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História Akuma to Deau - Ciúmes e Discórdia


Escrita por: Katsumouto

Capítulo 6 - Ciúmes e Discórdia


Fanfic / Fanfiction Akuma to Deau - Ciúmes e Discórdia

O quanto Eu iria longe por alguém que amo ? Alguém me fez essa pergunta que me fez esquecer até quem sou. Mas esta pergunta deveria ser respondida por outra; o que é amar ? E para isto, eu responderia, que é não ter que pedir perdão.

- Narra uma certa pessoa.

Semanas após o último capítulo:

Já se passou semanas desde o dia em que chegou o professor de Filosofia, o senhor Takegoshi. Ele consegue ser carismático e misterioso ao mesmo tempo, o que faz dele um professor único em todo o colégio estadual de Fuko.
Porém ainda acho irônico ele usar um crucifixo no colar e ter uma marca de cruz invertida no rosto.

Shinichi pensava nisto. Em sua cabeça não havia mais outra coisa além das muitas que está aprendendo com o professor Ryotaro e o que ele via através da janela. Janela ? Ah é, esqueci de mencionar que neste exato momento Shinichi está dentro de um ônibus. Não um qualquer, um dos grandes de excursão escolar. Aqueles que geralmente são escuros por dentro, dando um ar de tranquilidade e luxo.

Shinichi quase apertava seu rosto contra a janela, enquanto ainda apertava o rosto com a mão direita, com o joelho sobre o ombro da cadeira. Conforme o veículo se movia em alta velocidade, ele via a paisagem urbana se desfazendo em questão de flashes. E aos poucos, ele via cada vez mais árvores, mais rios, mais grama, mais paisagens rurais.

Pois é.. Ele é tão único que conseguiu providenciar uma excursão escolar para Kotobikihama, um lugar mais ensolarado e tropical. É, eu nunca achei que teria de ir a algum lugar como uma praia com minha sala de aula inteira. Mesmo que fosse uma maneira de se aproximar mais dos amigos e ter uma experiência quase inesquecível, eu sempre achei algo tão especial que nunca aconteceria comigo. Mas recentemente em minha vida, tudo de anormal tem acontecido comigo. 

Há de começar com a separação de meus pais, que se separaram por intolerância religiosa. Meu pai é xintoísta, e minha mãe católica. Depois, o falecimento de minha mãe. E então, eu voltar para Kyoto e reencontrar meus amigos de infância, mesmo quando eu tinha certeza de que eles já tinham ido embora resolver suas vidas. E então..

Ele deixou completamente os processos de pensamentos. Lembrou que com mais semanas atrás, reencontrou Aimino Kamine. Não só isso, se envolveu numa possessão demoníaca, da qual agora é um fardo de que ele tem que manter em segredo. Novamente ele analisa sua situação, e estranha ao lembrar que está namorando Kyame, uma sucúbo, que seria um demônio mulher, uma prostituta porém maligna. Kyame não era como nenhuma mulher que ele conhecia em sua vida, e provavelmente como nenhuma mulher neste mundo. Ainda assim, ele não entendia como Kyame conseguia se comprometer tanto com ele, aceitar tantas coisas ruins só para ficar com ele.
Ele ia pensando nisto. E então ousou pensar em como os outros viriam isto. Como seria se ele contasse a todos sobre ter uma namorada do inferno ? Ou se eles simplesmente já soubessem ?
Ele olhou em volta de si para os outros, imaginando suas reações. E pensou de imediato que eles já pensam algo parecido, pensam que ele está namorando com Kamine. Se bem que recentemente ele e ela tem estado muito próximos.

Assim que ele olha para a cadeira ao seu lado, vê Kamine adormecida. Está sentada do seu lado, com posição ereta com exceção na cabeça. Está com a cabeça caindo nele, e seus cabelos sobre seu ombro. O rosto dela diz que ela adormeceu há poucos minutos, como se ela ainda estivesse tentando controlar a consciência. Pobre Kamine, mal luta pela consciência de estar acordada e ainda tem de lutar pelo controle do corpo por causa de Kyame. Ela até está balançando por causa dos quebra-molas que o ônibus tem que passar sobre.

Ele ficou alegre só de observá-la, admirando ela. Espera, admirando ?
Ele só percebeu agora, como ela era bonita. Por trás dos cabelos que cobriam seu rosto e dos óculos que faziam todos desviarem do olhar dela, há os lindos olhos prateados dela. Seu rosto branco e macio, com seus longos cabelos negros e lisos. Só agora Shinichi começa a sentir algo que nunca sentiu por uma garota. Sempre que se aproximava de uma, tratava-a como uma amiga, as vezes até como uma irmã próxima. Mas nunca teve vergonha de estar com uma garota, o que indicava que ele teria interesse sexual por garotas. Só agora ele ruboriza seu rosto ao vê-la.

Mas de repente, sente um arrepio. Ele já sabe o que é, afinal, está olhando demais para Kamine e ruborizando demais. Ele sente os olhos verdes de inveja de algum ser invisível por trás dela. Era Kyame, obviamente, e ele já sabia muito bem disso. Era quase como se ele já pudesse vê-la mesmo invisível, por trás do corpo de Kamine. Mas ela não apareceu para ele só para demonstrar ciúmes. Ele ligeiramente recebeu uma mensagem em seus pensamentos. Era como se Kyame jogasse seus pensamentos na cabeça dele, o que faria ele pensar que era ele mesmo pensando nisso. Mas na verdade, era um tipo de comunicação telepática e estranha.

