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História Almas Trigêmeas - O céu se enganou (parte 1)


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Olá, pessoal! Aqui na minha cidade (Belo Horizonte) o calor já tá bravo! Dá até preguiça de escrever, rsrsrs. Mas vamos a mais um capítulo. Contém spoilers do episódio 16, O lado escuro da Lua.

Boa leitura!

Capítulo 43 - O céu se enganou (parte 1)


Fanfic / Fanfiction Almas Trigêmeas - O céu se enganou (parte 1)

Anteriormente:

– Sam! – a voz de Dean o chamou de longe

Sam se virou, dando as costas para Jake que estava caído no chão. Ele foi em direção à voz de Dean. Encontrou-o junto com Bobby.

- Sam! – Dean o chamou aliviado

- Dean. – ele começou a caminhar até seu irmão

Não notou o movimento de Jake se levantar e pegar a faca que estava caída sobre a lama.

- Sam, cuidado! – gritou Dean

Era tarde demais. Jake o apunhalou pelas costas, causando uma ferida mortal.

(...)

- Aqui. Pega isso – o pequeno Sam estendeu um embrulho para seu irmão

- Não, Não, esse é para o pai.

- O papai mentiu para mim. Quero que você fique com isso. – ele insistiu

Dean olhou o pacote por alguns instantes. Hesitava.

- Tem certeza? – indagou

- Tenho.

Dean pegou o presente e o desembrulhou. Estendeu o objeto na palma da mão. Era um cordão com um pingente.

- Obrigado, Sam. Eu... eu adorei – disse emocionado

(...)

– É bom ver você, garoto – disse Bobby emocionado, mal acreditando que Dean estivesse vivo.

- É bom ver você também – respondeu Dean agarrando com carinho a gola do velho caçador

- Mas... como você saiu?

- Eu não sei

(...)

- Eu vim por uma coisa. Um amuleto. – esclareceu Cass fitando Dean

- Amuleto? De que tipo? – perguntou Bobby

- Muito raro, muito poderoso. Fica quente na presença de Deus. Me ajudará a acha-lo.

- Força eletromagnética de Deus? – indagou Sam meio descrente

Cass assentiu.

- Não sei do que está falando. Não tenho nada assim. – tornou Bobby

- Eu sei que você não. – Cass olhou para Dean.

Em seguida, olhou para o pingente que o Winchester levava ao pescoço. Este acompanhou o olhar do ano em seu objeto.

- O quê? Isso? – fitou o anjo com descrença

- Posso pegar emprestado?

- Não.

- Dean, me dê ele – soou mais como uma ordem do que um pedido

O caçador abriu a boca para protestar, mas diante do olhar insistente de Cass, resolveu ceder. Tirou o amuleto de seu pescoço.

- Tudo bem, eu acho.

(...)

- Tem certeza? – perguntou Sam

- Tenho.

- Não, tem certeza de que quer matá-lo?

- O filho da mãe não pensou duas vezes antes de acabar comigo umas mil vezes.

- Peraí, peraí... – interrompeu Vic e direcionou-se para Dean – Desculpe, mas eu não entendi essa última parte. Como assim ele acabou com você mil vezes?

- Depois do caso da Universidade, encontramos o trickster outra vez – respondeu Sam antes que Dean se pronunciasse – E ele... fez com que um mesmo dia se repetisse e matava o Dean na minha frente uma porção de vezes de diferentes formas.

(...)

Leonel olhou sem piedade para Mary e começou a se aproximar. Sam se colocou no caminho dele. O anjo se virou, pegou uma faca escondida num buraco de uma parede e esfaqueou o estômago de Sam. Sangue escorreu por sua boca.

- Sammy! – Dean o chamou com a garganta sendo sufocada pela mão de Set.

O Winchester deu uma última olhada no irmão. Depois olhou para Victoria que acabava de recobrar a consciência. A primeira coisa que viu foi Sam encostado na parede com a faca enfiada em seu corpo.

- Vic... sussurrou

Do lado de fora, uma luz resplandecente ofuscou a vista de John e fê-lo recobrar os sentidos. Dentro da casa, Sam caiu mortalmente ferido.

(...)

