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História All About You - Dezenove


Escrita por: odisseiasoiaf

Notas do Autor


Boa leitura :)

Capítulo 19 - Dezenove


Fanfic / Fanfiction All About You - Dezenove

POV – Savanna

 

 

Ao entrar naquela sala, não esperava que o meu passado e o meu presente se encontrariam daquela forma.

Na TV, uma versão minha com dezessete anos era apresentada ao mundo. Imagens do período que me destruiu de tantas formas e que há anos tentava reconstruir. Nelas, eu estava envolta de homens corruptos, violentos, asquerosos, nojentos e hipócritas. Homens que estampavam fotos perfeitas ao lado de sua família para mostrar a sociedade e enfeitar suas estantes da sala de estar. Enquanto no oculto, alimentava, o prazer, a luxúria e o desejo de defraudar meninas com a mesma idade de suas filhas, que o aguardavam seu super-herói chegar em casa.

E ao contrário do que cada palavra dita por aquelas pessoas, eu não era uma prostituta e não tinha prazer nenhum em estar ao lado daqueles homens.

 

— Chega! – Bernie desligou a televisão. - Isso é um absurdo! Como podem expor a vida de uma pessoa desta forma?

 

Olhei diretamente para Peter e podia imaginar o seu choque. Porém, naquele momento, precisava de sua compreensão e a conclusão de que aquilo não era totalmente verdade. Ele sabia melhor do que ninguém o que a mídia era capaz de fazer e indiretamente, ele estava sendo vítima dela mais uma vez.

 

— Peter... - Não havia forças em minha voz. Sussurrei e para a minha surpresa, ele ouviu.

— Cala a boca!

 

Meu corpo tremeu. Seus olhos refletiam coisas que eu nunca havia visto até ali. Era uma mistura de raiva, confusão, ódio e por quê não, decepção?

 

— Saia da casa da minha família agora, sua vagabunda!

 

Tudo ao redor parecia ter congelado e um filme se iniciou em minha cabeça. Nele, eu assistia a cada momento em que havia sido chamada daquela forma.

 

 

Flashback On

 

— “A vagaba tem dezessete aninhos, é uma joia rara da América do Sul. Olha só!” – Meu corpo tremia de medo, enquanto sentia as lágrimas descerem abundantemente pelo meu rosto. Não tinha coragem de olhar para quem me observava. Alimentava uma esperança íntima de que ao fechar e abrir novamente os meus olhos, descobriria que estava tendo um pesadelo. E que na verdade, ainda estava na segurança de minha casa.

 

• • •

 

— “Nada como comer uma vagabunda nova!” – Podia sentir o cheiro de bebida emanando de seu uniforme e suas mãos tocando lascivamente minha coxa. – “Vou lhe ensinar o que acontece com garotinhas más e que não obedecem ao papai aqui.”

 

• • •

 

­— “Sua vagabunda! Eu vou te encontrar, nem que seja no inferno!” – Não tinha mais medo. Sabia que fiz o necessário para que ninguém mais passasse por tudo aquilo através das mãos dele. Respirei fundo e senti como se um grande peso saísse de minhas costas. Eu estava livre!

 

Flashback Off

 

 

Parecia que as palavras de Peter haviam me aprisionado novamente. O pior, é que o grito e a ofensa não eram as únicas coincidências entre as duas situações. Em ambas, uma promessa havia sido quebrada.

 

— Cara, você está fazendo uma besteira! – Voltei a realidade quando vi Phil tentando acalmá-lo. — Mais do que qualquer outra pessoa nesta sala, você sabe o que estes vermes são capazes de inventar.

— Bruno, o que está acontecendo? – Brandon entrou furioso na sala, ignorando a cara de indignação da dona Bernie. Neste momento, senti uma mão afagando meu braço. — Você quer me ferrar? Namorar uma...

