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História Além dos Portais - Era Para Ser Uma Armadilha!


Escrita por: Especttra

Notas do Autor


Pronto, agora ferrou.


Depois me digam qual seria a alternativa... Eu não achei nenhuma!

Capítulo 24 - Era Para Ser Uma Armadilha!


 

 

 

Amin abriu o último portal da sua vida.

O Mestre não queria mais que ele abrisse nenhum. Tinha organizado suas coisas e trazia de vez sua “mudança” para Eldarya… Uma mochila, com suas roupas, uma adaga de obsidiana com cabo de marfim e uma pedra vermelha, além do emblema da guarda Obsidiana… E seu maior tesouro… Um pedaço de uma trança de cabelo de mulher… Da sua noiva prometida, que nunca mais vira… E também nunca mais veria… Era de um passado que já deveria ter esquecido. Mas o mestre permitiu que mantivesse essa lembrança dela.

 

Não tinha mais motivos para ficar na Terra, naquele lugar estranho, no meio de uma guerra sem fundamento, com pessoas estranhas e que olhavam estranho para ele… Talvez pelas suas cicatrizes que o deformavam, talvez pelas suas orelhas de cão, talvez por ter só um olho… Com a morte do General, não haveria mais prisioneiros naquele setor bélico. O Mestre não queria mais moribundos… Tinha encerrado seu treinamento com os humanos, achava que já estava pronto para seu propósito final… E além disso, ele queria estar presente em Eldarya quando o Mestre finalmente salvasse o mundo! Seria tão gratificante!

Pensando nisso, fechou o portal… Seu último portal… E observou as feridas que se abriam nos seus braços… Pareciam nunca cicatrizar! Quanto mais atravessava portais, mais elas apareciam e custavam a fechar. E as cicatrizes dos cortes nas mãos para derramar o sangue durante o ritual de abertura também custavam muito a fechar. Mas isso não importava mais. Nunca mais atravessaria aqueles portais.

Amin dirigiu-se até a entrada do alçapão. O mestre ficou de encontrar-se com ele para lacrar definitivamente aquele calabouço, com uma magia que não fosse sua magia amadora. A essa altura, o prisioneiro já estaria morto… Ele se livraria do corpo e entraria mais na floresta, talvez devesse buscar uma gruta para morar, já que não podia voltar para as vilas.

 

O Mestre sugeriu que fosse para a ilha de Esquíatos ficar com sua irmã adotiva. Ele recusou. Queria ficar perto do seu Mestre. Mas tinha que ficar longe da civilização, porque estava… Morto. Se não tivesse sofrido aquele ataque de BlackDogs… Se tivesse sido procurado a tempo pelos seus colegas da guarda Obsidiana… Se nada daquilo tivesse acontecido… Teria seguido com sua vida, estaria casado e com filhos agora.

“Não posso pensar nisso. Não posso mais odiar o quartel de Eel e nem o chefe da Obsidiana. Eles não tiveram culpa de nada. Eles não puderam me ajudar. E no final, servi a um propósito maior… Ajudar o Mestre a Salvar o Cristal…”

-Mas… A pedra foi movida, a porta está aberta… Será que o mestre chegou mais cedo? Será que estou atrasado? Não, ainda não estamos no meio do dia - Falou em voz alta.

E desceu as escadas, fechando atrás de si o alçapão.

 

Os rapazes o esperavam a postos para atacá-lo.

Valkyon e Nevra de um lado da passagem para a gruta, Ezarel e Hans do outro.

Mas ele nunca chegou ao fim dos corredores… Ficou parado no meio das escadas, sentindo a presença de alguém estranho… Ele não era um telepata, não tinha poderes mentais, mas o treinamento do Mestre para capacitá-lo a abrir portais tinha despertado nele sentidos apurados. E ele sabia que não estava só… Voltou depressa para fora, subindo os degraus da passagem, fechou o alçapão e aplicou o seu frágil selo de magia.

 

“Isso não será o suficiente. Alguém abriu o selo. Mesmo sendo um selo simples, é preciso um alquimista para isso… Ezarel está aqui! E poderá abrir de novo. Preciso de outro artifício… Pensa, Amin, pensa…”

Correu para a enorme pedra redonda e a empurrou para cima da entrada.

"Ele nunca sairá dali sozinho!"

