21 –Shiver
Mas de agora em diante
Do momento que eu acordo
Ao momento em que eu durmo
Estarei lá ao seu lado
Não ouse tentar me parar
Harry POV
Eu me sentia completamente perdido.
Ainda naquela manha eu havia simplesmente ido resolver um caso, e agora, três horas depois eu tinha um Draco Malfoy estático me encarando com um desenho infantil dos dedos, e sabia que a nossa comunicação por olhares queria dizer que ele estava pensando na mesma coisa que eu.
–Vamos....
–Conversar. Agora – Concordou antes que eu terminasse, e sorriu para o garotinho – Nós adoramos seu desenho, querido. Eu vou arranjar um bonito lugar para colocar ele, certo? Eu vou conversar com o Harry ali fora só um instante.
O menino de bonitos olhos verdes acenou positivamente com a cabeça, sorrindo, e então pudemos sair novamente da minha sala.
–Draco, a gente tem certeza sobre isso? – Questionei, vendo o loiro abrir a boca e fechar várias vezes sem saber o que dizer, e suspirar.
–Eu não faço a menor ideia. Eu só – Gesticulou de forma perdida, e eu sorri ao compreender ele. Sabia exatamente o que ele estava pensando.
–Você também sente, não é?
Ele sorriu fracamente, sem me olhar, parecendo realmente desconcertado.
–Como se tivéssemos encontrado algo – Murmurou e eu sorri, porque era exatamente o que eu estava sentindo desde que tinha colocado os olhos nele.
–Então... Nós vamos mesmo fazer isso?
–Bom, não temos escolha, não é?
–E como... Exatamente fazemos isso?
–Eu vou levar ele para a Narcisus. Ele vai ter que ficar em algum lar enquanto o processo corre. Eu vou contatar meu advogado. Existe alguém que eu consiga subornar para acelerar o andamento das investigações?
–Bom, existe. Eu, no caso. Eu sou o chefe dessa investigação – Sorri para ele, que revirou os olhos.
–Bom, faça o que for preciso e depois discutimos seu preço – Brincou me fazendo rir, mesmo que ainda me sentindo aéreo e nervoso com a decisão que havíamos tomado de forma tão impensada – Eu vou até o setor de guarda, ver o que posso adiantar por lá. Assim que estiver livre, nós temos que ir para casa.
–Para casa? Com tanto a resolver?
–Harry, nós temos que falar com Scorpius. É o tipo de decisão que ele precisa participar. E você sabe perfeitamente que Scorpius adora ser filho único e receber todos os mimos.
Quase gemi ao pensar no meu bonito garotinho platinado, que muito provavelmente iria ter um ataque. E eu sabia que o meu outro loiro platinado iria jogar toda a culpa para eu lidar, porque Draco se escondia atrás de um discurso decorado que eu e Scorpius tínhamos uma relação muito estreita, e me usava para ter todas as conversas difíceis.
Um cretino.
Lindo.
Mas muito cretino.
–Talvez ele precise ficar algum tempo na Narcissus, mas acredito que talvez em três dias vamos conseguir pelo menos a guarda provisória.
–Você vai sair subornando quem encontrar pela frente, não é?
Draco revirou os olhos, mas riu ao dar de ombros.
–Precisamos comprar coisas para ele. Mobiliar um quarto. Pensar em escola, em educação... Tudo de novo. Preciso pedir para Tink providenciar mais uma roupa para o casamento – Draco franziu o cenho, e eu sorri.
–Draco, preocupe–se agora apenas em dar um jeito de levarmos ele para casa. O restante nos vamos pensar depois.
Ele fez um gesto charmoso de desdém, e eu sorri.
–Eu vou ir tentar ver o que posso fazer. Vou pedir para alguém vir buscar ele e levar na Narcissus.
–Eu mesmo posso deixar ele lá – Sugeri, sabendo que o menino iria estranhar demais ser levado por ume estranho ao lugar desconhecido.
–Pode ser então. Eu te encontro lá e vamos em casa falar com Scorpius – Decretou fazendo uma expressão decidida ao sair dali, e eu sorri e neguei com a cabeça ao ver que ele nem havia se despedido.
Era engraçado de ver que até mesmo Draco, super sensato, organizado e certinho às vezes ficava um tanto perdido quando tinha muito que fazer e pensar.
Prestes a inaugurar seu hospital, casar e agora a adotar uma criança, ele parecia cada vez mais humano ao tentar fazer tudo ao mesmo tempo.
~~~~~~
–Pai, você está me assustando – Scorpius falou, com sua expressão se franzindo, e eu respirei fundo – Aconteceu algo?
–Pode se acalmar, Scorp. Não aconteceu nada. Eu só... Não sei como falar com você sobre isso – Admiti, esperando para ver se Draco iria tentar dizer nada, mas ele continuava extremamente calado.
–Bom, duvido que seja mais estranho do que aquela conversa – Arqueou o cenho, e eu ri incerto.
