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História Almas Trigêmeas - O dia depois de amanhã (Parte 2)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Bem, a conclusão do caso. Ah! E temos mais um hentai entre Sam e Vic (PS: Não me responsabilizo por ataques cardíacos). A música de fundo é "For your babies", de Simple Red (link nas notas finais). Divirtam-se!

Capítulo 25 - O dia depois de amanhã (Parte 2)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - O dia depois de amanhã (Parte 2)

Anteriormente:

– O seu pai-de-aluguel ainda está acordado gritando lá – disse Meg se referindo a Bobby – E eu quero que ele saiba como é tirar a sua vida.


 

A demônio entregou nas mãos de Singer a faca especial que tirara de Dean. O demônio que possuía o velho caçador ainda segurava o Winchester pela gola e empurrou-o até encostá-lo na parede. O moço não conseguia se soltar. A criatura colocou a lâmina no pescoço do rapaz e olhou para a Meg a fim de confirmar se podia matá-lo.


 

– Agora! – ordenou ela


 

O demônio voltou a encarar Dean e ergueu a faca para atingi-lo, porém, Bobby conseguiu recobrar o controle da mente por instantes. Num ato desesperado, esfaqueou-se e matou o demônio dentro dele.

(...)

– Meus parabéns! – o demônio bateu palmas – Tiro o meu chapéu pra você, Dean Winchester! Está certo, fui descoberto, mas e daí? Podem ter conseguido se libertar da minha influência, mas isso não faz diferença. Vocês não podem me destruir, nem mesmo com a sua faquinha de matar demônios. E se tentarem me exorcizar, posso até sair deste corpo, mas não voltarei para o inferno... irei possuir outra pessoa. De qualquer jeito, eu venci. Toda a região florestal de Wyoming me pertence e quando meu mestre vier, o Cavaleiro Morte, farei o resto do mundo mergulhar num eterno pesadelo.

– O Morte que é o seu mestre? – sorriu Dean – Puxa, ele devia ter escolhido um Tormento mais poderoso. Você não tá com essa bola toda não!

(...)

Crowley não respondeu de imediato. Apontou a arma para eles.

– Quero que levem esta coisa a Lúcifer e esvaziem o cartucho na cara dele – esclareceu

– E por que, exatamente, você quer ver o diabo morto? – Dean piscou os olhos longamente ao indagar

A criatura pôs a arma na escrivaninha.

– Isso se chama... sobrevivência. Mas esqueci que são idiotas funcionais – retrucou com cinismo

– E você é um idiota “funcionante”, fun... – Dean tentou revidar o insulto, porém, enrolou-se nas próprias palavras. Sem graça, abaixou um pouco o rosto.

– Lúcifer não é um demônio, lembra? Ele é um anjo famoso por ter ódio pela humanidade. Para ele, vocês são só sacos de pus – ele se virou de costas por um breve momento ao encher um copo de uísque enquanto Dean observava a arma deixada no móvel – Se é isso o que ele pensa de vocês, imaginem o que ele pensa de nós.

Bebericou o uísque e voltou a encarar os caçadores.

– Mas ele criou vocês – tornou Sam

– Para ele, somos só servos. Bolas de canhão. Se Lúcifer conseguir exterminar a humanidade, nós seremos os próximos. Então... ajudem-me. Vamos todos voltar a tempos melhores! De volta a quando podíamos seguir nossos instintos. Eu faço pactos, caramba! O que acham? E se... eu lhes der esta coisa... – estendeu a Colt –... e vocês matam o diabo?

(...)

– E a Vic?

– O que tem ela?

– Eu escutei o que Bobby te disse sobre o Lúcifer querer usá-la pra te obrigar a dizer “sim” pra ele. Sou obrigado a concordar e no fundo você sabe que existe essa possibilidade. Se você for, ela irá junto. E se o diabo a vir e você não quiser fazer o que ele quer, ele pode matá-la.

– Ele não irá! Eu... não vou deixar.

– É? E o que você vai fazer pra impedir isso?

– Vou dar um tiro na cara dele com a Colt antes mesmo que dê uma única olhada na Vic.

– Que bom que alguém aqui é otimista.

– Olhe, eu... posso conversar com ela hoje e pedir pra que fique aqui com Bobby nos dando apoio.

– Boa sorte, Sammy. Em se tratando da Indomável, você vai conseguir mesmo convencê-la.

(...)

– Por favor, pessoal. Só um sorriso nessas caras. Esqueçam por um minuto que possa ser nosso último dia na Terra.

Aquilo só fez com que a expressão de desalento deles se acentuasse. Vic suspirou. E tirou a foto assim mesmo. Da esquerda para a direita estavam Cass, Sam, Ellen, Dean, Jo e, Bobby na frente da jovem, com o braço dela em seu ombro esquerdo.

Uma foto para recordar o grande embate do dia seguinte. E eles esperavam sobreviver a esse dia.


 

Capítulo 24

O dia depois de amanhã (2ª parte)


 

– Muito bem! A coisa tá boa, pessoal, mas... é melhor dormirem porque amanhã vai ser dureza! – anunciou Bobby


 

Após a foto, todos foram se acomodar nos cômodos destinados a eles, com exceção de Cass que voltaria no dia seguinte.


 

Jo e Ellen iam dormir juntas no quarto que ficava perto da sala; Vic e Sam ficaram com o quarto de hóspedes mais nos fundos da casa. Para Dean, sobrou a sala. Ele bufou por ter que dormir mais uma vez no recinto, porém, não emitiu nenhuma queixa.


 

Todos se recolheram. Aproveitando que Collins foi para a cozinha beber água, Singer chamou Sam discretamente a um canto da sala e disse-lhe:


 

– Sam, sobre você e a Vic...


 

– Bobby, olha, eu juro que nunca quis te aborrecer... eu apenas...


 

– Espere eu terminar de falar.


 

– Er... certo. Me desculpe.


 

– Eu só queria dizer que espero que dê tudo certo para vocês dois. Quero que entenda que se fui contra o relacionamento de vocês foi por temer pela segurança dela. Ela... é como uma filha pra mim.


 

– Eu sei.


 

– Mas você também é como um filho pra mim. E eu quero que você seja muito feliz, o máximo possível para um caçador.


 

– Obrigado, Bobby – o moço sorriu comovido – Significa muito pra mim ouvir isso de você.


 

– Só prometa que vai tomar cuidado e que vai protegê-la mais do que nunca. Bom... er... pelo menos, tentem sair vivos do combate de amanhã.



 

– Eu prometo. A Vic não vai terminar como... a Jess. Isso eu garanto, não importa o que eu tiver que fazer.


 

– Certo. Bem... venha cá.


 

Sam se abaixou e o velho caçador o puxou num abraço não muito apertado; apenas o suficiente para lhe dar alguns tapinhas amigáveis no ombro como sinal de sua aprovação e bênção. Depois, afastou-o.


 

– Pronto, chega de melação – disse Singer


 

– É, concordo.


 

– O que vocês dois estão conversando? – disse Victoria se aproximando.


 

– Sam e eu estávamos nos entendendo – respondeu Bobby. Antes que se instalasse outro clima entre eles, bateu palmas para expulsá-los da sala – Vão, vão, tirem seus traseiros daqui! Vocês precisam dormir cedo, vão precisar de muita energia pra amanhã.

– 0 –

Sam estava sentado num velho sofá do quarto esperando por Victoria. Ele estava descalço, sem camisa e ainda usava calça jeans.


 

Enquanto esperava a namorada terminar de se arrumar no banheiro do aposento, ele repassava mentalmente como a convenceria desistir de acompanhá-los na missão do dia seguinte contra Lúcifer. Sabia que não seria fácil, mas tentaria.


 

Victoria, finalmente, saiu do mictório. Ela vestia um robe preto e aproximou-se do Winchester a passos vagarosos com um sorriso misterioso. Parou de frente para ele e retirou a vestimenta. O caçador prendeu a respiração ao contemplar a lingerie que ela usava.


 

Era um body preto de fio dental com uma frente única com renda. O decote era bem acentuado em forma de “V”. Era transparente na região abdominal e no colo. Sam podia visualizar perfeitamente o umbigo de Vic e quase toda a região de seus seios.


 

– E aí? Gostou? – ela perguntou maliciosa ao ver o efeito que causara e deu uma volta.


 

Sam visualizou a parte de trás da roupa. As costas de Vic estavam nuas e a parte inferior quase se entranhava por entre as nádegas.