— Olha o respeito na casa da minha família! – Pete aumentou o tom de voz e todos baixaram a cabeça. — Filho, vamos para fora e quando você se acalmar, conversa com ela e depois com o Brandon. Uma coisa de cada vez, ok?

— Eu não quero falar com ela. – Sua voz era baixa, mas audível para todos que estavam no ambiente. Era ainda pior ouvi-lo naquele tom que parecia sugar as suas últimas energias emocionais. — Ela me humilhou perante o mundo inteiro, ...

— E prejudicou muito a sua carreira. – Brandon completou, me lançando um olhar de completo desprezo. — Uma bagunça que eu terei de arrumar de novo. Não é?

 

Eu queria agir, mas as palavras não saiam dos meus lábios. O meu corpo não se movia. Apenas sentia as mãos delicadas tentando me consolar e eu não tive coragem nem de encarar o seu rosto. Na verdade, eu mal conseguia olhar para alguém que não fosse ele.

 

— Tem mais essa. A porra da minha carreira... – Revirou os olhos e virou de costas, olhando para o horizonte. — Apenas vai embora!

— Peter... – Era a minha última tentativa. — Você prometeu!

— Foda-se! – Ele nem se deu ao trabalho de me encarar. — Apenas saia da casa de minha família!

— Agora já chega. Venha aqui Peter! – Se pai se aproximou e o levou para fora.

 

O silêncio se instalou naquela sala. Porém, a minha mente parecia ouvir seus pensamentos. Por mais que encarasse um ponto cego, podia sentir os olhares desconfiados que eram lançados a mim. Questionando silenciosamente a minha culpa ou inocência. Toda a coragem que alimentei durante os dois últimos anos e que havia me ajudado a superar tudo que tinha passado, foi embora. Estava em um estado de covardia e humilhação. Algo que havia prometido nunca mais me permitir sentir.

 

— Vou ver como o Bruno está. – A voz miada e o riso de Jennifer me trouxe de volta a realidade. Ela passou ao meu lado e ao me encarar, esboçou um sorriso debochado. – Ela tinha algo a ver com isso? – Tiraria satisfações com ela, mas a casa daquela família não era o lugar para isso.

— Savanna, querida! – Bernie se aproximou. — Me desculpa!

— É melhor levá-la para a base. – Lucas se aproximou e afagou o meu rosto carinhosamente.

— É melhor mesmo! – Brandon falou e neste momento pude observá-lo atentamente. Sua postura arrogante se mantinha intacta, mas não inabalável. Era claro o seu nervosismo e ansiedade. Os cabelos estavam bagunçados e o rosto cansado. Provavelmente, seu sono no hotel havia sido interrompido e ele veio correndo. Em suas mãos, segurava uma pasta vermelha. Semelhante a que eu havia visto no centro logo após a morte do Josh.

— O que é isso? – Questionei, caminhando em direção ao Brandon.

— Sua história? – Devolveu.

— Estou falando sério! O que é isso?

— Savanna...

— Eu já vi esta mesma pasta no centro Lucas. – Me aproximei mais um passo de Brandon. — Isso é sobre mim?

— Sim! – Empinou o nariz e me encarou furiosamente. — Recebi este material em meu hotel. Um pouco antes de assistir aquela bela matéria na tv.

— Me dê esta pasta! – Estendi a mão.

— Ela é endereçada ao Bruno!

— Me entregue esta pasta esta pasta.

— Savanna, calma!

— Se esta pasta é sobre mim, eu quero ver! – Aumentei o meu tom de voz como nunca havia feiro. — Agora!

— Não! – Peter entrou novamente na sala com Jennifer logo atrás. — Agora, vai embora!

— Isso é sobre mim! – Não conseguia controlar o nervosismo crescente em meu corpo. — Eu tenho o direito de ver!

— Não me interessa! – Seus olhos estavam escuros como a noite. Não havia mais aquele brilho no olhar que direcionava a mim. — Agora, se você tem o mínimo de respeito por mim e pela minha família, vá embora!

