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História Almas Trigêmeas - Ruptura - Alguém para Amar (parte 3)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bom, voltei depois de um século, eu sei. Como sempre, surgem contratempos.

Enfim, divirtam-se!

Capítulo 9 - Alguém para Amar (parte 3)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - Ruptura - Alguém para Amar (parte 3)

– Que tipo de sonho? Que lugar? E... como a Vic estava vestida? – disparou de uma vez as perguntas

– Era uma espécie de jardim, campo, algo assim... Ela me aparecia em sonhos com um vestido branco e sandálias rosa – o rapaz parecia vislumbrar o cenário e ignorou a aflição estampada no rosto de Dean – Eu achava que ela era uma fada e... a chamava assim. O engraçado é que toda vez que eu a via, ela parecia crescer igual a mim. E... nessa conversa que tivemos, ela me contou que tinha os mesmos sonhos.

O som da voz de Sam vinha como eco nos ouvidos de Dean. Seu irmão tinha o mesmo tipo de sonho com Victoria! O que aquilo significava? E ele que pensara ser o único a ter esse privilégio. Significava que Vic não lhe pertencia como acreditou?

(...)

– Só que... pra não ficar muito estranho... eu disse para os Winchesters e a Indomável que estava a serviço de Crowley – ele começou a gaguejar pelo silêncio de Anna – Sei que as instruções eram pra não me meter, somente começar a segui-los, mas...

– Tudo bem – Anna o interrompeu – Você fez bem.

– Sério? - indagou desconfiado – Quer dizer... Não vai me incinerar por isso?

– Não, fique sossegado.

Joshua teve a impressão de ver um brilho divertido nos olhos de Ana como se ela achasse graça no que ele havia perguntado. Deu de ombros.

(...)

– Incendiaram a minha casa! Comeram o meu alfaiate! Dois meses debaixo de uma pedra como uma salamandra! Todos os demônios do Céu e da Terra estão no meu encalço! – berrou com visível aflição e raiva – Mas aqui estou eu! No último lugar em que deveria estar... na estrada, conversando com Sam e Dean Winchester... debaixo de uma luz! – com um movimento da mão, estourou a lâmpada de um posto. Os três o olharam pasmos. Crowley se acalmou – É claro... tive compensações... Pude conhecer pessoalmente a famosa e bela Indomável – Vic estreitou os olhos. Sam apertou mais a lâmina, segurando-se para não fazer outra investida – E... ainda tenho Joshua. – encarou-os com ar inocente – Sem querer jogar na cara... mas a ajuda dele a meu serviço, adiciona pontos a meu favor.

Com essa, os três abaixaram um pouco a guarda. Sim, era verdade. Joshua lhes acudiu por duas vezes, embora soubessem que não fosse por um ato de altruísmo. Ali estava a prova. Crowley lhes cobrava o favor.

É claro que não sabiam que Joshua não estava trabalhando de verdade para Crowley. E este blefava com uma mentira lançada pelo próprio Josh.

(...)

- Escutou muito bem, Dean... Eu quero que... você e a Vic... fiquem juntos como um casal depois que eu me for.

Com essa, Dean caiu na gargalhada.

- Sam... essa... essa foi boa! – disse entre os risos.

- Não estou brincando, Dean.

O riso de Dean foi aos poucos morrendo ao se dar conta da sinceridade das palavras do irmão.

- Sam, você não pode estar falando sério.

- Estou – suspirou – Quero mesmo que vocês sigam em frente... juntos.

(...)

-Nunca tenha dúvidas sobre o quanto a amo... mesmo que essa atitude que vou tomar lhe pareça cruel e até traiçoeira. – o rosto de Sam se contorceu – Acredite... estou fazendo isso pensando em você e em Dean... antes de tudo. Não me importo de me sacrificar sabendo que vocês dois vão ficar bem... e o resto do mundo. – fez uma pausa longa como se meditasse bem nas próximas palavras que diria – E é por isso que lhe faço um último pedido. Sei que talvez não tenha o direito de lhe pedir nada... Você deve estar magoada ou zangada comigo nesse momento e... esperava que não, mas talvez dolorida. Mesmo assim eu preciso lhe pedir isso – soltou um longo suspiro – Eu quero que você siga em frente... encontre alguém que a ame, que seja feliz e não se sinta culpada por isso

A expressão no rosto de Victoria foi de surpresa.