Ele precisava avisar o Mestre! Precisava… Ir para a cidade!

****

-Ele subiu! Sabe que Ezarel está aqui! - Hans falou apreensivo. - Vai nos prender aqui!

Eles correram em direção às escadas, a porta se fechava lá em cima, a penunbra tomava novamente conta do corredor.

Valkyon forçou a entrada do alçapão, em vão.

-Não adianta, Valkyon… - Disse Hans apavorado - Ele rolou a pedra para cima da porta...Estamos… Enterrados vivos!

Os chefes da guarda se entreolharam, e olharam para Hans. Ele tinha razão.

-Precisamos pensar - Disse Ezarel. - Vamos manter a calma.

-Não há outra saída - Dizia Hans, que já tinha vagado pela mente de Amin.

-Como você sabe disso? - perguntou Valkyon.

-Li a mente dele. Mas de que adianta - Reclamava ele - Isso não nos ajudou em nada.- Ele vai avisar o Mestre! Ele ficou de encontrá-lo aqui no meio do dia para lacrarem de vez o calabouço!

Ezarel teve uma idéia.

-Hans… A telepatia é uma via de duas direções…

-Como assim? - Choramingou ele.

-Primeiro, pare de chorar, recruta! Precisamos de você! - Ordenou Ezarel. - Escute!

Hans calou-se. Já sabia o que ele ia falar.

-A telepatia é uma via em mão dupla. Você recebe, mas também pode enviar. Amin é um discípulo de Kratos, treinado por ele para abrir portais… Qualquer um pode aprender a abrir portais. Ele tem algumas habilidades, mas era da Obsidiana. Não possui atributos para a magia, senão teria sido selecionado para a Absinto. É amador. Dá pra ver pela magia que ele usou aqui.

 

Nevra entendeu o que Ezarel queria.

-Devemos então tentar impedi-lo de ir até Kratos? Hans poderia fazer isso?

-Eu não sei fazer isso! Não sei como!

Ezarel estava perdendo a paciência, e respirou fundo.

-Primeiro, não se desespere. Você será capaz. Vou te guiar na técnica.

-Você é telepata? Pelo que sei, não é - Reclamou Hans.

-Hans... Cala a boca. Não sou telepata. Mas sou Chefe da Absinto… Sei o que fazer pra te ajudar. Sou sua melhor opção agora. Temos que ser rápidos. Correr na frente dele…

Hans estava desanimado. Precisava confiar em si mesmo… Precisava confiar em Ezarel. Não tinha alternativas.

-Vamos ficar aqui… Quanto mais perto da saída melhor. Sente-se na escada.

Hans obedeceu e sentou-se nos degraus molhados e imundos da escadaria fedorenta.

-Feche os olhos, Hans. Busque a mente de Amin… Busque com calma, já se conectou a ela, você vai achar… Vocês dois - Disse para Nevra e Valkyon - Limpem a mente para não contaminar a busca.

 

Hans, de olhos fechados, obedeceu. Sob os comandos de Ezarel, buscou a mente do Brownie que corria pela floresta, como se fosse um fantasma… E achou.

-Encontrei…

-Agora repita para ele… Vou voltar, rolar a pedra e liberar a saída…

Hans obedeceu, repetiu diversas vezes para Amin… Em vão.

-Ele não quer. Tem vontade, mas o medo que tem do mestre é maior…

 

-Mude a tática - disse Valkyon. - Faça ele desistir de ir… Esperar o mestre… Impeça-o de contar de nós.

Hans obedeceu. Vasculhou a mente de Amin…

-Ele pensa que está sozinho, Ezarel! Não sabe de nós! Pensou que só você poderia ter quebrado o selo de magia - Mentalizou para Amin:

“Vou fazer uma surpresa para o Mestre… Mostrar que prendi Ezarel… Vou esperá-lo sem contar que ele está aqui.”

 

Amin então teve nesse momento a feliz idéia de surpreender o Mestre, e mostrar que tinha aprisionado Ezarel. Começou a voltar correndo.

-Deu certo… -Hans estava mais animado - A vontade que ele tem de agradar Kratos é maior do que seu medo de ser punido por ele.. Amin está voltando.

Ezarel respirou aliviado

- Vamos sair de perto da porta. Senão ele vai nos ouvir.