No mesmo instante, pensou ''Há perigo, olhe em volta''. E ele fez isso rapidamente e nervoso. Olhou para a frente, onde estaria o professor e o motorista. Quando se deparou com algo que fez ele gelar completamente. Algo que o deixou paralisado de assustado. Ele estava sendo observado o tempo todo pelo Professor Takegoshi Ryotaro. O Professor estava com o livro cobrindo parte de seu rosto, mas seus olhos claramente diziam que ele estava estudando Shinichi e Kamine ao mesmo tempo. No mesmo instante que Shinichi olhou, Ryotaro desviou os olhos para o livro.

Era de dar arrepios, ele nem sabia que tipo de pessoa era Ryotaro. Mas perceber que ele provavelmente era perigoso segundo Kyame, e que ele estava observando ele o tempo todo, fez ele gelar até o sangue. Ele tentou usar a lógica, pensou que era somente Kyame que estava preocupada demais com Shinichi, já que ela era possessiva. Literalmente.

''Bobagem sua, Kyame-san..'' - Sussurrou. E acabou acordando Kamine, que abriu os olhos lentamente e ergueu o rosto com seus esforços.

''O que.. ?'' - Ela perguntou, sussurrando, como se tivesse ouvido seu nome.

''Não é nada, pode voltar a dormir, perdão tê-la acordado.'' - Disse ao perceber que acabou acordando a bela adormecida. Ela ergueu os braços e os esticou até que ela pudesse sentir seus ossos estalando, espreguiçando-se completamente.

''Será que já chegamos ?'' - Perguntou ela, recuperando a consciência rapidamente. Ela tentou olhar pela janela, mas parte da janela estava coberta pela cortina escura, e Shinichi estava na sua frente praticamente. Ele olhou rapidamente e voltou seu olhar para ela.

''Eu já vim para Kotobikihama. Não se preocupe, já estamos chegando.'' - Respondeu ele. Apesar de já ter acordado, ela sentou-se apropriadamente e fechou os olhos de cansaço. Ficou esperando por novas notícias. E assim que ela o fez, Shinichi aproveitou para verificar se estava mesmo sendo observado pelo professor Takegoshi. Teve medo de olhar novamente, imaginando que acabaria dando pensamentos errados ao professor caso ele realmente fosse só uma pessoa normal. Ele pensou dez vezes e olhou com extrema rapidez.

No que ele olhou, viu que o professor estava distraído ao livro. Quando tinha percebido isso num rápido olhar, ousou olhar novamente por mais tempo, e realmente, ele não estava prestando atenção em Shinichi. Talvez fosse só coincidência que seus olhares se cruzaram naquele momento.

Algumas horas depois:

O ônibus tinha entrado no estacionamento de um camping após atravessar um caminho entre árvores. Todos já podiam ver pelas janelas a paisagem do lugar. Mal podiam ver meios urbanos, prédios, casas ou postes de luz. Viam somente árvores, mata, alguns rios de longe, um celeiro numa colina bem longe e um dormitório perto do local.
O ônibus encostou em uma árvore, sem tocá-la. E a porta abriu, deixando vários alunos saírem de imediato após o professor. Ele garantiu estar perto da porta para organizar os alunos.

''Por favor, juntem-se com seus pares e evitem bagunça alheia.'' - Disse - ''Ainda preciso falar com o supervisor do camping.''

Em alguns segundos, Shinichi saiu com Kamine ao seu lado. Esteve perto para ouvir o professor falar sobre os pares, e lembrou da última aula que teve com ele antes desta ''excursão''.

Pares ? Ah é mesmo. O professor disse que iria dividir a sala inteira em pares, dois alunos dividindo a mesma tenda. Lembro também que foi esse um dos motivos que mais fez o professor ser elogiado pelos outros alunos, já que todos gostavam da ideia de ficarem mais próximos de seus amigos. Principalmente, dos garotos terem a chance de serem pares de garotas. Mas lembro que ele não deixou que escolhêssemos, disse que ele mesmo formaria os pares. Ele disse antes através da lista de chamada o nome dos pares formados, mas não lembro quem era o meu par..

Ele ouviu seu nome ser chamado algumas vezes enquanto pensava. Quando virou-se, viu Yamaguchi Asami, a garota valentona, um pouco animada andando em sua direção. Aparentemente era ela quem o chamava. Kamine não tinha saído do lado de Shinichi, esperando ouvir quem era o seu par novamente.

''Yamada Shinichi! Não ouviu o professor ? Os pares tem de ficar juntos logo por causa da organização das tendas.'' - Disse ela - ''Vamos logo, não quero ficar mais tempo no estacionamento do que no acampamento!''
Ela parecia entusiasmada para conhecer o lugar. Mas o que ela falou respondeu a dúvida de Shinichi. No fim das contas, Asami era seu par. Até Shinichi se surpreendeu.

''Ah, somos pares, não é mesmo ?'' - Perguntou. Ao ouvir a conversa, Kamine demonstrou uma expressão facial de preocupada. Como se não quisesse isso, mas era literalmente isso.

''Claro que somos, não lembra ?'' - Respondeu Asami. Ao ouvir a afirmação dela, Kamine sentiu um fogo arder em seu corpo. Aos poucos ela podia deixar de sentir seu corpo, como se ela estivesse inconscientemente se entregado à Kyame. Mas na verdade, era a própria Kyame explodindo de ciúmes. Até Shinichi já podia ver os olhos de Kamine brilharem em vermelho. Sua testa franzir e seu rosto demonstrar raiva.
Ele se assustou ao ver Kamine com raiva e com os olhos flamejantes. Seu instinto fez-lhe pensar que era Kyame prestes a machucar Asami. Ele quase entrou em desespero ao vê-la tentar aproximar-se, mas recebeu um rápido alívio ao ver Kamine ser puxada. Viu Haruka aproximar-se por trás e puxar Kamine apressada.

