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História All of me - Indiferença


Escrita por: Trysh

Notas do Autor


"A saudade vem. Quando vê não tem volta. Mesmo quando eu quis morrer. De ciúme de você. Você me fez falta."
- A força do amor - Roupa Nova

Capítulo 12 - Indiferença


Quatro semanas depois tudo estava ocorrendo bem,  comecei a namorar o Hans novamente e tudo estava acontecendo do jeito que previ depois do meu um mês. Eu tinha passado a maior parte da noite tentando formular um plano para  eu e Jack voltarmos ao ponto em que estávamos antes. Se eu tratasse nossa transa da forma como ele geralmente lidava com sexo, eu teria uma chance maior o plano trazia o risco de perdê-lo completamente, mas eu tinha esperança de que seu imenso ego de macho o forçasse a entrar no jogo. 

"Oi" — falei. 

Ele fez uma careta. 

"Oi. Achei que ia te encontrar no almoço." 

"Tive que entrar e sair correndo. Tenho que estudar" —dei de ombros, fazendo minha melhor imitação de casualidade. 

"Precisa de ajuda?" 

"É cálculo. Acho que com isso eu consigo lidar." 

"Posso ficar perto só pelo apoio moral" — ele sorriu, enfiando a mão no bolso. 

Os músculos firmes de seu braço tencionaram com o movimento, e a lembrança deles flexionados enquanto ele me penetrava me veio à mente em vividos detalhes. 

"Hum... o quê?" — perguntei, desorientada com o súbito pensamento erótico que tinha passado como um lampejo por minha mente. 

"A gente vai fingir que aquela noite nunca aconteceu?" 

"Não, por quê? "— fingi que estava confusa e ele suspirou, frustrado com meu comportamento. 

"Não sei... Porque tirei sua virgindade?" — ele se inclinou na minha direção, dizendo essas palavras num sussurro. 

Revirei os olhos. 

"Tenho certeza que não foi a primeira vez que você deflorou uma virgem, Jack." 

Tal como eu temia, meu comportamento casual o deixou com raiva. 

"Pra falar a verdade, foi sim." 

"Ah, vamos lá... Eu disse que não queria nada esquisito entre a gente." 

"Bom, se eu aprendi alguma coisa nos últimos dias, é que nem sempre a gente consegue o que quer." 

"Oi, Els" — disse Hans, me beijando no rosto. 

Jack olhou para ele com uma expressão assassina. 

"Te pego por volta das seis?" — Hans perguntou. 

Assenti. 

"As seis." 

"Então a gente se vê mais tarde" — disse ele, seguindo para a aula. 

Fiquei olhando enquanto ele se afastava, com medo de lidar com as consequências dos últimos dez segundos. 

"Você vai sair com ele hoje à noite?" — Jack perguntou, fervendo de raiva. Seu maxilar estava cerrado, e eu podia notar que ele o mexia. 

"Eu te contei que ele ia me chamar para sair depois que eu voltasse para o apartamento. Ele me ligou ontem." 

"As coisas mudaram um pouco desde aquela conversa, você não acha?" 

"Por quê?" 

Ele saiu andando, e engoli em seco, tentando conter as lágrimas. Jack parou e voltou, inclinando-se perto do meu rosto. 

"Foi por isso que você disse que eu não ia sentir a sua falta depois de hoje! Você sabia que eu ia descobrir sobre o Hans, e achou que eu ia simplesmente... o quê? Te esquecer? Você não confia em mim, ou eu só não sou bom o bastante? Me fala, droga! Me fala que porra eu te fiz pra você fazer isso comigo!" 

Eu me mantive firme, encarando-o direto nos olhos. 

"Você não me fez nada. Desde quando sexo é uma questão de vida ou morte para você?" 

"Desde que foi com você!" 

Olhei de relance à nossa volta, percebendo que estávamos fazendo uma ceninha. As pessoas passavam devagar, nos encarando e sussurrando. Senti as orelhas arderem, e o ardor se espalhou pelo meu rosto, fazendo com que meus olhos lacrimejassem. 

Ele fechou os olhos, tentando se recompor antes de falar de novo. 

"É assim? Você acha que não significou nada pra mim?" 

"Você é Jack Frost." 

Ele balançou a cabeça, revoltado. 

"Se eu não te conhecesse, acharia que você está esfregando meu passado na minha cara." 

"Não acho que quatro semanas constituem o passado." 

Ele contorceu o rosto e dei risada. 

"Estou brincando! Jack, está tudo bem. Eu estou bem, você está bem. Não precisamos criar um caso em cima disso." 

Toda a emoção desapareceu de seu rosto, e ele inspirou fundo pelo nariz. 

