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História Além dos Portais - 2T - Tomando as Rédeas do Destino


Escrita por: Especttra

Notas do Autor


Prometi treta.

Tomem treta.

Espero que curtam, beijos!

Capítulo 43 - 2T - Tomando as Rédeas do Destino


Fanfic / Fanfiction Além dos Portais - 2T - Tomando as Rédeas do Destino

 

 

 

 

Jow tinha partido e Ezarel estava extremamente azedo. Mas o assunto era sério, e ele precisava ouvir. Ainda mais abrindo portais para os últimos carregamentos de sementes.

Foi com essa idéia na cabeça que Hans chegou ao QG e foi procurar Ezarel para conversar.

No momento em que entrou no QG, Ewelein o esperava, correu até ele e o abraçou. Ainda tinha os olhos inchados de chorar.

Hans olhou para ela e leu o que havia acontecido com o mascote. Com um olhar triste, abraçou mais Ewelein.

-Venha, entre comigo, Ewe. - Disse ele, puxando Ewe em direção ao refeitório - Vamos conversar…

-Hans, a que horas você saiu do quarto?

-Antes das cinco, Ewe. Umas quatro e meia, acho… Estava escuro ainda.

-E eu levantei às sete. Então aconteceu nesse horário. Alguém teve três horas e meia para matar a coruja e fazer a cena de sangue na frente da nossa porta.

-Vou rastrear todo mundo, Ewelein!

-Ah, Hans, faça isso, por favor! Alguém aqui me odeia muito, e é um assassino em potencial! Quem poderia ser?

-Vou descobrir, prometo.

Ewe começou a chorar de novo.

-Não chore mais, Ewe… Não consigo ver você assim…

 

Hans estava com muita pena dela. Mas estava ainda  com mais raiva de quem tinha feito aquilo. Se ele descobrisse, não sabia do que seria capaz de fazer…

Eles almoçaram em silêncio e depois Hans acompanhou Ewe até o quarto. Ela ainda estava muito deprimida.

Depois foi à sala do cristal falar com Miiko, que estava com Eychi. Ultimamente, as duas ficavam bastante tempo juntas, no treinamento de Eycharistisi.

-Miiko, quero avisar você que eu vou procurar o assassino do mascote. Esse alguém é um psicopata e precisa ser detido.

-Claro, Hans, pode investigar todo mundo. Ninguém está livre de suspeita.

 

Pensando nisso, andou pelo QG e pela cidade, foi ao mercado, ao leilão, aos jardins… Conversou com todos no mosteiro e todos os guardiões que encontrou.

E topou com Nevra retornando com alguns guardiões.

-Não encontrei nenhuma pista, Hans - Disse ele - Procurei cheiros e vestígios, mas é o corredor dos quartos. Tem cheiros e vestígios de todos nós! Vai sem muito difícil encontrar o culpado…

-E você e seus guardiões estavam na floresta, nas trilhas a noite toda?

-Sim, retornamos e todos já tinham comido o desjejum. Então voltamos bem tarde.

-E como se dividiram nas trilhas? Ficaram todos juntos?

-Fizemos duplas… Eu fiquei com um recruta novo e os outros fizeram suas duplas. Alguns até se perderam de seus parceiros, mas logo pela manhã estávamos todos juntos de novo… Acha que pode ter sido alguém da minha guarda?

-Ninguém está livre, até eu falar com todo mundo… Obrigado, Nevra.

-Vou continuar procurando. Peça à Ykhar a lista das duplas. Pode ser que ajude em algo…

-Está bem, vou pedir. Mais uma vez obrigado.

 

Hans foi à biblioteca e encontrou Ykhar e Keroshane organizando mais listas. Ultimamente era o que mais faziam. Ele pediu à Ykhar a lista das duplas e ela lhe entregou um pergaminho. Deu uma olhada nos grupos e perguntou.

-Ykhar, quem organizou as duplas?

-Foi o Nevra.

-E por que o nome da Bia não está aqui?

-Ela estava fora da lista de missões da guarda, porque vai para a Terra em Missão. Mas ela foi à trilha, porque eu a vi saindo com o Nevra ontem.

-Certo, obrigado, Ykhar.

 

E foi pensando em fuçar a mente de Bia… Apesar de doce e meiga, ela tinha motivos para ter raiva da Ewelein… Não, não podia ter. Não havia motivo nenhum para isso. Mas isso ele ia descobrir… Apesar de Bia ser um amor de pessoa, ninguém estava descartado.