''Vamos logo, Kamine!'' - Disse Haruka - ''Eu quero ver a qualidade das tendas!''
Rapidamente Kamine voltou ao normal, sem ainda entender o que havia acontecido. Shinichi suspirou de alívio ao ver que o pior foi evitado. Mas logo deu de cara com Asami, que aparentava estar duvidando de seu alívio.

''O que foi ? Está sentindo algo estranho ?'' - Ela perguntou. Ele ruborizou-se e tentou responder rapidamente.

''A-Ah, não.'' - Respondeu - ''Quero dizer, sim. Eu só estou aliviado por finalmente ter saído do ônibus. Não me acostumei com longas viagens de ônibus.''

Ela olhou novamente para ele com outra expressão, ousou olhar para ele de baixo para cima. Ele percebeu que ela assentiu com a cabeça levemente, como se tivesse concordado com algo ou gostado de algo.

''Acho que este suspiro foi de estar longe demais de certa pessoa.'' - Comentou ela - ''Acostume-se, Yamada Shinichi. Sei que nós somos capazes de nos virar sem precisar dos outros, só precisamos de tempo.''
Ela disse isso e fez ele concordar. Pois ele lembrou que tinha voltado para Kyoto não com a intenção de reencontrar seus amigos, mas para viver independentemente. Cuidando de si mesmo, subindo na vida da forma que ele acreditasse que podia. Só foi coincidência reencontrá-los.

Ele olhou para ela e viu no fundo do caráter repulsivo e mesquinho de Asami uma luz. Apesar de ela ser daquele jeito, ele conseguia entender que isso era só um jeito dela de se defender, de não ter que depender de seus sentimentos para com outras pessoas. Shinichi podia ser ingênuo, mas as vezes quando observava, entendia coisas que olhos não veem.

Ele viu certa agitação, e percebeu que o professor tinha voltado do dormitório junto com um homem um pouco velho. Pelas vestimentas dele, podiam concluir que ele também era o dono do celeiro que viram mais cedo.

''Turma, conversei com o supervisor.'' - Disse o professor - ''Ele nos mostrará os locais cujo acesso nos é permitido. Quero que se comportem em toda caminhada, seu comportamento está sendo avaliado.''

De imediato, todos se aproximaram e permaneceram organizados. Juntos de seus pares e atrás do professor. Conforme o dono do camping mostrava o lugar e andava, o professor o seguia, e a turma ia junto.
Shinichi e Asami eram os que mais estavam perto do professor, praticamente caminhando colados a ele. Era como se eles fossem representantes de classe. Mas a todo momento, Shinichi aproveitava quando olhava em volta e olhava para trás, para a turma. Via depois de vários alunos atrás dele, Kamine e Haruka. Percebeu que Kamine estava observando ele bastante, mantendo-se atenta a ele.

Ele começava a ter outros pensamentos de Kamine, mas negou isso ao ver o brilho vermelho em seus olhos. Era Kyame se escondendo nela, perseguindo Shinichi. Ele arrepiou-se por completo, enchendo-se de medo. Mas virou seu rosto para frente de imediato, tentando não lembrar deste problema em que está envolvido. Quando percebeu, o professor já tinha parado de andar. Estava observando o lugar conforme o dono do camping apresentava o lugar. Shinichi quase bateu nas costas dele.

''Esta área é onde permito os acampamentos dos vários visitantes que tenho ao longo do ano..'' - Dizia o dono do camping - ''Como podem ver, além de ter pouco espaço ele é limitado. Meu campo é colado com o campo vizinho, que pertence ao dono do celeiro. Sei que irão usar o Dormitório, mas se forem acampar, peço que não ultrapassem as cercas que coloquei.''

''Ouviram isso ?'' - Perguntou o professor - ''Espero que lembrem-se disso, pois pretendo montar as tendas neste lugar amanhã.''

''Tem um dormitório aqui ?'' - Perguntavam alguns alunos entre os vários alunos ali. Era difícil imaginar um dormitório, que exigiria bastante espaço, no meio de tanto mato. Kamine, ou devo dizer, Kyame, estava distraída com o celeiro. Não deixava de olhar para ele, e nem podia ouvir o que o professor dizia. Na verdade, ela podia ouvir os ruídos irritantes de sua voz, ela sabia que ele estava explicando e falando sobre as coisas ao redor. Mas não prestava atenção. Deixou de se distrair quando percebeu os alunos se movimentando para o dormitório. No mesmo instante, deixou Kamine em paz para que ela fizesse seu caminho até o dormitório.

''Vão e deixem as coisas que não irão precisar nos quartos do dormitório. Eu quero todos se ajudando a montar as tendas aqui, ninguém vai ficar se aproveitando das mochilas abandonadas no dormitório.'' - Dizia o professor enquanto os alunos passavam por ele - ''Ouviram isso, pessoal do fundo ? Estou de olho em vocês.''

Fizeram conforme o professor disse. Os garotos deixaram suas mochilas no quarto masculino e as garotas no quarto feminino. Foram retirando suas jaquetas devido ao calor ardente que estava tanto do lado de fora quanto de dentro. Assim que saíam do dormitório e iam para o local de acampamento, encontravam o Professor Takegoshi e o dono do camping segurando sacolas enormes cheias de palhetas e materiais para a montagem das tendas. As duplas iam se formando novamente e se ajudando.