-Ótimo - Disse Nevra. - Estamos presos, mas estamos em vantagem. Não será difícil dominar um rapaz e um velho. Somos quatro. Somos maiores.

-Não subestimem o Mestre - disse Hans. Não sabem o poder que ele tem…

Ezarel sabia que ele tinha razão. E estava sem as poções que bloqueavam a mente… Estavam presos… Não estavam em tanta vantagem assim.

Retornaram para o fundo da gruta.

Hans estava apavorado.

-O que faremos quando ele chegar? Kratos detesta Ezarel… E se pensar que Ezarel está sozinho aqui, ele pode resolver deixá-lo aqui para morrer! E pode livremente ter acesso à Jow.

-Epa, epa, epa! - Gritou Nevra - Do que estão falando? O que tem isso a ver com a Jow?

-Também gostaria de saber - Reclamou Valkyon… Estão cheios de segredinhos!

-O que os dois maguinhos amiguinhos sabem mais que não dividiram conosco?

Ezarel e Hans se entreolharam… E Ezarel quebrou o silêncio.

-É melhor vocês se sentarem... - E olhou para o chão imundo da gruta… - Ou não… Tenho uma longa história para contar… E tenho que fazer isso muito rápido.

 

****

 

Kratos se preparava para encontrar Amin. Engoliu umas poções de energia e guardou mais algumas para a caminhada na floresta. Teve trabalho para dispensar os Mestres que insistiam em acompanhá-lo, e dizendo que precisava meditar, conseguiu ir só.

Ultimamente, como ia mais à floresta para encontrar Amin, tinha sempre que driblar os Mestres e os discípulos que insistiam em segui-lo, preocupados com a sua saúde.

Era para Amin uma viagem sem volta. Talvez ele precisasse limpar a mente do rapaz, para que não fosse mais capaz de abrir os portais invisíveis… Precisava enviá-lo para Esquíatos, bem longe de Eel… Se seu plano desse certo, não precisaria mais dos portais de sangue… Nunca mais!

Kratos seguiu pela trilha da floresta, percebendo que tinha sido muito utilizada… Galhos e cipós recentemente cortados, a trilha estava mais aberta… Alguém andara bastante por ali… Quem seria? Guardiões, provavelmente.

Com a respiração pesada e as feridas fisgando, ele caminhou lentamente pela trilha até a clareira do portal… E ali, sentado em cima da sua mochila, estava Amin. Por que ele não o esperava dentro da cela? Certamente para não expor a entrada, uma vez que a trilha estava sendo bastante usada. Amin estava sorrindo, parecia estar feliz…

 

-Bom dia, Mestre! Tenho uma surpresa para o senhor… Não, não leia minha mente.

O Mestre sorriu… Não leria, para não estragar a surpresa de Amin… Ele estava tão feliz… Talvez tivesse encontrado mais alguma coisa útil para ele usar.

-Está certo, Amin. Vou aceitar a surpresa. Abra a cela.

Amin estava radiante. Sabia que o mestre ficaria muito feliz com ele, tinha certeza absoluta. Hans tinha enfiado esse pensamento exaustivamente na cabeça dele.

 

Amin rolou a pedra, esperando ver um Elfo louco e furioso sair de dentro do buraco, e já se armou para prevenir um ataque. Mas... Não. Ninguém saiu…

Ele então quebrou o selo de magia e abriu o alçapão.

Desceu antes do Mestre… Estava preocupado.

Kratos o seguiu.

 

 

**** Minutos antes, no interior do calabouço****

 

Os rapazes ouviram a narrativa de Ezarel e no final Nevra soltou um palavrão.

-Como isso é possível? Que desgraçado esse Kratos!

Ezarel revirou os olhos. Depois ele é quem era o explosivo irritadinho.

Valkyon estava revoltado.

-Não podemos permitir que ele faça nada com a Jow.

-Estamos aqui para isso - Disse Ezarel.- Graças ao Nevra. Se não fosse por ele, não teríamos encontrado o lugar.

Hans pigarreou.

-E graças ao Hans lindão aqui - Acrescentou ele- Que encontrou a entrada para o buraco fedorento dos cães.

-Já está ficando relaxadinho, o maguinho gostosão. Pode parar, ô, projeto de Vampiro - Disse Nevra - Já teve a sua cota de garotas para toda a sua vida.