 

– Gostou, Sammy? – tornou Victoria com um sorriso de malícia. – O que você acha?


 

“Acho que vou enlouquecer”, pensou ele. Sentiu o volume da calça se acentuar, apertou os dois braços da poltrona com as mãos e sua respiração se acelerou. Porém, resolveu se concentrar na conversa que teria com a namorada. Deveria ter falado com ela antes, mas perdeu a linha de raciocínio no momento em que Collins o beijou de forma envolvente e anunciou que tinha uma surpresa para ele antes de entrar no banheiro.


 

E ali estava a surpresa.


 

– Você está linda... Vic...– elogiou com a respiração mais cadenciada.


 

– Mas...? - incentivou Vic. Conhecia aquele tom de voz do namorado para saber que ele tinha algo a dizer.


 

– Precisamos conversar.


 

– Qual o problema? - ela perguntou


 

– Você poderia... ahm... se vestir pra eu me concentrar? – indagou meio sem jeito


 

– Claro – ela sorriu e tratou de pegar o robe no chão.


 

Ele agradeceu mentalmente quando ela se vestiu.


 

– Senta aqui – pediu ele indicando o lado da cama de frente para a poltrona


 

Ela obedeceu. E o encarou com seus olhos verdes inquiridores. O moço entrelaçou as mãos e se inclinou para ela:


 

– Vic, eu... sei que provavelmente você vai ficar zangada com o que vou te pedir, mas... mesmo assim tenho que te falar.


 

– O quê? - ela assumiu uma atitude defensiva


 

Ele suspirou, mas prosseguiu:


 

– Não vá com a gente pra tentar matar o diabo amanhã.


 

– Está falando sério ao me pedir isso? - ela estreitou os olhos.


 

– Estou.


 

– Sabe perfeitamente que eu lhe direi não.


 

– Sei, mas mesmo assim te peço pra você não ir.


 

– Pode me dar um bom motivo pra isso? - ela perguntou, mas no fundo já sabia


 

– O Diabo vai estar lá.


 

– Sei disso.


 

– E ele quer meu corpo pra usar como recipiente.


 

– Também sei disso.


 

– Ele vai fazer de tudo pra me obrigar a concordar em deixá-lo me possuir.


 

– Inclusive ameaçar me matar – completou ela – Estou ciente disso, Sam.


 

– E você diz isso na maior calma?


 

– Sam, não vou discutir isso com você. Eu vou e ninguém vai me convencer do contrário. Se era isso o que você e Bobby estavam combinando naquela hora...


 

– Bobby não tem nada a ver com isso. Dean e eu que achamos melhor...


 

– Essa é boa! - Vic esboçou um sorriso sarcástico e levantou-se - Não basta Bobby querer bancar o protetor pra cima de mim, agora você e seu irmão resolveram assumir esse papel?


 

– Vic, eu só estou preocupado com você! Não quero que por minha culpa alguma coisa te aconteça!


 

– Olhe, o que eu disse para o Bobby, eu repito pra você: pare de se preocupar porque já sou adulta! Sei cuidar de mim mesma.


 

– Droga, Vic! Porque você não pode pelo menos uma vez na vida ouvir o que lhe pedem e deixar de ser teimosa?


 

– Porque sou assim! - afirmou e se ajoelhou no chão diante dele, entre as suas pernas abertas. Pegou em seu rosto. O moço arfou. Collins o encarou confiante - Sam, eu fui treinada desde os meus doze anos pra ser uma caçadora, tem mais de dez anos que eu faço isso e não me tornei uma lenda como meu pai à toa. Já enfrentei todo tipo de criatura e estive perto da morte várias vezes. Acha que um Arcanjo com um superego dez vezes maior que o do seu irmão vai me assustar?


 

– Vic, olha...


 

– Sei que não é qualquer coisa que estamos enfrentando, mas eu não pretendo recuar. Você, o Dean e eu estamos juntos nisso e eu vou até o fim. Se amanhã for mesmo meu último dia... que seja. Mas eu vou estar lá pra impedir que aquele filho da mãe dos infernos tente te pegar e destruir o mundo. Está bem?


 

– Está bem. - suspirou ele derrotado; já sabia que seu pedido seria uma causa perdida – Mas se alguma coisa acontecer com você...


 

– Shhh! Você fala demais às vezes, Sam – ela tapou seus lábios e depois colocou cada mão sobre uma perna dele, aproximou a boca de seu ouvido e sussurrou-lhe de modo sedutor – O que está esperando pra fazer amor comigo?


 

You've got that look again

Você está com aquela aparência novamente,

The one I hoped I had when I was a lad

Aquela que eu esperava que tivesse quando era um rapaz.



 

E mordeu a orelha dele. Foi o suficiente para fazê-lo perder o controle. Ele agarrou seu rosto com força e beijou-a com ânsia. Ela correspondeu na mesma intensidade e colocou as mãos em sua nuca. Moviam suas línguas uma na outra em perfeita sincronia.


 

Your face is just beaming

Seu rosto está simplesmente luminoso,

Your smile got me boasting, my pulse roller-coastering

Seu sorriso me deixa orgulhoso, minha pulsação uma montanha-russa.


 

Estavam com fome um do outro desde a noite anterior em que pernoitaram em quartos separados, ela com Jo e Sam com Dean. Desde que começaram a ter relações sexuais, sempre dormiam juntos e, mesmo nas raras vezes em que não faziam amor, só o fato de dormirem abraçados bastava para lhes satisfazer.

Anyway the four winds that blow

Qualquer que seja a direção,os quatro ventos que sopram.

They're gonna send me sailing home to you

Vão me enviar navegando para casa,para você


 

Quase sem desgrudarem as bocas, Sam puxou Vic para si na poltrona e ajeitou-a em seus braços deitada de lado em cima de suas pernas. Ele queria se perder no gosto e na língua dela, esquecendo-se de tudo, principalmente da missão do dia seguinte.


 

Or I'll fly with the force of a rainbow

Ou eu voarei com a força de um arco-íris.

The dream of gold will be waiting in your eyes

O sonho de ouro está esperando em seus olhos



 

Enquanto a beijava, uma mão dele percorria todas as curvas do corpo da amada por cima do tecido do robe. Ela suspirava em sua boca a cada toque e continuava segurando o cabelo do homem com uma mão. A outra estava repousada sobre o seu peito nu.

You know I'd do most anything you want

Você sabe que eu faria quase qualquer coisa que você queira.

Hey I,

Ei, eu


 

Sam deslizou a boca e a língua no pescoço de Vic e, depois, mordeu sua orelha e enfiou a língua dentro.


 

– Ah... Sam... – ela não conteve o gemido baixo.


 

Inclinou o pescoço de lado para permitir que ele explorasse mais avidamente seu pescoço. E assim ele o fez. Mordiscou e beijou à vontade, pois sabia que aquela era uma das regiões erógenas de sua mulher.


 

I try to give you everything you need

Eu tento te dar tudo o que você precisa,

I can see that it gets to you

Eu posso ver que isso impressiona você...



 

Depois de satisfazê-la naquela parte, o Winchester desatou o cordão do robe que ainda cobria o corpo de Victoria. A parte da frente da lingerie ficou exposta para ele. A mão deslizou do pescoço até o meio das pernas. Collins deu um profundo suspiro. Ela pegou na mão que acabara de tocá-la, puxou-a até sua boca e chupou o dedo indicador. Olhou para Sam com desejo. Ele mordeu os lábios cheio de excitação e contornou com aquele mesmo dedo a boca de Vic.


 

I don't believe in many things

Eu não acredito em muitas coisas,

But in you I do

Mas em você... eu acredito.



 

Em seguida, ela saiu do colo dele e puxou-o pela mão para que ambos ficassem de pé. Sam terminou de retirar o robe dela e este deslizou até cair no chão. Ele admirou a ousada lingerie mais uma vez, agarrou Vic pela cintura com mais propriedade e beijou-a ávido, deixando que as mãos percorressem a extensão de suas costas e nádegas.


 

Her faith is amazing

A confiança dela é surpreendente

The pain that she goes through contained in the hope for you

A dor pela qual ela passa, contida na esperança por você



 

Enquanto sentia o contato quente de seu homem, as mãos dela deslizavam por seu peito másculo. Ela o sentia tremer, principalmente quando começou a arranhar de leve. O moço gemeu em seus lábios. Collins queria enlouquecê-lo e conduziu uma mão em sua parte genital ainda por cima da calça. Ela apalpou e começou a esfregar ali. Sam não aguentou, interrompeu o beijo e apertou-a mais para si num abraço, esfregando seus sexos freneticamente. Victoria perdeu o fôlego e arranhou-o nas costas. Eram incríveis as faíscas que emanavam do contato de suas peles!