O lugar estava inquieto, com muitas pessoas conversando e fazendo barulho desnecessário. Alguns se distraiam e se divertiam em vez de montarem as tendas. Outros demoravam de terminar as tendas por serem desajeitados.
Shinichi já estava montando as palhetas, enquanto Asami, que estava ao seu lado, continuava a ler o manual. Sua expressão facial claramente dizia que não havia entendido, ela forçava os olhos para tentar entender. Já Shinichi estava calmo, montando tudo sozinho, nem precisa do manual.

''Você tem certeza que está montando tudo corretamente ? Nem manual está usando.'' - Perguntou ela.
''Já acampei uma vez, fiz questão de engolir o manual para nunca esquecer como montar uma tenda.'' - Respondeu. Ela olhou para ele de maneira esquisita, e ainda expressando estar surpresa e assustada com sua resposta. Ele reparou que ela olhou para ele daquela maneira, e trocaram olhares estranhos.

''N-Não aconteceu de verdade! Só estava brincando..'' - Disse, começando a se embaraçar. Ela compreendeu, retornou ao seu lado sério e voltou a ler o manual.

''Não somos crianças, você sabe disso.'' - Disse ela, fazendo ele perder-se na vergonha.

Alguns metros dali, Kamine e Haruka montavam sua tenda juntas. Diferente de Asami, Haruka só precisava dar uma olhada no manual e seguia três passos corretamente. Mas logo notou que algumas palhetas não estavam bem alinhadas, e algumas faltando. Não era ela quem estava errando na montagem, e percebeu que Kamine estava distraída novamente. Estava colocando as palhetas de maneira desajeitada enquanto olhava para Shinichi e Asami. Seu olhar parecia preocupantemente sério.

''Kamine, você está destruindo a tenda'' - Disse ela, dando um susto na Kamine. Ela virou-se rapidamente para Haruka com um rosto de assustada, como se estivesse em pleno transe a segundos atrás. Ela se envergonhou e tentou remontar o que havia feito.

''P-Perdão.. Eu realmente não sei o que há de errado comigo..'' - Dizia ela. Haruka inclinou o sorriso demonstrando leve decepção. Ao olhar para onde Kamine estava olhando, percebeu a razão da preocupação dela. Ficou observando Shinichi e as vezes observando Kamine, se lembrando da explicação que Kamine dera alguns dias atrás. Só recentemente Haruka descobriu que Kamine tinha namorado seu irmão mais velho, Hiroshi. E que seu irmão tinha feito um mal traumatizante para ela. Mas naquele momento, não parava de pensar nos dois juntos, Shinichi e Kamine. Ela nunca esperou ver Shinichi tendo uma relação amorosa com alguém. Mas agora ela tem quase certeza de que os dois estão namorando.

''Diga-me, Kamine..'' - Disse Haruka - ''O quão próximos vocês dois estão, você e o Shinichi ?''
Ouvir essa pergunta fez desmoronar todas as palhetas da tenda, deixando Kamine de olhos amplamente abertos e nervosa.
Ela olhou para Haruka sem saber o que responder, ficou gaguejando.

''Digo, está claro que vocês dois tem uma relação muito mais oficial do que Amigos.'' - Comentou - ''Não lembro de você ter mencionado sobre sua relação com ele.''
Ela gaguejou mais mil vezes e conseguiu dizer uma frase, apesar de continuar terrivelmente nervosa.

''O-O que f-faz você pensar que temos uma relação além de amizade ?!'' - Perguntou alto. Alguns alunos próximos da tenda dela pararam ao ouvir a exclamação de Kamine. Ela se envergonhou ao notar todos olhando para ela. Então se aproximou de Haruka para falar aos sussurros.

''Ora, eu conheço muito bem o Shinichi, canso de dizer isso. Mas ele tem amor demais naquele coração para distribuir para uma só pessoa, ele estaria passando um tempo equivalente entre todos nós.'' - Disse ela - ''Mas desde que chegou ele passou mais tempo com você, e você passou a se abrir mais perto dele. Sem contar que você come ele com os olhos, parece até um demônio.''
Kamine deixou-se rir levemente de embaraço, tendo por ironia que ela estava possuída pela Kyame. Não deixou de ruborizar-se por toda sua face.

''E.. eu lembro muito bem de você ter dito no meio da sala, especificamente para Asami, que vocês eram amantes. Além de chamá-la de mocreia e outras coisas..'' - Dizia Haruka. Primeira vez contado por Haruka, Kamine não lembrava deste momento. Mas quando refletiu, veio como um flash em sua cabeça todo esse momento. O momento em que Kyame afastou Asami de Shinichi no meio da sala e admitiu estar namorando o Shinichi. Agora Kamine está nesta enrascada por causa da Kyame.

Ela gaguejou mais cem vezes até a resposta perfeita vir na sua cabeça. Fazendo ela se acalmar lentamente.
''S-Sabe... Era só um jeito de terminar toda aquela confusão, eu estava estourando de vergonha.. Se eu dissesse que éramos amantes talvez ela nos deixasse em paz.'' - Respondeu. A resposta fez Haruka deixar sua curiosidade e voltar a montar a tenda enquanto refletia.

''Não é exatamente o que eu perguntei, mas acho que isso responde.'' - Disse.

Alguns metros dali, o Professor Takegoshi conversava uma última vez com o dono do camping. A conversa terminou quando o dono do camping mexeu seu chapéu afirmando algo, e foi embora. Takegoshi permaneceu de pé observando os alunos conforme eles ainda montavam as tendas.

