História Almas Gêmeas, Talvez? - O anjinho e o esquisito?

ㅡ Kim Taehyung. O nome dele é Kim Taehyung. ㅡ Conto pra professora Ha sobre meu dia ontem. Sei que eu deveria estar contando essas coisas pra minha psicóloga, mas também sei que ela vai contar tudo pro meu pai depois, por mais que seja anti-ético. Acredite, meu pai acaba com a dignidade de qualquer um com seu dinheiro. Então prefiro manter algumas partes da minha vida em segredo e contá-las a minha professora de piano.

ㅡ Huuum… Você parece gostar desse garoto. ㅡ Ela analisa e eu paro pra pensar um pouco.

ㅡ É, acho que sim. Não sei explicar, mas alguma coisa nele me faz acreditar nas suas palavras. ㅡ Digo pensativo, lembrando de como ele pareceu um pouco ofendido quando deixei a entender que duvidava das nossas coincidências.

ㅡ Sobre ele ter dito que não tem interesse no seu dinheiro? ㅡ A professora pergunta, atenta em cada palavra que eu digo. Realmente, ela é a única que me escuta e me entende.

ㅡ Sim. Não sei se vi sinceridade em seu olhar ou se só quero acreditar que pela primeira vez, alguém quer realmente se aproximar de mim pelo que eu sou e não pelo que eu tenho. ㅡ Digo com um pingo de esperança. Eu quero ter alguém com quem conversar. Alguém da minha idade, pelo menos.

ㅡ Bom… Já que você quer dar esse voto de confiança pra esse tal de Kim, porque vocês não se tornam amigos? Você sempre foi muito sozinho, Jimin-ah. Está na hora de você ter alguém do seu lado pra te apoiar. ㅡ Minha professora diz séria e eu reflito suas palavras. Amigo? Eu nunca tive um amigo. Como posso me tornar amigo daquele garoto estranho?

ㅡ Mas eu nunca… ㅡ Ia perguntar sobre a minha dúvida pra professora mas o assistente Hong atrapalha nossa conversa.

ㅡ Mestre, o seu carro já está à espera. ㅡ Ele diz se curvando e apontando pra porta com as suas mãos estendidas de lado. ㅡ O senhor por acaso estava de conversa fiada com a professora Ha?

ㅡ Não, não estava. Estávamos só repassando uma lição teórica, podemos ir agora, assistente Hong. ㅡ Digo passando pela porta, não sem antes dar um tchau discreto pra professora. Quando estamos no corredor o olho sério. ㅡ Já disse pra não me chamar de mestre. Seu mestre é o meu pai. Eu só sou o filho do patrão, então pode me chamar pelo nome.

ㅡ Mas seu pai me contratou pra servir ao senhor, mes… Jimin-ssi. ㅡ Ele muda sua última palavra, sorrindo fraco, como um pedido de desculpas.

ㅡ E nada de senhor também. Eu sou só uma criança. ㅡ O repreendo de novo. Volta e meia, o assistente Hong esquece dessas regrinhas nossa. Ele abre a porta do carro e assim que me sento um pensamento se passa na minha cabeça. ㅡ Vamos passar em frente aquela escola de novo?

ㅡ Sinto lhe informar, Jimin-ssi, mas recentemente seu pai andou vendo por onde nós passávamos e concluiu que a frente de uma escola pública é muito barulhenta e pode distraí-lo dos seus afazeres, portanto, hoje nossa rota foi mudada. ㅡ O assistente conclui e assim que me vê com o cinto de segurança bem amarrado, fecha a porta do carro, dando a volta pra sentar no banco do passageiro.

Claro. Meu pai preocupado com os meus estudos de novo. Que novidade. Sinto o carro começar a andar e eu olho pra janela um pouco triste. Queria ver, nem se fosse só de relance, o garoto esquisito… Quer dizer, o Taehyung-ssi. Estou pensando na possibilidade de nos tornarmos amigos, embora eu não faça a mínima ideia de como fazer isso.

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Estava seguindo uma borboleta azul muito bonita que estava dentro de casa, mas acabou me levando pro jardim. Já li sobre espécies de borboletas antes e ela com certeza é uma Morpho Menelaus.