"Eu sei o que você está tentando fazer." — Seus olhos perderam o foco por um instante, e ele ficou absorto em pensamentos. — "Eu vou ter que te provar então." — Seus olhos se estreitaram enquanto ele olhava nos meus, com a mesma determinação que exibia antes de um jogo. — "Se você acha que vou voltar a trepar com qualquer uma por aí, está enganada. Eu não quero mais ninguém. Quer ser minha amiga? Ok seremos amigos. Mas eu e você sabemos que o que aconteceu não foi apenas sexo." 

Ele passou por mim como um raio e fechei os olhos, exalando o ar que vinha prendendo. Jack olhou de relance para trás e seguiu para a próxima aula. Uma lágrima escapou e rolou pela minha bochecha, e rapidamente a limpei. Os olhares fixos e curiosos dos outros alunos se cravaram nas minhas costas enquanto eu caminhava, sentindo um grande peso, até a aula. 

Hans estava na segunda fileira, e me sentei sorrateiramente na carteira ao lado. 

Um largo sorriso se estampou em seu rosto. 

"Não vejo a hora de chegar hoje à noite." 

Inspirei e sorri, tentando afastar o clima pesado da conversa que acabara de ter com Jack. 

"Quais são os planos" 

"Bom, eu já me instalei no meu apartamento. Pensei em jantarmos lá." 

"Estou ansiosa por hoje à noite também" — falei, tentando me convencer disso. 

Com a recusa de Astrid em ajudar, Punzie e Merida foram minhas relutantes assistentes na escolha do vestido para o meu encontro com Hans. Mas, assim que o vesti, eu o arranquei pela cabeça e enfiei uma calça jeans. Depois de ficar remoendo meu plano falho a tarde inteira, não consegui me convencer a me arrumar toda. Tendo em mente que o tempo estava fresquinho, coloquei um moletom e fiquei esperando n o estacionamento. Quando o Porsche reluzente de Hans parou na frente do apartamento, saí rapidamente pela porta, antes que ele tivesse tempo de vir até mim. 

"Eu estava indo buscar você" — disse ele, decepcionado, enquanto segurava a porta do carro. 

"Então eu fiz você economizar tempo" — falei, me sentando e colocando o cinto de segurança. 

Ele entrou no carro e se inclinou na minha direção, tocando meu rosto e me beijando com os lábios macios e aveludados. 

"Uau "— ele exclamou, soltando o ar. — "Senti saudade da sua boca." 

O hálito de Hans cheirava a menta, sua colônia tinha um aroma incrível, suas mãos eram quentes e macias, e ele estava fantástico de calça jeans e camisa social verde, mas eu não conseguia me desvencilhar da sensação de que faltava algo. Aquele entusiasmo que eu sentia com ele no começo estava ausente, e, em silêncio, amaldiçoei Jack por ter tirado isso de mim. 

Eu me forcei a sorrir. 

"Vou levar isso como um elogio." 

O apartamento dele era exatamente como eu tinha imaginado: impecável, com aparelhos eletrônicos caros em cada canto, e muito provavelmente decorado por sua mãe. 

"E então, o que achou?" — ele me perguntou abrindo um largo sorriso, como uma criança exibindo um brinquedo novo. 

"É o máximo" — assenti. 

A expressão dele passou de divertida a sedutora e ele me puxou para os seus braços, beijando meu pescoço. A tensão tomou conta de todos os músculos do meu corpo. Eu queria estar em qualquer lugar, menos naquele apartamento. 

Meu celular tocou, e apresentei-lhe um sorriso de desculpas antes de atender. 

"Como está indo o encontro?" 

Virei as costas para Hans e sussurrei ao telefone. 

"Que foi, Jack?" — tentei colocar rispidez na voz, mas ela se suavizou com o alívio ao ouvir a dele. 

"Quero ir jogar boliche amanhã. Preciso da minha parceira." 

"Boliche? Você não podia ter me ligado mais tarde?" 

Eu me senti uma hipócrita ao dizer essas palavras, pois estava esperando aparecer uma desculpa qualquer para manter os lábios de Hans longe de mim. 

"Como eu vou saber quando vocês vão ter terminado? Ai. Isso não soou bem..." — ele disse, parecendo se divertir. 

"Ligo pra você amanhã para falarmos sobre isso, ok?" 

"Não, não está nada ok. Você disse que quer ser minha amiga, mas nós não podemos sair juntos?"  

 Revirei os olhos e Jack bufou. — "Não revire os olhos. Você vai ou não vai?" 

"Como você sabe que revirei os olhos? Está me perseguindo?" — perguntei, notando que as cortinas estavam abertas. 