– E eu sei que a única pessoa com quem você será capaz de fazer isso é o Dean – Sam apertou os lábios

(…)

- Dean, nós temos que conversar! - ela praticamente quase gritou – Não podemos continuar assim.

A mão do Winchester congelou sobre a maçaneta da porta; ele a apertou forte, soltou um longo e profundo suspiro e, por alguns segundos, permaneceu em silêncio de costas para Victoria.

- Eu sei, Victoria. - por fim, disse num tom grave e contrariado. Lentamente, voltou o rosto para ela com a expressão carregada – Mas pode, por favor, me dar um tempo? Depois do café ao menos?

Ela o observou por instantes. Pode ler em seus olhos certa irritação por ela querer levantar o tema. E também culpa. Vic desviou o rosto e apenas assentiu.


 

Alguém para Amar (3ª parte)

Crowley estava sentado em seu trono num amplo salão de aspecto sombrio que se assemelhava mais a um calabouço, repleto de espadas, machados e objetos de tortura. Vários demônios circulavam lhe mostrando relatórios das atividades do inferno, os números dos condenados que entravam e da reforma que andava fazendo desde então.

Ah! Era uma maravilha para ele ver toda aquela atividade, escutar os sons de toda aquela organização. Sim, sua organização, era a primeira vez que o inferno era estruturado em moldes mais simples.

Verdade que diziam que o inferno era o caos absoluto... Mas quem disse que o caos não pode ser organizado? Nem sua namorada Lilith – que em “paz” descansasse seja qual fosse o lugar para onde houvesse sumido – e tampouco Lúcifer, por mais poderosos que fossem, puderam realizar tal proeza. Era-lhes superior por isso.

Um sorriso de orgulho e satisfação consigo mesmo se desenhou nos lábios. Quem diria que um simples demônio de encruzilhada pudesse chegar tão longe? Mas ainda não era o suficiente. Ele pretendia ir mais além. Só precisava de alguma ajuda, infelizmente. É, se o próprio Lúcifer precisava de peões para seus planos, nem ele era totalmente autossuficiente.

-Senhor! – uma demônio loira num terno preto se aproximou e lhe fez uma reverência – Com sua permissão, o condenado que mandou que libertássemos já está aqui. Deseja que o tragamos à sua presença de uma vez ou o levemos para cuidar dos ferimentos primeiro?

- Hum... – ele colocou a mão sobre o queixo numa atitude pensativa – Tragam ele aqui... – a loira fez uma reverência e um movimento para sair, porém, Crowley a deteve com um gesto de mão – Espere... ele está berrando muito?

- Horrores, senhor. – a loira esboçou um sorriso perverso.

- Então... pensando bem é melhor cuidar de seus ferimentos primeiro. O berro desse condenado vai sufocar minhas instruções e duvido que ele entenda metade do que eu falar imerso na própria dor. – Crowley fez um gesto de despensa – Podem restaurá-lo à forma original primeiro e o tragam aqui.

A demônio fez outra reverência e saiu.

- 0 –

Tomaram café em silêncio. Dessa vez, os olhares não se desviavam, sobretudo o de Dean. Era como se quisesse impor sua presença a ela, como se lhe dissesse que não pretendia fugir e, muito menos, deixá-la fugir. De fato.

Dean queria evitar aquela conversa. Ele sabia exatamente o que Victoria diria, ou imaginava em grande parte. A conversa evocaria aquele por quem se sentiam culpados por estarem numa boa, ainda que momentaneamente. Sam.

Por mais que Dean conseguisse ignorar seu irmão naquelas horas de prazer e êxtase com Victoria em seus braços, não podia afastá-lo de todo de sua mente. Sentia-se culpado por beijar e fazer amor com a mulher que foi a namorada de Sam. E por desfrutar de momentos de felicidade enquanto seu irmão certamente sofria horrores na gaiola com Lúcifer e Miguel.

