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História All I Want - Lights out, words gone


Escrita por: haibalevs

Notas do Autor


OI GENTE ~ヾ( ^∇^ ) Como vão?
Acho que o capítulo de hoje ficou maior que o usual porque ele é cheio de feels, por isso demorei um pouquinho pra postar também, mas espero que compense!!~

E quem quiser ouvir a música que ouvi pra escrevê-lo: It's hard to get around the wind - Alex Turner (link nas notas finais)

Boa leitura!

Capítulo 9 - Lights out, words gone


Três semanas depois, Youngjae estava na casa de Jaebum.

Eles não se viam muito além das sextas-feiras a tarde e de breves encontros quando Jinyoung estava por perto, mas aos poucos a aura desconfortável que os envolvia se dissipava, tornando as coisas mais fáceis - ao menos no exterior. Agora eles conseguiam se falar normalmente, mas ainda não tinham muito o que conversar. Talvez temessem o retorno do clima hostil caso se atrevessem a trocar mais do que algumas frases despretensiosas, então não iam muito além do usual.

Youngjae ainda não sabia quase nada a respeito de Jaebum, contudo, estava tentando ligar os pontos ao observar o comportamento do rapaz nas últimas semanas, tanto dentro quanto fora da sala de aula. Sabia que ele tomava remédios um pouco antes das aulas da tarde começarem, que às vezes ele dormia tanto que Jinyoung tinha que levá-lo pra casa, que seus olhos pareciam muito vermelhos e inchados em algumas manhãs e que tinha dias que ele simplesmente não aparecia na universidade.

Mas também reparou que às vezes ele parecia muito em paz, que sorria de orelha a orelha para Jinyoung, que havia se tornado amigo de Mark muito rápido e que podia ser extremamente participativo nas aulas quando queria. No geral, a vida de Jaebum era uma incógnita, com várias coisas acontecendo ao mesmo tempo das quais ele nunca falava a respeito. E que Youngjae não perguntaria.

Eles costumavam conversar sobre assuntos da faculdade. Ocasionalmente Youngjae tinha dúvidas que Jaebum o ajudava a resolver e o inverso também acontecia. Além disso, também havia o projeto para o final do semestre e esse era o motivo pelo qual o mais novo estava no apartamento de seu ex-namorado mais uma vez.

Por sorte ele estava se saindo bem em manter o antigo Youngjae preso em seu subconsciente. O alvoroço que a presença de Jaebum lhe causava havia diminuído desde o ataque de pânico do rapaz e o foco nas questões da faculdade permitia que seus pensamentos se mantivessem ocupados. Tentar entender o mais velho também era uma boa distração, porque quanto mais se focava nos outros, menos tempo tinha para tentar entender a si mesmo.

Youngjae era um bom observador, mas não era um bom protagonista. O que mais o admirava nos livros que lia era que nunca nada se sabia de seu narrador, seus sentimentos ou opiniões eram suprimidos em favor de contar uma história da qual ele não fazia parte.

O moreno queria ser exatamente assim.

A única vez que se atrevera viver sua própria história acabou mal, então era melhor se manter na sua zona de conforto desde o princípio, longe dos holofotes e dos personagens principais. Agora era mais fácil porque, diferentemente do narrador, ele não precisava suprimir seus sentimentos.

Eles simplesmente não existiam mais.

E ainda que Youngjae não se sentisse confortável em ser daquele jeito, ele já havia se acostumado com a apatia. Ao menos ela não o permitia que agisse de maneira egoísta ou irracional, mas, ao mesmo tempo, só podia lhe oferecer o vazio. Youngjae abraçara esse vazio como sua maior companhia, porque sabia que jamais conseguiria se sentir completo novamente.

Mas não culpava mais Jaebum por isso uma vez que sua perspectiva sobre ele estava mudando. Talvez Youngjae pudesse ser o narrador da história real do rapaz agora que ela estava vindo à tona. Ele próprio se tornara completamente diferente do Youngjae que fez parte dela, então não tinha mais a preocupação de que as coisas se tornassem pessoais demais. Talvez contar a história de Jaebum fosse importante o bastante para que a história de Choi Youngjae nunca mais precisasse ser lembrada.

Era o que ele esperava que acontecesse.

Youngjae estava encarando o teto quando o mais velho voltou para a sala com dois copos de suco e entregou um para ele, sentando-se ao seu lado no sofá logo em seguida. Era final da tarde de sexta-feira e eles estavam cansados da aula, mas precisavam adiantar algumas coisas que tinham preparado ao longo da semana para o projeto, então decidiram ir para casa juntos.