Perguntou por ela para todo mundo, e ficou sabendo que ela estava no quarto arrumando as suas coisas para ir para a Terra. O quarto dela ficava ao lado do quarto de Marcos, antigo quarto da Jow. Ele sabia que eles andaram saindo esses dias, e era bem provável que estivessem juntos, o que a afastava cada vez mais de ser suspeita. Quando se preparou para bater à porta de Bia, viu Ezarel no corredor.

Esqueceu-se de tudo e foi até ele.

 

-Ezarel! Estava te procurando!

Ezarel estava irritadíssimo, triste e pensativo. Ele sabia o motivo.

-O que é tão importante assim, Hans, pra você me tirar do meu sossego? Não tem nada melhor pra fazer não? - Perguntou sem parar de andar em direção à sala da Miiko.

-Não, Ezarel. Não tenho. Escute porque é importante. - Hans o acompanhou.

Ezarel revirou os olhos, imaginando o que seria mais importante do que deixá-lo em paz, pra ficar irritado e sentir pena de si mesmo.

-Lembra-se de que aquele meu amigo nos enviou imagens e informações sobre o Secretário de Segurança da América?

-Sim, me lembro. O que tem isso?

-Esse general está incitando um sério movimento na América contra os faery, Ezarel. E é para lá que o Mestre Azham vai. E vai se reunir com os humanos. Isso pode ser muito perigoso e inconveniente.

-O que acha que pode acontecer, Hans?

-Eu gostaria de descobrir. O que acha de eu ir com ele?

-Você está louco? Perdeu a razão?

 

Hans sabia que a resposta seria essa. Só queria testar Ezarel para ter certeza de que estava fazendo a coisa certa, indo furtivamente à Terra com Darien.

-Darien me disse que vai.

-Darien é alquimista graduado e mago. É metamorfo. Você não é. É quase um recruta ainda…

-Ezarel… Estou passando por um novo tipo de treinamento… De me conectar com as mentes dos outros, como fiz naquele dia lá na toca do Kratos com o Amin, lembra-se? Você foi meu guia para que eu fizesse isso. Agora estou fazendo com frequência. Vou te mostrar o que Darien viu…

 

E antes mesmo que Ezarel pudesse evitar ou protestar, Hans colocou a mão na cabeça dele e descarregou as informações todas de uma só vez...

Os olhos de Ezarel ficaram fixos e vidrados… E ele viu.

Viu os noticiários com os protestos, as entrevistas e imagens dos humanos atacando faeries nas ruas. E Thadeus Grimm. À frente de tudo. Conspirando. Arquitetando. Armando um cerco.

Em segundos, todas aquelas informações que Hans tinha absorvido do tablet e da mente de Darien passaram para a mente do Elfo, como se fosse uma mídia portátil descarregando arquivos. Ele estremeceu.

-Isso… É… Impressionante! - Foi só o que conseguiu falar. Ficou meio catatônico depois daquilo. Quando se recuperou, olhou furioso para Hans.

 

-Nunca mais faça isso sem a minha permissão!

Hans riu.

-Como diz Jow… Melhor implorar pelo perdão, do que pedir permissão… Mas agora você entendeu o nível do perigo que está por vir?

-Agora mesmo é que eu não vou permitir que você vá com o Mestre! Tá a fim de morrer lá?

-Ezarel! Parece que não viu direito o que está acontecendo!

-Vi perfeitamente. E você acha que vai fazer o que lá? Fuçar a mente do tal de Thadeus Grimm?

-Exatamente!

-E como acha que vai fazer isso? Ele não estará no encontro. E você não vai simplesmente sair pela América catando o general!

-E por que não? Tenho cidadania americana! Posso sair sim!

Ezarel tentava botar juízo na cabeça de Hans.

-Hans… - disse ele - Pensa bem. Se esse cara é tão perigoso assim, e o povo está lá agredindo faeries, como pensa que vai ser recebido?

Hans riu.

-Como o humano que sou… Não sou faery. Ele nem sabe que eu existo, Ezarel!

-Como pode ter certeza disso, Hans? Ele não é o Secretário de Segurança? Da mesma forma que seu amigo fez, ele pode ter gente dele vasculhando a vida dos outros! E você não vai conseguir plenos poderes na Terra, sem o Grande Cristal.

-Espera pra ver… Tenho uma coisa pra te mostrar… Eu tinha até me esquecido disso…

E enfiou a mão no bolso do manto, retirando de lá o estojo de camurça azul escuro.

-O que é isso?

 

Hans abriu o estojo. E exibiu as seis esferas do grande cristal, idênticas à esfera que Ezarel utilizava.

-Achei isso na sala de Kratos. Estavam escondidas sob o piso.

Ezarel estava de boca aberta.

-Aqui há espaço para sete esferas. E tem seis. A que falta, deve ser a que está comigo, o orbe que eu levo à Terra.

Hans assentiu.