— Vamos, Savanna! – Lucas me puxou. Não tinha mais força psicológica e emocional para me desvencilhar. Definitivamente, havia sido vencida pelo cansaço.

— Tudo bem! – Olhei para a dona Bernie e todos que estavam na sala. Sentia o tremor do meu corpo no mais alto grau de descontrole. Respirei fundo, encontrando coragem e as palavras certas para aquele momento. — Dona Bernie e senhor Pete, me desculpa por ter causado isso na sua família. Eu não sou o que disseram, aquilo foi algo que eu não tive escolha. – Senti a mão firme de Ana, apertando o meu ombro. Me encorajando a continuar. — É provável que em breve vocês saberão do que estas imagens se tratam e eu espero que não sejam elas a dizer a vocês quem eu sou. Senão, eu mesma.

— Tudo bem, querida! – Bernie sorriu carinhosamente e voltou seu olhar para o filho. – Nós é que pedimos desculpas.

 

Amparada por Lucas, Ana e Iam, sai daquela casa. Prometendo a mim mesma que nunca mais abaixaria a cabeça para ninguém, não me envergonharia de minha história, falaria abertamente à respeito e o principal, descobriria quem havia causado aquela situação.

E o Peter? Bom, eu seria a segunda mulher em sua vida. No qual, ele perdeu.

 

 

POV – Peter

 

 

— Agora já chega. Venha aqui, Peter!

 

Me pai me puxou como fazia quando eu era menino e tinha quebrado um dos pratos de porcelana da mamãe. Saímos pelo quintal e caminhamos por alguns minutos até estarmos longe do olhar de todos, à beira do mar. Sentia seu olhar me avaliando, procurando a melhor forma de me acalmar naquele momento.

 

— Peter, ...

— Eu não quero saber de porra nenhuma, pai. E na boa, não me arrependo do que falei lá dentro.

— Mas deveria, quem te ensinou a falar com uma mulher daquela forma? – Me encarou. — E ainda por cima, na casa de sua família. Quem?

 

Dei de ombros.

 

— Me responda quando eu falar com você moleque! – Segurou meu braço. — Olhe para mim! – O encarei e o incentivei silenciosamente a prosseguir. — O Philip estava certo quando falou sobre a mídia. Realmente, melhor do que ninguém, você sabe do que eles são capazes de fazer para ter um furo de reportagem de alguém como você. — Desviei o meu olhar para o mar. Já estava ficando de saco cheio. — Olhe para mim quando eu falo com você!

— Fala pai. – Suspirei.

— Você agiu como um moleque machista, não sabe?

— Pronto! Agora a culpa dela ser uma ... – Bufei. — é minha.

— Não, a culpa dela não ter o amparo necessário do homem que se dizia namorado dela e nem o mínimo de chance de se explicar é sua! – Coçou o bigode e eu sabia que era um sinal de que estava irritado. — O que você prometeu a ela?

— Por favor, pai...

— O que ela quis dizer quando falou de uma promessa?

— Lembra da minha viagem em turnê pela Europa? – Ele acenou positivamente.

— Continua...

— Antes de viajar, havíamos conversado e... – Ao falar sobre isso, comecei a sentir o peso da promessa que havia quebrado. — Porra, pai!

— Não é porque não está na frente da sua mãe e irmãs que irá falar comigo desta forma. – Falou de forma firme. — Continua, Peter! - Até a menção do meu nome verdadeiro fazia soar como se fosse ela me chamando.

— Bruno...

— Continua!

— Nós prometemos que escutaríamos um ao outro antes de tomar qualquer tipo de conclusão. Principalmente com relação as notícias que sairiam na mídia sobre mim. – Meu pai cruzou os braços e definitivamente, me senti um garotinho de nove anos prestes a levar uma surra. Porra! — Aconteceu que saiu algumas coisas e ela não brigou comigo. Pelo contrário, ela esperou para que pudéssemos conversar e compreendeu a situação.