Your whole world has changed

Seu mundo todo mudou,

The years spent before seem more cloudy than blue

Os anos passados anteriormente parecem mais nebulosos que tristes.



 

Mas ainda precisavam sentir seus corpos por inteiro. Ainda havia as roupas que constituíam barreiras para sua fusão. Desgrudaram os corpos para se despirem. Sam abaixou o zíper da calça e retirou-a com rapidez ficando só de cueca. Collins deslizou a mão por seu peito e começou a retirar a última peça. Sem terminar de abaixá-la, ela pegou em seu membro e acariciou-o. Sam urrou-o e puxou-a para ele. Ele colocou a mão em cima da dela e fez com que ambos movimentassem seu órgão num ritmo cadenciado. Beijavam-se no mesmo ritmo. Respiravam num arquejo.


 

In many ways your baby's controlling

De muitas formas sua querida está no controle,

When you haven't laid down for days

Enquanto que você não repousou durante dias.



 

Ao sentir que estava prestes a gozar, o Winchester soltou suas mãos, afastou-se e terminou de tirar a cueca ele mesmo. Depois, procurando acalmar sua própria excitação, tornou a ficar perto da namorada, desabotoou o fecho na parte de trás do body, deslizou as alças e, pouco a pouco, descia junto com a vestimenta até chegar ao chão. Sam admirou sua completa nudez a olhando de baixo. Vic levantou cada pé para que ele retirasse a peça. O homem a jogou em qualquer canto. Subiu com a boca pelo corpo dela desde a cavidade até chegar em seu pescoço, como se desenhasse uma linha imaginária. Suas mãos acompanharam o passeio deslizando pelas pernas, cintura e costas. Victoria arfou.


 

For the poor no time to be thinking

Para os pobres não há tempo para ficar pensando,

They're too busy finding ways

Eles estão ocupados demais encontrando os caminhos...


 

Ela queria sentir a boca do Winchester mordê-la, beijá-la e lambê-la por toda parte, porém, o moço tinha outras intenções. Sam a virou de costas para ele e abraçou-a por trás. Deslizou as mãos dos ombros para os seios dela enquanto a beijava no pescoço. Os gemidos que ela deixou escapar indicavam que estava no caminho certo.


 

You know I'd do most anything you want

Você sabe que eu faria quase qualquer coisa que você queira.

Hey I,

Ei, eu



 

Vic se entregou por inteiro a ele. Deixou-lhe tocá-la intensamente, relaxando em seus braços. As mãos continuaram lentamente acariciando seus seios. Apreciou os mamilos duros, estimulando-os; tateou a barriga, agarrou-lhe as coxas, revezando cada tato com os beijos demorados na orelha e pescoço dela. Ouviu-a suspirar numa voz quase sem ar, quando ele explorou sua intimidade, sem parar com as carícias. Ela podia sentir o membro rijo dele encostado em suas nádegas. Queria também satisfazê-lo e tentou pegá-lo, todavia, Sam não permitiu e prensou seus corpos mais ainda. Queria-a totalmente dominada.

I try to give you everything you need

Eu tento te dar tudo o que você precisa,

I'll see that it gets to you

Eu verei que isso impressiona você



 

Em sua cavidade, ele encontrou o ponto certo no clitóris e começou a estimulá-lo. Os gemidos dela se intensificaram. Ele suavizou o toque e aumentou o ritmo. Aprendera muito sobre o corpo dela e sabia como e onde tocá-la para lhe dar mais prazer. Victoria fechou os olhos absorta pelos movimentos dele: sentiu a perda de controle do corpo aos poucos, retesando a cada agudo, a cada crescente do desejo. Num dado momento, tudo em seu corpo eletrizou irradiado a partir de um ponto; a mente ficou branca e o ar faltou. Ela se arqueou sobre ele, entregue ao prazer do orgasmo.

I don't believe in many things

Eu não acredito em muitas coisas,

But in you I do

Mas em você... eu acredito.


 

Sam se sentiu inundado de felicidade! Ele amava fazer amor com ela, saber que a satisfazia completamente! Aproveitando que Collins estava num estado de languidez ainda pelo efeito do clímax, ele a levantou do chão e colocou-a em cima da cama. Cobriu-a com o peso de seu corpo.


 

Hey I,

Ei, eu

You know I'd do most anything you want

Você sabe que eu faria quase qualquer coisa que você queira.

Everyday I,

Todos os dias eu


 

Recomeçaram a se beijar e a se acariciar. Ficaram muito tempo assim sem pressa, sem se importarem com a penetração, embora Sam estivesse muito excitado. Depois de algum tempo, os lábios do Winchester, sua boca e mãos começaram a acariciar todo o corpo de Victoria, causando-lhe arrepios em cada centímetro. Ela tremeu quando a boca dele alcançou sua feminilidade. Collins agarrou nos cabelos dele e fez força para não puxá-los tal o prazer que sentia. Mas se frustrou por Sam não continuar a estimulá-la naquela parte.


 

I try to give you everything you need

Tento te dar tudo o que você precisa,

We'll always be there for you

Eu sempre estarei lá por você...


 

Antes que reclamasse, o moço a posicionou de lado e colocou o corpo atrás do dela, encaixando-se por entre suas pernas, penetrando-a.


 

I don't believe in many things

Eu não acredito em muitas coisas,

But in you

Mas em você


 

As mãos de Sam se entrelaçaram com as de Vic e ele começou a investir dentro dela. Seus lábios ficaram próximos ao ouvido esquerdo de Collins que pôde ouvir satisfeita os gemidos dele. Era música para seus ouvidos saber que estava dando prazer ao seu homem enquanto ela própria se perdia em indescritíveis sensações.


 

I don't believe in many things

Eu não acredito em muitas coisas,

But in you

Mas em você



 

A sincronia de seus movimentos naquele momento erótico começava a transportá-los cada vez mais para as alturas. Victoria foi a primeira a alcançar o ápice. E Sam, que fazia um grande esforço para se segurar, pôde enfim se permitir galgar o mesmo lugar sublime logo depois dela. E após o ato, relaxaram nessa mesma posição, em forma de concha. Uma grande paz os envolvia.

I don't believe in many things

Eu não acredito em muitas coisas,

But in you

Mas em você


 

O mundo podia acabar naquele momento que eles nem perceberiam.

I do

Eu acredito

– 0 –

Era perto de quatorze horas na cidade de Carthage. As ruas da cidade se encontravam num completo deserto. Em vários postes havia cartazes com fotos de pessoas desaparecidas.


 

Foi numa dessas ruas que dois carros estacionaram: o primeiro era o Impala preto de Dean, com ele ao volante, Sam ao lado e Victoria atrás. O segundo carro de um vermelho meio desbotado pertencia a Ellen que o dirigia com Jo no banco de passageiro e Castiel no assento traseiro. Collins achou melhor deixar seu carro na casa de Bobby, pois não havia necessidade de mais de dois veículos.


 

Exceto o anjo, todos estavam com os braços do lado de fora segurando seus celulares.


 

– Está vindo sinal? - perguntou Sam aos ocupantes do Impala


 

– No meu não – respondeu Vic.


 

– No meu também não – confirmou Dean – Bem assustador.


 

O loiro fez sinal para que o outro carro se aproximasse. Ellen estacionou ao lado deles.


 

– Está meio vazio, não? - indagou a caçadora de seu veículo


 

– Vamos checar o departamento policial – disse Dean – Fiquem aqui e achem alguém.


 

– Está bem.


 

Dean partiu com o Impala. As duas caçadoras estacionaram naquele ponto. Saíram. Como o anjo não descesse do veículo, Jo bateu no vidro da porta traseira e questionou-o:


 

– Já ouviu falar em maçaneta?


 

– Claro – ele disse do lado de fora


 

Ela se virou surpresa por ele aparecer de repente do lado de fora. Cass olhava para todos os lados com visível aflição.


 

– O que foi, Cass? - perguntou Ellen ao se aproximar


 

– A cidade não está vazia. Ceifadores.


 

Embora nem Ellen e nem Joe vissem tais entidades, havia um bom número delas, todas vestidas de preto. Olhavam para um único ponto.