Culpa. Sentia uma enorme culpa e um sentimento de traição. Contudo, a felicidade e a sensação de plenitude quando seu corpo se unia ao de Collins eram maiores. Porém, bastava se separar por breves instantes dela para aquela esmagadora sensação de culpa e traição pesar em seus ombros. E aquela conversa só evidenciaria tais sentimentos.

Tinha apenas uma certeza: não podia viver sem Victoria, agora mais do que nunca. Não era só pelo sexo maravilhoso, embora fosse o determinante para intensificar a ligação entre eles. Mas porque Vic desde sempre era o grande amor de sua vida, uma espécie de alma gêmea, se é que se poderia usar tal termo no caso deles. Sabia que mulher nenhuma – nem um milhão delas juntas somente para si – poderia torná-lo feliz, a não ser Victoria Collins.

Se tinha que viver eternamente culpado – ainda que Sam houvesse alertado para que não se sentisse de tal forma – ele não se importaria, contanto que Vic estivesse ao seu lado. Esperava que ela pensasse o mesmo, embora pressentisse o contrário.

Por esses motivos que adiava aquela conversa. Mas sabia que era inevitável.

Enquanto observava Victoria tomar seu café do outro lado da mesa – parecia disposta a se manter o mais longe possível dele, embora não evitasse seu olhar – Dean refletia sobre tais pensamentos, ao mesmo tempo, que lutava para não avançar naquela mulher e entregar-se àquele amor, aquele sentimento arrebatador que parecia consumi-lo.

Por Deus! Nunca uma mulher havia conseguido tamanho efeito sobre ele e com nenhuma experimentou tamanhas descobertas na cama – e várias o excitaram bastante ao longo daqueles anos –, nem mesmo as prostitutas mais hábeis. Ele se sentia como um adolescente redescobrindo o prazer e o amor.

- Eu... vou esperá-lo na sala – Vic se pronunciou tirando-o de seus devaneios. Ela pousou a xícara em cima da mesa e levantou-se – Precisamos conversar.

Ele assentiu. Embora fosse uma repetição, na verdade, era um lembrete, uma espécie de freio para seus instintos e a vontade louca de se agarrarem de novo ali mesmo.

Victoria caminhou para a sala, o corpo e as mãos trêmulas. Tinha consciência do olhar fixo de Dean às suas costas, analisando-a, desejando-a, desnudando-a. Estremeceu.

- 0 –

- Senhor, nós... nós conseguimos achar e... capturar o desertor – anunciou outro demônio, um que ocupava um corpo de um homem miúdo, cabelo mirrado e óculos. Intimidava-se diante do Rei do Inferno

- E o que esperam para trazê-lo à minha presença? – retrucou Crowley com ar de tédio, mas, no fundo, mal continha a ânsia – Quero vê-lo imediatamente.

- S... sim... agora mesmo... senhor – tremeu assustado, a postura do Rei do Inferno era tranquila, mas o lacaio sabia que, na maior parte das vezes, era com esse ar de serenidade que ele punia os que considerava incompetentes. Logo se recompôs e se virou para a entrada do salão, numa atitude mais confiante – Que entrem com o traidor!

Dois demônios altos, carecas e troncudos seguravam de cada lado o corpo de Joshua, abatido e ensanguentado. Apesar disso, o demônio ostentava uma expressão desafiadora. Eles o jogaram no chão, em cima de um tapete vermelho que se estendia desde a entrada até debaixo do trono em que Crowley se sentava.

Joshua se apoiou nas duas mãos e levantou a cabeça em desafio para Crowley. Seus captores ainda continuavam lado a lado, atentos a qualquer movimento de sua parte e aguardando novas instruções do seu senhor.

- Meu caro Joshua – disse Crowley e dignou-se a descer da pequena escadaria diante de seu trono até ficar no mesmo nível que Josh – Há quanto tempo... Deixou saudades, hein?

- Como vai... Crowley? – retrucou Joshua com sorriso de escárnio – Vejo que está mais senhor de si e com o rabinho fora das pernas agora que Lúcifer voltou para sua caixa.

- Mais respeito com o nosso Senhor! – um dos seus captores o pegou pelos cabelos e ergueu violentamente sua cabeça. Josh fez uma careta de dor – Você não é digno nem de olhar para os pés do Rei do Inferno!