"Você sempre revira os olhos. Sim? Não? Você está desperdiçando um tempo precioso do seu encontro." 

Ele me conhecia muito bem. Lutei contra a necessidade premente de pedir que ele fosse me buscar naquela hora. Não consegui evitar e acabei sorrindo com esse pensamento. 

"Sim!" — falei em uma voz abafada, tentando não rir. —" Eu vou." 

"Te pego às sete." 

Eu me virei para Hans com um sorriso tão largo quanto o do gato de Alice. 

"Era o Jack? — ele me perguntou, com uma expressão sagaz. 

"Sim" — respondi franzindo a testa, pega no flagra. 

"Vocês ainda são apenas amigos?" 

"Ainda apenas amigos" 

Nós nos sentamos à mesa e comemos comida chinesa, que ele havia pedido para viagem. Fiquei mais receptiva a ele depois de um tempinho, e ele me fez lembrar de como era charmoso. Eu me senti mais leve, quase risonha, uma marcante mudança de momentos antes. Por mais que eu tentasse tirar o pensamento da cabeça, não podia negar que eram os planos com Jack que haviam iluminado meu humor. 

Depois do jantar, nos sentamos no sofá para assistir a um filme, mas, antes de terminarem os créditos do início, Hans já estava em cima de mim, e eu, deitada de costas. Fiquei feliz por ter escolhido usar calça jeans; não teria conseguido me esquivar com tanta facilidade se estivesse de vestido. Seus lábios viajaram até minha clavícula e sua mão parou no meu cinto. Desajeitado, ele tentou abri-lo, e, assim que conseguiu, eu me levantei do sofá. 

"Tudo bem! Acho que tudo que você vai conseguir hoje é uma rebatida simples, como se diz no beisebol" — falei, fechando o cinto. 

"O quê?' 

"Primeira base, segunda base? Não importa. Está tarde e é melhor eu ir embora." 

Ele se sentou e segurou minhas pernas. 

"Não vá embora, Els. Não quero que você ache que foi por isso que eu te trouxe até aqui." 

"E não foi?" 

" É claro que não" — ele me disse, me puxando para o seu colo. — "Só consegui pensar em você nas últimas duas semanas. Peço desculpas por ser impaciente." 

Ele me beijou no rosto e me inclinei em sua direção, sorrindo quando seu hálito fez cócegas no meu pescoço. Eu me virei e pressionei os lábios contra os dele, tentando ao máximo sentir algo, mas nada aconteceu. Eu me afastei e suspirei. 

Hans franziu a testa. 

"Eu disse que sentia muito." 

'Eu disse que estava tarde." 

----x---- 

Quando entrei n o apartamento Astrid estava saindo do banheiro, e os olhos dela se iluminaram a me ver. 

'Oi, linda! Como foi?" 

"Já era" — falei, desanimada. 

"Oh-oh". 

"Não conta pro Jack, tá?" 

Ela bufou. 

"Não vou contar. O que houve?" 

"O Hans me convidou para ir com ele à festa de casais." 

Astrid apertou a toalha em volta do corpo. 

"Você não vai deixar o Jack na mão, vai?" 

"Não, e o Hans não está feliz com isso." 

"É compreensível" — ela disse, assentindo. — "E mau pra caramba." 

Astrid puxou as mechas dos longos cabelos molhados sobre um dos ombros e gotas de água escorreram sobre sua pele desnuda. Ela era uma contradição ambulante. 

Eu me apoiei na parede. 

"Você vai ficar brava se eu não for à festa?" 

"Não, eu vou ficar incrivelmente puta da vida. Isso seria motivo para a maior briga de todos os tempos, Elsa." 

"Então acho que não tenho opção"  

Meu celular tocou 

"Alô?" 

"Você já está em casa?" 

"Estou, ele me deixou aqui faz uns cinco minutos." 

"Em mais cinco estou aí." 

"Espera! Jack?" — eu disse, depois que ele desligou. 

Astrid deu risada. 

"Você acabou de ter um encontro decepcionante com o Hans e sorriu quando o Jack ligou. Você é mesmo tão idiota?" 

"Eu não sorri" — protestei. — "Ele está vindo pra cá. Você pode encontrar com ele lá fora e dizer que já fui dormir?" 

"Você sorriu sim, e não, você mesma vai falar isso pra ele." 

"Isso, Astrid, eu ir lá fora dizer pra ele que estou na cama dormindo vai mesmo dar certo." 

Ela virou as costas para mim, caminhando até o quarto. Joguei as mãos para o alto e as deixei cair ao lado do corpo. 

"Astrid! Por favor!" 

"Divirta-se, Elsa" — ela sorriu, sumindo dentro do quarto. 

