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História Além da aparência - Além do só tem uma cama


Escrita por: Annaliju

Notas do Autor


Boa leitura amores

Capítulo 6 - Além do só tem uma cama



Fazia algum tempo que ele não ficava tão sozinho assim, mesmo que Naruto ligasse para si todos os dias e até Sakura, sua nova amiga, ela também mandava mensagens as quais ele não entendia muito bem. 

Primeiro, porque envolviam algo como “memes” o que diabos exatamente são memes? E ele tentou pesquisar na internet e até falou com Naruto, este por sua vez mandou ele olhar essas coisas em algo chamado Twitter. 

 Aquilo sem dúvidas era complicado demais para sua cabeça. Sasuke era ótimo em matemática, sabia aplicar na bolsa e fazer seu dinheiro render, gostava de praticar exercícios de manhã e em geral, lidava bem com aplicativos e mensagens. Porém, Sakura Haruno parecia tirar o pior de si, até agora a única mensagem dela qual ele entendeu completamente o recado foi a dos três homens aranhas apontando o dedo entre si. 

 Tirando isso, ele não sabia o que fazer com pares de bebês, cachorrinhos e coisas às quais sua mãe jogaria seu telefone no lixo se visse. Céus, ainda bem que não existia nada daquilo durante sua adolescência. 

 Então, ele estava tranquilo em sua cama enorme, com o computador sobre o colo enquanto analisava e pensava nos seus planos para o futuro. Que querendo ou não tiveram um dedo da mulher cor de rosa e todas as outras cores. Bom, de qualquer forma, eram apenas planos. Nada de importante. 

 Primeiro envolvia uma compra enorme de materiais, que segundo o site chegariam daqui a dois dias. O que seria mais que suficiente. A outra coisa também envolvia curso on-line, ele estava nervoso na verdade. Mas era uma espécie boa de estar nervoso, ao menos ele achava que sim. 

 Era aquela ansiedade da vida que muito tempo ele tinha perdido. A vontade de tentar de novo, o ar de coisas novas e o frio na barriga. Houveram tempos sombrios onde o que o consumia era a pura adrenalina, algo qual ele nunca mais brincaria. 

 Ao menos até agora. 

 Foi o som do seu telefone que o dispersou de seus afazeres, esticou o braço pegando-o sobre a escrivaninha. Seu coração revirou no estômago quando o nome do visor brilhou na tela preta “Sakura Haruno”. 

Ele atendeu, mas se arrependeu no mesmo instante com o tamanho do barulho que ecoou em seus tímpanos. 


— Alô? — resmungou, mal humorado. 

— Sasuuuke! — A língua dela parecia ter se enrolado em volta de si mesma. 

— Sakura? — perguntou. Óbvio, quem mais seria, afinal. 

— Oi. Por que me ligou? — Sasuke franziu as sobrancelhas, achando graça. 

— Foi você que me ligou… — resmungou. 

— Ah é ver… — Não conseguiu escutar uma palavra, um som esganiçado é uma voz pior ainda interferem na ligação. Mas que porra? 

— Não tô conseguindo escutar o que você fala direito. Onde você tá? — perguntou, em um tom rabugento e já sem a menor espécie de paciência. Não que ele tivesse muita. 

— Espera um pouco — pediu, enquanto respirava fundo —Eu tava num barzinho sabe? 

— Ah, sim — não, ele não sabia e nem queria saber. Não queria imaginar e nem formar nenhuma imagem. 

Porra, o que diabos era esse sentimento e gosto amargo? 

— Eu queria te chamar pra vir aqui, junto comigo. Mas fiquei sem coragem. — Sua língua embolou de novo, enquanto a voz se tornava mais fina. 

— Você bebeu? — perguntou, massageando as têmporas. 

— Claro! — gritou ela, Sasuke segurou a vontade de bufar e bater em si mesmo. Parecia estar falando com uma versão do Naruto. Por Deus, ele merecia esse tipo de coisa? — Só posso te dizer coisas assim bebada.