Crowley fez um gesto com o braço para que o demônio deixasse Joshua à vontade. O servo o obedeceu e soltou a cabeça de Josh do mesmo modo brusco que a pegou.

- E vejo que você continua o mesmo insolente de antes – retrucou Crowley com sorriso amigável – Mesmo quando obedecia às ordens de Lilith ou as minhas, você se portava como se fosse um igual e vinha com seus deboches. – riu – Impressionante como você conseguia não fazer com que nem ela e nem eu te encaixotássemos.

- Fazer o quê? Era meu charme. – imprimiu um sorriso de escárnio nos lábios.

- Não, discordo. Era... um certo talento que você tinha, certa criatividade, tenho que admitir – girou o indicador no ar e fez um bico com ar pensativo

- Hum... um elogio vindo da parte de Crowley. Se o Apocalipse não tivesse sido impedido, eu diria que estávamos nele agora mesmo.

- Reconheço um potencial quando vejo – Crowley estreitou os olhos numa fisionomia séria – E você tinha potencial, Josh. Estava crescendo tanto aos olhos de Lilith quanto aos meus... tanto que tínhamos acabado de promovê-lo a uma função que milhares desses incompetentes se trucidariam uns aos outros para conseguir – olhou com desprezo para seus subalternos que se sentiram desconfortáveis – Sabe, tínhamos planos para você... quase chegamos a encará-lo como um filho, nosso pupilo favorito, mais até do que a vadia da Meg, a Ruby, os Olhos Amarelos ou qualquer outro. Você ia ser meu braço direito quando eu assumisse o comando assim que Lilith se sacrificasse para trazer Lúcifer à terra – Joshua abriu um largo sorriso de deboche, mas recebeu um tapa forte do Rei do Inferno – E você simplesmente cuspiu no prato que comeu! – esbravejou

- Oh, você sabe... a função para a qual vocês me designaram era pouco desafiadora. Eu queria alçar voos maiores. – ele riu. Crowley ameaçou lhe desferir outro tapa, porém, sem se perturbar Josh virou o rosto como se o oferecesse em desafio – Não sou o Salvador, mas está aí minha outra face para você bater.

Crowley mordeu os lábios com frustração. Sentia-se um completo idiota diante daquele demoniozinho que se atrevia a desafiá-lo na frente dos demais.

- Não vale a pena – empertigou-se como se nada o afetasse – Afinal, sou o Rei do Inferno.

- Hum-hum – Josh o encarou com tédio

– Não sei como você se escondeu esse tempo todo, mas, com certeza, teve uma ajuda... e uma bem poderosa.

- E você está se mordendo por dentro para saber quem é.

- Mas parece que seja quem for o deixou na mão, não é? – olhou-o com deboche – Ou você não teria sido encontrado depois de tanto tempo sem nenhum rastro de seu paradeiro.

Joshua se calou. Crowley sorriu ao interpretar seu silêncio como uma afirmativa.

- Eu vou lhe dar uma chance... Josh... pelos inúmeros serviços que nos prestou – tornou a falar e esfregou as mãos umas nas outras – Me diga o verdadeiro motivo pra você ter fugido do inferno, como conseguiu se esconder esse tempo todo, por que você disse aos Winchesters e a Collins que os ajudou sob minhas ordens... e o mais importante: para quem você estava trabalhando?

- Hum... é mais de uma pergunta. Uma por vez, por favor.

- Muito bem... – Crowley sorriu imperturbável – Por que você fugiu?

- Tédio.

- Como conseguiu se esconder? – Crowley apertou os punhos

- Talento.

- Por que disse àqueles caçadores que os ajudou sob minhas ordens? – estreitou os olhos

- Me deu vontade.

- Pra quem você estava trabalhando? – o rei do inferno inquiriu entredentes.

- Para alguém que lhe diria: “Vá se ferrar!”

Crowley esboçou um largo sorriso para Josh que devolveu o mesmo. Em seguida, o rei do inferno o agarrou pela gola e começou a desferir vários pontapés e socos no demônio e depois o jogou em várias partes do salão com um simples movimento da mão. Golpeou-o tanto até resfolegar. Joshua caiu, várias partes do corpo quebradas e todo ensanguentado. Gemeu de dor.