— Preciso falar algo ou você já compreendeu a merda que fez?

— Pai, era a minha mulher sentada no coloco de um velho e todos dizendo que ela era uma puta. O que esperava que eu fizesse?

— Esperava que fosse o homem que eu e sua mãe pensávamos ter criado. Não este moleque que grita com a própria namorada e a humilha na frente de todos. – Engoli a seco. Eu não tinha uma resposta. — Provavelmente ela já deve ter ido embora. Então, você vai entrar lá dentro, se desculpar com a sua família e amigos e amanhã, você irá atrás dela e mostrará que é um homem de verdade. Entendeu Peter Hernandez?

— Sim, pai! – Concordei.

 

O que eu poderia fazer além disso?

 

 

• • •

 

 

Eu não havia seguido o que meu pai ordenou. Ao entrar em casa e encontrá-la brigando com o Brandon, lembrei do que ela havia feito comigo e a expulsei novamente da casa da minha família e consequentemente, da minha vida.

Após o longo sermão e reunião de urgência, para que eu e a banda soubesse “o que” e “quando” responder ao bando de jornalista quando voltasse a Los Angeles, os rapazes foram embora e a casa permaneceu em silêncio – pelo que me pareceu – longas horas. Minha mãe se retirou, afirmando estar com dor de cabeça. Sabia que na verdade, ela estava chateada comigo. Assim como as minhas irmãs que haviam se apegado a ela.

Ignorado por toda a família, voltei para a minha casa em Lanai. E quem diria, a única pessoa que ficou ao meu lado foi a Jennifer.

 

— Você está bem? – Me perguntou pela milésima vez.

— Uhum. – Estava deitado com a cabeça em seu colo. Suas unhas passavam pelo meu cabelo, quase me fazendo dormir.

— Sinto muito pelo que aconteceu.

— Você sabia? – Perguntei.

— Do que? – Levantei do seu colo e a encarei.

— Você sabe muito bem Jennifer.

— Eu ... – Revirei os olhos.

— Sabia... – Eram todas iguais. — É melhor você ir dormir. Amanhã cedo te levo para a base.

— Não, espera! – Segurou a minha mão. — Me desculpa. Aquilo era algo que ela deveria lhe contar e não eu. – Sentia sua mão acariciando o meu braço, me desvencilhei.

— Sei. – Falei com desdém.

— Estou falando sério! – Sua mão voltou a me acariciar, subindo em direção ao meu rosto. — Você sabe que eu nunca faria isso com você, não é?

— Jennifer ... – Está vendo onde isso quer chegar? Já estou me arrependendo de ter trazido ela. — Eu vou para o meu quarto. Preciso ficar sozinho, ok?

— Não Bruno, você não precisa! – Fechei os meus olhos ao sentir a sua mão macia no meu rosto. — Me deixa cuidar de você!

— Não, Jennifer! – Me levantei. — Vai dormir!

— Não! – Se levantou e aproximou o seu corpo do meu. — Eu vou cuidar de você esta noite e fazer com que esqueça tudo que está sentindo. – Beijou meu pescoço, passando sua língua por ela.

 

Mistura a raiva, decepção e a carência num homem. Este é o resultado:

 

Puxei o rosto de Jennifer e a beijei desesperadamente, esperando que aquilo me trouxesse algum alívio. Impulsionei suas pernas ao redor da minha cintura e a levei para o quarto de hóspedes.

A resposta para a sua pergunta é “Sim!”. Deixei que ela me “ajudasse” a esquecer de tudo.

Transei com a Jennifer. Mas acredite, não era o rosto dela que vi durante toda aquela noite.


Notas Finais


Primeiramente, preciso continuar a agradecer pelo comentário de cada um de vocês. Eles tem me inspirado e me impulsionado para escrever esta história.
Mas agora, eu preciso saber: vocês acham que o nosso casal está morto? Vamos ter uma prosa nos comentários <3


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