— Coisas assim? — perguntou, irônico. Que se lascasse, iria se aproveitar. 

— Sim. Eu meio que quero te ver, sabe?

Ele só não esperava isso. 

Sasuke Uchiha congelou. Seu coração parecia querer se libertar dentro de sua caixa torácica, seus olhos quase saltaram e um calor desconhecido começou a queimar em suas bochechas. Que porra? 

— Ah, senti sua falta esses dias também. — Que merda, ele era péssimo nisso. Deus. Agradeceria pelo resto da sua vida o rosto bem trabalhado é bonito que lhe foi concedido, pois desenvolver flerte e conversa não estavam em seu ponto alto. 

— Sério? — A voz doce e a certa vulnerabilidade que mostrou fez um sentimento estranho começar a brotar em seu peito. Uma espécie de calor. 

— Sim.  

— Eu…— alguém gritou algo — Vai tomar no seu cu! — Uma buzina soou do outro lado junto a uma dúzia de palavrões. Sasuke sentiu um impulso de querer virar religioso e começar a rezar. — Desculpa, algum idiota buzinou aqui — bufou, enquanto uma preocupação latente começou a se apossar na cabeça de Sasuke. Uma mulher, tarde da noite na rua, sozinha. Histórias horríveis começaram a brotar na cabeça de Sasuke, junto a um péssimo histórico. Ele respirou profundamente tentando se acalmar. 

— Onde você tá? — Sasuke retirou o notebook do colo, enquanto levantava. 

— Já disse em um…

— Não, em que lugar da cidade. Eu vou te buscar, Sakura. Isso é perigoso. — Blusa de gola e calça preta de moletom, era o suficiente. Apenas pegou um casaco mais grosso, de moletom também. 

— Ah, é que eu… Bom, não sei exatamente onde eu tô — respondeu ela, Sasuke bufou e ele sabia que naquele momento aquela esquila estava sorrindo sem graça. 

— Como assim você não sabe onde tá, Sakura? — perguntou, áspero.

— Oras, eu só coloquei Bu!Bar no aplicativo, poxa. — Ele apostava consigo mesmo que havia um bico ridiculamente infantil. 

— Fica aí, eu vou te levar pra casa. 

— Eu não quero ir embora. 

Sasuke travou na porta do apartamento. Ela não queria ir embora? 

— Por que você me ligou, Sakura? — perguntou, com as mãos na cabeça. 

— Porque queria que você viesse pra cá. Vai ser divertido, eu juro.


[…] 

 Sasuke Uchiha foi enganado, ao menos ele estava sentado, com uma garrafa de cerveja e em roupas confortáveis. Mesmo que seu casaco já estivesse sobre uma Sakura pulando em cima de um karaokê. Infelizmente, ele não pode evitar quando se deparou com a mulher de tomara que caia branco, uma saia com três estampas diferentes, um chapéu de palha e um cross nos pés. 

 Ele realmente queria saber o que diabos se passava na cabeça dela. Sakura estava acompanhada de dois amigos, uma era Tenten e o outro Lee. Na verdade, ele estava um pouco incomodado com o segundo e seus olhos brilhantes. Havia algo irritante também na maneira de falar sobre a juventude. 

 Sasuke estava irritado. Com sono e para piorar, enciumado. Sem contar as garçonetes que pediram seu número de telefone. Caso ele não saísse daquele lugar em no máximo meia hora, iria largar Sakura para lá.

 Tudo bem, isso era uma mentira traiçoeira. Primeiro porque ela estava balançando e cantando “Waka Waka” a plenos pulmões e chamando muita atenção, e apesar do péssimo estilo, o chapéu e sapato já tinham voado fazia um tempo. Além do seu casaco cobrir o horror que era aquela saia, ou seja, era possível ver a beleza claustrofóbica da mulher facilmente. 

Bufou. 

 Quanto mais o tempo passava, mais agoniado ele ficava. Até que uma ideia brilhante se passou por sua cabeça, no momento final de “Waka Waka”.


Sasuke Uchiha: 

“Como faço para levar uma Sakura bêbada pra casa?” 