A casa continuava a mesma, mas o tigre de vidro que vira da última vez estava quebrado e os cacos de vidro espalhados pelo chão. Youngjae concluiu que os machucados nas mãos de Jaebum tinham algo a ver com aquilo, mas decidiu beber o suco em seu copo antes de questionar o mais velho à respeito do que acontecera. Ele também não parecia querer falar, a ver como prestava atenção em Nora como se só os dois estivessem no recinto.

 

- O vidro vai machucar as patinhas dela se você não tirar os cacos dali, hyung. - Youngjae virou o rosto para encarar o perfil de Jaebum, que fixou seu olhar nas próprias mãos atentamente, como se estivesse relembrando algo. - Eu gostava daquele tigre.

- Nora já aprendeu a ficar longe da minha bagunça. - O moreno sorriu fracamente. O cansaço em sua voz se evidenciava cada vez mais. Ele não tinha se manifestado muito naquele dia e, embora costumasse ser uma pessoa quieta, estava ainda mais silencioso que o usual. - Eu não gostava muito dele, na verdade não gosto da mobília desse lugar.

- Então por que você não muda? - Youngjae sugeriu. - É o seu lugar, afinal de contas, mas não tem muito a sua cara, talvez por isso não pareça tão aconchegante.

- E o que você acha que é a minha cara? - Jaebum ergueu o olhar e se voltou para Youngjae.

- Os livros. Vi que você ainda guarda o que eu te dei e todos os que você gosta. Você deveria colocá-los em prateleiras ao invés de deixá-los jogados por aí. E mudar a cor das paredes, branco é uma cor deprimente pra se encarar, cheguei a essa conclusão enquanto estava te esperando.

- Você continua observador como sempre. - O mais velho riu de maneira inaudível ao notar como Youngjae parecia realmente incomodado com a cor das paredes, encarando-as como se fossem a imagem mais desagradável do mundo.

 

De fato, ele odiava a cor branca, odiava como o representava o vazio, como ele conseguia se identificar com o sentimento de que faltava algo que a cor lhe proporcionava. Há quem diga que a cor branca representa a presença de luz, mas, para Youngjae, de nada adiantava a luz se não havia nada para ser mostrado por ela, nenhuma vibratilidade para tornar o branco vívido. Era uma cor que parecia demasiadamente oca. Mesmo o preto parecia esconder algo, mas o branco mostrava tudo o que se tinha para ver.

Mostrava que não havia nada.

 

- Não importa o quanto eu tente, não consigo deixar de ser um observador. - Youngjae respondeu, colocando um dos braços no apoio do sofá e recostando sua cabeça no encosto. - Mas também não sou bom em observar… Eu sempre enxergo todos os detalhes, mas nunca consigo montar o quadro todo. - Fez uma breve pausa. - Aqui, por exemplo, eu vejo o tigre em pedaços e suas mãos machucadas, hyung. Eu consigo entender a relação, mas não consigo entender o motivo.

- O quadro todo é algo que ninguém consegue montar, porque ninguém sabe todos os detalhes. Talvez você construa algo com a sua perspectiva, mas sempre terá alguém que juntará as peças de uma forma diferente. - Jaebum retrucou, a princípio receoso de continuar falando, mas terminou por fazê-lo. - Eu estou numa busca desesperada por algo que eu não sei o que é, mas o tigre estava tentando me impedir. - E então sorriu, deixando a seriedade de lado. - Obviamente eu estava alucinando na hora, mas quando parei pra pensar depois… Até que fez sentido.

- Uma busca desesperada por algo que você não sabe o que é? - Youngjae riu brevemente. Jaebum continuava com seu abstracionismo de sempre, fazendo-o quebrar a cabeça tentando decifrar o que queria dizer. - Talvez eu esteja buscando por algo parecido, hyung.

- Então vamos procurar juntos. Vamos começar com as prateleiras.

- Acho que agora deveríamos começar com o projeto, hyung. - O mais novo retrucou de maneira bem-humorada e o outro rapaz concordou.

 

De fato, já tinham divagado o bastante, mas sempre que tinham essas conversas impessoalmente pessoais, parecia que a distância entre os dois estava diminuindo. Nenhum deles sabia o que estava acontecendo na cabeça de cada um e as informações que deixavam escapar definitivamente não ajudavam clarear nada, mas estava bom daquele jeito, sem dar muitos detalhes, sem mostrarem as pessoas que haviam se tornado e que tanto desgostavam. Apenas desabafos breves que logo eram desviados para assuntos corriqueiros.