-Deve ser. São idênticas, não são?

-Sim, são idênticas. Então há sete delas!

-Serão as “Esferas do Dragão”? - Disse Hans rindo.

-Você disse... Esferas do Dragão? O que é isso? Tem a ver com o Leiftan?

-Hahaha, não! É de um anime do meu mundo, esquece…

Ezarel coçou a cabeça. Hans tinha razão. havia um perigo. Precisavam fazer algo.

-Preciso pensar, Hans. Estou sem cabeça agora… Amanhã vou à Terra. E temos um psicopata, matador de mascotes,  solto por aí pra achar… E a Jow foi embora... Tanta desgraça pra processar ao mesmo tempo!!!

-Vou guardar essas esferas comigo, Ezarel. Depois decidimos o que fazer com elas…

-Guarde, mas não mostre a ninguém ainda… Vamos pensar nisso com calma… Falando em calma… E aquele assunto… Dos pesadelos?

-Está tudo sob controle, Ezarel. E contei para Jow sobre isso… E sobre os restos de Kratos na minha mente.

 

Hans omitiu o fato de ter sido o “Kratos Cativo” quem mostrou a localização dos orbes. - Quando os sonhos vêm, eu procuro prestar atenção neles para ver onde levam. Com certeza têm significado. Na psicologia, todos os sonhos têm…

Ezarel concordou com a cabeça…

-Ainda bem. Vamos fazer o seguinte, Hans. Amanhã eu vou à Terra para os últimos carregamentos de sementes. Vou a todas as cinco embaixadas dos trópicos, a primeira ao meio dia. Vou inclusive para o país onde os pais de Jow moram. Dependendo de como estiver a política entre humanos e faeries, vamos tomar essa decisão. É tudo o que eu consigo pensar hoje.

-Vou guardar as esferas no meu quarto. Se precisar, pode entrar com a chave mestra e pegar. Estarão no armário.

 

Dizendo isso, deixou Ezarel e retornou para o quarto. No caminho, bateu à porta de Bia. Mas não obteve resposta. Desanimado, guardou as esferas no seu quarto e foi ver Ewe. Bia parecia evaporar. Sempre teve essa habilidade. Falaria com ela depois.

 

****

 

Hans encontrou-se com Darien no Mosteiro após o jantar, para irem à Terra.

No quarto de Darien, com a porta fechada, Hans estava ansioso.

Ele era muito ousado em abrir portais dentro do quarto dele! Tinha que reconhecer que o admirava bastante.

Darien fez o encantamento para conjurar o portal, tendo nas mãos uma placa com um número de uma casa, que ele provavelmente arrancou de alguma parede.

Hans prestou bastante atenção em todos os movimentos do jovem mago metamorfo maluco. Observou cada passo para depois, se preciso, ser capaz de reproduzir tudo aquilo.

O Portal se abriu e ele nem se deu ao trabalho de atirar a poção estabilizadora nele, como Ezarel fazia.

Ele simplesmente pegou Hans pelo braço e o arrastou para dentro do portal.

Saíram nos fundos de um bar, num beco, atrás de umas lixeiras enormes e imundas. Estava de noite.

 

Darien consultou um relógio no punho, conferindo o horário, e sorriu. Hans também mantinha o hábito do relógio em Eldarya.

-Estamos na América, no local e na hora certa, Hans. O cara vem todos os dias nesse bar com alguns amigos, ele bebe pra caramba.

-E você quer se transmutar num cara que bebe a beça? Se tiver que imitar seu comportamento, vai aguentar?

-Meu corpo se adapta ao corpo que eu imito. Não haverá problemas.

Hans estava reticente. Tinham trocado de roupas no quarto de Darien e vestiam roupas civis comuns.

-Vamos entrar pelos fundos. Essa porta dá no corredor dos banheiros - Disse e abriu a porta.

Hans tampou o nariz. Aquele corredor é que parecia um banheiro. Darien riu e imitou o gesto de Hans, tampando o nariz.

Cruzaram rapidamente o corredor e saíram no bar, como se estivessem voltando do banheiro.

 

Darien olhou o soldado visado, que já falava alto e ria. Já tinha bebido bastante.

Estava em uma pequena mesa redonda com os amigos. Hans e Darien se sentaram numa mesa próxima que estava vaga.

Hans já tinha se esquecido de como era frequentar bares na Terra. Não estava mais acostumado. Ele não costumava beber.

Pediram cervejas e disfarçaram com conversas banais. Seus diálogos eram silenciosos. Não precisavam falar. Mesmo assim, não passaram totalmente despercebidos. Alguns olhos repararam neles.

Hans então atendeu ao pedido de Darien e começou a ler a mente do soldado que ria alegremente, já bêbado.