-Vamos focar na nossa estratégia - disse Valkyon sério - Kratos vai chegar e saber que estamos todos aqui.

-Basta limparem a mente - Disse Hans. - Fixem numa imagem e não pensem. Quando limparam a mente, para que eu alcançasse Amin, não li vocês…

 

-Então limpamos a mente… E esperamos que eles entrem. Depois os capturamos e… E depois, Valk? - Perguntou Nevra. - O estrategista aqui é você.

-Depois que nós os dominarmos, levamos para o QG.

-Acham que será simples assim? Vão chegando e pegando e pronto? Moleza? - Zombou Ezarel.

-O que espera que eles façam? Estamos em maior número. Amin é um garoto, Kratos é um ancião - Argumentou Nevra.

-Amin vai lutar. Ele era da obsidiana. Tem treinamento - Disse Ezarel.- Mas Kratos, embora seja velho, é o Sacerdote do Oráculo. Você não imagina o poder que ele tem? Vai lutar com magia. Com os poderes da mente.

-Ahhh! Moleza - Disse Nevra - Temos você e o bonitinho ali… Somos quatro contra dois,

-Eles não entendem, Ezarel - Reclamou Hans. - Eles não conhecem Kratos como nós… - E olhou para o cadáver do prisioneiro, acorrentado às paredes.

-Mesmo assim, é o melhor que temos, Hans - Retrucou Ezarel, desanimado.- Temos que tentar isso mesmo, dominá-los e prendê-los… Mas sei que não será fácil. Não viemos preparados, não temos poções, só temos nós mesmos.

Hans soube o quanto ele estava preocupado. Enfim… Estavam prontos… Ou não estavam, mas não tinham alternativa melhor.

 

-Eles chegaram. - Anunciou Hans.

Ezarel adiantou-se e sentou-se no chão, de costas para as paredes nojentas e para o cadáver semidestruído, bem de frente para a entrada da gruta.

Os demais assumiram suas posições ao lado da entrada.

E limparam a mente…

Ouviram os passos no corredor.


 

****

 

Amin desceu as escadas e percorreu rapidamente o corredor escuro. A maioria das velas de alquimia ainda tremiam com sua luz pálida… Ao final, a gruta… Ezarel estava sentado no chão, esperando por eles, olhando fixamente para baixo.

Amin sorriu. Então estava certo, era mesmo o Elfo, e ele desistiu de tentar sair. Parecia rendido ali, sozinho, tristemente olhando para baixo.

Kratos arregalou os olhos.

-O que ele faz aqui?

Ezarel olhava fixamente para os próprios pés…

-Ele pensa em… Sapatos? -

 

Quando cruzou a entrada da gruta, Hans e Nevra seguraram Amin e Valkyon agarrou o braço do Mestre. Num minuto ele já sabia o que eles planejavam, pois a barreira da mente limpa se dissipou… Descobriu inclusive sobre a habilidade de Hans… E sorriu.

Amin se debatia, inutilmente.

-Não lute, Amin… Poupe suas forças - Ria o Mestre. - Foi uma surpresa agradável.

-Desculpe, Mestre! Não sei o que deu em mim, não sabia que eles todos estavam aqui! Pensei que era só Ezarel - Choramingava ele.

-E agora - Disse o mestre- Para onde vamos? Para o QG, imagino… Para a prisão.

-Claro que sim, seu velho idiota e maluco - Xingava Nevra - Para onde mais?

O mestre sorriu. Estava na hora de mostrar quem ele realmente era, e do que era capaz.

-Que tal, rapazes, um pouco de… Disciplina?

Os olhos do mestre se encheram da névoa de coloração púrpura, que começou a encher o ambiente…

 

Nevra viu-se perdido na névoa. Não mais via nenhum dos amigos, não estava mais na gruta… Ele ouvia a voz dos guardiões, e voz do mago… Mas não encontrava ninguém.

Gritou lá de dentro do nada!

-Ahhhhhhhhhh! Pra onde você me mandou, seu cretino?

 

Da mesma forma, Valkyon também estava mergulhado na névoa, tateando o limbo compulsivamente, sem entender o que estava acontecendo. Ouvia a voz deles, mas não os encontrava. Sabia que estava mergulhado em algum tipo de magia. Mas nada podia fazer.

 

Amin, que estava agora apenas seguro por Hans, começou a lutar com ele, mas Hans era maior e mais forte, e foi logo nocauteando o jovem Brownie, que caiu no chão.