Naruto Uzumaki:

“Por que você tá me perguntando isso? Vai me explicar direitinho quando chegar, viu?”


Sasuke Uchiha

“Anda logo, por favor.”


Naruto Uzumaki:

“Ofereça doces ou comida. Ela deve estar com fome. Além de banho e uma cama quentinha, mas nunca diga que vá levar ela pra casa dela.


Sasuke Uchiha:

“Qual o problema dela ir bêbada para a própria casa?”


Naruto Uzumaki:

“Não sei. Ela só não gosta de ficar sozinha.” 


 Caso algum dia alguém perguntasse o porquê ele era tão sem paciência, ele contaria sobre esse dia. Sasuke olhou para Sakura e sorriu, falso. Ela não parecia nada com a Sakura que ele conhecia, não com aquele casaco preto e maquiagem borrada. Ela também estava toda despenteada, tudo bem, talvez fosse exatamente a Sakura que ele conhecia, só que sem muitas cores. 


— Se divertindo? — Não. Nenhum um pouco, só estava aguentando aquilo por ela. 

— Sabe, eu estaria me divertindo mais se tivesse entre o sofá, chocolate da minha casa e assistindo Detona Ralph. 

Aquilo foi o suficiente, os olhos brilharam como pedras recém polidas, então ela fez algo que queimou e o derreteu por dentro.

Sakura Haruno envolveu os braços em seu pescoço e o abraçou, com força. Como se quisesse passar e mostrar toda a sua felicidade. 

Sasuke Uchiha sentiu vontade de chorar. Fazia muito tempo. 

— Vamos, Sakura? 

— Vamos! 

Sasuke suspirou enquanto esperava ela falar com os amigos, além de chamar o garçom e pagar toda a conta. 

Foi um total de quinze minutos que durou sua paz, tudo isso porque Sakura dormiu no carro. Sasuke suspirou pesadamente, aquela foi a primeira vez em anos qual sentiu falta do seu outro braço, ele a carregaria facilmente pra cima e jogaria na cama. Só que não podia fazer isso. 

 Respirou profundamente antes de cutucá-la.

— Sakura? — sua única resposta foi “hum”. — Não posso te levar lá pra cima, preciso que use as pernas. Ao menos para sair do carro. 

Sasuke abriu a porta e em seguida correu para abrir a do outro lado, ele podia pedir muito bem pedir ao motorista, este qual parecia um pouco impaciente. Mas ele jamais deixaria um estranho toca-la assim, não é? Sasuke não sabia exatamente se estava certo ou se era egoísmo ou a maldita palavra que começa com “C”, mas esse também não era o momento de pensar sobre isso. 

 Inferno, esse não era o momento para pensar em nada. Nem que Sakura circulou seu pescoço com os braços e ele foi obrigado a carregá-la pela cintura com um único braço só. Nem que ela cheirava a álcool, mel, morango e hibiscus. Merda

— Que bom que você é forte — murmurou, aquela cara de pau.

— Não acredito que você está acordada e me fez te carregar, Sakura. 

Sakura abriu um olho, ele parecia estar bravo e falando muito sério para sua mente bêbada. Por isso ela resolveu apenas respirar a blusa com o cheiro bom do perfume masculino de Sasuke. 

— Estou falando sério — ele resmungou — isso é perigoso. 

Sasuke estava atravessando o térreo do prédio, indo em direção ao elevador bem equipado. Para ser sincero ela não era exatamente pesada, mas não era uma situação fácil também. Entretanto ele congelou quando Sakura Haruno simplesmente resolveu envolver as pernas em seu quadril. Mas que porra? 

 Obviamente, facilitou o trabalho, mas ainda sim, seu pescoço queimou. A quanto tempo ele não tinha uma mulher tão perto de si? A quanto tempo alguém não envolvia seu pescoço e quiçá seu quadril? 

 Um gosto amargo se espalhava da mesma forma que a sensação de fogo que abrangia dentro de si. Em uma mesclagem problemática. Ele precisava urgente respirar, como em aquelas cenas de filme que o protagonista pegava um saco de papel para tentar controlar a respiração. No dele teria que ser um nebulizador. 

