História All are dead - Yeonbin - Sobre reviver memórias

Depois daquilo eu estava explicando o acontecido para os dois à minha frente, que me escutavam atentamente. Eu contei todos os detalhes e quando me dei conta estávamos na rua da minha antiga casa

-Aqui… eu morava aqui… - digo observando melhor o lugar

-Melhor irmos saindo então - Arin diz já andando

-Eu só.. Quero ver minha casa mais uma vez

-Tem certeza? Vai que….

-Tá tudo bem Soobin, isso não vai me fazer mal

-Certo então

Nós caminhamos mais um pouco e logo eu já estava com a mão na maçaneta da porta da minha antiga casa. As memórias - tanto boas quanto as ruins - passam pela minha mente, me fazendo sorrir antes de entrar. Estava quase tudo igual ao dia em que deixei essa casa, só que os móveis estavam sujos e destruídos juntamente as janelas e tudo presente na antiga casa

Eu rapidamente vou até meu quarto e vejo que ele continuava por algum motivo, intacto - tirando as janelas quebradas e o leve acúmulo de sujeira- e igual ao dia em que tudo começou. Me aproximo mais das coisas e ao ver embaixo da minha cama vejo meu antigo diário, e a página em que estava aberto

-Isso… Ta vivo ainda

-Se quiser ficar sozinho podemos te esperar lá fora - Soobin diz encostando em meu ombro

-Eu gostaria disso… Mas se eu demorar muito podem entrar… As vezes eu me envolvo demais

-Nós vamos fazer isso - Arin diz sorrindo - vem Soobin

Eles saem do quarto, eu me sento em minha antiga cama e paro para observar o cômodo. As paredes continuavam em tons roxo e branco, os móveis também brancos estavam em perfeito estado, até meus colecionáveis estavam no local onde foram deixados. Eu novamente mudo minha atenção no diário e vejo onde estava parado.. Justamente na página que mais me fez chorar

"06/06/2014

Aconteceu de novo

Por que amam mais ele?

Meu irmão me nega algo apenas porque não me quer com o que é "dele" e eu levo a bronca recebendo um "você é o irmão mais velho, o espelho, ele só quer ser como você"

Se ele soubesse… se ele soubesse quem eu realmente sou… ele nunca iria se inspirar em mim, nunca iria querer ser como eu

Por que meu pai tem que deixar tão na cara que eu sou o menos favorito? Por que? Por que eu não posso ser amado também?

Eu queria pelo menos um abraço, um "desculpa", um "eu tava errado".. Pelo menos um "eu te amo".. Acho que faz uns meses que não escuto isso dele

E novamente eu estou no meu ponto seguro no meu quarto, chorando e escrevendo

Eu venho pensando a uns dias "por que eu não consigo me animar de verdade? Por que toda vez que eu estou feliz sinto que vai acabar?"

Dói.. Dói ouvir meu pai dizer eu te amo para meu irmão e logo depois minha mãe passar e dizer "Yeonjun é seu filho também" e até agora ele sequer me olhou

Eu realmente não disse nada de ruim

Mas sério.. por que eu tenho que ser o "espelho"?

Eu me sinto mal porque se meu irmão se inspirar em mim ele vai parar no fundo do poço

Eu sei que eles se esforçam, eu sei que eles me amam mas.. Eu não recebo um abraço desde que eu contei que tava mal

Ou melhor da minha mãe… O último abraço que recebi do meu pai foi.. Eu nem sei quando foi

Eu sei que meu pai ta se esforçando para cobrir ⅓ do que a minha mãe faz, mas ele esqueceu do mais importante.. Eu não me sinto amado.. Nunca me senti

Mas eu acho que já entendi, eles amam mais meu irmão porque ele não é egoísta, não é fraco e chora por nada, não fica trancado o dia inteiro, não esquece de abraçar e dizer um "eu te amo", ele tá sempre lá..