 

– Ceifadores? Mais do que um? - tornou a Harvelle mais velha


 

– Eles só se encontram em tempo de catástrofe. Incêndio em Chicago, terremoto em São Francisco... Pompéia. Vou descobrir porque estão aqui.


 

E começou a andar em direção aos macabros seres. As duas mulheres se entreolharam. Resolveram aguardá-lo.


 

Castiel passava entre aquelas criaturas e tentava descobrir o que tanto olhavam. De uma janela do alto de um prédio, estava outro ceifador. Seus olhos eram totalmente esbranquiçados.


 

Ao notar que o anjo o observava, afastou-se da janela. Num átimo, Cass já estava no mesmo lugar que a entidade. Viu-a se encaminhar por uma porta no fim de um corredor. Seguiu-o. Ao passar pelo umbral, entrou num recinto escuro. De súbito, o local se iluminou.


 

– Olá, irmão. - uma voz saudou o anjo.

– 0 -

Como não vissem mais Castiel, Jo e Ellen resolveram procurar o restante de seus companheiros.


 

Entraram no carro, deram partida e foram até a delegacia onde Dean avisou que estariam. Ellen avistou os três que desciam a escadaria da repartição e estacionou o carro em frente.


 

– A delegacia está vazia – informou Dean ao se acercar


 

– Tudo está – confirmou Ellen – Viram o Cass?


 

– Quê? Ele estava com vocês. – estranhou Sam.


 

– Não. Ele foi atrás dos Ceifadores.


 

– Ceifadores? - indagou o loiro


 

– Ele viu Ceifadores? Onde? - tornou Sam.


 

– Digamos que em todo lugar – retrucou Jo.


 

– Isso é muito estranho – contestou Victoria – Aliás, parece que tudo aqui fica cada vez mais estranho.


 

– É, e pra mim estranho é mau – tornou Dean – É melhor a gente guardar os carros em algum lugar e sairmos armados por aí.


 

– Vamos procurar o Cass?


 

– O Cass... e qualquer coisa que estiver aqui.

– 0 –

Castiel estava preso num círculo de fogo. Era óleo santo. Olhou o local ao redor e deparou-se com um homem magro, alto, de barbas e cabelos loiros e cerca de quarenta anos, que o observava com interesse.


 

– Lúcifer – constatou o anjo


 

– Suponho que veio com os Winchesters – retrucou o outro e começou a rodear Cass.


 

– Vim sozinho – mentiu


 

– Lealdade. É tão raro hoje em dia – parou – É Castiel, não é?


 

O anjo assentiu.


 

– Castiel... Disseram-me que você veio de carro.


 

– Sim.


 

– Como foi?


 

– Oh... Devagar. Aprisionador.


 

– Como você é peculiar.


 

Castiel notou alguns sinais de deterioração na testa do corpo que Lúcifer possuía e questionou:


 

– O que há com seu recipiente?


 

– Pois é... acho que Nick está um pouco magro demais. Não pode me ter para sempre...


 

– Seu... – Cass entendeu o sentido implícito daquelas palavras e quis avançar, porém, deteve-se por causa de uma das chamas. O Diabo o olhou com desdém – Você não vai pegar Sam Winchester. Não vou deixar.


 

– Castiel... não entendo porque você está me combatendo dentre todos os anjos.


 

– Ainda pergunta?


 

– Eu me rebelei, fui... excluído. Assim também foi com você. Quase todo o Céu quer me ver morto e se eles conseguirem, adivinhe só: você será o novo inimigo número um. Estamos do mesmo lado, goste ou não, então sirva seus interesses, o que neste caso, são os meus.


 

– Eu morro primeiro. – desafiou


 

O Diabo apenas o fitou com leve desapontamento.


 

– Suponho que sim.

– 0 –

Após colocarem os veículos num local seguro, os cinco caçadores se puseram em marcha pelas ruas da cidade. Andavam lado a lado e carregavam espingardas com munição de sal grosso. Uma leve brisa soprava e esvoaçava seus cabelos.


 

– Estamos na cidade há vinte minutos e já perdemos o anjo de vista – reclamou Dean


 

– Acha que Lúcifer pegou ele? - questionou Sam


 

– Acho que só pode ser.


 

Uma voz feminina e irônica fê-los se virarem:


 

– Aí estão vocês!


 

Era Meg na forma em que os Winchesters a encontraram quando a viram pela última vez. Seu corpo era de uma morena clara, baixa, magra, de rosto redondo, olhos e cabelos castanho escuro.


 

– Meg! - exclamou Sam


 

– Essa é a maldita demônio responsável por meu tio estar naquela cadeira? - inquiriu Collins com os olhos estreitados e mirou o cano da espingarda em Meg


 

– Ela mesma.


 

– Não deviam ter vindo – retrucou Meg sem se perturbar com a caçadora


 

– É, você também não – disse Dean apontando a arma na altura da cabeça dela


 

– Eu não vim sozinha, Deanzinho – retrucou com ar de troça.


 

Um rosnado feroz ao lado dela se ouviu, ao mesmo tempo em que uma vibração se produziu numa poça d'água como se fosse uma pisada. Havia alguma coisa ali, mas os caçadores não viam o que era.


 

Vários rosnados daquele tipo se ouviram em outras direções. Ao reconhecer os sons, Dean exclamou:


 

– Cérberos!


 

– É, Dean! Seus preferidos! - ironizou Meg – Vamos. Meu pai quer ver vocês.


 

– Passamos, obrigado – retrucou Sam


 

– Vocês que sabem. Podem fazer do jeito fácil ou do jeito difícil.


 

Todos observaram atentos as direções de onde vinham os rosnados.


 

– Desde quando nós fazemos algo do jeito fácil? - desafiou o loiro.


 

E atirou do lado de Meg onde estava um dos cães, acertando-o. O bicho ganiu.


 

– Corram! - gritou


 

Todos se debandaram pela rua afora. Os cães dispararam em seus encalços. Um deles conseguiu alcançar Dean, agarrou-o pelo pé com as mandíbulas e derrubou-o no chão.


 

Jo percebeu e voltou-se para ajudar o caçador.


 

– Dean! - ela gritou


 

– Jo, afaste-se! - ele ordenou.


 

Todavia, a jovem não obedeceu e atirou várias vezes no ponto em que percebeu a fera. Esta recuou com um ganido, mas Jo continuou se aproximando e atirando nela. Súbito, outro cão se acercou e pulou na moça, derrubando-a no chão.


 

– Não! – gritou Ellen


 

Harvelle, Vic e Sam foram acudir Jo, contudo, antes que fizessem qualquer movimento, o animal dilacerou com a pata o abdômen da moça. Ela gritou de dor.


 

– Largue-a, vira-lata desgraçado! – gritou Collins ao atirar no bicho que se distanciou.


 

Dean aproveitou, correu até a Harvelle e tirou-a de lá carregando-a nos braços. Vic e Sam continuaram a atirar onde percebiam o movimento das passadas dos cães enquanto os outros se abrigavam dentro de uma loja de ferramentas.


 

– Vamos, Sam! – chamou Victoria da entrada.


 

Ele entrou e fechou a porta. Pegou em correntes para trancá-la. Por sua vez, Victoria foi trancar as janelas.


 

Jo gemia de dor. Uma grande quantidade de sangue escorria de suas roupas. Dean a pôs no chão encostada num balcão.


 

– Está bem. Está bem. Respire – dizia Ellen com aflição ao se aproximar da filha.


 

O loiro foi ajudar seus companheiros a colocarem sal grosso na entrada e no peitoral das janelas para impedir a entrada das bestas infernais.


 

– Preciso de ajuda aqui! – chamou Ellen desesperada


 

– Dean, termine pra mim! – pediu Victoria abandonando o local de uma janela e foi até as Harvelles.


 

Jo respirava com dificuldade. Seus olhos estavam semiabertos.


 

– Como ela está? – perguntou Collins ao se abaixar perto delas.


 

Em resposta, Ellen tirou o pano que cobria a ferida da filha. Era um corte bem profundo e longo. Collins não pôde disfarçar a aflição estampada em seu rosto. Apenas assentiu ao trocar um olhar com a mãe da moça.


 

Os Winchesters terminaram os procedimentos de segurança do local e acercaram-se delas. Vislumbraram um pouco do estrago por baixo do pano com que Jo cobria seu ferimento. Ellen os olhou angustiada. Depois, tornou a olhar para a filha.


