Todos estavam reunidos em volta da fogueira, embora aquilo fosse rotineiro a cada duas semanas, o motivo de toda matilha estar ali junto com o feiticeiro era que o momento que tanto esperavam durante vinte longos anos tinha finalmente chegado.
– Chungha, chegou a hora de trazer ela de volta – anunciou Kyungsoo olhando para a loba – Você consegue fazer isso, certo? Nova York é meio longe da Coreia.
– Claro que consigo, o que você acha que eu sou Soo? – falou a garota de modo confiante.
– Aqui, pegue – o feiticeiro disse entregando uma mochila – Tem algumas roupas, dinheiro, documentos e tudo o que precisa para achar ela. E por favor, não cause problemas ou qualquer caos naquela cidade.
– Certo, voltarei antes da próxima lua nova – sorriu confiante.
– Tome cuidado – Junmyeon falou sorrindo e dando a mão para a garota que retribuiu o gesto.
– Pode deixar.
Chungha olhou para a matilha e saiu correndo em direção às árvores explodindo em uma loba cinza.
☽ 〇 ☾
– Vó, a Irene já chegou, eu já estou indo – a Kim disse colocando a bota no pé e pegando a bolsa.
– Querida, espere um pouco – a mais velha falou chamando a atenção da neta – Você pegou o seu colar? Sabe que não gosto que saia sem ele.
– Peguei vó – falou mostrando o objeto em forma de lua no pescoço que estava por baixo da blusa – Coloquei aqui dentro só pra não perder.
– E o dedo meu amor? Parou de coçar?
– Mais ou menos, coça mais quando estou dormindo, mas eu estou bem dona Claire então sem preocupações.
– Eu sei – falou a mais velha acariciando o rosto da neta – É isso que eu mais temo, que você não fique tão bem novamente Jennie. Principalmente agora que você está fazendo vinte anos.
– Vou ficar bem sempre – a mais nova sorriu e deu um beijo na bochecha da avó – Agora eu vou indo, volto antes das seis da manhã.
A garota pegou o elevador e apertou o botão do térreo. Quando olhava no espelho ajeitando o cabelo enquanto esperava chegar até o andar, percebeu que seus olhos mudaram para um roxo com azul.
– O que?
Ao piscar novamente tentando acreditar que aquilo era real, seus olhos voltaram para os originais castanhos e antes que Jennie pudesse pensar em alguma coisa, o elevador parou abrindo no térreo.
Assim que pisou do lado de fora do prédio, o vento frio de Nova York lhe deu boas vindas e aquele clima alegrava muito Jennie.
– Vamos logo – Irene disse colocando a cabeça para fora do carro – Temos uma balada para ir e um aniversário muito especial para comemorar.
Jennie deu uma corridinha até o veículo e entrou no banco do passageiro, dando tempo apenas de colocar o cinto antes que Irene acelerasse pelas ruas.
A BMW vermelha era um verdadeiro chamariz, não que a amiga de Jennie gostasse de ostentar ou coisas do tipo, mas aquilo era um bem material que tinha muito valor significativo para ela.
– Então, o que está balada tem de tão bom? Espero que valha a pena comemorar seu aniversário lá.
– Vi que tem algumas coisas legais apesar de fazer pouco tempo que foi inaugurada, não custa nada dar uma olhada.
– E essa olhada inclui beijar algumas pessoas? – Irene perguntou maliciosa e viu que Jennie retribuiu com uma risadinha.
– Se a sorte sorrir, seria um presentão.
– Falando nisso, pega uma caixinha que está no porta luvas – falou a motorista – É seu presente de aniversário.
– Já disse que não iria precisar Irene, por que fez isso?
– Para de ser chata e aceita logo.
Jennie revirou os olhos. Ao pegar a caixa e abrir, ela se surpreendeu ao ver que era um colar com uma letra grega que reconheceu sendo a alfa, sua favorita.
– Que lindo, eu adorei e é a alfa ainda, obrigado Irene.
– Sabia que iria gostar. Pode deixar aí dentro que na volta você pega.
Jennie guardou de volta o presente no porta luvas e avistou a balada com filas do lado de fora, felizmente a entrada delas era VIP Plus, o que significava que teriam acesso em qualquer parte da balada.
O ingresso tinha custado todas as economias da Kim mas, valia a pena se mimar um pouco no próprio aniversário.
As luzes alternavam entre o vermelho, verde em meio a luz negra fazendo as roupas delas ficarem um pouco fluorescentes. A pista estava lotada de pessoas dançando, beijando ou simplesmente erguendo os copos para cima ao som de Can’t Be Tamed da Miley Cyrus.