Era solteiro, gostava de duas garotas, trabalhava em sigilo na base de Nevada, prestando alguns serviços burocráticos para a secretaria de Segurança. Ele era arquivologista e temia Thadeus Grimm.

 

Ele absorveu tudo o que pôde, ao vasculhar a mente do rapaz. Sua infância, seus desejos, suas fobias. Comportamentos, hábitos, vícios… Fez uma varredura completa na mente e na alma dele. O sucesso da missão suicida de Darien dependia desse serviço bem feito. Ele não podia falhar… Quando finalmente terminou, olhou para Darien, que compreendeu.

 

“Não quero ir embora ainda, Darien. Preciso descarregar essas informações em você e vasculhar mais um pouco… Essas outras pessoas… Eles sabem de coisas bem interessantes.”

“Nada disso, Hans, vamos pagar as bebidas e sair. Nossa missão termina aqui. Vamos voltar agora.”

“Não, Darien, vamos ficar só mais alguns minutos… Posso descobrir mais alguma coisa útil aqui.”

Darien sacudiu a cabeça, em negativa, e pediu a conta, pagou as cervejas e levantou-se.

“Não me faça ficar arrependido de ter te trazido, Hans. Vamos voltar. Não faltarão oportunidades pra gente voltar aqui.”

Hans suspirou. Podia ficar, se quisesse. Não precisava obedecer Darien. Mas ele tinha razão. Levantou-se e seguiu Darien para o corredor fedorento dos banheiros.

 

Saíram no beco escuro e imundo dos fundos do bar. Darien caminhou até as lixeiras, pegou no bolso a chave do seu quarto e conjurou o portal de volta.

Uma vez na segurança de Eel, e com o portal fechado, Hans ainda estava frustrado.

-Calma, Hans... Se a gente fica, ferra tudo. Temos que ter disciplina.

-Eu queria só mais alguns minutos, Darien…

-Cumprimos nossa missão, Mister Pendrive. Me passa os arquivos, por favor…

Hans riu e tocou a cabeça de Darien, transferindo as informações todas de uma vez para ele. Da mesma forma que aconteceu antes, ele estremeceu, seus olhos ficaram fixos, e depois ele pareceu despertar.

 

-Perfeito!

-E agora? Já tem o material genético dele?

-Já. Uma noite dessas. quando ele estava sentado no balcão do bar, troquei nossas canecas de cerveja e bebi da caneca dele. Agora olha só!

E dizendo isso, afastou-se de Hans e sorriu. Seu rosto começou a se desfigurar e desmanchar como se estivesse derretendo.

Hans olhou horrorizado para aquela coisa bizarra.

O corpo de Darien se desfez e transformou-se em uma massa amorfa e descolorida, meio cinzenta, mole como massa de pão… Parecia não ter mais osso algum no corpo…

 

Aquele amontoado de massa estranha formou um pequeno monte no chão. Hans tinha os olhos arregalados. Darien… Sumiu! Acabou!

Aos poucos, a massa amorfa foi crescendo como se tivesse recebido fermento, e moldando uma forma humanóide. Devagar, foi ficando ereta e tomando a forma e o aspecto do soldado que era o alvo deles… A última coisa a aparecer foram os olhos…

 

E ali estava, na frente de Hans, o soldado copiado de Darien.

Hans estava assustado. Nunca tinha visto uma transmutação daquelas. Achou simplesmente horroroso, nojento e estranho!

-Agora - Disse Darien com a voz do soldado - Leia minha mente e veja quem eu sou…

Hans não tinha palavras, e mudo, obedeceu. Não era mais Darien. Era o soldado. Foi impressionante. Ali estava Darien transformado no cara, corpo e mente. Ele era muito esperto. E hábil.

-Darien… Isso foi… Horrível, cara! Credo!

-Hahaha! Eu sei, não é bonito de se ver, mas estou muito acostumado a fazer isso, e nem me lembrava do efeito que causava em quem assiste…

-Você virou gelatina!

-Prefiro dizer… Massa de pizza.

-E agora? O que faremos?

-Você, nada. Vai voltar pro QG. Eu vou planejar agora o que fazer, com essas informações que você me deu. Tenho que tirar o cara de circulação por alguns dias… Isso é o que vai me dar mais trabalho. Porque vou ter que apagá-lo, escondê-lo, e depois usar nele poção de esquecimento… Talvez eu use antes, e o leve para algum hospital bem distante, porque assim terei como roubar dele uns dez dias sem memória…

 

Hans estava atordoado. Aquilo tinha sido muito estranho. Apenas concordou, trocou de roupas e deixou o quarto e o mosteiro, em direção ao QG. Tudo o que queria agora era estar nos braços de Ewelein,  consolá-la pela morte da coruja e esquecer daquilo tudo.

