempre. As ondas ficaram agitadas, como se o mar previsse. Pressentisse.  Respirei fundo, comecei a remar em direção à onda que estava se aproximando.

Tudo acontecera em uma fração de segundos, o tubo estava formado, eu estava no meio dele e um sorriso não saia do meu rosto por conseguir, minhas mãos passavam pelas suas paredes acarinhando-o, mostrando todo meu respeito por ele, e de repente me desiquilibrei. Caí. O mar me engoliu, prendi o fôlego depressa, meus olhos se fecharam instantaneamente, um frio tomou conta da minha espinha, a espuma branca que se formou com a queda me deixou afoita, tinha me esquecido de puxar o ar pros meus pulmões antes de cair, afinal fora tudo tão rápido. Senti um puxão nas minhas pernas e meu corpo tremeu, meus olhos temeram abrir-se. Ar. Eu precisava respirar, já estava ficando difícil não me debater. Ar. Eu queria chorar, tomei coragem que não me cabia mais, abri os olhos e a imensidão me engoliu mais uma vez, tentei nadar, mas meu pé estava preso à corda que me prendia a pranche e esta se enroscou em algumas algas. Ar. Eu não sabia o que fazer meu pé não se soltava, meu peito se desesperada eu não podia respirar para me acalmar, eu me debatia, tentava a todo custo soltar meu pé, em vão. Ar. Parei, meus braços já não tinham mais forças, eu reconhecia essa sensação, um estágio antes do desmaio, meus ouvidos nada captavam, meus olhos só enxergavam a imensidão azul. Ar. Eu quis me entregar e eu faria isso se a prancha não tivesse se soltado do meu pé.

Eu lutei pela última vez, eu impulsionei meu corpo quase inerte pra cima num sopro devagar, eu senti um corpo se chocar contra a água e a última coisa que eu vi foi um par de olhos castanhos assustados me procurando, meus olhos se fecharam. Ar, eu precisava desesperadamente de ar, eu ansiava por ar. 

Point of view off.

*

O velocímetro marcava muito acima da média. O cabelo curto e levemente encaracolado dançava com o vento, os lábios roxos e a pele oliva arrepiada denunciava que a morena sentia frio. Ela não sabia decifrar se o frio era pelo seu corpo molhado ou se era pelo medo de que tivesse achado Emma tarde demais. O corpo branquelo estava inerte e deitado do acento traseiro do jet-ski, não sabia como havia conseguido vestir um colete em si e em Emma, mas o fez, toda cautela era pouco. Faltavam poucos metros para chegar à praia, os olhos castanhos capturaram um casal aflito e toda a equipe de resgate. Regina não sabia dizer como o ar estava entrando por seus pulmões porque claramente ele se esquecera de respirar por todo esse tempo que parecia uma eternidade, mas não havia passado mais de cinco minutos no resgate todo. Estacionou depressa, pulando rapidamente do volante e abraçando Swan pela cintura, Tinker apareceu para ajudar-lhe e os poucos segundos que seus olhos se encontraram pode ver desespero nos olhos castanhos. Ela sabia do apreço secreto que Regina guardava a sete chaves por Emma.

- Me deixe te ajudar a levá-la. – Alçou as pernas da loira e juntas correram até a areia morna.

As mãos juntas sob o peito da loira subia e descia num ritmado movimento, sua respiração estava entrecortada. Queria ser surda e não ouvir o estrondoso murmurinho que toda aquela multidão fazia e os flashes das lentes fotográficas. Eram abutres, sabia que amanhã estampariam a primeira capa da maioria de revista de fofocas e seria colocada como salvadora da princesa loira e surfista em perigo, odiava isso, essa exposição.

Vamos lá Swan. Vamos lá, acorde. Vai, seja forte.

- Sinta o pulso dela fadinha. – Pediu e Tinker pousou os dedos pálidos nos pulsos senão mais pálidos ainda da loira, podia ver suas veias arroxeadas dançando por baixo da pele.

- Muito fraco Regina. – Tomou atenção da morena pra si.

Regina a olhou em consentimento eram um time, salvariam Emma. Enquanto as mãos morenas continuavam a massagem cardíaca, Tinker levantou rapidamente o queixo da loira, abriu-lhe a boca, respirou fundo e posicionou seus lábios contra os lábios da loira jorrando oxigênio para dentro de seu sistema.

Vamos Emma, acorde. Deixe-me ver esses olhos verdes de novo.

As sirenes eram ouvidas ao longe, Regina já demonstrava enorme cansaço físico, seus braços já estavam dormentes. E, quando Mills achou não poderia haver mais nada a se fazer uma tosse fora ouvida. Saiu de cima da barriga da loira, virou-a de lado enquanto a mesma cuspia toda a água que engolira. Pode soltar a respiração que prendia e escutar a respiração de seus pais sendo solta em maior desespero, os paramédicos colocaram o corpo ainda em choque da surfista na maca, fazendo os procedimentos de intubação ali mesmo, na areia branca e fina.

- Eu vou com ela. – Mary se pronunciou rapidamente chegando perto do aglomerado em cima de Emma, capturando a atenção de Mills pra si.

- Sei que seu coração de mãe está desesperado, confesso que o meu está num batuque frenético Senhora Swan, mas veja bem, não irá adiantar nada se você se apressar assim. Swan esta viva, mas inconsciente. – Tocou-lhe o braço na intenção de acalmá-la. – Eu irei com ela e estaremos te esperando lá. – Sorriu em simpatia. Sabia como funcionava.

- Faremos isso, obrigado Miss Mills. – Fora a vez de David se pronunciar. – Por.. tudo.

Regina apenas sorriu e assentiu com a cabeça. Viu Tinker trazer sua bolsa e um roupão, sorriu aliviada a ela assim que subiu na ambulância. Respirou umas três vezes profundamente agarrando a qualquer resquício de oxigênio do ar, seus olhos não saiam de Swan, o barulho da sua frequência cardíaca era irritante, seu rosto não tinha cor, seu pescoço tampado pelo colar cervical, sua boca pela máscara de oxigênio. Tocou-lhe as mãos, apertou-as levemente.

- Você me deu um susto Swan, nunca mais faça isso.

 

 


Notas Finais


E entãaaao? Até o próximo amores! <3


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