– O que quer beber primeiro? Vodka? – Irene perguntou no ouvido da amiga.
– Prefiro tequila.
As duas seguiram com dificuldade até o bar e após fazerem o pedido, brindaram assim que o receberam. Entre uns drinks e outros, Jennie ficava levemente alterada mas nada que a derrubasse porque tinha uma incrível resistência ao álcool.
Um rapaz que estava próximo ao bar olhava fixamente para Jennie, e quando ela notou, retribuiu porque sabia muito bem o que ele queria e, ela não achava nada ruim dar pelo menos alguns amassos sem compromissos em alguém desconhecido.
Os dois acabaram se encontrando na pista e começaram a dançar juntos, depois de vários olhares com flertes visuais, Jennie acabou puxando o homem pela jaqueta dando um beijo nele que durou até ambos perderem o fôlego.
– Quer ir em um lugar? Um pouco mais reservado e silencioso? – propôs o homem e Jennie aceitou, um pouco de adrenalina não faria mal certo?
Os dois seguiram até a porta dos fundos da boate e Jennie encostou o rapaz na parede do beco.
– Posso saber o seu nome gatinha?
– Acho melhor não, sem compromissos.
– Como quiser – o cara sorriu galanteador.
Os dois começaram a se beijar novamente e a mão da garota adentrava a blusa do rapaz arranhando levemente sua barriga, seu dedo anelar esquerdo começou a queimar como se tivesse um ferro o espremendo fazendo-a recuar.
– Tá tudo bem?
– Eu não tô me sentindo bem – respondeu tentando empurrar o corpo do homem ao sentir que a boca do rapaz ainda estava em seu pescoço – Acho melhor pararmos.
– Por que? Está tão bom aqui e vai ficar melhor quando irmos para algum lugar e tirarmos a roupa.
– E-eu tô enjoada – Jennie disse se afastando,ela sentia seu estômago revirando e imaginou que a qualquer momento fosse vomitar.
– Qual é garota? Me arrastou até aqui e vai parar? Quem você pensa que é hein? – o homem disse gritando e avançando em cima dela.
– Se afasta.
– Não, você vai ser minha – disse a jogando na parede do outro lado do beco e forçando sua boca na da garota.
Jennie sentia seu corpo em combustão além dos tremores que começavam a se espalhar por todos os seus membros, era como se a qualquer momento fosse explodir.
– Me larga – falou com dificuldade.
– Não, agora vamos até o fim.
– EU MANDEI VOCÊ ME LARGA – gritou empurrando o rapaz com tanta força que ele parou quase cinco metros de onde ela estava.
As mãos dela tremiam fortemente e a sua palma estava quente e vermelha como se fossem brasas.
– Jennie? – chamou Irene vendo a amiga que tremia – Me deixa te ajudar.
– E-eu não tô me sentindo bem Irene, eu quero explodir.
– Você não vai explodir se você se controlar, respira e inspira devagar.
– Não consigo – disse espremendo os dentes. As costas da Kim doíam tanto que parecia que estava sendo alongada.
– Sim, você consegue.
– Não!
Irene notou que os olhos da amiga não eram os mesmos, estavam em mix de cores constantes e sabia muito bem o porquê porém, antes que pudesse se aproximar, Jennie acabou explodindo em uma grande loba negra tão escura quanto a noite.
– Jennie, ouça a minha voz. Vai ficar tudo bem porque eu sei muito bem o que você é, eu também pertenço esse mundo sobrenatural, então tudo que eu peço é para se acalmar.
Mas nada adiantou, Jennie sentia uma mistura de sentimentos tão grande que saiu correndo do beco em direção às ruas.
☽ 〇 ☾
O Central Park estava vazio graças ao horário, já que se aproximava das três da manhã. Jennie em forma de lobo ainda circulava entre as árvores, não sabia exatamente o motivo, porém aquele era o único lugar que a fazia se sentir em calma naquela forma.
Era como se tudo estivesse mil vezes intenso dentro de si, seu olfato, visão, audição e força.
– Jennie!
A forma de loba da Kim ficou em alerta, o aroma que o vento trazia era diferente do que ela conhecia. Será que seria algum caçador ou policial?
– Calma, eu sei que está aí em sua forma de lobo – a voz continuou falando dessa vez um pouco mais próxima – Não vou machucar, prometo.
“Por que deveria confiar nela?” Jennie pensava consigo mesma.
– Porque Jennie – a figura de uma mulher não muito mais velha que ela apareceu – Eu sou exatamente como você.
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