 

Não havia muita coisa na loja que fosse servir para tratar o ferimento da moça. Victoria encontrou apenas um balde com o qual encheu de água para que Ellen limpasse a ferida, evitando o contágio com bactérias patogênicas. E possuíam algumas gazes para fechar o corte. Entretanto, sabiam que aquela ferida era mortal.


 

Se pudessem ao menos conseguir ajuda médica... O problema maior seria passar pelos cães bestiais. Isso se conseguissem avisar alguém, porém, seus celulares não davam sinal.


 

– Obrigada – disse Ellen para Vic quando esta trouxe o balde.


 

– Não tem o que agradecer, Ellen – contestou Vic com um pequeno sorriso animador nos lábios – Faremos o que for preciso pela Jo.


 

– Sim... Eu sei – Harvelle tentou sorrir com ânimo, mas no fundo, sabia que a situação era desesperadora.


 

Sam estava parado observando as caçadoras. Collins se levantou e foi até ele. Abraçaram-se com força e não trocaram uma palavra. Ambos sabiam o sentimento mútuo que havia naquele gesto. A desesperança pela situação de Jo aliada ao medo de que alguma coisa terrível pudesse acontecer a um dos dois.


 

Sam beijou o alto da cabeça da namorada e disse:


 

– Vou ver se o Dean conseguiu montar o rádio.


 

Collins assentiu e voltou a se juntar às Harvelles.


 

Sam se aproximou do irmão que estava construindo uma espécie de dispositivo de comunicação para tentar falar com Bobby. As peças estavam sobre a prateleira de uma estante.


 

– Como ela está levando? – indagou o loiro sem erguer os olhos


 

Sam nada disse. Dean o olhou e o outro devolveu o olhar com expressão desanimadora.


 

– O sal está aguentando – foi tudo o que o mais moço disse


 

– Estamos seguros por enquanto – voltou a prestar atenção no dispositivo


 

– Seguros ou encurralados.


 

– Você ouviu a Meg. O pai dela está aqui. – olhou para o irmão – É a nossa chance, Sammy. Temos que agarrá-la.


 

Sam balançou a cabeça em sinal positivo e deixou o irmão sozinho para este terminar o aparelho.

– 0 –

Anoitecia.


 

Em sua casa, Bobby tentava contatar os celulares dos caçadores, mas sem sucesso. Não davam sinal.


 

– Que droga! – praguejou


 

Entretanto, ouviu um sinal de um velho rádio de comunicação que possuía. Movimentou a cadeira de rodas até o aparelho e pegou o comunicador.


 

– KC5 Fox Delta Oscar, câmbio – disse


 

– Bobby, é o Dean. Nós temos problemas.


 

O velho caçador levantou os olhos para o alto com receio do que ouviria.


 

– Está tudo bem, garoto. Por isso estou aqui. Está tudo bem?


 

– Não. É... É a Jo – respondeu o loiro num mal disfarçado tom de pânico – Bobby, o negócio está feio.


 

– Está certo – falou depois de uma pausa ao processar a notícia – Câmbio. Vamos descobrir o que faremos agora.


 

– Bobby, ela não vai aguentar.


 

– Eu disse: “o que faremos agora”, Dean.


 

O loiro demorou a responder. Enxugou uma gotícula de lágrima que se formou em um de seus olhos.


 

– Está bem. Certo, tá legal – voltou a falar.


 

– Agora, diga-me o que houve aí.


 

Dean relatou tudo. Após ouvir, Singer indagou:


 

– Antes que ele desaparecesse, Cass viu quantos Ceifadores?


 

– Não sei. Ele disse um monte de coisa. O número importa?


 

– O diabo está nos detalhes, Dean.


 

Ellen, que ouvira parte da conversa, aproximou-se e cutucou o Winchester para que a deixasse falar com Bobby. Ele passou o comunicador para ela.


 

– Bobby, é a Ellen. Do jeito que ele ficou, Castiel olhou para todo o lugar. Eu diria que eram doze ou mais.


 

O velho caçador fez expressão de desalento e passou a mão sobre o boné.


 

– Não gosto de como isso soou.


 

– Ninguém gosta de como isso soa, Bobby, mas... E como isso soa? – tornou Dean


 

– Soa como a Morte, filho. Acho que Satanás está na cidade pra fazer um ritual. – ele folheou as páginas de uma velha Bíblia no livro do Apocalipse – Acho que está planejando soltar a Morte.


 

– Como se impostos e morte fossem a única certeza na vida¹? – ironizou Dean


 

– É a Morte, o Cavaleiro Pálido em carne e osso.


 

– “Soltar?” E a morte não está solta por todo o lugar? Quer dizer, eu mesmo já morri umas vezes.


 

– Não com esse camarada. Esse é o Anjo da Morte. O Chefão Ceifador. Tem ficado acorrentado numa caixa bem lá no fundo. Da última vez que veio à tona, Noé estava construindo a Arca. Por isso esse lugar está cheio de Ceifadores. Estão esperando o Chefão aparecer.


 

Ambos ficaram silenciosos. O desalento estava estampado no rosto deles.


 

– Tem alguma boa notícia? – questionou o loiro com sarcasmo.


 

– Bem, já que falou... – fechou a Bíblia e depois, abriu um livro numa página com uma gravura de um campo com um monte de corpos amontoados e de homens lutando – Comecei a pesquisar sobre Carthage quando vocês foram embora, tentando descobrir o que o demônio poderia querer aí. O que acabou de dizer matou a charada. O Anjo da Morte tem que ser trazido para este mundo... à meia-noite, em lugar de carnificina total. Lá nos tempos da Guerra Civil... houve uma batalha em Carthage... Uma batalha tão intensa que os soldados a chamaram de “A Batalha do Buraco do Inferno”.


 

– Onde o massacre aconteceu?


 

– Nas terras da fazenda de William Jasper.


 

– 0 –

– Os Winchesters estão encurralados por enquanto – anunciou Meg para Lúcifer no mesmo local onde se encontrava Castiel – O que devo fazer com eles?


 

– Deixe-os em paz – disse o arcanjo cutucando o queixo


 

– Desculpe-me, mas tem certeza? – ela não pareceu muito feliz com a resposta – Não deveríamos...


 

– Confie em mim, criança – pegou no rosto da demônio – Tudo acontece por uma razão.


 

Enquanto eles conversavam, Castiel analisou o lugar. Olhou atentamente as vigas do imenso encanamento de ferro que circundava o teto vindo das paredes.


 

– Bem, Castiel... você tem algum tempo – tornou o Diabo – Tempo para mudar de ideia.

E saiu.

– 0 –

Ellen ainda tratava das feridas da filha enquanto os Winchesters e Collins debatiam entre si.


 

– Foi como disse aquele Tormento que encontramos na Floresta de Shoshone – comentou Victoria após ouvir a revelação de Dean. – Ele nos avisou sobre o Cavaleiro Morte.


 

– É, mas achei que ele estivesse exagerando – retrucou Dean – Achei que estivesse falando de algum Ceifador qualquer, talvez um pouco mais importante que os outros.


 

– Pelo visto o grau da importância dele é bem maior do que esperávamos.


 

– Não podemos permitir que Lúcifer invoque esse Cavaleiro – afiançou Sam


 

– Então, sabemos onde o demônio estará... Sabemos quando e temos a Colt – tornou Dean


 

– Sim. Só temos que passar por oito ou mais cães infernais... e chegar lá à meia-noite.


 

– Depois que tirarmos Jo e Ellen da cidade.


 

– Não vai ser fácil.


 

– Mas é possível... e temos que agir rápido – replicou Victoria.


 

– Uma maca pra levá-la? – continuou Dean


 

– Vamos ver o que conseguimos – concluiu Sam


 

– Me deixem entrar em contato com Bobby pelo rádio de novo – animou-se Collins – Talvez possamos...


 

– Parem. Victoria, rapazes, esperem – a voz fraca de Jo interrompeu a conversa entre eles.


 

Os três se viraram para ela. Ellen também a olhou.


 

– Podemos ser realistas sobre isso, por favor? – continuou a jovem enquanto os três se aproximavam – Não posso mover as pernas. Não posso ser movida. Minhas entranhas estão seguras por uma bandagem. Nós temos que... Nós temos que definir o que é prioridade aqui.


 

Ela parou de falar por alguns momentos a fim de recobrar o fôlego. Collins e os Winchesters se entreolharam.