A observo bater suas asas livremente e me pergunto quando vou poder ter essa sensação de ser livre. De poder bater minhas asas imaginárias pra onde quiser. Sou disperso de meus pensamentos por um grito. Assustado, olho pra direção do barulho e vejo dois garotos no meio da grama, entre algumas árvores. Um deles está com uma bicicleta e eu vou até lá por curiosidade.

ㅡ O que estão fazendo aqui? ㅡ Pergunto curioso pra saber quem são os garotos, mas arregalo meus olhos ao ver que é o Hoseok e o Taehyung. Achei que nunca mais veria o garoto esquisito.

ㅡ Ah, Jimin-ssi. Você sabe que meu pai mora em uma casa nos fundos do jardim, certo? Então o Tae veio brincar comigo hoje, desculpe ter te atrapalhado. Prometemos não fazer barulho novamente. ㅡ O Hoseok diz arrependido e eu o olho confuso. Por que ele está me pedindo desculpas? Se ele mora aqui também, não tem problema brincar no quintal. Eu só me pergunto como eu nunca o vi brincando por aqui antes.

ㅡ Oi Jimin! ㅡ Agora o Taehyung me cumprimenta em cima da bicicleta e eu seguro um sorrisinho alegre, ele não me chamou com honoríficos.

ㅡ Taehyung! Ele é o filho do chefe, você precisa ser mais educado. ㅡ Hoseok ralha com ele e eu balanço a cabeça negativamente.

ㅡ Não tem problema, Hoseok-ssi. Se você quiser, pode falar informal comigo também. ㅡ Digo esperançoso. Será que é assim que começa uma amizade?

ㅡ Mas... ㅡ O mais velho tenta explicar, mas é interrompido pelo Taehyung, que coloca uma mão nos seus ombros, sem descer da bicicleta.

ㅡ Hobi hyung, nós somos crianças! Não deveríamos usar honoríficos entre a gente. O que acha Jimin? ㅡ Ele diz com um sorriso enorme no rosto, que seus olhos chegam a se fechar e eu concordo com a cabeça. ㅡ Hum… Que tal um apelido? Jiminie? Ou Minie? Ou Minmin? Jimina-ah também é bom.

ㅡ Pode ser. Eu gostei. ㅡ Digo olhando pra baixo, um pouco tímido. Estou corado por ter ouvido todos esses nomes, nunca achei que um dia alguém iria me chamar assim.

ㅡ Perfeito. Quer brincar com a gente, Jiminie? ㅡ O Taehyung diz me estendendo a sua mão. Eu arregalo os olhos, eu nunca brinquei com outras crianças antes. Aceno que sim e seguro sua mão. Ele me puxa e me faz ficar sentado na garupa da bicicleta. ㅡ Então vamos dar uma voltinha.

Eu ia dizer que não consigo me equilibrar em uma bicicleta, afinal nunca andei em uma antes, mas ele começa a pedalar e eu me agarro na sua cintura, abrindo minhas pernas pra não pegar na roda de trás e ouço um Hoseok atrás da gente gritando pra tomarmos cuidado. Olho pra trás e embora ele tenha uma cara de preocupação, o mais velho corria atrás de nós com um sorriso no rosto. Eu olho pra frente extasiado e me seguro mais forte ao Taehyung, rindo alto de felicidade. Nunca senti isso antes. É uma adrenalina que preenche todo o meu corpo. Eu gostei.

Depois de algumas voltas o Hoseok consegue nos pegar, segurando a bicicleta pelo guidão. O Taehyung desce e eu o imito. Ele coça o queixo, parecendo pensar em algo.

ㅡ E que tal se você pedalar dessa vez, Jimin-ah? ㅡ Taehyung parece alegre. E eu arregalo os olhos, surpreso pela proposta. ㅡ Sabe, a sua risada é maravilhosa. Eu gostei dela.

ㅡ O-Obrigado, Taehyung. Mas sobre pedalar a bicicleta, acho impossível. ㅡ Respondo o agradecendo e ao mesmo tempo rejeitando sua oferta. Eu não sei andar de bicicleta.