Eu tento, eu juro que tento ser melhor.. Ser um pouco do que meu irmão é, mesmo sendo bem mais novo que eu.. Mas não dá! Minha mãe doente, meu pai resolvendo ligação a trabalho e cuidando de mim e do meu irmão e eu o vagabundo como eles dizem, que não faz nem as obrigações, só chora

É normal eu querer chorar e gritar que tô mal vendo todo mundo feliz?

Morrer seria piedade para mim

Eu até acho que mereço isso pois mais uma vez me sinto "o coitadinho", o que sempre tenta arrumar motivos para se vitimizar

Mas eu tenho que eternamente me lembrar de que ninguém gosta de coitadinhos

Vá se fuder Yeonjun, pois você é mais uma vez a pobre vítima dramática"

Ao ler aquilo eu sinto meu rosto molhado e observo o caderno novamente.. Eu revejo a data em que escrevi isso. Uma semana antes da ida do meu irmão e duas semanas antes da morte do meu pai.. Se eu soubesse a merda que iria fazer.. Sequer teria pensado nisso"

-Yeonjun…? - olho para a porta e vejo Soobin me olhando sério

-Ah oi.. - limpo umas lágrimas que insistiam em escorrer pelo meu rosto

-Você tá bem? - ele se senta ao meu lado

-Eu.. posso te abraçar?

-Claro - antes que eu fizesse isso ele faz - o que você tem?

-Eu só me lembrei de umas coisas.... Podemos ir embora agora? Eu… Te conto depois

-Se é isso que quer

Eu me levanto junto de Soobin e vamos até o lado de fora, Arin parecia meio preocupada e assim que nós vê sorri levemente e me abraça

-Eu já tô bem, só me lembrei de quando morava aqui.. Mas nós vamos ou não procurar essa base ou sei lá..?

-Nós vamos sim - Soobin diz sorrindo e me abraçando de lado

Nós caminhamos por um tempo enquanto conversávamos até Arin ver algo no relógio - provavelmente o endereço - e começar a andar em outra direção

-Vão vir?

-Já estamos indo! - Soobin diz antes de me roubar um selinho e sair andando

[...]

Arin entra em uma casa e vai até o segundo andar a passos rápidos. Depois de vasculhar cada canto da casa eu vou até o lado de fora para pegar um ar - pois não havia me recuperado ainda

Eu vejo um movimento meio estranho na casa ao lado então eu seguro minha arma - ainda presa na cintura - e vou caminhando a lentos passos até a estranha movimentação. A casa aparentemente estava vazia então eu tento vasculhar cada canto mas tudo indicava que não havia nada ali

Eu já estava sem paciência então ao ir me sentar no sofá percebi algo estranho… O assento estava muito solto e frágil, então eu tento o levantar vendo ali logo em seguida um alçapão. Eu rapidamente vou até o lado de fora para chamar o Soobin e a Arin mas vejo que os dois já se adiantaram

-Eh oi..? - digo coçando a nuca - eu só queria tomar um ar

-Pelo menos descobriu algo útil? - Soobin pergunta me olhando sério

-Ah você nem sabe

Nós entramos na casa novamente e eu mostro o alçapão que estava trancado e enquanto os dois ao meu lado procuravam algo para a abrir - sem fazer barulho - eu ficava mais uma vez preso em meus pensamentos

-Achei - diz Arin alto o suficiente para prender minha atenção - Não vai fazer tanto barulho - ela segura uma pequena faca

-Acha que vai dar certo? - Soobin pergunta

-Eu vou cortar em volta da fechadura e ai vai dar para arrombar

Arin corta em volta da fechadura e por fim consegue arrombar o cadeado, que em seguida deu visão a uma escada em um escuro - e aparentemente vazio - cômodo

-Beleza… - eu começo - quem vai primeiro? - os dois continuam em silêncio - então… eu vou? É… Tá bom eu vou...