Ainda perambulou pelos arredores do quartel, para ver se encontrava Bia, mas o pessoal da sombra tinha saído de novo com Nevra para a floresta nessa noite.

 

Nos jardins, Valkyon, Jamon e Marcos treinavam com outros recrutas.

Hans cruzou o espaço rapidamente até o laboratório, onde Ewelein e Ezarel trabalhavam com os guardiões da Absinto, purificando as substâncias que ele e Jow coletaram na floresta.

Ele chegou e Beijou Ewe. Ela e Ezarel fizeram careta.

-Que cheiro de cerveja! Andou bebendo? - Perguntou ela.

-Tomei uma cerveja com Darien no mosteiro - Disse ele, amaldiçoando mentalmente os sentidos apurados dos elfos.

-Foi para o mosteiro treinar ou encher a cara com aquele mago maluco? - Perguntou ela.

Ezarel apenas olhou para ele. Nada disse. Mas Hans escutou o que ele pensou.

-Foi só uma, Ewe - Riu ele - Ele trouxe da Terra, hahaha! Foi para matar a vontade… Precisam de ajuda?

 

-Toda ajuda possível - Disse Ezarel - Comece com aquela bancada - E apontou uma delas.

Hans foi para a bancada e começou a trabalhar.

Mesmo não tendo tido tempo, ele conseguiu escutar coisas muito interessantes no bar. Não sabia se confessava para Ezarel, que já desconfiava...Mostrava logo tudo para ele, acabando com qualquer chance de voltar lá em segredo… Ou se esperava mais.

 

Depois de algum tempo, Ewelein saiu do laboratório para fechar a enfermaria. Os guardiões já estavam terminando e limpando as bancadas.

Ezarel aproximou-se de Hans, visivelmente irritado.

-Precisamos conversar, seu idiota.

Hans assentiu. Era tarde demais para mentir.

-Vamos sair daqui. Não quero que Ewelein escute, Ezarel.

Passaram pela enfermaria, onde ela ainda examinava uns recrutas, que se feriram no treino de Valkyon.

-Vamos para a cantina, Hans.

Ezarel e Hans foram para a cantina e se sentaram num canto.

-Eu falei pra você que era perigoso ir pra Terra, Hans! Por que você não me ouviu?

-Como você sabe que eu fui, Ezarel? Está lendo mentes também?

-Não, Hans. Sua aura está toda manchada de violeta. Isso só acontece quando se atravessa um portal tradicional.

-Ai! Será que Ewelein viu?

-Não. Só quem abre portais consegue ver. Seu idiota!

 

Hans coçou a cabeça, e resolveu abrir o bico. Contou tudo para Ezarel. E ainda mostrou as coisas que viu.

-Então esse metamorfo maluco está abrindo portais por conta própria para a Terra em missões que ele mesmo inventou! O que vou fazer com vocês? Se os mestres descobrem, prendem os dois!

-A missão dele é viável, Ezarel. Acho que ele é muito inteligente.

-Mas é muito mais imprudente. Não devia ter te arrastado com ele. Isso foi errado.

-Estou preocupado com a reunião do mestre Azham na embaixada. Será que posso ir à Terra com você amanhã?

-Não sei, Hans… No que está pensando afinal? Não pense que vou te deixar sair por aí fuçando mentes.

-Não vai para o país dos pais de Jow?

-Vou sim.

-Pois então, me leve junto. Posso avaliar se existe perigo para eles, Ezarel...

-Tá bem, Hans. Vou pensar.

Hans suspirou aliviado. Sabia que com esse argumento de perigo para a família de Jow, Ezarel o levaria. Ser capaz de ajudar e ser impedido, o estava deixando fora de si.

-Quanto tempo minha aura vai ficar manchada?

-Algumas horas.

- E como os mestres não vêem que Darien atravessa os portais?

-Ele deve ficar recolhido depois que faz isso. Não fica?

Hans assentiu.

 

-Acho que deveríamos reunir o conselho, Ezarel, antes de irmos à Terra. Vamos mostrar para todos o que Darien viu.

-Estava pensando nisso, Hans. Você pensou sozinho isso ou leu meu pensamento?

-Nem sei mais… As coisas ficam misturadas às vezes pra mim…

-Acho que podíamos falar com Leiftan e Eychi agora. E amanhã antes de irmos, reunimos o conselho.

-Leiftan está com Eychi lá fora assistindo ao treino da Obsidiana, Ezarel. Eu os vi antes de chamar você.

Leiftan e Eychi foram encontrados no jardim. Hans não teve cerimônia. Simplesmente usou a habilidade “upload” nos dois imediatamente.