Ezarel já se levantara e avançava para o Mestre.

Mas a névoa púrpura o cegava… Ele não via nada.

Hans também foi transportado para o mundo da névoa.

 

-Não adianta lutarem contra a névoa… Vocês não estão mais no domínio do corpo nem da mente de vocês… Estão no limbo… Da minha vontade...

Kratos arrumou as mangas da túnica sobre as feridas dos braços. Deu um suspiro profundo.

-Finalmente conseguirei meu propósito… Não conseguiria sem vocês. Obrigado por virem, rapazes… Obrigado pela bela surpresa, Amin… Oh, pobre Amin. - Olhava para Amin no chão,  nocauteado por Hans.

 

Kratos se arrastava pela gruta apoiado no seu cajado. Olhava para Ezarel e Hans no chão, inertes, e para Nevra e Valkyon, de pé, estáticos.

- Não sou o Mago Supremo pela minha idade. Sou pela minha capacidade! Repararam que estão perdidos nas brumas? Essa será a prisão de vocês. Vocês me escutam, mas não podem interagir...

Os rapazes, perdidos na névoa, escutavam tudo. Gritavam e praguejavam. Mas nada podiam fazer...

- Por anos eu aprendi a dominar meu dom… O seu Dom, Hans. Você tem o meu Dom, tem todos os meus poderes, ainda adormecidos. Telepatia é só a ponta do iceberg. Eu devo a você uma explicação, Hans. Porque em breve, eu serei você…

 

Kratos parou ao lado de Hans, caído no chão.

- Eu só queria salvar o Cristal, Hans… Eu só queria salvar a Oráculo… O nosso mundo… Mas precisei a sugar a energia do Cristal para me fortalecer, para me restaurar… Alimentar meu poder… Mas o Cristal ia se enfraquecendo a cada dia. E meu corpo também… - Kratos olhava para as feridas dos braços.

 

- Estou me decompondo, por atravessar os portais invisíveis. Sabia que meu corpo não aguentaria mais… Então precisei mudar a estratégia dos meus planos. Tornei-me o Embaixador de Eldarya e mago Supremo. Firmei o acordo com a Terra para o intercâmbio a fim de rastrear o Avatar. Criei o Orbe para identificar os potenciais. Precisava também de um ser com os poderes que eu tinha. Alguém como você, Hans…

 

Hans ouvia apavorado.

- Mas não se preocupe, Hans. O destino para você será glorioso! Vou deixar sua consciência adormecida, com sua mente trancada dentro do seu próprio corpo… E transferir minha consciência desse corpo velho e podre para o seu, jovem e forte. Você poderá assistir e compartilhar da minha existência, até sua alma desistir de lutar e se fundir à minha… - Kratos aproximou-se de Hans enquanto continuava.

 

-Infelizmente não posso fazer isso ainda… Porque meu corpo velho está muito enfraquecido e debilitado… Para transferir minha consciência para seu corpo, preciso do Cristal mais uma vez… E ele está fraco… Tenho que esperar que ele seja restabelecido… Pela pequena aberração, a namoradinha do Ezarel… Preciso sugar muita energia para isso… Então me desculpe, meu rapaz, você vai ter que esperar… Vou deixá-lo machucado, Hans… Mas inconsciente… Tenho certeza de que vai compreender… Será recompensado no final.

 

Kratos continuava a andar lentamente pela gruta, apoiado no seu cajado.

-Vocês dois serão meus servos - Falava com Nevra e Valkyon.- Vão me obedecer e fazer tudo o que eu quiser, e depois apagarei a memória de vocês, seus idiotas. Nunca deveriam ter vindo aqui. Mas vou deixá-los viver, para contar a todos sobre a grande tragédia…

 

Ele voltou-se para Ezarel, estendido ao lado de Hans.

- Mas o seu destino será um pouco mais cruel, Elfo desgraçado! Você vai pagar por me atrapalhar e tentar me impedir! Vai pagar por estar sempre no meu caminho. Vai pagar por ser irritante, vai pagar até por ter nascido. Eu poderia apenas matá-lo… Mas isso seria bom demais para você. Quero que sofra pela sua rebeldia! Você ficará em estado vegetativo, com a alma consciente de tudo, mas trancada aí dentro! Seu corpo terá vida, mas não terá sinais vitais. E quando pensarem que está morto, seu destino será a pira… Será queimado vivo… Está ótimo para mim, desde que você sinta tudo.