ㅡ Minie, não tem graça te chamar por um apelido, se você não nos chamar por um também. Pode me chamar de Tae e aquele idiota lá, pode chamar de Hobi. ㅡ O moreno diz sorrindo gentil pra mim, mas logo coloca uma cara séria no rosto. ㅡ E por que não vai andar de bicicleta?

ㅡ Porque eu nunca andei em uma antes e portanto não sei andar. Simples assim. ㅡ Digo cruzando meus braços, o desafiando a me convencer, mas logo fico surpreso ao ser pego por trás e carregado pra cima do assento. Bufo de frustração.

ㅡ Você vai andar sim. Não tem problema não saber, eu te ensino. ㅡ Seu sorriso confiante me dá uma esperança de acreditar que consigo. Na verdade, eu quero muito aprender a andar de bicicleta. ㅡ Segura no guidão e pedala tentando se equilibrar que eu vou estar atrás de você te segurando pra não cair.

ㅡ T-Tá bom. ㅡ Concordo e meu coração está batendo forte nesse momento só de pensar no que eu estou prestes a fazer. Meu corpo anseia por mais adrenalina.

Eu encaixo meus pés no pedal e movimento minha perna, pedalando devagar, mas o Tae briga comigo dizendo que era mais fácil eu cair se pedalasse naquela velocidade, então aumento mais minhas pedaladas, confiando que o moreno está me segurando. Até que do nada eu perco o controle das pernas e ao mesmo tempo perco o equilíbrio, me fazendo cair no chão e ralar o joelho.

ㅡ Porra, Taehyung. Achei que você estava me segurando. ㅡ Digo bravo, mas arregalo os olhos pelo palavrão que soltei e coloco a mão em cima da boca, envergonhado.

ㅡ Olha, parece que o anjinho também consegue xingar. ㅡ Vejo um bobão rindo de mim e logo aparece o Hobi todo preocupado comigo.

ㅡ Jimin-ah, você tá bem? ㅡ Ele checa meu joelho e logo estende a mão pra me ajudar a levantar. ㅡ Não se preocupe, esse raladinho logo sara.

ㅡ Tudo bem. ㅡ Concordo com a cabeça, mas ao ver o Hoseok pegando a bicicleta e a levando em direção a sua casa, pego em seu braço, o parando. ㅡ Onde você vai? Eu quero tentar de novo.

ㅡ Ahá, esse é dos meus. ㅡ O Tae brinca, mostrando a língua pro Hobi e eu solto uma gargalhada dos dois começando a brigar.

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Ontem eu peguei o kit primeiros socorros escondido no banheiro principal da casa e passei o antiinflamatório sozinho pra que ninguém na casa percebesse que eu estava machucado. Estou trocando meus curativos nas horas certas também, tudo para que o ferimento se cure o mais rápido possível. Meu pai não pode saber que eu estava andando de bicicleta em vez de estudar.

E sim, eu finalmente aprendi a andar de bicicleta. Foi uma sensação tão gostosa de ser sentida que eu nem consigo me expressar em palavras. Se ser livre me proporciona aquelas experiências, eu quero muito essa liberdade. Desde que conheci aquele garoto esquisito, Kim Taehyung, venho experimentando coisas novas e eu estou gostando muito.

Estou a caminho da minha aula de piano novamente e como o carro quebrou, tive que continuar meu trajeto a pé mesmo. Consegui despistar o assistente Hong e portanto estou indo sozinho pra aula. Mas fico tão distraído com as lojas espelhadas por todos os lados que eu trombo com alguém na calçada.

ㅡ Me desculpe. ㅡ Eu e outra voz dizemos juntos. Reconheço ela imediatamente e arregalo os olhos, surpreso por ver o Tae por essa região.

ㅡ Jimin? O que faz aqui? ㅡ Ele pergunta curioso e também parece surpreso.

ㅡ Eu que deveria perguntar o que faz aqui. Veio comprar alguma coisa? ㅡ Pergunto ativando minha curiosidade.

