Há algum tempo atrás, ouvi falar de uma mulher, uma dançarina. As histórias diziam que apenas com sua habilidade de dançar, ela controlava lâminas de forma suave e mortal. Ela liderou uma luta, há alguns anos atrás, quando houve uma pequena guerra por disputas, aqui em Ionia. Muitos ficaram admirados com a habilidade daquela mulher. Na ordem Kinkou, seu nome é muito reverenciado. Haviam gravuras e pergaminhos sobre sua história, guardados na biblioteca. E agora, todas essas informações estão inacessíveis.
Uma vez, minha mãe me disse que ela agora morava no Placídio de Navori o lugar mais sagrado de nossas terras.
E bem, eu sabia que levaria um ou dois dias de viagem para chegar até lá. Me preparei como pude, usando o resto do dinheiro que havia trazido comprando coisas essenciais como uma capa para me proteger do frio e de quebra, não ser reconhecida tão facilmente.
Seguro o medalhão de Noxus na mão, enquanto ando pela floresta, na noite escura. O medalhão possui relevo, e parece pesar mais quando segurado por sua corda. Nas minhas terras, isso deveria ser considerado um símbolo profano. Aqueles que buscam a violência e o poder, seguindo seus próprios interesses não têm crédito algum nas Primeiras Terras. Não paro de me perguntar, enquanto giro o medalhão na mão, Zed tem algo haver com Noxus aqui dentro? Apesar de ser um traidor dos Kinkou, ele jamais poderia fazer isso...
Lembro-me bem de minha infância, e mais ainda dos momentos em que Shen treinaxa com Zed. Era a parte do dia em que mais odiava. Shen fazia uma reverência e me agradecia por lutar com ele. Eu ficava chateada pelo tempo passar rápido daquela maneira. Algumas vezes, eu o seguia. Em uma dessas vezes, vi ele lutar com Zed. Mestre Kusho sentava-se em uma almofada elevada no tatame e acompanhava atento cada golpe.
Shen sempre fora o mais rápido e disciplinado e Zed, se frustrava a cada dia mais com isso. A cada treino, ele ficava mais furioso, mais descontrolado. Mestre Kusho não deixava passar em branco, sempre o afastando e conversando para apaziguar a raiva de Zed, que parecia aumentar a cada dia mais.
Ouvi sussuros, tempos depois. Mestre Kusho havia escolhido Shen para ser seu sucessor, é claro que Zed não havia ficado nada feliz com isso. Ele simplesmente sumiu, no meio da noite. Órfão de pai e mãe, não havia nada que o impedisse de ir embora. Procuramos por Zed, durante um tempo, mas não o achamos, nem mesmo nos limites de Ionia.
Eu tinha um sentimento egoísta com relação à isso. Não havia percebido que Shen gostava tanto de Zed, eles eram amigos antes de tudo começar, é claro. Porém, eu gostaria de ter passado mais tempo ali, no Monastério. Às árvores eram tão bonitas, os rios tão calmos... era nosso lar. E Zed destruiu nossa paz. O Monastério está em suas mãos agora, e sabe-se lá o que irá fazer com ele.
E Noxus, eles estão aqui. Tenho certeza que não é apenas a assassina que veio dar um passeio, sua irmã pode estar aqui e aqueles mercenários também. Há tempos estão tentando tomar Ionia. Esse Império expansionista não se importa com as terras, eles só querem mais pessoas para lutarem em sua guerra. Uma guerra contra Demacia. Nós, não iremos ceder. Iremos lutar até o último suspiro, Noxus não nos controlará.
+++
O primeiro dia se passa rápido.
Caminho lentamente durante à noite, e mais apressada durante o dia. Não encontro impecilhos no caminho, por isso me permiti dormir mais tempo, amarrada em um galho de àrvore.
Acabo sonhando com minha mãe e o Monastério. Estávamos juntas no jardim, meditando. Ela subitamente abria os olhos e me cutucava de leve com o ombro, indicando um homem que entrava no jardim.
- Ele é bonito, não? - Um sorriso brincalhão surgiu em entre seus lábios.
Revirei os olhos e ri levemente.
- Mãe... - Olhei de soslaio para a figura. - É só um homem comum.
- Na sua idade eu já tinha conhecido seu pai. - Sussurrou perto do meu ouvido.
Corei levemente.
- Mã-mãe. - Me desfiz da postura por um instante. - Não diga essas coisas, eu estou bem sozinha.
É quando ouço os passos familiares e o cheiro amadeirado se aproximando. Shen passa por entre o jardim e cumprimenta eu e minha mãe com um leve aceno de cabeça.