 

-Isso é preocupante - Disse Leiftan, com toda a calma do mundo, depois que Hans terminou o upload.

-Temos alguém pior que Kratos agora - Acrescentou Eych com um olhar de desespero.- E que está vivo ainda! Não sei do que eu seria capaz de fazer com alguém assim!

-Não sabemos é do que esse Grimm é capaz, Eychi - Falou Leiftan - Talvez precisemos mandar algumas missões à Terra para investigar esse homem. Darien seria perfeito.

 

Hans olhou para Ezarel, que desviou o olhar.

-Vamos reunir o conselho, Leiftan- Acrescentou Ezarel- Vou pedir à Ykhar que convoque todo mundo amanhã cedo. Precisamos fazer isso antes de eu ir à Terra.

 

****

 

Pela manhã, o conselho se reuniu.

Hans já tinha passado as informações a todos eles, inclusive para o Mestre. Mas ele, embora preocupado, não mudou de idéia sobre ir à América.

-Precisamos manter a imagem de Eldarya para os humanos. Não posso me negar a ir, como se estivéssemos escondendo algo deles, ou com medo deles. Se há ameaça de discórdia ou guerra, quero tentar dissolver isso. Nada como um encontro pacífico para tal objetivo.

Ykhar estava agitada.

-Mestre, mesmo depois dessas informações que Hans passou…

-Sim, Ykhar,  exatamente por isso. É minha decisão final.

-Mestre - Disse Valkyon - O que fará se esses humanos atentarem contra o senhor na reunião? Não deveria levar uma escolta de guardiões?

-E alimentar mais ainda a desconfiança?

-Não confio neles - Disse Nevra. - Deveríamos ao menos enviar uma missão camuflada e… Sondar o terreno. Eu iria pessoalmente, se não fosse … Torrar no sol da Terra.

-Não pode ir, Nevra - Disse Miiko. Isso está fora de questão. De todos nós, apenas Valkyon passaria por humano. Mas ele não tem desenvoltura na Terra.

-Se não tivéssemos mandado Jow embora… - Disse Ykhar - Ela poderia ir.

-Nem pensar! - Disse Ezarel, se levantando - Já não basta o fardo que ela carrega sendo o que ela é, ainda quer mandá-la em missões de exploração super perigosas? Tá doida?

Ykhar deu de ombros.

-Pelo menos, ela nunca correria perigo. E se corresse, poderia explodir todo mundo…

 

Ezarel revirou os olhos.

-Leiftan - Disse Miiko - Vá buscar Eycharistisi. Vamos tentar invocar a Oráculo… Talvez ela tenha algum conselho que preste - Disse Miiko irritada- Se não falar em enigmas.

Leiftan saiu e após alguns minutos, entrou com Eycharistisi. Miiko olhou para ela e pediu.

-Por favor, Eychi… Tenta chamar a Oráculo!

-Como vou fazer isso?

-Sei lá, grita, dança, berra! Já sei! Chute o cristal!

-Toque a pedra - Disse Hans.- Mostre a ela que precisamos dela.

Ela olhou para ele e obedeceu… Tocou a pedra azul, como fazia com  Miiko nos treinamentos...

A explosão de cores começou e logo a Oráculo ali estava.

Miiko suspirou aliviada.

Mas a Oráculo nada disse… Ela flutuou até Eychi e a abraçou. Eychi começou a falar com a voz da Oráculo, como se estivesse em transe…

 

"-Onde estão as esferas?"

-Que esferas? Bebeu, Oráculo?  - Perguntou Miiko.

Ezarel e Hans se olharam, e o Elfo acenou com a cabeça para Hans. Ele retirou do bolso do manto a caixa azul e abriu. Todos olharam espantados para os seis orbes na caixa.

A Oráculo fez as esferas flutuarem e elas brilharam como o orbe em todas as cores, tornando a cair nas suas mãos. Então as entregou para Ezarel.

"-Está feito. Estão carregadas de energia. Tragam todos de volta."

-O que quer dizer com isso? - Perguntou Keroshane, que até então se manteve calado.

"-Tragam todos os faery da Terra antiga. Ela não é segura."

E dizendo isso, soltou Eychi e retornou para o cristal.

 

Eycharistisi despertou do transe, olhou para todos ali, arregalou os olhos e gritou.

-Isso foi sinistro!

Miiko assentiu.

-Se nossa comunicação for sempre assim… É melhor acelerarmos nosso treinamento.

Eychi olhou para ela com um sorriso feliz.

-Finalmente terei alguma função útil em Eel. Eu acho que… Eu… Já sei o que eu sou!

-E o que você é? - Perguntou Keroshane, preocupado?