''Vamos, adiantem ai! Ou querem fazer uma exploração durante a noite ? Se fizerem, eu vou jogar vocês para as criaturas da floresta.'' - Disse, fazendo alguns rirem e outros começarem suas piadas. Ele demonstrou um bom humor, mas a cada instante, ele piscava e olhava para Shinichi e Kamine. Era quase imperceptível, mas ele estava sempre vigiando os dois como pudesse. Aimino Kamine e Yoshida Haruka estavam quase terminando a tenda juntas. Yamaguchi Asami estava começando sua parte da tenda enquanto Yamada Shinichi já estava quase terminando de montá-la.

Os dois parecem bem concentrados quando estão separados. Por um breve momento ele chega a pensar que são alunos normais, que não há nada de errado neles. Um vento passou e fez voar o pingente de seu colar, um crucifixo prateado. Ele apanhou o pingente e olhou, colocando-o de volta no colar. Ver o crucifixo fez ele lembrar o motivo de estar ali.

Vários minutos depois:

Parecia que todas as tendas estavam montadas. Os pares que terminaram de montar suas tendas trataram de trazer seus travesseiros e lençóis do dormitório e guardá-los em suas tendas. Na tenda de Yamaguchi Asami e Yamada Shinichi tinha algo em particular, uma cortina no meio que separava os lados de cada. Aparentemente, Asami queria privacidade em seu lado.

Olhando ao redor, alguns alunos já estavam lanchando. Vai saber como conseguiram seus lanches, se trouxeram, se compraram ou se foi dado em alguma cantina ali perto. Mas a cena foca nos arredores da tenda de Asami e Shinichi. Os dois permanecem de pé vendo como a tenda está bem feita.

''Até que não ficou ruim.. Só me pergunto como uma coisa pequena dessa tem espaço para dois.'' - Comentou Shinichi.

''Depende da perspectiva.'' - Disse Asami, abaixando-se e entrando na tenda, indo para o seu lado. Shinichi tratou de virar o rosto para cima, evitando olhar para Asami enquanto ela se abaixava, já que podia acabar acidentalmente vendo algo inapropriado. Quando voltou seus olhos para a tenda, ela estava deitada em seu lado. Ele entrou e deitou no lado dele. Do lado de fora parecia não ter tanto espaço para dois, mas dentro parecia ter espaço de sobra.

''É, você tinha razão..'' - Comentou ele. Os dois estavam olhando para o teto da tenda ao mesmo tempo.
''Diga-me, Yamada Shinichi. Por que você é assim, tão inocente e ingênuo ? Não tem noção das coisas ?'' - Ela perguntou. Ele estranhou ela perguntar isso, mas não achou que tivesse más intenções por trás da pergunta.

''Eu não sei, acho que esse é meu jeito de ser..'' - Respondeu - ''Mas e você, por que é assim tão séria ? Será que sou tão irritante assim ?''

''É meu jeito de ser.'' - Disse ela, ficando em silêncio junto com ele. Permaneceram em silêncio por mais segundos até que Shinichi ouviu Asami suspirar.

''Você não sabe notar quando alguém está te ensinando algo importante, não é ?'' - Perguntou ela. Ele questionou, por sorte ela ainda estava com paciência para responder.

''No lugar aonde vamos, aprendemos que todos temos uma coisa em comum. Portanto, todos devemos nos tratar como iguais, como uma família.'' - Dizia ela - ''Você acredita no apocalipse de Deus, Yamada ? Pois creio que ele diz que dará um fim em metade das pessoas que existem. As boas irão para um lugar de felicidade e pureza e as más irão sofrer por seus pecados. Se devemos tratar a todos como iguais, que adiantará se metade do planeta irá para o inferno ?''

''Eu não consigo entender aonde você quer chegar..'' - Disse ele.

''Sou assim para mostrar aos outros que não somos iguais.'' - Disse ela - ''Eu me defendo para me manter forte. Você deveria ser assim também, está claro que você é tão influenciado que chega a sofrer sem nem sentir a dor primeiro.''
Ele permaneceu em silêncio por mais alguns segundos antes de responder.

''O que você pensa é interessante e legal, Yamaguchi-san..'' - Disse - ''Mas eu acredito em algo diferente. Acho que neste mundo o que temos em comum é que todos procuramos respostas para tudo o que Deus não nos diz. Estamos todos perdidos de alguma forma, e eu sinto pena quando isso chega a afetar as pessoas claramente.''

''Então você acha que Kamine está sofrendo por estar perdida ?'' - Perguntou Asami de maneira sarcástica.

''E-Ela não está só perdida! Ela está..'' - Dizia ele, hesitando em continuar a falar sobre a Kamine para Asami - ''Indefesa, com medo, desesperada..''

Por incrível que pareça, Asami ouviu pacientemente. Colocou os braços sobre o torso e mirou os olhos na cortina, em direção de Shinichi.

''E o que tem a dizer sobre mim em relação a sua teoria ?'' - Perguntou.

''Bom, dado o que você disse..'' - Disse ele - ''Acho você uma pessoa forte, mas que também tem medo.. Você se faz de séria e assustadora para evitar envolver os outros em sua vida e seus problemas, acho meio.. Admirável, o jeito que você consegue fazer isso.''

Asami se impressionou com o quão eficaz e exato ele parecia ser, demonstrando isso com olhos amplamente abertos, mas expressando um rosto de distração e preocupação.

''O meu pai me deu tudo desde pequena, com esperança de que eu fosse mais do virtuosa. Ele acreditava que se as pessoas tivessem tudo desde nascença, se tornariam de fato dignas daquilo que ganharam, e então seriam perfeitas.'' - Dizia Asami - ''Ai então eu..''
Ela permaneceu em um silêncio constrangedor, só então percebendo que estava contando sua vida para Shinichi. Shinichi parecia curioso, olhava através da cortina esperando ela continuar.

