História All you need is love - Águas turbulentas

POV HAYLEY

         Depois daquele susto da festa e da história da Milena sobre o Luke, cheguei no quarto e fui logo dormir, precisava descansar depois daquele dia cheio.

        No outro dia, eu havia combinado de ir a um restaurante vegetariano com as meninas, que muitas pessoas falam bem e tem boas avaliações. Aquela rotina com elas era muito boa, mas confesso que estava querendo que saíssemos logo daqueles hotéis e ter liberdade de ir para outros lugares, fora Londres.  Claro que havíamos visitado algumas cidades ao lado, mas foi muito raso para conhecer tudo.

        Acordei meio assustada, toda vez que eu tinha um dia agitado, tinha sonhos que condiziam com isso, mas só quando durmo pesado.

       Era domingo, então sem aula e sem passeios hoje. Nesses últimos dias nos deixaram mais à vontade para sair por aí em Londres. Não sabia se tentava falar com o Luke logo de cara ou se esperava a chamada. Claro que eu ficava pensando o pior, que ele me traiu ou algo parecido, o que eu deveria pensar quando vejo dois ex-namorados de mãos dadas?! Ah, não me importava, ia ligar do mesmo jeito.

      Já ia apertar no facetime, no banheiro para não acordar as meninas, para falar com o Luke, mas parece que ele adivinhou e apertou em solicitar chamada antes.

 “ Bom dia..” – Falou ele, que por sinal não estava bagunçado de acabar de acordar nem nada do tipo, acho que o fuso horário atrapalhou um pouco.

“ Bom dia e comece a me explicar já, não quero que você saia e me deixe sem explicações. Por sinal, vai sair? ” – Perguntei meio impaciente, percebendo que estava tudo organizado ao seu redor e ele estava arrumado.

“ Não agora, vou sair mais tarde com um pessoal do elenco e uns conhecidos por aqui. Hoje a gente tem o dia livre. Mas enfim...” – Suspirou, provavelmente se preparando para o que vinha pela frente. – “ Eu já te falei que não contei sobre a Bridget ser meu par no filme, porque achei que não era TÃO relevante, e claro, podia te assustar. ”

   Eu já ia começar a brigar com ele, contrapor, mas ele continuou e não me deixou começar a falar.

“ Desde que a Bridget começou, ela só se destacou como modelo, como atriz nem tanto, não tinha tanta visibilidade e credibilidade. A gente começou a namorar há mais ou menos 1 ano, e isso ajudou muito ela a crescer, porque minha imagem se vinculava a dela” – Pausou um pouco e começou a me olhar, como se tivesse conferindo se eu estava realmente entendendo.

   Eu não sei como, mas eu sabia que ainda vinha muito mais história por trás disso. Estava tentando confiar no que estava me dizendo, mas minha intuição dizia outra coisa.

“ Hm, sim, mas e agora, você está agindo como namorado dela, só por mídia? Luke, o nosso namoro não é brincadeira, ou ao menos eu espero que você não esteja levando na brincadeira. ” – Insinuei, um pouco com raiva daquela situação.

  Claro que eu sempre soube que ele vai beijar outras pessoas em cena, mas se comportar como namorado?! Ah me dá um tempo.

“ Brincadeira, Hayley?! Claro que não. E eu não estou fingindo ser o namorado dela, mas o que você esperava? Que vida de ator eu nunca vou ter que andar muito com o pessoal para dar um ibope, ou por causa de entrevistas e coisas do tipo?! Eu não vou aparecer de cara feia com a Bridget, por mais que a gente ainda tenha ressentimentos. ” – Parou um pouco para processar tudo que estava dizendo e engolir em seco.

“ Você mentiu, Luke! Eu perguntei se tinha algo para me contar, e você disse não. E também não quer remoer no passado e desabafar de tudo. Eu conto toda minha vida pra você, me abro com você. Então sim, eu tento confiar ao máximo em você, mas ao ponto de ver uma situação debaixo do meu nariz e negar? E isso, pelo visto, deve ter sido mais do que uma mãozinha dada.” – Evitei fazer contato visual direto, se bem que não tinha muito o que olhar, trancada no banheiro.

“ Eu vou precisar mesmo voltar aí? Só para esclarecer algo que já foi dito? Sim, eu não te contei, a gente tá fazendo ceninha em público por mídia, mas não temos NADA um com o outro, ela que terminou comigo, inclusive. E você deveria confiar mais no que seu namorado fala, do que na mídia e em tal de colega que você odeia, que por sinal deve ser a Milena, não é?” – Perguntou ironicamente, como se a fala da Milena fosse para o prejudica-lo, e percebeu que eu estava desviando o olhar.

“ Hayley, olha para cá.” – Dessa vez, fez uma voz preocupada. Virei e encarei-o, que estava mordendo o lábio inferior, aparentemente apreensivo.

“ Eu não vou mais falar por aqui, quando quiser me falar realmente tudo, fale depois da viagem. Até lá, curta muito a Califórnia, que é o que você está fazendo, não é?” – Desliguei a chamada, eu não aguentava mais ouvir desculpas.