Acordo enrolada na capa e presa à um galho.
A imagem de casa, é o suficiene para me arrepender de ter saído do acampamento. Não posso me deixar levar por essas emoções agora, eu fiz uma escolha. Escolhas não podem ser desfeitas.
Nesse segundo dia, eu corro. Deixo pegadas na lama em volta dos rios, eu as apagaria se tivesse tempo, mas no momento tudo o que me interessa é falar com a dançarina das lâminas. Ela precisa saber o que está acontecendo. Shen não tomaria atitude alguma além de esperar, caso soubesse. Precisamos de pessoas para defender Ionia, e sei que a dançarina fará algo à respeito.
A vegetação muda conforme me aproximo do Monastério Navori. As árvores exalam magia, os cheiros se misturam. Já consigo ver o topo do Monastério quando salto por entre os galhos. Logo surgem as escadarias, o mármore antigo em espiral. Olho para cima, esperando ver a entrada, mas me deparo com nuvens bloqueando a visão. Essa escada provavelmente passa de cem degraus. A definição de persistência. Só os resistentes e perseverantes podem pisar no Monastério. Então, um passo por vez, começo a escalada.
+++
Chego ao topo duas horas depois. Meu corpo está exausto.
Os grandes pilares intimidam qualquer um que passe por perto. Logo vejo uma mulher de longos cabelos, meditando perante a visão do céu.
- Dançarina das lâminas. - Pronuncio.
Ela levemente inclina a cabeça e me vê.
- O que busca aqui? - Sua voz soa melódica, porém séria.
Me aproximo cuidadosamente, sentando ao seu lado.
- Sou Akali, uma dos Kinkou. - Fico em posição de metidar, porém de olhos abertos.
- Kinkou... - Ela sorri. - Há tempos não tenho notícias de vocês.
- Fomos atacados, tomaram nosso refúgio. - Pondero um pouco. - E há noxianos aqui em Ionia.
Ela subitamente perde a calma, me encarando de sobrancelhas erguidas. Sua postura se esvai completamente.
- Noxianos em Ionia? - Parece com raiva. - Como isso pôde acontecer?
Contei à ela sobre meu encontro com Katarina, sobre Zed tomar nosso refúgio, sobre o novo refúgio dos Kinkou. Muitos não contariam abertamente informações tão preciosas quanto essas, mas Irelia é como uma governante. Acreditamos nela, mesmo quando ela falha.
- E então, acha que podemos fazer algo? - Pergunto.
- Iremos, fazer algo. - Ela se levanta, apressada. - Irei chamar algumas pessoas em quem confio, montaremos um tipo de estratégia. Preciso que você diga aos Kinkou nosso plano, pode fazer isso?
Acompanho seus passos apressados até uma ala mais escura do Monastério.
- Sim, eu posso. - Mordo o lábio, por baixo da máscara. - Mas eu não compartilho das mesmas ideias, não mais.
Ela para, se virando para mim.
- Não sei o porquê, mas foi uma sábia escolha. - Dá de ombros. - Há anos os métodos dos Kinkou se tornaram ultrapassados.
Concordo levemente com a cabeça. Não estou pronta para falar disso, jamais conseguiria falar mal dos Kinkou para alguém.
- Há outro trabalho que poderia fazer para nos ajudar. - Ela tira um papel de seu bolso, me oferecendo.
- O que é isso? - Pego o papel, hesitante.
- Uma lista de pessoas que podem te ajudar a conseguir informações. Não terei tempo de visitá-las, mas você pode. - Ela volta a caminhar, chegando em um altar. - Qualquer informação sobre noxianos será útil. Quando chegar a hora, se for necessário lutar, lhe informarei.
- Certo. - Olho para o papel em minha mão mais uma vez, antes de guardá-lo na bolsa.
Irelia abre um compartimento de madeira, preso na parede. Olhando para dentro, ela diz:
- Uma assassina.
- O que?
- Ouvi falar de um ataque à bandidos, em uma floresta no sul. - Ela ri fraco. - Uma assassina, de roupas verdes os matou.
Entro em posição de guarda, para me defender se for necessário.
- Quais são suas intenções, agora que saiu dos Kinkou? - Ela me olha por cima do ombro.
- Defender Ionia, não importa o preço. - Falo um pouco rude.
- Me mostre que você consegue, Akali. - Ela se vira, controlando lâminas em volta do corpo, elas saem do compartimento de madeira a cercam, em posição de guarda.
Tiro uma Kunai da cintura e tomo a posição de ataque.
- Eu sou mais do que apta para isso. - Digo.
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