 Mas o que se passava por dentro, não era exatamente mostrado por fora. Para Sakura, ele parecia exatamente normal. Principalmente quando a colocou no chão e sua mão escorregou por seu braço, até achar a palma dela. Ele abriu a porta colocando uma senha, e em seguida entrou. Puft, casa de rico. E realmente era, o apartamento era enorme e tecnológico, em tons de branco, cinza e preto. 

 Sasuke nem se pronunciou muito quando a levou direto para o banheiro, inexplicavelmente ele a colocou sentada em cima do vaso. Foram questões de segundos até ele surgir novamente no banheiro, com blusas e toalhas na mão. 

O problema era que agora Sakura Haruno estava com a cabeça abaixada e entre os braços, seus olhos estavam fechados com força e ela parecia branca demais. 

— Sakura? — chamou, já se agachando ao lado dela. 

— Acho que eu tô passando mal — murmurou, meio chorosa. 

— Não é melhor você vomitar? — perguntou, cuidadoso, ajudando-a a sentar no chão, de frente para o vaso.

— Como eu vou vomitar no seu banheiro? — choramingou de novo. — Ainda com seu casaco. Céus, desculpa Sasuke. 

— Acontece. 

 Ele ajudou ela a tirar o casaco e segurou o cabelo rosa antes que ela abaixasse o rosto. Inclusive se perguntava aonde foi parar o chapéu de palha, mas no primeiro jato de álcool que saiu da boca dela todo o resto deixou de existir. Sakura parecia estar colocando tudo para fora, seus olhos chegavam a juntar lágrimas e a mão dela foi direto abraçar a barriga. Ainda sim, ele ficou lá é só se levantou quando ela encostou na parede e terminou. 

 Mas quando ela virou em sua direção, ainda que totalmente destruída, mesmo que ele não soubesse como os olhos dela estivessem ficado pretos em volta. Eles brilhavam como duas jóias, foi a primeira vez em toda a sua vida que alguém o encarou daquela forma. Sasuke retirou um cabelo da testa suada, apenas para poder ver mais. O olhar era tão profundo que parecia ler sua alma, quente e caloroso, como sol ameno em manhãs frias. Era como se houvesse uma única estrela em um céu noturno. Só que durou muito pouco, e como alguém sedento, ele queria mais, mas Sakura abaixou a cabeça e:

— Eu… você pode… — murmurou ela. 

— Quer que eu saia?

— Não, só quero escovar os dentes antes de… — As palavras se perdiam com facilidade e ela ainda parecia bastante grogue, mesmo que mais consciente. 

 Ele não sabia, mas o fez. Sasuke se levantou e pegou uma embalagem com uma escova de dente nova, ele lavou e colocou a pasta. 

— Abre — foi a única ordem que saiu de sua boca antes de escovar os dentes para ela. Sakura apenas absorvia o turbilhão de sensações, a quanto tempo alguém não fazia isso por si? Ou cuidava dela? Piscou os olhos várias vezes em uma tentativa totalmente estúpida de fazer a confusão dentro de si parar. 

 E ele fez mais, ele trouxe um copo d’água para ela bochechar, só para ela não levantar. Ele fechou a tampa e deu descarga, jogou até alguns produtos. Não parecia nem mesmo que tinha vomitado. 

— Você consegue tomar banho sozinha? — perguntou, Sakura esticou os braços em sua direção, a ajudou a levantar e ela confirmou com a cabeça. Parecia envergonhada, na verdade. Por esse motivo ele não insistiu mais e saiu, fechando a porta. 

 Na verdade, ele também não aguentava mais. Seu coração estava batendo na goela. Sasuke correu para seu quarto e próprio banheiro, aproveitou para jogar uma água gelada no corpo e colocar roupas confortáveis. Como calça de moletom e uma blusa preta larga, idêntica à que pegou para ela. 