- É só isso... Crowley? – Josh cuspiu sangue e gemeu para falar mesmo pausadamente, mas não abandonou o ar de troça – Vamos... você... é o Rei... do Inferno... Pode... fazer... muito mais.

- Sei que posso. Mas como você falou, sou o Rei do Inferno... e não vou sujar minhas mãos. Tenho lacaios especializados para isso – olhou para os dois demônios troncudos – Levem-no à sala de tortura particular. E façam o impossível para tirar toda informação que puderem dele.

- Sim, senhor. – disseram os dois servos ao mesmo tempo

Arrastaram Joshua de lá. Ele não opôs nenhuma resistência, apenas dirigiu um sorriso debochado a Crowley.

- O que vocês estão olhando? – dirigiu-se aos demais demônios que pareciam espantados e até admirados pela ousadia de Joshua – Voltem aos seus afazeres ou mandarei fazer o mesmo com o primeiro que se demorar.

Imediatamente todos o obedeceram.

- 0 –

- Muito bem, Vic... sou todo ouvidos – falou Dean ao adentrar sala e sentar-se num sofá, a poucos centímetros de Victoria. Ela estremeceu pela proximidade. Ele abriu um sorriso torto e presunçoso por notar o efeito sobre ela. – Pode falar o que quiser.

- Bem, eu... a gente tem que falar sobre o que aconteceu – ela começou, mas se levantou para se concentrar. Estar perto de Dean não lhe ajudaria em nada. Ficou de pé no meio da sala olhando para ele. – Sobre o que está acontecendo.

- E o que está acontecendo? – perguntou Dean com cinismo, mas sabia bem a que ela se referia.

- Dean, nós... transamos.

- E daí? Todo mundo transa. Bom, menos as virgens, os monges, as freiras, os padres e os casais que estão juntos há muito tempo.

Victoria bufou.

- Estou falando sério, Dean.

- Eu também.

- Não, não está. – cruzou os braços – Você sabe muito bem aonde eu quero chegar

- Sei – suspirou – Apenas estou tentando facilitar as coisas entre a gente.

- Mas não está tornando nada fácil. – ela sentou-se numa poltrona. Crispou as mãos – Eu... eu... o que quero dizer é que não devia ter acontecido. Não devíamos ter feito isso.

- Talvez – ele disse sem rodeios, embora lhe doesse em parte o modo como ela falou.

- Eu... não digo que... que não tenha sido bom – Dean esboçou um sorriso torto – Mas não vem ao caso... não foi conveniente.

- E o que é conveniente, Vic?

- Dean, você sabe porque estou falando isso. Sam. É sobre ele. Nós o traímos... ou pelo menos foi como uma traição – balançou a cabeça – Não é certo. Não tem nem dois meses que... que ele...

- Não pense que comigo não esteja se passando o mesmo, Vic. – admitiu – Acha que me sinto bem em beijar e dormir com a mulher de meu irmão? Que enquanto a gente estava se agarrando há horas, o Sam está sofrendo lá embaixo? – engoliu em seco com expressão de dor. Vic também. – Me sinto mal, Vic, não vou negar. Mas também não posso negar o quanto estou bem. – esboçou um sorriso. – Nunca experimentei com mulher nenhuma o que experimentei com você.

- Dean... não me diga essas coisas.

- Só estou abrindo o jogo, OK? É isso que se faz numa conversa... botar as coisas em pratos limpos. Você me disse o que sente a respeito... e eu também.

- Mas precisamos chegar a uma solução sobre isso... Dean, não dá para ficarmos assim. É loucura, indecente... o Sam...

- Ia querer que gente ficasse junto – interrompeu-a. Decidiu lhe contar sobre o pedido do irmão

- Como... como você pode falar algo assim? – olhou-o desconfiada. Será que ele havia visto o DVD com a última mensagem de Sam?

- No dia que fomos para Detroit... antes de Sam se entregar para o Diabo... – olhou-a hesitante – ... ele me pediu que eu ficasse com você... que a gente se tornasse um casal.