A partir do momento que passaram a se focar no projeto, não demorou muito para que começassem a progredir e as horas passassem rapidamente. Iriam fazer algo relacionado com música, obviamente a pedido de Youngjae, e interligariam o assunto com ondas sonoras e vibrações. O tema do trabalho era física aplicada ao cotidiano e como a matéria afetava a vida das pessoas, então o mais novo queria colocar um toque pessoal para que todos da turma se lembrassem da apresentação da dupla. Ainda que robótica e mecânica fossem temas mais interessantes e densos, nada melhor que uma simples canção para tornar as coisas memoráveis, mas ainda parecia faltar algo.

Youngjae estava esparramado no sofá enquanto Jaebum anotava algumas ideias para analisarem e desenvolverem mais tarde, contudo, foram interrompidos quando o celular de Youngjae tocou. O visor indicava que eram sete da noite e que a ligação era de Yugyeom, então ele atendeu imediatamente, temendo que pudesse ser uma emergência.

Pôde perceber, de relance, quando Jaebum torceu o nariz ao ouvi-lo dizer “Gyeomie!”.

 

(...)

 

A porta do apartamento de Jaebum se abriu mais ou menos uma hora depois. Yugyeom estava com os olhos vermelhos e o corpo mole pendendo de um lado para o outro como se não tivesse muito controle sobre os próprios movimentos; suas roupas tinham um cheiro forte de álcool e maconha, o sorriso nos lábios e o olhar embaçado deixavam evidente que ele parte dele ainda estava num universo muito distante dali, mas havia certa aflição em sua expressão que preocupou Youngjae. Era um resquício de sobriedade dando brecha para uma imensidão de culpa por trás daqueles olhos.

O moreno imediatamente o puxou seu dongsaeng pelo braço e o fez se sentar no sofá. Jaebum encarava o rapaz de cabelos vermelhos com uma expressão fechada, sobrancelhas unidas e braços cruzados. Queria se afastar, mas não deixaria os dois sozinhos nem por um instante. Havia sido difícil convencê-lo a deixar Yugyeom entrar em sua casa e, mesmo que tivesse concordado, não permitiria que ficasse sem supervisão.

 

- Kim Yugyeom, o que foi que você fez? - Youngjae também cruzou os braços, questionando-o como uma mãe que havia acabado de descobrir algo errado sobre seu filho. Balançava a cabeça negativamente ao reparar o estado deplorável de seu amigo.

- Eu encontrei um conhecido meu e… E… - Yugyeom estava falando de maneira enrolada e gesticulava para tentar se explicar, mas só conseguia complicar mais as coisas. - Quando eu vi nós estávamos lá, sabe… Eu pensei que não faria mal depois de tanto tempo, mas então eu tenho um encontro com o Bambam daqui a pouco e terminei passando dos limites. - Youngjae podia jurar que os olhos de Yugyeom estavam reluzindo porque estavam marejados, mas preferiu acreditar que estava imaginando coisas. - Ele vai me odiar, não vai? Eu mandei uma mensagem pra ele falando várias coisas constrangedoras e tenho certeza de que ele não vai gostar…

- Quem é Bambam? - Jaebum perguntou, dando um passo para frente e ficando ao lado de Youngjae.

- É simplesmente o amor da vida do Gyeomie. - O mais novo respondeu enquanto Yugyeom envolveu as mãos em sua cintura e ficou lhe abraçando de maneira desajeitada, quase lhe fazendo cair no sofá em cima dele. - Calma, calma, vai ficar tudo bem. Você é tão dramático quando está chapado. - Youngjae acariciou os cabelos do amigo inconsolável, deixando escapar uma risada. - Já está passando? - Perguntou, de maneira terna, levando uma das mãos até o queixo do rapaz para fazê-lo lhe encarar.

- Não sei, mas não importa. Nunca vai dar certo, Youngjae-ah. - Yugyeom respondeu, trazendo o corpo de Youngjae para mais perto de si e afundando seu rosto no abdômen do rapaz, que imediatamente deu um tapa em sua cabeça.

- Se recomponha, Yugyeom-ah! - Youngjae bradou, se afastando do amigo com certo esforço para desvencilhar-se de seu abraço. - Primeiro de tudo, não venha me dizer que nunca vai dar certo porque você nem tentou pra saber. Segundo, eu falei que ficar mentindo não ia adiantar nada. Não quero saber como você vai explicar pro Bambam a merda que você fez, mas se você não for, eu vou. Me dá seu celular, vou convidá-lo pra vir aqui também, enquanto isso vai tomar um banho e mudar essas roupas, ok? Hyung, por favor o ajude.