 

E deu uma risada irônica.

- E quem diria… o mesmo Elfo irritante que tentou me deter com tanta vontade… Vai ser responsável por despertar a quarta marca! Fico imaginando aquela linda menina jovem, a pequena aberração apaixonada, fragilizada, olhando para o seu corpo sem vida, uma médica impossibilitada de te salvar… A frustração do fracasso, a dor intensa da sua perda, é tudo o que eu preciso para a tristeza profunda e extrema que vai libertar o último elemento… O elemento azul, a Água! Enfim… só me resta agradecê-lo, Elfo… Por ter feito todo o trabalho difícil… Encontrou o Avatar… Trouxe para mim… E quebrou todos os selos. Eu mesmo não poderia ter feito melhor…

 

Ezarel ouvia tudo horrorizado, sem poder se manifestar. Ele tinha razão, maldito! Era tudo culpa sua! Jow nunca deveria ter deixado a Terra! Ele a teria trazido de qualquer jeito, sabia disso, mesmo sem o Orbe brilhar… já tinha se decidido lá… Para se vingar da Oráculo… Levou-a na missão do resgate que quebrou o primeiro selo… Despertou a ira nela e quebrou o segundo… Por isso ela entrou em coma e seu pesadelo com ele despertou o terceiro selo… Seu envolvimento inevitável quebrou até o quinto selo… E agora sua morte a faria ganhar a última marca. Tudo culpa dele.

 

Ele corria pela névoa, mas não havia nada ali. Somente névoa… Lutava em vão. A Salamandra tinha avisado, “Mantenha-se vivo, Elfo!”.

Nem disso ele seria capaz agora.

Kratos deu-lhe vários pontapés nas costelas, acertando seu corpo inconsciente… E ele curvou-se de dor, no limbo, caindo no chão.

-Isso é apenas para você ver que eu não estou blefando! Dói? Hahaha! Sofra, Elfo desgraçado!

 

Kratos mancou até Amin, que estava estendido no chão. Sacudiu o Pequeno Brownie.

-Acorde, Amin. Levante-se.

Amin abriu lentamente os olhos, tinha sangue saindo da pálbebra de seu único olho.

-Mestre… Desculpe-me… Não imaginei…

-Cale-se, Amin. Estão todos sob controle.

Amin sentou-se e olhou ao redor.

Nevra e Valkyon estavam de pé estáticos, com névoa nos olhos.

Ezarel e Hans estendidos no chão inconscientes.

-O que aconteceu?

-O destino se cumpriu, Amin. Foi para esse momento que nos preparamos tanto! O domínio da mente! Esses dois grandalhões aí são marionetes. Como nossos velhos prisioneiros humanos. Aqueles dois ali no chão são cascas vazias… Suas mentes estão presas no corpo… Mas não comandam mais. Nós vencemos, Amin… Vencemos!

 

-E o que faremos agora?

O estamos fazendo há anos, Amin. Brincando com mentes… Vou apagar as memórias desses dois ali… Relativas a tudo isso… E implantar memórias novas… - E apontou para Valkyon e Nevra - Para eles pensarem que sofreram um ataque de BlackDogs.

Vamos levá-los para a floresta profunda, e eles estarão lá, feridos… Vão acordar e se lembrar… Mas esses dois aí do chão não terão despertado.

Amin sorriu

- Estarão mortos, Mestre?

-Somente o Elfo, Amim… Somente o Elfo.- Acrescentou com um leve sorriso.

-Como nós vamos carregá-los?

-Quem disse que nós vamos carregá-los?

Os olhos do mestre se encheram de névoa… Nevra e Valkyon se aproximaram de Ezarel e Hans, os levantaram do chão e seguiram para fora da gruta…

Kratos e Amin seguiram com eles, em direção à saída. Kratos esticou o cajado e o fez parar.

-Não, Amin… Livre-se  antes daquele cadáver imundo. Depois me encontre na clareira.

Vou providenciar alguns ferimentos nesses belos e fortes rapazes… Precisamos de um pouco de diversão...

 


Notas Finais


Pronto, odeiem o Kratos...

Afinal, ele merece!

Beijos!


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