-Não posso falar até ter certeza...- Respondeu ela. - Será que posso consultar alguns volumes na biblioteca?

-Claro - Disse Kero - O que precisar.

-Leif, antes de mais nada, é melhor levar Eychi até Ewelein na enfermaria… - Sugeriu Valkyon - Para ver se está tudo bem com ela depois dessa… Possessão pela Oráculo...

Leiftan assentiu e levou Eychi para a enfermaria, para que Ewelein a examinasse.

 

-Então, Miiko - Perguntou Kero - O que faremos? O que ela quis dizer com trazer todos de volta? Encerrar o Intercâmbio?

-Mesmo através da Eychi, ela fala por enigmas. Tenho vontade bater na Oráculo! - Disse Miiko irritada.

-Acho que devemos aguardar a reunião antes de tomar uma decisão. Vou conversar com Darien hoje e depois decidimos. Acho muito importante manter os acordos de paz. - Disse o mestre.

 

-Eu pessoalmente, sou contra continuar com esses intercâmbios. - Disse Nevra - Já temos fertilidade na Terra, desde que Jow quebrou o selo da Terra. Temos o cristal recarregado e intacto. Temos nossa equipe completa, com Eychi de volta, treinando com Miiko, e pelo jeito será para nós a Porta Voz da Oráculo. Não precisamos mais de profissionais da Terra para nada.

Valkyon acrescentou.

-Concordo com Nevra. Mais humanos aqui agora seria mais encrenca. Não precisamos mais disso… Deixamos acabar o período de Marcos, o devolvemos e acabou-se. Sem mais humanos.

Ezarel estava de acordo. Ykhar e Keroshane também. Hans ouvia em silêncio.

 

-Mestre - Disse Miiko - Pondere sua decisão. Converse com Darien e não tome nenhuma atitude que o coloque em risco… E nem coloque em risco a segurança do nosso mundo.

-Miiko, algumas decisões não podem ser tomadas pelo conselho. Preciso pensar no que é melhor para nosso mundo. Vou conversar com Darien. Depois nos falamos. Acho que não temos mais nada a discutir, então, voltarei agora para o mosteiro. Estão dispensados.

O mestre retirou-se e deixou todos ali apreensivos.

Sua determinação em se reunir com os líderes da América estava deixando todos inseguros.

Hans pediu licença e saiu. Tinha outros planos.

Foi para a enfermaria, onde Ewe examinava Eychi junto com Marcos. Chegando lá, esperou do lado de fora da sala de exames. Leiftan aguardava lá fora.

 

Hans olhou para Leiftan, que concordou com a cabeça. Ultimamente, estava se acostumando com isso, simplesmente falar com algumas pessoas mais próximas através da mente. Hans queria sondar a mente de Eychi para saber se conseguiria mais alguma informação da Oráculo.

Quando finalmente deixaram a sala de exames, Hans entrou para falar com Ewe. Marcos saiu e se dirigiu a Leiftan

-Ela está com a saúde perfeita, Leiftan. Se sentir algum mal-estar, nos procure, certo, Eychi?

Ela concordou.

 

Dentro da sala de exames, Hans contava a Ewe o que tinha acontecido na reunião. Ela estava preocupada.

-Não me agrada que vá à terra com o Ezarel, Hans. Ultimamente você tem estado muito estranho. Não quero que corra perigo. Viu o que aconteceu com minha coruja… Ainda não descobriu nada…

Hans riu, e abraçou Ewe.

-Fique tranquila. Vou descobrir, mais cedo ou mais tarde - E deu um beijo nela, saindo da sala.

 

Encontrou Leiftan e Eychi esperando por ele na entrada do QG.

Hans então pediu a Eychi que permitisse que ele vasculhasse sua mente por alguma informação da Oráculo. Ela concordou.

 

Andaram até a cerejeira e Hans segurou a mão dela.

-Feche os olhos, Eychi. Simplesmente limpe a mente. Me deixe entrar.

Ouvindo isso, Leiftan estremeceu. Tinha sido isso que Kratos falou para ele há muitos anos atrás.

Eychi fechou os olhos e permitiu a varredura de Hans.

Ele vagou pelas memórias e pensamentos dela, escaneando cada canto da sua mente, mas não encontrou nada que pudesse ser útil… Além de ficar sabendo de que raça faery ela realmente era… Porém, se ela ainda não queria compartilhar essa informação, ele respeitaria.

-Sinto muito - Disse ela. - Gostaria de poder ajudar mais.

-Você já fez muito, Eychi. Vamos conseguir, vai dar tudo certo.

E foi se preparar para ir à Terra com Ezarel.