 

– Número um: Não vou a lugar algum.


 

– Joanna Beth, pare de falar desse jeito! – Ellen a repreendeu bastante aflita


 

– Mamãe... Não posso lutar. Não posso andar. Mas posso fazer algo... Temos propano, fiação, sal grosso, pregos de ferro... Tudo o que precisamos.


 

– “Tudo o que precisamos?” – Sam parecia não entender. Ou não queria.


 

– Pra construir uma bomba, Sam.


 

O silêncio foi geral. Estavam surpresos com aquela proposta.


 

– Não. Jo, não – Dean balançou a cabeça recusando aceitar a ideia.


 

– Tem outro plano? Tem algum outro plano? São cães infernais lá fora, Dean. Eles já nos farejaram. Esses putos nunca vão parar de nos perseguir.


 

– Jo, não vamos nos precipitar! Vamos pensar em alguma outra coisa! – exclamou Victoria – Você não tem que se sacrificar! Talvez... talvez pudéssemos...


 

– Victoria Collins, sempre admirei essa sua garra por trás de sua dureza – Jo a interrompeu com um leve sorriso – Você puxou o Bobby em matéria de otimismo, mas... mesmo agora tem que reconhecer quando tudo está perdido. Mesmo que a gente pudesse passar pelos cães, já é muito tarde pra mim. Mas já que não podemos, não quero que... minha morte seja em vão.


 

Victoria quis retrucar, porém, não soube mais o que dizer. Ela não tinha conhecimentos profundos sobre medicina, mas sabia que a ferida da Harvelle era mortal. Não havia nada que se pudesse fazer pela moça. Os outros também não ousaram dizer o contrário. Jo continuou:


 

– Deixamos os cães entrar... Vocês saem pelo teto... e fogem pro prédio ao lado. Posso esperá-los aqui com meu dedo no botão. Rasgar esses sarnentos no meio – sorriu com satisfação – Pelo menos vai dar pra vocês alguns minutos de vantagem.


 

– Não, eu... Não vou abandonar você – protestou Ellen


 

– É por isso que estamos aqui, né? Se temos uma chance contra o diabo... – olhou para o Winchester mais velho – Dean, temos que aproveitar.


 

– Não! – tornou Ellen e olhou para o moço – Não é!


 

– Mãe! Essa é literalmente sua última chance de me tratar como adulta. Deve aproveitá-la.


 

O rosto de Ellen se contorceu de dor e agonia. Não conteve o choro. Sua filha a olhou à espera de algum sinal de aprovação. A mulher assentiu. Com dificuldade, falou:


 

– Ouviram ela. Ao trabalho.


 

Eles pegaram todo o material da loja necessário para fabricar a bomba e começaram a preparar tudo enquanto Ellen cuidava da filha. Dean fez os últimos ajustes.


 

Sam se abaixou diante de Jo. Não conseguiu achar palavras para lhe transmitir algum consolo. Apenas sorriu e pegou em sua mão. Apertou-a como se quisesse lhe passar forças. Depois, afastou-se.


 

Foi a vez de Collins se acercar a Jo. Vic se continha para não chorar; Jo não precisava daquilo. Por isso, a caçadora conseguiu esboçar um sorriso encorajador para a outra. A jovem Harvelle correspondeu e comentou:


 

– Parece que não vou conseguir me tornar uma lenda como a Indomável.


 

– Talvez em outra vida – respondeu Vic


 

As duas não puderam deixar de rir. Como se aquilo fosse possível...



 

– Você teria conseguido me superar com certeza – tornou Victoria – Sempre vi paixão em seus olhos ao falar que queria ser uma caçadora... ao contrário de mim, que fui forçada pelas circunstâncias.


 

Jo sorriu. Collins a abraçou com cuidado. Depois, olhou-a com admiração pela coragem.


 

– Foi um prazer conhecê-la, Victoria Collins – disse Jo


 

– O prazer foi meu, Joanna Beth Harvelle.


 

Em seguida, Victoria se distanciou para que Dean se despedisse da moça. Ele chegou perto dela e entregou o detonador em suas mãos.


 

– É agora – disse ao olhá-la com carinho. Ela o olhava com tristeza. – A gente se vê do outro lado. Provavelmente mais cedo do que tarde.


 

– Que seja mais tarde.


 

O loiro colocou o dispositivo que acionava a bomba na mão esquerda de Jo e apertou-a forte. Ele queria encontrar as palavras certas para dizer a ela, mas não conseguiu. Ao invés disso, pegou em seu rosto, beijou o alto de sua cabeça e fechou os olhos para prolongar o momento. A moça estremeceu por aquele simples contato. Dean a beijou levemente nos lábios e encostou sua testa na dela.


 

Victoria observou aquele momento entre os dois, mas não se incomodou. Pelo contrário, comoveu-se por ver muita sensibilidade e gentileza em Dean naquela demonstração de carinho.


 

– Certo – disse o loiro e afastou-se com certa dor no coração.


 

Jo fechou os olhos com tristeza e pesar por vê-lo se afastar. Arrependia-se de não ter se permitido passar sua última noite com o Winchester, ao invés de tê-la passado com seu orgulho e “respeito próprio”, porém, era tarde.



 

A próxima foi Ellen. Pegou na mão da filha e sorriu. Ficaram as duas em silêncio. Não precisou de palavras para que Jo entendesse o que sua mãe queria dizer.


 

– Mãe, não! – a moça suplicou


 

– Alguém tem que deixar que eles entrem – disse Ellen com serenidade – E como disse, não consegue se mover. Você tem a mim, Jo. E você tem razão. Isso é importante. Mas não vou deixá-la sozinha.


 

– Dean? - Sam alertou o irmão


 

– Ellen, você não pode... - Collins ia protestar


 

– Andem logo vocês – a voz impetuosa da Harvelle não lhes dava espaço para contestá-la.


 

– Ellen? - Dean a chamou


 

– Eu disse pra andar logo!


 

Eles se distanciaram hesitantes.


 

– E Dean... acabe com ele! - prosseguiu Ellen. O loiro parou alguns instantes. - Não erre.


 

Os caçadores olharam as Harvelles mais uma vez. Um bolo se formou em suas gargantas. Victoria ainda quis demover Ellen de sua decisão, entretanto, Sam a puxou pelo braço. Ela o olhou. O Winchester balançou a cabeça. Collins assentiu.


 

E os três se foram dali.


 

Assim que ficaram a sós, mãe e filha se olharam com cumplicidade e sorriram uma para a outra. No fundo, Jo estava feliz por não morrer sozinha. Sua mãe estava ali para ela como sempre esteve em grande parte de sua vida.

– 0 -

Collins e os rapazes haviam conseguido chegar ao outro lado do quarteirão através do prédio ao lado da loja de ferragens.


 

Súbito, ouviram o barulho da explosão. Viraram-se e observaram com horror o fogaréu que iluminava a noite e consumia todo o local onde as Harvelles estavam. Era o fim dos cães do inferno. E também de Ellen e Jo.


 

Victoria tapou a boca com as duas mãos para conter o choro. Os rapazes olharam para a destruição com expressão de muito pesar.


 

Finalmente, foram embora. Não havia nada que pudessem fazer.



 

Depois de um bom tempo, chegaram numa fazenda. Observaram atrás de uns arbustos que Lúcifer cavava um grande monte de terra num campo iluminado por uma fogueira. Uma multidão estava em volta dele.



 

– Acho que sei o que houve com alguns dos moradores – sussurrou Dean aos seus companheiros.


 

– E agora... o que fazemos? – inquiriu Victoria.


 

– Já que perguntou, o negócio é o seguinte: Sam vai pra aquele lado distrair o Diabo e eu vou pro outro tentar pegá-lo – disse apontando as direções. Olhou sério para Collins – E a senhorita fica quietinha aqui.


 

– Uma ova! Eu vou com... com um de vocês.


 

– Isso não está em discussão, Vic! Você fica aqui.


 

– Eu concordo com o Dean, Vic – afiançou Sam antes que Collins protestasse outra vez – Você vai ser nosso apoio... caso a gente falhe.


 

– Sam... – ela quis negar tal possibilidade


 

– Em último caso, se... não tiver jeito... fuja, Vic. Não hesite em sair correndo daqui.


 

– Eu... não posso fazer isso. Eu...


 

– Você deve! – ele pegou em seu rosto – Por favor, por mim. Me prometa que vai embora se a coisa ficar preta.