 

Yugyeom entregou o aparelho de telefone para Youngjae, que pediu licença e foi até a cozinha fazer a ligação pretendida. Jaebum não teve nem tempo de contestar o fato dele estar trazendo vários estranhos para sua casa, nem ser deixado sozinho com um rapaz que sequer conhecia e que aparentemente teria de usar o banheiro de sua casa para se lavar.

Os dois ficaram se encarando por alguns instantes, um clima claramente hostil pairava no ambiente, mas Jaebum estava mais aliviado agora que descobrira que Yugyeom gostava de uma pessoa que não era Youngjae. Contudo, o rapaz de cabelos vermelhos não parecia disposto a ser amigável com ele, mesmo que estivesse alterado no dado momento. Sua expressão imediatamente enrijeceu quando ficaram sozinhos.

 

- Você ainda gosta do Youngjae-ah, não gosta?

 

Jaebum suspirou, assentindo em seguida. Ele ainda não se sentia no direito de falar aquilo em voz alta, mas também não adiantaria tentar negar.

 

- Eu não sou ninguém pra falar do seu relacionamento, garoto, mas se está mentindo pra ele, é melhor parar. - O mais velho alertou. Sabia que a situação de Yugyeom provavelmente era um pouco mais fácil do que a sua, mas isso não o impediria de dar o conselho que ele mesmo se recusou a seguir na época em que estava com Youngjae. - Você não quer ser um covarde como eu, quer? Tenha coragem pra mostrar quem você é de verdade, caso o contrário não vai poder lutar por ele quando perdê-lo.

 

Youngjae voltou para a sala a tempo de ouvir aquelas palavras, mas terminou retornando para a cozinha num pulo para que não percebessem que ele já havia terminado a ligação. Era feio bisbilhotar, mas seria a única vez.

 

- Então você está me dizendo que desistiu do Youngjae? - Yugyeom perguntou. Ao mesmo tempo que o tom de voz de seu amigo parecia contente, também estava intrigado. O próprio Youngjae não sabia como digerir o que estava acontecendo ali. - Vai deixá-lo escapar sem tentar se redimir pelo que você fez?

- Você diz que estou deixando ele escapar, eu digo que é minha maneira de demonstrar que meu sentimento continua mais forte do que nunca. - Jaebum respondeu, deixando escapar um longo suspiro em seguida. - Mas tenho que me resignar a isso porque quando tive a oportunidade, fui estúpido. Então não seja.

- Não se preocupe, eu jamais faria o que você fez. - Yugyeom debochou, levantando-se do sofá e desamarrotando suas roupas, apenas para voltar a encarar Jaebum em seguida. - Mas ainda sim, não consigo entender por que você se coloca numa posição tão inerte as circunstâncias. Da primeira vez que te vi, você olhava pro Youngjae como se ele fosse seu, mesmo agora você continua a encará-lo como se ele fosse seu, dando todos os indícios de que você quer que seja, mas na hora de demonstrar, é como se não sentisse nada do que seus olhos dizem. O que você quer? De verdade?

- Talvez quando eu descobrir, eu possa te explicar. Assim como vou explicar para ele. - Jaebum estava calmo até demais para alguém que estava sendo tratado daquela maneira por uma pessoa mais nova que ele.

 

Havia algo no jeito que ele estava se portando que intrigava Youngjae, era tão solitário e digno de pena que o mais novo simplesmente não conseguia entender. Era tão evidente que mesmo Yugyeom desfez sua postura defensiva, porque havia algo em Jaebum que nenhum dos dois conseguia dizer o que era, mas que era tão doloroso que conseguiam sentir também.

 

- Mas agora vá tomar se arrumar, vou te emprestar algumas roupas limpas e uma toalha.

 

Yugyeom deixou o recinto sem tentar rebater, Youngjae continuava consternado com o que acabara de ouvir e Jaebum, ao seguir até o seu quarto pegar as peças que emprestaria para o rapaz de cabelos vermelhos, lembrou-se de algo que havia escrito exatamente três anos atrás e que estava guardado até hoje na cabeceira de sua cama.

Abriu a gaveta de madeira, revirando-a até encontrar o papel amarelado e desgastado de tanto ser dobrar e apagar as letras repetidamente. Ainda não tinha conseguido terminar o que pretendia colocar ali, mas a primeira linha era visível em letras garrafais.


“EU QUERIA QUE NOSSO AMOR FOSSE”


Notas Finais


https://www.youtube.com/watch?v=LfeZFNEy3nc

O que acharam? Me digam nos comentários~ ♥
O spoiler do próximo capítulo, que nem é tão spoiler assim, é que o Bambam finalmente vai aparecer... Me pergunto se o Yugyeom vai falar a verdade ou nah? -v-

Me avisem se acharem algum erro!
Beijosss até a próxima


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