 Parece que eu não era tão forte quanto parecia, porque aquele diálogo, ou melhor, discussão, acabou com meu dia. Sai do banheiro e me deparei com ninguém menos que a Stephanie.

- Hay, está tudo bem? – Olhou meio apreensiva. – Não quis incomodar, vi que você estava trancada aí.

- Sim, era só uma discussão besta com minha tia. Mas já resolvi. – Inventei essa desculpa e depois enxuguei uma única lágrima que caía.

- Tem certeza? Mas bem, eu vou sair para correr, se quiser ir comigo para espairecer.

- Sim, eu vou para outro lugar, mas a gente desce juntas, me espera trocar de roupa. – Falei e fui direto trocar de roupa no banheiro, também para mandar mensagem para a Luana.

  A primeira coisa que eu vi, quando abri o celular de novo, foi uma mensagem do Luke:

“ What do u really want is for me to come back, right? OkAy, so you get it, until Tuesday I will be there. But PLEASE, for God sake, don’t ignore my messages or phone calls.” *

     *O que vc realmente quer é que eu volte, certo? OkAy, então você conseguiu, até terça eu vou estar aí. Mas POR FAVOR, pelo amor de Deus, n ignore minhas mensagens ou chamadas.

  E no visor aparecendo que tinha 7 chamadas perdidas. Mas eu não queria retornar. CLARO que eu não queria retornar. E não ajuda ele agir como se eu fosse uma criança mimada. Ignorei a mensagem e me troquei rapidamente, a Stephanie já estava desconfiando demais. Talvez uma caminhada fizesse bem, mas eu queria passear em outro lugar, ficar um tempo sozinha não faz mal.

  - Desculpa ser muito curiosa, mas onde você vai? – Perguntou Ste, já na recepção do hotel.

- Ah, só andar por aí, eu gosto de passar algum tempo sozinha. Resumindo, sem destino haha. – Ri e me despedi dela, na hora pensei em primeiro tomar café da manhã, eu estava morrendo de fome.

   Passei por algumas lojas até chegar em alguma cafeteria. Ainda não sabia algum lugar novo para visitar. Normalmente eu ando com pessoas mais informadas da cidade do que eu. No caso, o Luke... Fiquei viajando nos meus próprios pensamentos e comecei a buscar alguns lugares interessantes para ir, mas lembrei que esqueci de assinar a prancheta de saída.

- Bom dia, posso ajudar? – Uma garçonete se aproximou da minha mesa com uma caderneta na mão.

 Normalmente eu tomaria café no hotel, mas queria sair realmente.

- Sim, obrigada. Um croissant e um cappucino para viagem. – Pedi e voltei novamente minha atenção ao celular.

  Decidi que só iria andar por aí, explorando a cidade, quem sabe eu não descobriria mais lojinhas e lugares interessantes para ir. Esperei meu pedido e depois sai andando por aí.  

  Depois de caminhar por aí, entrei em algumas lojas e fiz algumas comprinhas, de coisas que achava interessante olhando pela vitrine. Mas eu vi um lugar que me chamou atenção.

    Andando por um parque, lá no final havia uma área meio vazia, mas com um painel de rochas no final, meio escondido. Fui seguindo em frente e me deparei com uma escada indo para um andar abaixo, com um corredor todo pintado à mão e luzinhas penduradas por todo ele. Recheado de obras de alguns artistas não conhecidos, mas ao mesmo tempo, me surpreendi com o tanto de gente talentosa por aí.

    Desci e ele levava a um espaço iluminado, não tão grande, mas com vários instrumentos musicais organizados, algumas obras do outro lado e um bar, que pela hora, não deveria estar aberto.

- Bom dia. Vai demorar um pouco para a gente começar a servir hoje. – Um bartender, aparentemente, me falou.

- Ah, aqui é só um bar? – Perguntei..

- Não. Oii, tudo bem? Meu nome é Brenda. Muito prazer. – Uma garota de cabelos castanhos chegou e me cumprimentou. – Esse lugar é mais um hobby nosso, para nos distrairmos e fazermos o que gostamos. Pintamos, cantamos, escrevemos e etc... – Disse com um sorriso no rosto, ela tinha mesmo que se orgulhar, o lugar era incrível.

- É lindo. – Olhei ao redor. – Prazer, meu nome é Hayley.

- Hayley do que?

- Collins. – retruquei.

- Ah, você é namorada do Luke? Se sim, conheço ele. Já veio aqui, mas nunca mais o vi.

 Aí é para lascar a pessoa né. O nome dele estava me seguindo? Só pode.

- É... – Disse meio sem graça.

- Ele tocava com a gente direto, mas depois com a vida dele de ator, só vivia viajando. E insiste em não seguir também com o caminho da música. – Continuou Brenda.

 Talvez notando que eu não estava tão confortável, ela parou e me chamou para sentar.