 

– Eu...


 

– Me prometa, Vic – ele insistiu


 

– Tá, eu... eu prometo – ela concordou, mas só para tranquilizar o namorado. Em seu íntimo, ela não pretendia cumprir a promessa.


 

Beijaram-se com ânsia, como se aquela talvez fosse a última vez que estivessem juntos. Dean virou o rosto incomodado por aquela cena. Quisera ele também receber um primeiro e último beijo dela!


 

– Bem... é melhor eu ir – disse Sam após desgrudaram as bocas com relutância.


 

– Tome cuidado, Sam. – pediu ela.


 

– Então... vamos logo – anunciou Dean.


 

– Espere, Dean – pediu Victoria, virou-se para ele e abraçou-o fortemente.


 

O caçador ficou surpreso com o gesto... e também muito satisfeito. Não era o beijo que mentalmente pediu, mas era melhor do que nada.


 

– Você também tome cuidado – disse ela o olhando com ternura após desfazerem o abraço.


 

Ele assentiu. Depois, olhou para o irmão.


 

– OK – disse Sam


 

– OK - retrucou o loiro


 

– Algumas últimas palavras?


 

– Eu passo.


 

– É, eu também.


 

Os dois fizeram uma longa pausa. Não sabiam mais o que dizer.


 

– Homens! – Vic revirou os olhos e juntos os dois – Se abracem de uma vez!


 

Os irmãos trocaram um breve abraço dando tapinhas nas costas um do outro. Depois, separaram-se.


 

– Vamos nessa – encorajou Dean


 

Lúcifer continuava cavando quando foi interrompido.


 

– Ei! – gritou Sam e empunhava sua espingarda – Queria me ver?


 

– Bem, Sam, você não precisa desta arma por aqui – o arcanjo largou a pá – Sabe que nunca o machucaria. Não mesmo.


 

Ele sorriu conciliador, mas o sorriso morreu quando sentiu a aproximação do cano da Colt do lado esquerdo de sua cabeça. Era Dean.


 

– É? Bem, eu te machucaria – disse. O diabo virou a cabeça e o encarou – Então, chupa!


 

E atirou na testa dele. O corpo caiu de uma vez.


 

– Isso! – vibrou Collins atrás da moita


 

O loiro observou o corpo inerte da criatura no chão e depois encarou o irmão. Eles sorriram aliviados. Contudo, para a surpresa deles, o diabo abriu os olhos, virou de lado e respirou.


 

– Au! – gemeu de dor. Depois, levantou-se.


 

Os Winchesters o observaram aturdidos; Vic também. Na testa da entidade, estava o buraco por onde a bala entrou.


 

– Onde conseguiu isso? – indagou com certo aborrecimento


 

E com um só golpe jogou o caçador de encontro a uma árvore. Este bateu as costas no tronco e caiu desacordado.


 

– Dean! - Victoria gritou


 

Quase correu para acudi-lo, entretanto, um impulso contrário fê-la correr na direção de Sam.


 

– Agora... onde estávamos? - inquiriu o diabo se voltando para Sam.


 

– Sam! - Vic gritou enquanto ia até ele.


 

– Vic, não! Volte! - ele gritou em pânico olhando para ela.


 

Todavia, ela não quis ouvi-lo e postou-se na frente dele como se quisesse protegê-lo de Lúcifer. Apontou uma espingarda para a criatura.


 

– Não se atreva a chegar perto dele! - desafiou a caçadora


 

O diabo que, até então estava com expressão neutra, pareceu levar um choque ao fitar Victoria.


 

– Você é.... - ele parecia ter perdido a fala


 

Sam instintivamente puxou a namorada para trás de si a fim de protegê-la como se ele fosse um escudo.


 

– Ela o quê? - indagou intrigado


 

– A Indomável... suponho.


 

Foi o que disse voltando a assumir sua expressão neutra. Todavia, o Winchester teve a ligeira impressão que o diabo por um breve instante entrara em pânico ao ver Collins.



 

– Não se preocupe, minha cara. Como eu disse... não pretendo machucar Sam. - disse num tom tranquilo enquanto olhava para Victoria


 

A caçadora sentiu um estranho arrepio ao encarar aquela criatura. Não conseguiu articular palavra.


 

– E também não vou machucar sua... sua namorada, suponho – tornou Lúcifer para Sam ao notar a atitude protetora de um para o outro.


 

Apesar do tom apaziguador, o Winchester teve a impressão que era mentira. Se ele não estivesse ali com Victoria, o diabo seria capaz de matá-la. E olhou para o corpo do irmão caído. Sentia-se impotente. Queria verificar se ele estava bem. Por outro lado, sentia uma frustração pela Colt não ter surtido o efeito que esperava. Como se lesse esse último pensamento, Lúcifer disse:


 

– Não se sinta tão mal, Sam. Existem somente cinco coisas em toda a Criação... que esta arma não pode matar. E acontece que sou uma delas. Mas se me der um minuto, logo vou terminar.


 

Ele voltou a cavar tranquilamente. Sam e Vic trocaram olhares e foram juntos se certificar de que Dean estava bem. Collins se ajoelhou diante do loiro enquanto Sam apenas aguardava de pé perto dela.


 

– Ele... parece bem. Só está desmaiado – disse Vic após examinar o caçador


 

– Sabe... Por que não dizer “sim” aqui mesmo? - disse o Arcanjo ao parar de cavar outra vez e encarando apenas Sam – E acabar com essa discussão cansativa?


 

– Isso é loucura, não? - esbravejou Sam – Nunca vai acontecer!


 

Collins se levantou e também queria protestar, porém, sentia-se intimidada pelo Arcanjo, mesmo que ele estivesse a ignorando de propósito. Era como se quisesse demonstrar que ela não era importante.


 

– Não sei não, Sam – tornou Lúcifer ao prosseguir com sua tarefa – Acho que vai sim. Acho que vai acontecer logo... nos próximos seis meses. E acho que vai acontecer em Detroit.


 

– Agora me escute, seu desgraçado... Eu mesmo vou matá-lo? Está me compreendendo? Vou arrancar seu coração!


 

– Sam... – sussurrou Vic e colocou as mãos nos ombros do namorado como se quisesse calá-lo. Temia que o diabo fizesse algo contra ele.


 

– Isso é bom, Sam! Continue alimentando esse fogo em suas entranhas... Toda essa raiva reprimida. Vou precisar.


 

– O que você fez? – inquiriu o moço olhando as pessoas em volta – O que fez com esta cidade?


 

– Eu fui muito generoso com esta cidade. Um demônio para cada pessoa capaz de suportá-los.


 

– E o resto deles?


 

– Aí dentro – com sorriso cínico, apontou a cova que cavava.


 

O Winchester e Victoria arregalaram os olhos horrorizados.


 

– Meu Deus... – cochichou Victoria


 

– Eu sei, é terrível, mas... esses cavaleiros são tão exigentes que mulheres e crianças foram as primeiras – continuou e encarou a expressão perplexa do moço – Sei o que deve achar de mim, Sam, mas eu tinha que fazer isso. Eu tinha! Você de entre todos, deveria entender.


 

– O que isso quer dizer?


 

Lúcifer jogou a pá no chão numa clara demonstração de raiva.


 

– Eu era um filho. Um irmão, como você. Um irmão caçula. E tinha um irmão mais velho que eu amava. Idolatrava, na verdade. E, um dia, fui até ele implorando pelo seu apoio, e Miguel... Miguel ficou contra mim. Me chamou de aberração. Um monstro. E então ele me abateu. Só por eu ser diferente. Por eu ter mente própria. Diga-me uma coisa, Sam: isso soa familiar?


 

O moço não conseguiu retrucar. O diabo havia tocado em sua ferida. Todavia, Collins o virou para ela obrigando-o a encará-la e rebateu aquela afirmação:


 

– Sam, não dê ouvidos ao que ele disse. Você não é igual a ele! Não mesmo! Eu sei disso. Confio em você! Sei que nunca vai disser sim pra essa... essa aberração!


 

E olhou com desafio para o arcanjo. Lúcifer a fitou com intenso ódio. Victoria sentiu a aura poderosa e maligna daquele ser e estremeceu por dentro. Contudo, as palavras dela tranquilizaram o Winchester. Ele também encarou o Diabo com desafio.