ㅡ Não, eu moro aqui. Agora quero ver qual é a sua desculpa. ㅡ O mais alto me provoca, cruzando os braços.

ㅡ Minha escola de música fica nessa rua. Tenho aulas de piano duas vezes na semana. ㅡ Me justifico emburrado. ㅡ Sua resposta que não faz sentido. Só existem lojas por aqui.

ㅡ Aah, é que eu moro no segundo andar de um prédio. No primeiro andar tem uma padaria, então não tem problema estarmos em uma área comercial. E ainda ganho todos os dias pães fresquinhos do dono da padaria. ㅡ O Tae diz salivando só de pensar e eu gargalho com ele fingindo babar. ㅡ Quer conhecer minha casa? Provavelmente minha avó ainda está lá e você aproveita pra conhecê-la também.

ㅡ Não sei se é uma boa ideia. Nunca faltei a uma aula antes. ㅡ Digo um pouco pensativo, mas o Tae me pega pela mão e me arrasta pra frente de uma padaria. Eu lembro de sempre passar na sua frente quando estou a caminho da aula de piano. O cheiro doce que sai dela não é brincadeira.

ㅡ Uma aulinha não tem problema, Jiminie. Então… Bem-vindo a minha casa. ㅡ Ele diz estendendo os braços e logo me puxa de novo até uma escada que tem ao lado do prédio.

ㅡ Taehyung, meu querido, não quer um sonho hoje? ㅡ Vejo um homem com aqueles chapéus de chef de cozinha chamar o Tae, o fazendo parar antes de começar a subir os lances de escada.

ㅡ Quero dois, se tiver, senhor Kim. Por favorzinho… ㅡ O Tae diz com uma carinha de pidão e o aparentemente padeiro parece não resistir aos olhares do moreno, dando a ele o que parecem ser dois pãezinhos. Me desculpe, mas culinária não é um área que eu pesquiso muito, então não faço a mínima ideia do que são aqueles doces oferecidos pro garoto. ㅡ Toma, Minie. Esses sonhos são maravilhosos!

ㅡ Por que isso se chama sonho? Sonhos não é o que temos quando dormimos? ㅡ Pergunto confuso e o Tae revira os olhos, socando um pedaço daquele doce na minha boca. Mastigo meio revoltado, mas meu rosto suaviza quando sinto aquele pão macio e meio salgado em contraste com o creme suave e docinho do recheio. Com um meio sorriso, Taehyung volta a pegar no meu pulso e me puxar escada acima.

ㅡ Taehyung? É você, garoto? ㅡ Escuto uma voz perguntando assim que o idiota bate com tudo a porta da frente da casa. ㅡ Oh! Vejo que trouxe uma visita.

ㅡ Olá, senhora Kim. Sou o Park Jimin, o… ㅡ Paro pra pensar um pouco. Afinal, o que eu sou do Taehyung?

ㅡ O meu amigo, vó. O Jimin é o meu amigo e eu vim trazê-lo pra conhecer a senhora.

ㅡ Entendi. Você é muito bonito, meu jovem. Tem a mesma idade do meu neto? ㅡ Ela pergunta e eu coro com seu elogio, confirmando sua pergunta. ㅡ Entendi. Bem, você poderia mostrar seus desenhos pra ele, Taehyung.

ㅡ Hum… Não sei se devo, vó. É uma coisa um pouco pessoal… ㅡ O Tae parece pensativo e eu o cutuco. Agora eu estou curioso. ㅡ Tá bom, eu vou te mostrar. Vem, anjinho.

Dou uma leve corada com seu novo apelido pra mim do nada e ele sorri convencido, me arrastando até um quarto localizado no corredor do apartamento.

Ao Taehyung abrir a porta, meus lábios se abrem de surpresa e admiração. Seu quarto é cheio de desenhos pendurados na parede e alguns espalhados pelo chão. São vários desenhos, todos pintados à lápis, alguns são personagens de animações, outros de histórias em quadrinhos, ou até mesmo de animais e… De pessoas reais.