 

****

 

Eychi e Leiftan foram para a biblioteca. Precisavam consultar os registros de acesso restrito, e Leiftan tinha acesso à essa área.

Eles entraram e começaram a vasculhar as estantes em busca dos livros desejados.

-Se encontrar algo me avise, Leif.

-Você também.

Em separado, percorreram as prateleiras de toda aquela área. Até que Leiftan anunciou.

-Achei alguma coisa… Mas está escrito em uma língua que não domino…

 

-Deixe-me ver… - Pediu Eychi.

Ela pegou o pesado volume com a capa dura e gasta, vermelha, sem títulos, com vários símbolos dourados.

 

Ela apontou para o símbolo que procurava… O Triquetra.

 

Era um símbolo tripartido composto por três vértices entrelaçadas, marcando a intersecção de três círculos, formando um triângulo.

-Esse símbolo foi usado no Brasão de Joana D’arc, Leiftan… Será que ela…

-Ela era Fairy, Eychi. Essa deve ser a origem que buscávamos em você.

Eychi olhou para Leiftan e juntos abriram o livro.

 

Mas eles não eram capazes de ler.

 

-Vou buscar a Ykhar - Disse ele - Espere aqui.

Eychi folheou o livro, que embora escrito naquela língua que eles não liam, exibia muitas gravuras. Entre elas, as diversas tríades e tríteros das diversas culturas.

Ykhar chegou reclamando que tinha pernas curtas, e Leiftan não precisava puxá-la com tanta pressa….

Quando viu o livro… Calou-se.

Eychi olhou para ela e estendeu-lhe o volume.

Ykhar o segurou como se estivesse pegando um bebê recém nascido, e depositou-o cuidadosamente em cima de uma mesa.

Eychi apontou para a figura da triquetra em um dos parágrafos e pediu.

-Por favor, Ykhar… Traduza para nós…

-Está escrito numa língua antiga Celta…

 

Ykhar começou…

“Dentre os diversos significados simbólicos celtas para a triquetra (trindade) incluem:

Espírito, mente, corpo

Pai, Filho e Espírito Santo

Mãe, Pai, Criança

Passado, Presente, Futuro

Poder, Intelecto, Amor

Criador, Destruidor, Sustentador

Criação, preservação, Destruição

Pensamento, sentimento, emoção

Mãe, donzela, anciã

Outro mundo, mundo mortal, o mundo Celestial”

“Para os antigos celtas, também significava as fases lunares ou solares.

Os celtas homenagevam a Grande Mãe, uma deusa lunar, que era na verdade três personificações das três faces da deusa em três fases lunares… Também era o símbolo dos descendentes das Moiras, as divindades Gregas que eram responsáveis pelo Oráculo e tinham o conhecimento de todo o destino Humano… “

 

Ykhar interrompeu a leitura e tinha os olhos tão arregalados que parecia que iam pular da face corada dela.

-Eychi! Sua raça faery é uma miscigenação com as Moiras! Você é descendente de uma das raças ligadas à oráculo!

-Foi o que eu vi, Ykhar, quando a Oráculo me abraçou… Eu vi tudo! Passado, presente e futuro! Tudo num lampejo de segundo! Estava ligada à ela! Eu vi… Esse símbolo num brasão… Vi num caldeirão… Vi numa bandeira, numa armadura… Vi esse símbolo na minha alma, Ykhar!

Leiftan estava com um olhar preocupado.

-Não me agrada nada o que aconteceu à Joana D’arc, Eychi. De qualquer forma, em uma guerra, você corre perigo… Se houver outra caça aos faery…

 

-Me diga um momento em que a gente não corre perigo? Agora pelo menos sabemos com o que estamos lidando… Mas isso não resolve o problema. Eu provavelmente não fui trazida até aqui para ser o telefone da Oráculo! E o esquecimento dos meus pais acabou sendo uma proteção para eles, Leiftan!

-Ah, isso é verdade - Disse Ykhar - Vou pesquisar mais, sei que há outros livros… Vou chamar o Keroshane e vamos fazer uma varredura nessa biblioteca e nos informar de tudo o que pudermos! Prometo!

Eychi deu um abraço na amiga.

-Obrigada, Ykhar!

 

Leiftan saiu da biblioteca de mãos dadas com Eychi, mas manteve o rosto sério.

-O que foi, Leif? O que mais te preocupa?

-O que você disse… Sobre seus pais, Eychi.

-Como assim?

-Espero que não esteja começando a pensar em agradecer Kratos por aquilo…

Eychi riu, e era um sorriso nervoso.

Aquilo realmente tinha lhe passado pela cabeça...

 


Notas Finais


Pediram Treta.

Dei treta, hahaha!

Espero que tenham curtido...

Beijos!


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