- O quê? – ela gritou – Mas... como ele pôde te pedir isso? – sua expressão era de fúria – Ele... ele querer dispor dos meus sentimentos, decidir meu futuro e discutir com você a respeito? Sam não tinha esse direito!

- Vic, olha...

- E você? – fuzilou-o com os olhos – Está achando que tem o dever de cumprir a última vontade de seu irmão? Pode ficar tranquilo, Dean Winchester, dispenso tal sacrifício de sua parte!

- Ei, calma aí, Vic... nunca concordei com esse pedido... – apontou-lhe o dedo – E mais: eu achei absurdo o que ele me pediu na hora... e mesmo depois... quando ele se foi – fez uma pausa. Nos olhos, havia uma dor claramente estampada, que bastou para amezinhar a irritação de Victoria – E não faria nada por Sam que eu não quisesse. Você sabe que ele não me pediu isso à toa.

- O que quer dizer? – era tolice indagar, mas ela se fingia de desentendida.

- Você sabe... eu te disse lá em Blue Earth... e meio que te disse ontem... – engoliu em seco – Não me faça repetir... não sou exatamente o tipo romântico.

- Dean...

- Sam também sabia dos meus sonhos com você, Vic – soube na hora que Victoria também sonhava com ele ao vê-la muda e chocada. Assentiu – É, você e eu temos os mesmos sonhos desde pequenos num lugar enorme todo florido parecendo um pedaço do Éden... desde antes da gente se encontrar aqui no Bobby. – esperou Vic negar, mas ela não o fez – O Sam também me contou que tinha o mesmo com você.

- Sam e eu... nós nunca conseguimos saber ao certo o que significavam esses sonhos – admitiu ela – Você faz ideia?

- Quem sabe? O Sam insistia que podia ser uma ligação forte entre nós três – deu de ombros – Mas o que importa é que ele sabia que eu padecia do mesmo – esboçou um sorriso zombeteiro – ... e o que tudo isso significava para mim. – fitou-a intensamente – O que você significa para mim, Vic.

- Dean, eu... eu não sei o que dizer... eu...

- Olha, Vic, eu quero deixar uma coisa bem clara. Por mais que... que tenha sonhado com você... e desejado várias vezes em estar assim... em tê-la nos meus braços, nunca desejei que acontecesse em troca da vida do Sam.

- Eu sei.

- Mas... se não podemos mais ter o Sam de volta... se como o Cass garantiu que todos os recursos para trazê-lo de volta foram esgotados… - demorou para concluir o pensamento. Doía-lhe crer que não havia mais esperança – ...eu... apenas sei que não quero ficar longe de você.

O coração de Victoria falhou uma batida, mas ela não ousou responder.

- Er... o negócio é que… você decide como isso vai ser. - o pomo de adão lhe subiu duas vezes – Podemos ser apenas amigos... e eu não toco mais em você... o que para ser franco vai ser bem difícil pra mim – coçou a cabeça

- E pra mim também – ela assentiu

- A gente pode ter uma amizade colorida... – ela não conseguiu evitar o sorriso, nem ele – Podemos também ser tipo namorados... ou então....

- Ou então?

- Morar juntos.

Olhou-o surpresa. Era um passo bastante apressado até para ela, imagine para ele.

- Já?

- Pra mim não tem meio termo... pelo menos não com você. – engoliu em seco – Se disser pra mim que é o que quer, eu topo na hora... Na verdade, eu prefiro essa opção. Não estou fazendo porque Sam me pediu – apressou-se em dizer ao vê-la abrir a boca como se adivinhasse seu pensamento – Eu quero de verdade você na minha vida, Vic… e de uma vez só. Se falei do Sam foi pra... pra que você não se sinta culpada em me dar uma chance... de nos dar uma chance.

- Na verdade... ele me fez o mesmo tipo de pedido numa mensagem de DVD que entregou para o Bobby – confessou

- É, meu irmãozinho pensou em tudo – Dean esboçou um sorriso triste – Se preocupar mais com os outros do que com ele mesmo.

- É... – concordou Vic com um nó na garganta – Ainda assim, Dean, eu...