 Correu para a cozinha para esquentar o resto do frango com batata que tinha sobrado do almoço, era uma comida leve e saudável. Instantaneamente ele lembrou do doce que prometeu a uma Sakura bebada, o problema era que Sasuke nao era o tipo de pessoa que comia doces. Porém, encontrou frutas e chocolate. Teria que servir. Ele esquentou tudo e derreteu o chocolate jogando por cima das uvas. O prato já estava em cima do balcão junto com um copo d’água , só faltava Sakura sair do banheiro. 

 Nesse meio tempo, fez questão de mandar uma mensagem para o Naruto avisando que estava tudo bem. 

 Foi nesse momento, enquanto estava encostado na bancada da cozinha que uma Sakura com apenas sua blusa — essa por si só cobria mais que o corpo dela — e uma toalha na cabeça, sem contar que as bochechas estavam da cor do cabelo. 

 — Desculpa, Sasuke — foi a primeira coisa que saiu da sua boca.

— Vou te perdoar se comer. 

— Uau, isso é para mim? 

— Estou te devendo um almoço mesmo — ela fez uma careta. 

— Não era o que eu estava imaginando — resmungou começando a comer a comida.

Ele não ia perguntar, estava chateado. E era mais orgulhoso do que curioso. Que droga. 

— Você tá bravo — concluiu 

— Não. 

— Tá sim — enfiou mais uma garfada na boca. 

— Não estou — ela abaixou os olhos. Ah merda, ele estava ficando com dó, parecia fofa. 

— Tudo bem se não quiser falar agora, assim que eu acabar de comer, vou embora. 

— Mas nem fodendo. 

A boca de Sakura foi no chão. Ele estava muito bonito todo de preto e com o braço apoiado na bancada, cheio de veias. A mão enorme também. Seu rosto estava totalmente fechado e mal humorado, o que fazia parecer que ele era muito mais atraente. Ele passou a mão nos cabelos. 

— Você está certa, estou bravo porque você foi irresponsável consigo mesma. Apenas isso. 

— Sint…

— Não é para mim que deve desculpas, Sakura. 

— Mas você parece ranzinza. 

Ele quis rir, mas não cedeu.

— Assim que eu deitar na cama meu mal humor some, é sono.

— É realmente um velho — brincou ela, Sasuke aumentou a carranca, fazendo-a bufar. — Não sei lidar com a sua versão malvada — naquele momento Sakura já estava pegando as uvas com chocolate, estava realmente com fome. Ela também se sentia bem melhor, quase sóbria. — Pode ir dormir se quiser, vou deitar daqui a pouco.

Sasuke franziu o cenho. 

— Tenho o sono leve. 

 Aquilo era verdade, ele foi treinado para sempre se manter em alerta, então era muito difícil simplesmente apagar. Já cometeu erros irreversíveis por beber demais para dormir, e odiava lembrar de cada ponto. 

 — Não vou te acordar, de sair daqui para o sofá, Sasuke . 

— Você não vai dormir no sofá, tem uma cama. — Franziu o cenho. Ele suspirou. — A cama é grande o suficiente para nós dois, e mais duas gerações, pode ficar tranquila. E esse sofá é terrível para dormir. Experiência própria.

 Tudo bem, agora ele parecia muito mais amigável e tranquilo. Ela terminou de comer rapidamente, Sasuke jogou tudo na pia e praticamente a rebocou da cozinha quando sugeriu lavar a louça. Meu Deus, ela iria lembrar com todas as letras para nunca deixar aquele homem com sono. 

 Passou no banheiro para escovar o dente e o cabelo, teve que secar rapidamente e o máximo que conseguiu com uma toalha, acordaria uma bagunça amanhã. O mais interessante é que ela cheirava a Sasuke. Na blusa, na pele, no cabelo. Céus, estava ficando tonta. 

— O que aconteceu com seu cabelo? — foi a primeira coisa que o Uchiha perguntou assim que ela passou pela porta. E ele estava muito bonito todo de preto, sentado de uma forma jogada e bagunçada na beira da cama. Era como se fosse uma pintura contemporânea. 