- Ah, e esse ali limpando algumas taças é o Carter. – Ela apontou para o cara que eu pensava ser o bartender. – Um artista nato, se quer minha opinião, desenha tão bem que já tatuei um desenho dele. Desculpa a pergunta, mas você está bem? Percebi que ficou meio sem graça quando comecei a falar do Luke. Somos só amigos okay? Pelo menos eu achava isso... – Começou a tagarelar sem parar.

- Eu briguei com ele ontem. Relaxa, não estou muito preocupada com as amizades dele. Estou tentando ignorá-lo.

- Olha, um conselho, eu o conheço e sei que pode ser um pouco difícil de lidar. Mas ele não vai descansar enquanto não falar com você. Conversar pessoalmente é uma boa opção. Não é como se ele fosse o tipo de cara que vá fazer algo contra você.

- Ele disse que vai vir falar comigo. Mas eu acho que deve ter sido pelo fim das gravações. – Olhei ao redor.

 Ela começou a olhar no relógio enquanto falava.

- Ah, desculpa, é que eu estou atrasada, marquei de sair com uma amiga e pensei ser mais cedo. – Levantou. – Espero que eu tenha ajudado em alguma coisa, beijo. Boa sorte.

    Quando ela saiu, fiquei mais um tempo lá, mas depois fui embora. Lembrei logo do almoço que tinha planejado com as meninas e voltei ao hotel para descansar um pouco mais.

    Na hora do almoço, me arrumei e fui para o quarto da Luana, para sair junto com ela.

- Boa tarde amoraa. – Luana abriu a porta me abraçando. – Preparada para sair muito nesse domingo? – Sorriu e saiu do quarto.

- Sair muito? E eu marquei alguma coisa? – Andei em direção ao elevador

- Deixa de ser chata, eu sei que você adora sair para tudo que é canto. A gente inventa onde ir.

 Quando chegamos ao táxi. Eu senti que a Luana estava muito empolgada para esse almoço. Estranhei, óbvio.

- Acordou animada hoje né? Já eu, parece que caí da cama de tanto sono.

- Sempre né. Tem que acordar com disposição. – Sorriu. – E por que você não dormiu bem? Discutiu com o Luke? Eu meio que vi na hora que ligou para ele ontem à noite. – Fez um olhar meio triste.

- Eu acordei cedo para falar com ele. E eu nunca vi ele desse jeito. Ele me falou muitas coisas e deve ter inventado muitas desculpas. E eu mereço muito mais do que isso. – Passei a mão no rosto e suspirei.

- Ele logo vai voltar. Aí vocês conversam com mais calma. Foi tudo muito instantâneo. – Segurou minha mão e colocou a cabeça no meu ombro.

 Quando chegamos no restaurante, ele tinha muito a vibe de natural [ como o esperado]. E tudo muito aberto, cada coisinha em seu lugar. Logo vi uma garota se aproximando, que estava sentada no banquinho da frente do restaurante, perto do caixa, já que a entrada do restaurante dava direto para o caixa, e, ao adentrar, se encontrava as comidas e as mesas.

 - Oii Lu! – A menina se aproximou e a abraçou.

- Déb, essa é a Hayley, que eu te falei tanto. – Ela virou o olhar para mim e apontou. O que fez a Déborah logo vir me cumprimentar.

  Ela nos mostrou onde se encontrava o serviço de comida propriamente dito e falou como funcionava. Lá era um preço fixo e podia pegar quanta comida quisesse, buffet se não me engano.

  Quando pegamos a comida e sentamos. Luana começou a bater o pé na cadeira, provavelmente de ansiedade.

- Okay, eu não vou esperar as meninas chegarem. Eu planejei meio que um encontro surpresa.

 Am? Hello, será que ela esqueceu que eu não tinha terminado com o Luke? Antes que eu começasse a falar. Ela me cortou e começou:

- Não é o que você está pensando. Calma. – Riu do que aparentou na fala passada dela. – Se bem que deveria fazer isso, para o Luke aprender a te valorizar. Mas é o seguinte, eu consegui o número da Jennifer e o Skype, que você já havia conseguido, e marquei um horário bom de falar. – Começou a me olhar por completo, analisando minha possível reação. – Eu sei que...

- Já era tempo de eu falar com ela mesmo. Obrigada Lu. – Sorri.

- Bem, vou ligar, toma o celular. Recomendo que vá lá para dentro, tem uns lugares mais silenciosos. – Ela me deu o celular e apontou para que direção eu iria.

  Com a tela parada no botão de “ligar”. Fiquei uns 5 minutos pensando se era a coisa certa. E claro que era. Apertei e esperei chamar. E não demorou nada, ela já atendeu, quase tive um treco.

 “ Hayley?” – Disse no outro lado da linha.

  Ela estava em um quarto, aparentemente, mas não dela, provavelmente seria do Brendan. O cabelo dela estava cor de rosa, não mais o seu loiro tradicional escorrido, agora ondulado. E sim, eu a achava parecida comigo, mesmo que sempre tivéssemos personalidades quase que completamente diferentes.