 

– Se vocês preferem se iludir... – tornou ele com atitude e voz neutra - De qualquer forma... vão ter que me dar licença, vai dar meia-noite. E tenho um ritual para terminar. Sam, não vá a lugar algum. Mesmo que quisesse não poderia.


 

E se virou diante da cova, estendeu os braços e começou a recitar palavras em latim. Vic e Sam aproveitaram para verificar mais uma vez o estado de Dean.


 

– Agora, repitam comigo: “Nós oferecemos nossas vidas, sangue e almas... – instruiu o Diabo aos seus servos


 

– Nós oferecemos nossas vidas, sangue e almas... – repetiu a multidão


 

– ... pra completar esse tributo.


 

– ... pra completar esse tributo.


 

Na mesma hora, todos os demônios caíram mortos junto com os corpos que possuíam. Dean, que havia acordado do desmaio e amparado por Vic, observou assim como seus companheiros o massacre que resultou...


 

– O que foi? – indagou Lúcifer ao notar a perplexidade no rosto dos caçadores – São só demônios.

– 0 –

Com o pouco de força que lhe restava, Castiel estava removendo um parafuso de uma das extremidades do encanamento através de sua mente. Meg o observava com sorriso perverso.


 

– Parece satisfeita – comentou o anjo.


 

– Vamos vencer. Dá pra sentir – ela encostou as mãos numa parede – Vocês, maricas de nuvem, perderam todo o universo. Lúcifer vai dominar o Céu. Vamos pro céu, Clarence!


 

– Estranho. Ouvi uma teoria diferente de um demônio chamado Crowley.


 

– Você não conhece o Crowley.


 

– Ele acha que Lúcifer só está usando demônios para alcançar um fim – ele a distraía para que não percebesse o parafuso que havia se soltado e o outro que começava a se desarrolhar. Chegou mais próximo dela até o limite do círculo que não podia tocá-lo – E que... depois que ele alcançar... destruirá todos vocês.


 

– Está enganado – ela também se acercou dele com raiva – Lúcifer é o pai de nossa raça. Nosso criador. O seu deus pode ser um fracassado, mas o meu... O meu anda pela terra.


 

O parafuso se soltou e, com ele, a viga do encanamento que bateu nas costas de Meg e jogou-a nos braços de Castiel dentro do fogo. O anjo pôs a mão sobre a testa da demônio para destruí-la, porém, não surtiu nenhum efeito. Ela sorriu aliviada e zombou:


 

– Não consegue matar demônios, não é? Foi cortado da Matriz, e não tem poder. Então, o que pode fazer, seu tolo impotente?


 

– Posso fazer isso – ele aproximou os lábios dos dela, que não recuou. Contudo, atirou-a em cima das labaredas do fogo. Meg gritava de dor enquanto o anjo passava por cima de seu corpo para atravessar o círculo.


 

Em instantes, Cass chegou à fazenda. A terra começou a tremer; uma fissura na grande cova se abria.


 

O anjo avistou Collins e os Winchesters, aproximou-se e, com os dedos nos lábios fechados, pediu que não se alarmassem. Em silêncio, tirou todos de lá.


 

Lúcifer notou a presença do anjo; virou-se e viu que ele e os caçadores haviam desaparecido. Todavia, não se preocupou nem se aborreceu. Tinha certeza que mais cedo ou mais tarde, teria o corpo de Sam.


 

Bem... isso se a tal Indomável não interferisse. Ela parecia ter grande influência sobre o Winchester. E parecia ser a ameaça que podia acabar com seus planos.


 

O diabo tinha que ter certeza se era mesmo ela.


 

Sua atenção se focou nas profundezas da cova. Finalmente, o Cavaleiro Morte subiu à tona. Lúcifer o recebeu com sorriso de escárnio:


 

– Olá, Morte.

– 0 –

A manhã do dia seguinte havia chegado.


 

Victoria observava as cinzas na lareira da sala de Bobby. Eram os restos da foto que havia tirado dois dias antes. Seu tio queimara a foto na noite anterior após Castiel tê-los salvo das garras do Diabo e os trazido até ali junto com o Impala preto. Ela, Sam e Dean ficaram junto do velho caçador observando as chamas consumindo a única lembrança que possuíam dos preparativos daquela jornada enquanto o rádio dava notícias do “misterioso” massacre em Carthage.


 

Ellen e Jo estavam mortas. Não havia sentido para eles guardarem aquela foto que lhes traria apenas a recordação de uma missão fracassada e um sacrifício inútil das duas caçadoras.


 

Sim, um sacrifício inútil, pois nem haviam destruído Lúcifer e muito menos impedido que ele trouxesse o Cavaleiro Morte.


 

Vic se sentia tão impotente! Se ao menos houvesse conseguido contatar Matt a tempo... talvez teria conseguido uma verdadeira força-tarefa para tirar Jo daquela loja e até poderiam ter salvo sua vida.


 

E também se sentia culpada por estar feliz. Feliz de ela, Sam e Dean ainda estarem vivos. Será que era errado nutrir tal sentimento apesar da morte das Harvelle’s?


 

– E os meninos? – a voz de Bobby a despertou de suas reflexões.


 

– Estão lá fora dando um check up nos carros.


 

– Você deixando Sam cuidar de “seu bebê”... ainda é difícil de acreditar. Você realmente ama esse rapaz.


 

– Pois é.


 

– Tanto que foi capaz de quase se atirar pra morte por causa dele. Ou melhor, pro diabo.


 

Collins bufou.


 

– Sam não tinha que ter te contado isso.


 

– Ele não teve alternativa. Deu pra ouvir parte da discussão de vocês ontem e, pelo pouco que eu ouvi, entendi tudo. Ele só confirmou quando o pressionei.


 

– Por favor, tio, sem sermão. Já me basta a bronca do Sam. Eu disse pra ele e digo pra você o mesmo: fiz e não me arrependo e farei de novo se aquele demente encapetado tentar pegar o Sam.


 

Bobby balançou a cabeça e soltou um longo suspiro.


 

– Está bem. Não direi mais nada. Conheço a cabeçuda que você é.


 

– Ótimo.


 

– E já que estamos falando sobre seu relacionamento com o Sam, tem uma coisa que quero te perguntar.


 

– O quê?


 

– Você contou a ele?


 

– Contei o quê? – ela se fez de desentendida


 

– Sabe bem do que estou falando.


 

– Olha, Bobby... eu...


 

– Você não contou, não é? – ele a interrompeu – E nem vai contar pelo visto.


 

– Não acho que isso seja importante.


 

– Não? É sobre você, sobre quem é e sua vida. Acho que Sam tem o direito de saber. Entendo que com o Henry, você teve que esconder boa parte do que você é, mas com Sam é diferente. Ele vai entender.


 

– Bobby, você sabe que não é uma questão de confiança. Se trata de proteger o Sam. Sabe que quanto menos pessoas souberem, melhor. Meu pai assim o determinou. Todos que sabem sobre mim podem acabar mortos.


 

– Samantha, Jack, Luke, seus parentes e Henry não morreram por causa desse seu segredo.



 

– Mesmo assim, não quero me arriscar. Infelizmente, será melhor pra mim e pro Sam que ele não saiba de nada.



 

– Você é quem sabe. Só que você se engana, minha filha, o Sam é um cara muito esperto e observador. Pode não ser explosivo como o Dean, mas ele também não é do tipo que deixa as coisas sem se resolverem. Ele vai começar a fazer perguntas e se você não as responder, de um jeito ou de outro ele vai descobrir. E não pense que isso não vai magoá-lo. Eu o conheço suficiente pra dizer que mentiras e segredos doem muito nele tanto quanto em Dean.


 

Victoria não soube responder, porém, ela sabia que Bobby tinha razão.


 

Não disseram mais nada porque os rapazes entraram e, depois de pegarem suas coisas, eles e Collins se despediram de Bobby rumo a mais uma jornada.


Notas Finais


Eis o link da música:
www.youtube.com/watch?v=xv4HOh9uwLc


Impostos e morte fossem a única certeza na vida¹ - para quem não conhece, essa expressão faz parte de um ditado popular muito usado pelos norte-americanos. Já vi aparecer também num filme com Brad Pitt chamado "Encontro Marcado"

Bem, espero que tenham gostado. E duas perguntas que devem ter ficado: Qual é o grande segredo da Victoria? E por que Lúcifer teve aquela reação ao vê-la? Perguntas que serão respondidas no decorrer da história. Próximo capítulo será uma aventura inédita. Até lá.


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