''Agora entendo por que a Aimino se abria tanto com você. É constrangedor.'' - Disse Asami. Na mesma hora levantou-se e saiu da tenda, sem nem olhar para trás. Ele estranhou, mas não planejou insistir nem ir atrás dela.

Perto dali, Kamine arrumava toda a tenda por dentro. Haruka viu que Asami estava deixando Shinichi na tenda. Voltou e olhou para Kamine, imaginando que ela talvez se animasse ao ver esta cena.

''Então.. Não há nada entre você e o Shinichi, de verdade ?'' - Perguntou ela. Kamine chegou a corar e ruborizar-se, mas continuou arrumando as coisas e sorriu ao responder.

''Nada além da velha amizade que temos.'' - Respondeu. Haruka olhou para a tenda de Shinichi com atenção, quase hipnotizada.

''Hm, que pena. Achava mesmo que havia algo entre vocês mais profundo.'' - Comentou. E ficou observando, repetindo aquela frase várias vezes em seus pensamentos. Até que começou a repetir ''que pena''. E algo veio em sua cabeça, dizendo que era ironia ela pensar isso. Ela estranhou ter pensado isso, e por alguma razão, ruborizou-se.
Ela olhou em volta e viu que de longe, Asami e o Professor Takegoshi conversavam bem distraidamente. Já que o professor estava bem focado naquela conversa, ele não estaria prestando atenção nos alunos.

''Ainda me pergunto por quanto tempo ficaremos aqui. Não sei se minha mãe vai aguentar cuidar do restaurante sozinha por tanto tempo.'' - Disse Haruka enquanto continuava a observar o professor. Ela não estava focada na direção em que estava olhando, ela estava olhando em sua mente. Kamine inclinou o sorriso demonstrando uma leve decepção e preocupação por Haruka. Embora não soubesse como reagir, pois nem conhecia muito a vida de Haruka.

Terminou de arrumar suas coisas e levantou-se, saindo da tenda de costas. Assim que virou-se, deu de cara com o professor Takegoshi Ryotaro, que estava atrás dela esperando que ela o visse. Ela tomou um susto, vendo seu rosto tão de perto de repente. Chegou a corar e se afastar no susto.

''P-Perdão, professor, não o vi..'' - Disse - ''O-O que deseja ?''

''Não ache estranho, senhorita Aimino. Só venho conversar com você.'' - Disse. O que ele disse tinha a intenção de transmitir boas intenções para Kamine. Mas no fundo, ela podia sentir alarmes e sirenes avisando que havia perigo neste homem. Algo parecido com a aura assustadora de Asami, que a deixava intimidadora. Mas com o Professor Takegoshi, era algo mais sombrio e frio. Ela assentiu, demonstrando que permitia aquela conversa. Haruka olhou para os dois e chegou a trocar olhares com Kamine.
''Eu vou dar um passeio por ai, volto logo.'' - Disse ela, deixando os dois a sós. Ele arranjou dois bancos e sentaram-se, proximamente.

''Fale-me de você, senhorita Aimino.'' - Disse ele. Ela corou e começou a ficar nervosa.

''E-Eu ? M-mas como assim ?'' - Questionou ela. Ele retirou os óculos e começou a limpá-los com um pano quase transparente.

''Bom, vou direto ao ponto já que está tão nervosa assim.'' - Disse ele - ''Já deve ter percebido o como sou próximo dos alunos, diferente dos outros professores. E entre os vários alunos desta classe, percebi que todos tinham um pensamento em comum sobre você. Todos te achavam não só estranha, como também potencialmente perigosa e assustadora. Mas o seu histórico escolar não diz isso, diz que você além de dedicada aos estudos, é extremamente autopreservada e tímida, no máximo só fala com os professores.''

''E-Eu..'' - Ela gaguejou, e ele colocou os óculos de volta, empurrando-os sobre o nariz com dois dedos.

''O que quero dizer, é o seguinte; O que você tem a dizer sobre isso ? Quem está certo, quem está errado, e qual é a relação entre os dois ?'' - Ele perguntou. Ela ficava cada vez mais nervosa. Mas então engoliu saliva no seco, permitindo acalmar-se graças ao silêncio da espera do professor.

''É-É meio estranho fazer isso quando o senhor chega assim de repente.. Creio que isso tudo depende da perspectiva. De fato eu sou tímida e dedicada, mas não nego poder ser assustadora e estranha.. É que..'' - Ela hesitou em dizer, e depois de esperar segundos com seus lábios levemente separados ela falou - ''É que eu não me abro desde certos acontecimentos em minha vida. E quando uma certa pessoa voltou para mim, eu senti como se não tivesse problema algum em me abrir e me expressar como realmente sou.. Não que eu seja perigosa e assustadora como disse, mas que eu acabei exagerando com minha liberdade..''

O professor demonstrava uma decepção quase imperceptível. O reflexo da luz solar em seus óculos escondia seus olhos sob uma luz branca intensa.

''Liberdade com responsabilidade, senhorita Aimino.'' - Disse ele - ''Acho que agora eu entendo melhor. Não precisa manter-se anônima, eu sei que esta ''pessoa que voltou'' é Yamada Shinichi. Percebi que vocês dois são muito colados.''

Ela corou e sorriu de constrangimento.
''Mas seja cautelosa, senhorita Aimino. Quando vencemos um obstáculo que nos impede de nos expressar, geralmente um mundo de armadilhas e mau olhares abre-se ao nosso redor.'' - Explicou - ''Deveria aprender coisas assim com a senhorita Yamaguchi, ela sabe se virar. Mas qualquer coisa, saiba que não sou só um professor, mas também um amigo, e talvez, um guardião.''