- Eu sei. Também me sinto da mesma forma... não dá para evitar a culpa. – enunciou o que se passava na cabeça de ambos – Mas, Vic, não acha que merecemos um pouco de felicidade... mesmo que... que... pareça à custa do sacrifício de Sam? – se sentia mal em falar de tal forma, mas queria que ela o entendesse – A gente nunca vai ser inteiramente feliz... Sam sempre vai estar entre a gente e não poderia ser de outra forma... ele vai aparecer nas nossas conversas... nas nossas recordações... e mesmo em momentos que estivermos bem. Sempre vai parecer que uma parte da gente está faltando... ele, é claro... – sorriu tristemente – Eu não espero e nem quero que você o esqueça... porque você simplesmente não pode... assim como eu. E não importo se o que você sentir por mim não for por inteiro. Eu... prefiro viver assim do que não ter nada.

Calou-se. Havia dito muito mais do que queria. Victoria o fitou surpresa. Ela não sabia o que lhe responder.

- Não tem que me dar uma resposta agora... apenas pense. E se for até pra facilitar... eu me mando para um motel aqui perto a fim de dar espaço pra você. É o que quer?

- Eu... aham... não sei, Dean – ela balançou a cabeça. Estava confusa e atordoada com tudo o que ele havia lhe dito. – Não tem que sair daqui do Bobby... er...

- É melhor – decidiu ele adivinhando seu espírito – Se eu ficar... vou acabar te agarrando a qualquer instante – fitou-o trêmula. Sabia que não brincava e ela também sabia que não lhe resistiria – E quero fazer isso sem me sentir culpado... e sem fazer você se sentir também. Prefiro me afastar até você ter certeza do que quer – fez uma pausa – Estarei no motel aguardando por sua decisão. Mas... não me deixe esperando muito – sorriu, embora o olhar transparecesse seriedade –... ou irei procurá-la dentro de uma semana.

Sem esperar resposta, deixou-a na sala e foi arrumar seus pertences.

- 0 –

Sam resolveu ligar para a casa de Bobby antes de procurá-lo para verificar primeiro se o caçador se encontrava.

Discou o número do quarto do motel em que ainda estava hospedado.

O telefone chamou três vezes antes de ser atendido.

- Alô – era a voz de Vic. Sam não respondeu – Alô?

Desligou. Sim. Ela estava lá. E ele não sentiu nenhuma emoção por escutar sua voz, ao contrário, sentiu-se incomodado. Não queria ainda encontrá-la até ter certeza se ela e Dean estavam ou não juntos.

Ele queria se certificar com Bobby antes sem que os dois soubessem que estava vivo. Seu plano era voltar às caçadas e inclui-los, mas precisava averiguar se valia pena. Se estivessem envolvidos, a relação deles poderia atrapalhar o sucesso do velho negócio.

Pensou em ligar para o celular de Singer, mas talvez o velho caçador se encontrasse na casa e não escondesse da sobrinha a emoção ou a estranheza por saber que Sam estava vivo.

Talvez fosse temporário, talvez Victoria estivesse lá apenas de visita. Com ou sem Dean. Então... seria melhor ligar outra hora. Ou dali a alguns dias.

Sorriu. Sim. Não precisava se apressar. Quem sabe poderia aproveitar mais de sua vida por uma semana tudo o que não o fez durante toda sua vida? Entregar-se à luxúria com várias mulheres e à jogatina. Quisera ter escutado mais Dean nesse ponto.

Afinal, não era qualquer um que podia voltar à vida depois de amargar tormentos com Lúcifer e Miguel num mesmo espaço durante um tempo que parecia interminável.

Foi a uma boate que viu por ali perto.

E Castiel também, para não perdê-lo de vista.


Notas Finais


Bom, está aí. Vamos saber no próximo capítulo a resposta da Vic.

E vcs devem estar curiosos para saber como Joshua conseguiu ser pego e quem é o misterioso condenado que o Crowley mandou soltar e o que pretende com ele. Hum... são perguntas que serão respondidas a seu tempo.

Me mandem reviews, sim, não sejam malvadas só porque a tia atrasou, rsrsrs... Até a próxima.


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