História Alma morta - Meu paraíso

Fui submetido às chamas indefiníveis de encanto;

mas o aparente cinismo que projetei no calor

tomou de mim qualquer atitude delirante

Desconheço, pois, o que está além de tua incógnita;

já nem me incomodo em querer te avistar

O soslaio de esperança envergonhada e borboleteante

explicitou toda minha breve consternação

Não apareça, então, pois sou leve como uma pena

A triste alegria que tenho ao te ver agora vai decerto me fazer voar;

de mãos dadas contigo, as lágrimas advém do impossível e agridoce

Mesmo assim, segure meu pulso uma única vez,

então talvez você entenda o meu amor sorrateiro

Mas não me solte, ou meus olhos se abrirão para o sensível

E não hei de desfrutar de tudo que tanto sonhei

Prenda-me um pouco, deixe-me contigo

Vamos viver ouvindo passarinhos,

comendo ameixas que estarão podres amanhã,

sentindo o flúmen pela veia nua

E a Arcádia será real por um segundo; ao menos para mim