ㅡ Esse sou eu? ㅡ Pergunto pegando um dos seus desenhos espalhados pela sua escrivaninha e os colocando ao lado do meu rosto. Na folha, eu estou desenhado da cintura pra cima e sério. Pelas roupas, parece ser do dia em que o vi passando ao lado do meu carro pela primeira vez. ㅡ Não sabia que você se lembrou de mim aquele dia.

ㅡ Seu rosto é inesquecível, anjinho. ㅡ Tae diz sincero e eu volto a corar, sentindo uma leve acelerada no meu coração. Respiro fundo um pouco até acalmá-lo.

ㅡ Primeiro, da onde você arrumou esse anjinho? ㅡ Pergunto um pouco bravo. Parece que esse apelido foi feito pra me irritar. ㅡ Vou te chamar de esquisito a partir de agora se não parar.

ㅡ Eu arrumei ele desde que ouvi o anjinho xingando ontem. ㅡ Ele mostra a língua e sobe na cama, claramente me provocando. ㅡ Não ligo de ser chamado de esquisito, não deixa de ser verdade.

ㅡ Esquisito. ㅡ Reviro os olhos por ele ter aceitado tão rápido seu apelido e eu subo na sua cama também, segurando uma risada por de novo sentir aquela adrenalina no meu corpo. Mas antes de qualquer coisa, abraço o Taehyung enquanto nós dois estamos em cima da cama. ㅡ Obrigado por ser o meu amigo hoje, Tae. Sem você não saberia o que é amizade.

ㅡ Hoje e sempre, Jimin. E não se preocupe, eu gosto de ser seu amigo. ㅡ Ele corresponde o abraço, colocando seu peso em cima de mim e fazendo nós dois cairmos na cama.

ㅡ Taehyung, para de quebrar a cama, ensine bons modos pro seu amigo. ㅡ Ouço a avó do Taehyung gritando ao longe, já que a porta está fechada, abafando um pouco ao som do lado de fora. Sem contar que nossas risadas altas preenchem o espaço todo do cômodo. ㅡ Ou eu vou ter que ir aí te dar uma chinelada, garoto?

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ㅡ Taehyung, onde você tá me levando? ㅡ Pergunto curioso e ao mesmo tempo irritado por estarmos andando tanto. Eu estou vendado, o que torna tudo isso duas vezes mais difícil de se fazer.

ㅡ Calma, já estamos chegando. Mais esse degrau e… Pronto. Chegamos. ㅡ O Tae diz vindo atrás de mim e tirando a venda que cobria meus olhos. Pisco um pouco pela claridade na qual não estou acostumado e arregalo os olhos, colocando as mãos em cima da boca.

Estamos no terraço da casa do Taehyung e está tudo muito lindo ali em cima. Tem luzes penduradas por todos os lados, inclusive pelos fios no varal. E no meio da iluminação tem uma mesa com um bolo em cima.

ㅡ Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! ㅡ Olho pra trás empolgado e bato palmas junto com o Tae. ㅡ Parabéns, Jiminie!

ㅡ Obrigado, Tae. Sabe, eu nunca comemorei meu aniversário antes. ㅡ Digo o abraçando rápido e correndo até o bolo. ㅡ Esse bolo é da padaria lá embaixo?

ㅡ É sim. ㅡ O Tae vem ao meu lado e começa a cortar o bolo de chocolate e morango que parece maravilhoso. Sinto o cheiro da geléia de morango daqui. Eu simplesmente amo os bolos do senhor Kim. Sempre que venho na casa do Tae, a gente vai lá comer alguma guloseima. ㅡ Mas não sabia que você não comemorava seu aniversário. Fiz alguma coisa de errado?

ㅡ Não, claro que não. Na verdade essa é a primeira vez que alguém faz uma festinha pra mim e eu amei. Estou muito feliz. ㅡ Digo pulando enquanto espero o moreno por o pedaço de bolo num pratinho. ㅡ Nunca fiz isso antes e a sensação é incrível!

ㅡ Que bom, Jiminie. Achei que você não comemorava porque não gostava. ㅡ O Tae diz aliviado e ia levar a colher com bolo até a sua boca, mas eu seguro sua mão e a direciono pra minha. ㅡ Ei, é o meu pedaço de bolo.