Ele levantou-se, cumprimentou ela e deixou-a. Ela não conseguiu compreender o motivo do professor estar dizendo aquelas coisas para ela. Ficou refletindo até lembrar que Shinichi estava sozinho agora. Esta era uma oportunidade para ela falar com ele. Ela não sabia o que falar com ele, e nem sabia se havia necessidade disso. Só sentia uma sensação quase imperceptível, uma intuição, um instinto, algo que dizia ela para caminhar até ele ficar perto dele por um tempinho. Conforme ela questionava essa sensação enquanto observava Shinichi, ela sentia-se atraída por ele. Sentia que queria ficar perto dele por alguma razão importante.

Tomando um rumo de impulsiva, ela levantou-se e foi em sua direção. Ele ainda estava sentado com as costas viradas para o exterior da tenda. Ele parecia estar arrumando a cortina que Yamaguchi Asami havia colocado. Ela ficou atrás dele, incontrolavelmente em silêncio. Sentiu prazer apenas em ficar olhando o que ele fazia. Estava a centímetros dele. Parecia ser uma boa ideia ficar ali daquele jeito sem ser notada. Mas logo, o lugar esquentava com o sol, e Shinichi já podia ver a sombra dela na tenda. Olhou para trás e viu Kamine de pé atrás dele, observando ele atentamente. Foi um susto tão grande que ele colocou as mãos no peito, abriu os olhos amplamente e ficou com soluço.

Ela sorriu de maneira constrangedora em resposta, e ele respirou fundo como se todo o ar que tivesse em seus pulmões tivesse escapado no susto.
''Jesus Cristo, você quer me matar de susto ?'' - Comentou Shinichi. Ela não conseguiu conter o sorriso e sentou-se ao lado dele. Ele tentou reagir normalmente, e voltou a arrumar a cortina. Mas conforme ele percebia que ela estava sentada ao lado dele sem dizer uma palavra, ele começou a dar olhares estranhos para ela, como se suspeitasse da presença dela.

''É... É você, Kamine, ou Kyame ?'' - Perguntou. Ela demorou um pouco para responder, e quando percebeu a pergunta, tentou responder nervosamente.

''A-Ah, não se preocupe, sou eu, Kamine!'' - Disse - ''Me desculpe, eu estou meio estranha hoje..''

''Ao menos isto me alivia, Kamine-san.'' - Disse, sorrindo enquanto tinha sua face virada para ela. Ela chegou a corar quando viu seu sorriso em plena luz do sol. Seu rosto inevitavelmente ficou completamente vermelho, tanto que ela conseguiu sentir seu rosto aquecendo levemente. Era uma sensação tanto vergonhosa para ela estar se expondo quanto calorosamente confortável, bem no fundo ela sabia que só podia sentir isso perto de Shinichi.

''Mas, falando nela..'' - Disse Kamine - ''E aí, como tem estado entre vocês dois ? Digo, tem estado tudo bem para você aceitando tudo isso que aconteceu ?''

Ele voltou a abrir os olhos e inclinou o sorriso, mas não para demonstrar decepção e nem preocupação, ele só demonstrava dificuldade em achar uma explicação específica para responder ela.

''Bom.. Não é algo com que irei me acostumar tão cedo, disso você pode ter certeza.'' - Disse - ''Não é algo normal, é algo além de sobrenatural.. Porém, mesmo assim, de alguma forma eu ainda sinto que é algo com que posso lidar. Peço que não se preocupe muito, estou começando a achar que nossas vidas estão tomando um rumo mais positivo.''

Ela suspirou de alívio, fechando seus olhos e concentrando-se.

''Isso é bom saber.'' - Disse ela - ''Mas aí, não é meio estranho.. Tipo, você estar me namora- Digo! Namorando ela, enquanto ela está em meu corpo ?''
Kamine chegou a corar fortemente nesta pergunta. Mas manteve um rosto de confiante, esperando a resposta. Shinichi também aparentou corar, mas sorriu para esconder sua vergonha.

''Também pensei neste fato várias vezes. Acho que já me acostumei com essa parte..'' - Disse - ''Acho que esse problema com que lidamos, ter a Kyame com que se preocupar, seria completamente irrelevante se ela tivesse corpo próprio. Acho que isso tudo só é um problema por ela precisar de seu corpo para manifestar-se fisicamente.''

''A-Acostumou-se ? Você quer dizer.. Com vocês dois se beijando.. Digo, você beijando ao meu corpo pensando que é ela ? Realmente tem certeza de que isso não lhe deixa envergonhado ?'' - Perguntou ela, corando mais cem vezes. E com ela, Shinichi corava ainda mais, não pela informação, mas pelo jeito que Kamine colocava a perguntava.

''A-Achei esta parte meio irrelevante.. Acho que está tudo bem, já que você não se lembra de nada após ela sumir, não é ?'' - Ele respondeu. Ela assentiu com a cabeça, afirmando sua resposta. Ficaram lá, sentados e em silêncio. Até que Kamine resolveu levantar-se rapidamente e dar as costas para Shinichi.

''B-Bom! Acho que esta conversa foi de fato aliviadora.. Espero que tudo dê bem entre nós.. E ela.. Até mais!'' - Disse, sem poder conter seu rosto que ficava vermelho. Ela correu de volta para sua tenda, e Shinichi nem pode acenar em despedida à ela. Ficou olhando para ela indo embora, até ouvir seu nome em sussurros. Ele olhou para todos os lados até perceber que o som vinha do mato. Ficou olhando para ele até ver o rosto de Asami surgindo atrás de uma árvore, chamando por ele.