–Eu vou tentar te explicar desde o principio. Eu... Fui atender um caso hoje mais cedo. Em uma casa, onde houve um forte estrondo de magia. Havia acontecido uma explosão. E o único sobrevivente havia sido um menino. Uma criança, na realidade. Ele diz que não tem nome, e não sabe dizer quantos anos tem. Não encontramos registro mágico ou trouxa, então ele realmente não tem qualquer identidade. Ele é mestiço. A mãe parece ter morrido tão logo ele nasceu, e o pai, trouxa, sabia da magia dela e queria de alguma forma... Descobrir a fonte.
–Como assim?
–Ele queria de alguma forma retirar a magia da criança e transferir para ele – Draco tomou a palavra, parecendo mais calmo do que eu – Acreditava que conseguiria construir magia, se estudasse o filho. Esse menino em sofrendo algumas torturas desde sempre, nos experimentos desse insano, que já tentou de tudo para remover a magia da criança.
–Isso é horrível – Scorpius falou, estremecendo por um calafrio, e eu sorri quando ele automaticamente se aproximou de nós, como se buscasse aconchego.
Cerquei a cintura do garotinho, beijando os cabelos claros.
Eu me sentia estranhamente temeroso. Mesmo sendo o adulto ali, eu estava morrendo de medo da reação de Scorpius.
–Em uma experiência, enfiando agulhas nos braços da criança, talvez devido à dor, o menino explodiu a casa, e nisso o pai dele morreu. Ele está sozinho, não conseguimos localizar nenhum parente trouxa ou mágico. Quando cheguei lá e o tirei os escombros, ele parecia muito assustado. Não queria conversar, apenas pedia para sair dali. Eu o levei para o esquadrão, e tentamos conversar e conseguir mais informações. Vamos tentar usar oclumencia para descobrir algumas coisas através da mente dele. Mas... Enfim, o menino vai para um abrigo.
–Você vai levar ele para a Narcissus, papai? – Se virou para Draco, que assentiu mecanicamente.
–Ele já está lá. É um garoto muito amoroso e gentil.
–Você iria gostar dele – Tentei, e Scorp ergueu os olhos para mim, confuso.
–Onde estão tentando chegar com essa conversa? Você nunca conta sobre seu trabalho porque não quer que eu fique impressionado e assustado – Pontuou ajeitando os óculos no rosto e eu me senti um pouco menos estranho quando Draco esticou o braço, entrelaçando os dedos aos meus e tomou fôlego.
–Estamos te contando isso, Scorp, porque nós realmente...
–Scorpius – Interrompi, segurando o rosto dele entre as mãos para que me olhasse – Nós não estávamos procurando, não estamos se quer pensando sobre isso. Nossa família é incrível dessa forma, e...
Ele se desvencilhou do meu toque, com o olhar brilhando em compreensão e olhou para mim e para Draco, franzindo o cenho.
–Vocês vão...? – Questionou, arregalando os olhos, tampando a boca com as mãos, parecendo extremamente chocado – De verdade?
–Não foi premeditado. O menino é realmente adorável, e pensamos que...
–Uau – Falou por fim, ainda parecendo muito surpreso – Hã... Certo. Caramba. Então... Eu meio que... Vou ter um irmão? – Questionou, e eu ainda não conseguia decifrar se ele tinha aceitado como uma boa ou má notícia.
–Queremos conversar com você primeiro. Mas... Nós já estamos tentando mexer em algumas coisas para conseguirmos trazer ele.
–Bom... Vai ser estranho no começo. Mas... É uma atitude legal. Sabe. A de vocês. Eu nunca pensei sobre ter um irmão – Franziu o cenho, ainda com ar de confusão – É coisa demais para digerir. Posso ficar sozinho?
–Claro – Concordamos, saindo dali um tanto perdidos, e tão logo fechamos a porta, Draco me olhou apreensivo.
–Não parece ter sido ruim.
–Mas também não parece ter sido bom.
–Scorpius é bem transparente. Ele vai nos dizer o que pensa – Ponderou – Mas vamos ficar de olhos nele. Em algum indicio.
–Parem de cochichar na minha porta. Eu estou bem – Scorpius bradou, rindo ao nos assustar – Eu vou ficar ok. Só estou um pouco confuso. Eu posso sair com o Teddy? Acho que ter ele falando sem parar pode me ajudar a limpar a mente. A gente também tinha combinado de ir ao parque ecológico hoje.
–Hã... Claro. Nós iríamos sair de qualquer forma agora. Podem sair. Só não chegue tarde.
– Sim. Obrigada papai – Concordou seguindo para a porta de Teddy, entrando e se fechando ali, me fazendo suspirar.
–Só assim para você concordar tão facilmente com ele sair com o Teddy – Draco riu, e eu dei de ombros.
– Nessa altura da confusão, qualquer coisa que fizer Scorpius feliz por mim parece ótimo.
– Ele tem sorte de ter um pai tão sentimental como você – Resmungou e eu ri, porque Draco estava errado.
Porque o sortudo sou eu.
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