ㅡ Mas eu sou o aniversariante, Taehyung. O primeiro pedaço é meu. ㅡ Digo emburrado depois de ter saboreado aquele pedaço divino de bolo. O sabor é tão bom que chego a fechar os olhos pra degustar melhor. O Tae parece ponderar o que eu digo e depois acaba concordando, dando pra mim o pedaço que ele havia cortado. ㅡ Meu pai só faz o aniversário de 15 e 18 anos, que são os mais importantes e os únicos que todos fazem festas grandes. Ele sempre diz que se não tem pessoas pra ver, então pra que fazer?

ㅡ Que pensamento estranho. A gente deveria fazer o que gostamos, independente do que os outros acham. Mas me diz, não é uma festinha de respeito? ㅡ Ele pergunta girando pela sua pequena arrumação em volta de uma armação de madeira, cheia de flores e luzes coloridas.

ㅡ Pra uma festa à dois, está maravilhosa. ㅡ Digo sarcástico pra ele e o mais alto me dá um olhar bravo. ㅡ O que? Eu nunca vi uma festa onde só tenham dois convidados. E um deles ainda é o aniversariante.

ㅡ É porque somos os mais especiais. Então não precisava de mais pessoas. E o Hobi não teve tempo pra vir hoje, ocupado com os estudos da noite. ㅡ O Tae diz meio chateado por o seu amigo não ter vindo, eu dou um tapinha nas costas dele, também chateado. Por mais que eu tenha me aproximado mais do Tae, também brinco de vez em quando com o Hoseok e meio que somos amigos, nós três. ㅡ Mas deixa a tristeza de lado porque hoje é dia de festejar. Meu anjinho tem quatorze aninhos agora, estou tão orgulhoso.

ㅡ M-Meu? ㅡ Repito um pouco envergonhado, ele nunca usou esse pronome ao se referir a mim. Mas o moreno nem percebeu meu rosto vermelho porque estava ocupado enxugando suas lágrimas invisíveis. E eu limpo um pouco a garganta pra mudar de assunto. ㅡ E daqui a pouco quem faz quatorze anos é você, mas será que eu vou estar orgulhoso?

ㅡ Será? ㅡ Ele me provoca parando de enxugar as lágrimas que não existem e colocando sua mão no queixo.

ㅡ Se você continuar com essa preguiça pra estudar, não sei nem se vai passar de ano. ㅡ Essa é a minha vez de provocar e ele me olha fingindo estar bravo, começando a correr atrás de mim. ㅡ Para, Taehyung. Seu doido.

Nós dois corremos por aquele terraço à noite, gritando que nem retardados, sem nos preocupar em acordar a vizinhança toda. Só estávamos nos divertindo em um dia que estava sendo especial pra mim. Nunca olhei pro meu aniversário assim, só acreditava que ele era mais um dia como os outros. Mas passar esse dia ao lado do Taehyung, com um bolo delicioso me esperando, foi simplesmente perfeito. Kim Taehyung de novo me mostrando coisas novas e que eu estou amando experimentar.

ㅡ Te peguei. ㅡ O mais alto diz me pegando por trás pela cintura. Ah não, de novo ele vai me arrastar pra algum lugar. Mas arregalo os olhos de surpresa quando em vez de me levantar, ele me abraça forte, consigo ouvir nossas respirações pesadas por conta da nossa correria. ㅡ Jimin-ah, eu gostei muito de te conhecer. Sinto que esse foi um dos melhores presentes que já ganhei na vida, e olha que o aniversariante é você.

ㅡ Também gostei de te conhecer, Taehyung. ㅡ Digo soltando seu abraço e ainda segurando suas mãos, me viro de frente. ㅡ Eu gosto de você, Taetae.

ㅡ E eu gosto de você, Minmin. ㅡ O Tae responde sorrindo fofo. Eu também solto um sorriso sincero. A melhor coisa na minha vida foi encontrar esse garoto esquisito a alguns meses atrás. ㅡ Feliz aniversário, anjinho!