Desci as escadas e vi Jack no R8. Ele estava vestindo uma camisa branca com uma jaqueta de couro. 

"Você está bonita. Se divertiu?" 

"Hum... sim, obrigada" — falei distraída. — "O que você está fazendo aqui?" 

"Eu ia dar uma volta para clarear as ideias. Quero que você venha comigo." 

"A gente vai jogar boliche amanhã. Você não pode esperar até lá?" 

"Passei de ficar com você todos os segundos do dia a te ver durante dez minutos, se tiver sorte." 

Sorri e balancei a cabeça. 

"Só se passaram dois dias, Jack." 

"Estou com saudades. Entra aí e vamos." 

Eu não tinha como discutir. Tinha saudades dele também. Mais do que eu jamais admitiria. 

A cidade passava por nós como um borrão, e eu não me importava com a velocidade com que ele estava dirigindo o carro; eu não estava nem prestando atenção para onde estávamos indo. A única coisa em que eu conseguia pensar era nele. Não tínhamos destino nem agenda, e vagamos pelas ruas até bem depois de terem sido abandonadas por todo mundo, menos nós dois. 

Jack parou em um posto de gasolina. 

"Você quer alguma coisa?" — ele me perguntou. 

Fiz que não com a cabeça, descendo do carro para esticar as pernas. 

Ele ficou me observando enquanto eu passava os dedos nos cabelos, depois sorriu. 

"Você está linda." 

A pistola da mangueira de gasolina fez um clique, soando mais alto do que deveria na noite silenciosa. Parecíamos as duas únicas pessoas na face da terra. 

Peguei o celular para ver o horário. 

"Meu Deus, Jack. São três da manhã." 

"Você quer voltar?" — ele me perguntou, com uma sombra de decepção no rosto. 

Pressionei os lábios. 

"É melhor." 

"Ainda vamos jogar boliche hoje à noite?" 

"Eu disse que vamos." 

"E você ainda vai comigo na festa do Red que vai rolar daqui a algumas semanas, né?" 

"Você está insinuando que eu não cumpro minhas promessas? Acho isso um pouco ofensivo." 

Ele puxou a mangueira de gasolina do tanque da moto e prendeu-a na base. 

"Eu só não sei mais o que você vai fazer." 

Ele se sentou no carro ao meu lado. Eu enganchei os dedos nos seus 

Ele suspirou e deu partida no carro. Os nós de seus dedos ficaram brancos quando ele segurou o volante. Ele inspirou, começou a falar, depois se interrompeu e balançou a cabeça. 

"Você é importante pra mim, viu?" — falei, apertando sua mão. 

"Não entendo você, Elsa. Achei que conhecesse as mulheres, mas você é incrivelmente confusa. Não te entendo." 

"Eu também não te entendo. Supostamente você é o garanhão do colegio. Não estou tendo a experiência completa que eles prometem às calouras" — brinquei. 

"Isso é inédito." 

Ele balançou a cabeça. Dirigiu bem devagar, de uma maneira que não lhe era característica, parando em todos os faróis amarelos e tomando o caminho mais longo até o campus. 

Quando estacionamos na frente do apartamento, a mesma tristeza que senti na noite em que fui embora do chalé  me consumiu. Era ridículo ficar tão emotiva, mas, cada vez que eu fazia algo para afastá-lo, ficava aterrorizada que aquilo pudesse funcionar. 

Ele me acompanhou até a porta, e peguei as chaves, evitando olhar para ele. Enquanto eu procurava, desajeitada, a chave certa, ele levou a mão ao meu queixo e tocou suavemente meus lábios. 

"Ele te beijou?" — Jack quis saber. 

Eu me afastei, surpresa por seus dedos me causarem uma sensação que fez arder todos os meus nervos, da boca aos dedos dos pés. 

"Você realmente sabe como destruir uma noite perfeita, não é?" 

"Você achou que foi perfeita? Quer dizer que se divertiu?" 

"Eu sempre me divirto quando estou com você." 

Ele olhou para o chão e franziu as sobrancelhas. 

"Ele te beijou?" 

"Beijou" — suspirei, irritada. 

Ele fechou os olhos bem apertados. 

"Aconteceu mais alguma coisa?" 

"Não é da sua conta!" — falei, abrindo a porta com tudo. Jack a fechou e se pôs no meu caminho, com uma expressão arrependida. 

"Eu preciso saber." 

"Não, não precisa! Sai da frente, Jack!" 

"Elsa..."


Notas Finais


Próximo capitulo vai ter muitas declarações (spoiler) musica ------> http://letras.mus.br/roupa-nova/63774/
Tem mas um hoje Haha


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