— Tentei secar com a toalha, para não dormir com ele molhado — respondeu Sakura, ele arqueou as sobrancelhas perfeitas.

— Tem um secador no meu banheiro, senta aí. — Fez uma careta, Sasuke Uchiha era muito mandão.  E ele estava certo, apesar de só ter uma cama ela era imensa. Por isso foi muito confortável, havia espaço sobrando. 

 Entretanto, levou um pequeno choque quando sentiu uma escova passar por seu cabelo, meio sem jeito, mas ainda sim ele estava tentando ser delicado. Ah, inferno, o coração dela iria quebrar. Em poucos segundos, o barulho do secador ecoou pelo cômodo. 

 Ele estava secando o cabelo dela. O vento quente se repartia igualmente, e o quarto cinzento e um tanto impessoal se tornou acolhedor. Alguns minutos depois, acabou.

— Sabe, Sasuke — chamou. Sasuke estava guardando o secador corretamente nas costas dela, mas parou quando ouviu a voz fragilizada. Emocionada. — A última vez que alguém escovou meus dentes assim e secou meu cabelo, faz muito tempo. Eu tinha quatorze anos quando a minha mãe descobriu o câncer de colo de útero, e foi uma dor terrível porque éramos uma família muito unida e amorosa. Meu pai é um eterno apaixonado, sempre foi. E a partir daquele dia foi uma luta constante e dolorosa, entre quimioterapia, tratamento, dinheiro e… — a voz dela falhou, estar de costas para ele significa que ela não tem coragem de o encarar, porque caso fizesse, iria desmoronar. Ele sabia porque já tinha passado por isso muitas vezes. Quantas vezes deu notícias a esposas e elas viraram de costas para si? Quantas vezes virou de costas para seus familiares e amigos? — Antes dela ter que raspar todo o cabelo, nós fizemos um dia de meninas. Mamãe estava se sentindo feia, mesmo que acordasse com um homem que todo dia a exaltava e tratava como uma Deusa. Meu pai é a pessoa mais forte que eu conheço, porque ele nunca parou de sorrir e de tentar, até hoje. Mas, naquele dia, ela secou meu cabelo e eu sequei o dela. Fiquei com sono algum tempo depois, e ela escovou meus dentes e me colocou na cama. Horas depois eu acordei com ela passando mal e vomitando, era corriqueiro por causa do tratamento. Eu sinto falta dela. — Ah, ele não ligou. Ele não estava nem aí que ela não conseguisse encará-lo, ele só a pegou. Porra, e foi suficiente para sentir sua camisa molhar. 

 Não sabia exatamente como fez aquilo, ainda bem que ele tinha uma força e ela era pequena. E frágil, caralho, Sakura Haruno sem dúvidas era uma das pessoas que ele faria tudo para proteger. Seu coração pareceu ter partido em dois quando percebeu o tamanho da dor que ela estava sentido.

— Sinto muito. 

— Não sinta. Mamãe se foi já faz alguns anos, e se quer saber, meu pai é um homem incrível. Ele moveu céus e terras por mim e por ela. Até hoje, ele é alguém que não acorda sem antes oferecer leite quente e um sorriso para mim, e para qualquer outra pessoa. Meu pai nunca deixou de sorrir, fazer piadas e ser alegre. Segundo ele mamãe comeria suas bolas no café quando chegasse no céu e ela descobrisse que ele se tornou um infeliz e me deu trabalho. 

 Ela riu e ele também soltou um sorriso. Mas foi de dor. 

 Sakura ergueu os braços e enlaçou seu pescoço, e por isso ficou mais fácil, Sasuke simplesmente os arrastou pela cama até a cabeça deles ir para os travesseiros. 

— Sakura?

Hum

— Não vou soltar você. 

 Ainda bem. Porque estava quentinho, era acolhedor. Os braços de Sasuke eram grandes e ela se sentia protegida. Tirou o braço do pescoço dele e o abraçou pelo abdômen, afundando a cabeça no peito dele. Ah, ela poderia se acostumar com isso. 




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