''Yamada Shinichi, aqui!'' - Sussurrava ela. Ele levantou-se lentamente e caminhou até ela. Metros dali, Kamine se contorcia sem ninguém perceber. Estava claro o que estava acontecendo, e isso tudo era confirmado quando podia-se ver os olhos de Kamine brilhando em cor vermelha.

Vários minutos depois:

Shinichi estava seguindo Asami. Na verdade, estava seguindo inevitavelmente, já que ela segurava seu pulso puxando ele enquanto ia mata adentro. Caminhavam até que ficasse perto de ficar escuro. Ele olhava para os lados começando a temer aquela parte da floresta. Não chegava a ter sons de animais, mas era denso e ele podia facilmente se perder nela.

Finalmente, Asami parou, deixando Shinichi observar o lugar ao redor.

''Para que trouxe-me até aqui, Yamaguchi-san ?'' - Perguntou, coçando a cabeça - ''Não acho que estamos permitidos de atravessar a cerca..''
Ela finalmente deixou de lado seu rosto sério. Finalmente, parecia expressar vergonha. Inclinou a cabeça para o lado enquanto olhava para o chão, coçava o braço esquerdo como se realmente estivesse incomodada com algo.

''Bom.. Sobre a conversa que tivemos na tenda.. Aquela que impedi que continuasse.'' - Ela mencionou, deixando Shinichi lembrar-se aos poucos. Quando lembrou, ele assentiu afirmando que lembrava.

''Acho que eu estava meio enganada tanto sobre algumas coisas que eu pensava quanto coisas sobre.. Você, em particular.'' - Disse ela, retomando sua postura aos poucos - ''Eu deveria agradecer-lhe, por ter me contado o que disse.''
Ele sorriu, demonstrando que não era nada demais.

''Mas, eu não disse muita coisa, só o que eu achava.'' - Disse - ''Está tudo bem se você não conseguiu dizer isso lá, mas não precisava trazer-me tão fundo na floresta pra isso.''
Ela sacudiu a cabeça, quase deixando lágrimas voarem de seus olhos. Correu até ele e lhe agarrou num abraço forte.

''Você realmente não entende!'' - Exclamou ela, abraçando-lhe apertadamente. Ele ficou surpreso e começou a ruborizar-se com aquela atitude de Asami. Ele não esperava que uma garota tão assustadoramente séria fosse entregar-se daquele jeito. De nada adiantava surpreender-se, começou a sorrir como sempre fazia e retribuía o abraço. Metros dali, Haruka espiava os dois atrás de uma árvore, ficando meio chocada com o que via.

Asami deixou de abraça-lo e deu-lhe um selinho em sua bochecha, um beijo rápido e quase incapaz de ser sentido. Mesmo assim, ele corou até que todo o seu corpo ficasse vermelho. Virou-se e viu ela correndo de volta para o acampamento de vergonha. Ficou massageando a bochecha que ela beijou, sem poder imaginar que ela podia ter feito isso. E ficou lá parando, sem entender o que havia acontecido direito.

Mas metros dali, longe de onde estava Haruka, estava Kamine atrás de uma árvore. Ou devo dizer, Kyame, que viu tudo o que acontecera. Sua raiva ia enchendo-se pelo corpo de Kamine, fazendo ela fincar suas unhas no tronco da árvore e arranhá-la até fazer as marcas de garras.

Já estava escurecendo, e todos estavam entrando em suas tendas para adormecerem. Mas Kyame tinha outros planos, atravessou a floresta e alcançou o celeiro do território vizinho. Abriu suas portas bruscamente, fazendo alguns animais começarem seus barulhos irritantes de medo. Ela achou uma ferramenta que lhe interessou.

Horas depois, com todos os alunos já adormecidos:

Asami estava adormecida, sem estar coberta em sua tenda. Começava a mexer-se nervosamente, como se estivesse tendo sonhos terríveis. E de fato, em seu sonho, estava num lugar escuro. Atrás de uma sombra, estava a silhueta de um homem alto cujo o rosto estava completamente coberto pela sombra. Dele saía uma voz que para ela era familiar.

''Você é uma decepção.'' - Dizia a voz. Ela pedia para que ele parasse, e então acordou encontrando-se dizendo as mesmas palavras ela mesma. Ficou ofegante, mas assustou-se ao perceber que a frase em seu sonho se repetia sem ela estar falando. Não era ela que dizia a frase, ela ouvia aquela voz na realidade. Olhou para fora da tenda mas viu que ninguém estava acordado.

Ouviu de novo aquela voz;

''Você é uma decepção.'' - Dizia a voz. A voz vinha da floresta, e sem medo, ela cobriu-se num pequeno lençol e caminhou até ela tentando descobrir a razão desta voz misteriosa. Caminhou muito, por vários minutos, até chegar no mesmo local em que ela abraçou Shinichi e deu-lhe um selinho. Lá, ela ouviu a mesma frase incontáveis vezes, como se estivesse rodeada de pessoas dizendo a mesma coisa.

Estava escuro, e ela começava a girar dramaticamente conforme ouvia as vozes de todas as direções. Até que viu uma luz vermelha que vinha de trás dela. O reflexo da luz batia no chão, numa poça de água. Ouviu um motor, e quando virou-se, viu uma mulher de cabelos negros e olhos vermelhos que brilhavam como faróis de um carro.

Viu em seu rosto um sorriso maligno e assustador. Em suas mãos ela erguia uma motosserra ligada, como se fosse matá-la fatiada. Asami deu um berro de desespero, mas ela estava na floresta sozinha com Kyame.



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