Vic se desgrudou do abraço do namorado e beijou-o várias vezes no rosto e nos lábios. Depois, deu-lhe um murro forte no braço.

- Que isso, Vic? – ele riu – Quer me matar?

-Nunca mais faça isso comigo, Sam Winchester! É a segunda vez que você morre na minha frente! Você não tem ideia de como me senti!

(...)

- Olha, isso não vem ao caso. – o loiro o interrompeu bruscamente. Não queria discutir aquilo - O que está em jogo é a segurança da Vic. – fez uma pausa – Eu te entendo, Sam. Ela te faz se sentir normal.

- É. Quando estou perto dela, esqueço tudo de ruim que me aconteceu... não me sinto uma aberração. Em parte, eu só estou aguentando toda essa pressão por causa dela.

- Então aguente ficar sem ela... para salvá-la.

- Dean... – ele balançava a cabeça para os lados

- Sammy , faça isso pela Vic. E por mim.

Sam o fitou com angústia.

- Por favor, Sammy.

Com relutância, Sam assentiu com ar desolado. Dean suavizou a expressão do rosto.

- Só me dê alguns dias – pediu o mais novo.

- Olha, Sam, eu não acho...

- Por favor, Dean, só até a Vic esquecer o que passou lá com aquele bruxo. Pelo menos... uma semana.

Capítulo 42

O céu se enganou (1ª parte)

Falta pouco, falta pouco. Relaxe. Está tudo... bem.

Era o que Victoria dizia para si mesma tentando se convencer. Prestava atenção no trânsito ao máximo e tentava resistir à tentação de acelerar seu Impala além da velocidade permitida, e assim, chegar ao motel em que os rapazes se encontravam.

Matt havia lhe chamado com urgência para resolver mais um problema da empresa, um relacionado à perda de algumas ações. Os acionistas estavam a pressionando de novo e a Matt também.

Felizmente, dessa vez, não precisou mentir para Sam. Bom, para Sam não. Mas para Dean.

Sam não queria enganar o irmão. Uma vez que a causa principal do segredo de Vic era uma ameaça sobrenatural – sobre a qual Dean já estava informado – não havia motivo para ocultar sobre sua identidade como Sara Blackwell.

Contudo, Victoria não era da mesma opinião. Não queria que Dean, a exemplo de Sam, se recusasse a receber o dinheiro dos fundos para os caçadores por orgulho ou machismo, por ser ela a facilitadora. Além disso, temia que o Winchester passasse a agir de modo diferente com ela. Queria um tempo antes de se decidir a revelar sua identidade para o loiro. Convenceu seu namorado a não contar nada para Dean, pelo menos por um tempo. Dessa forma, pôde ir tranquila apoiar Matt.

Mesmo com tudo resolvido entre eles, no exato momento em que se despediu de Sam, Vic sentiu uma angústia invadi-la. Sentiu como se algo de ruim fosse ocorrer. Ela detestava tal sensação. Sempre a tinha, quando se tratava de algo relacionado com seu namorado ou mesmo com Dean. Pensou na possiblidade de cancelar a viagem, mas como havia garantido a Matt que iria, era tarde demais para voltar atrás.

Por outro lado, talvez aquela sensação fosse pela maneira como Sam vinha agindo ultimamente. Estava mais carinhoso do que nunca e mais ardente. E era justamente esse o problema. Sentia que ele queria lhe dizer alguma coisa, algo que o estava entristecendo. Ele negou que tivesse algum problema, mas não a enganava.

De qualquer jeito, antes de partir, fez Sam prometer que lhe telefonasse se houvesse algum problema, que não a deixasse de fora. Na verdade, fê-lo prometer que lhe telefonasse naqueles três dias de separação.

A última ligação de Sam foi à meia noite do dia anterior. Afirmou que estava tudo bem, porém, Vic sentia o contrário; o tom de voz dele o denunciava. E havia também aquela apreensão no peito dela.

Tudo resolvido na empresa, ela partiu no primeiro voo livre das seis da manhã e depois, pegou seu carro de volta num estacionamento pago. Pelos seus cálculos, faltava meia hora para chegar ao motel. A urgência em chegar lhe consumia.

Talvez se acelerasse...

Que se dane!

Pisou no acelerador e partiu na velocidade além do que a placa permita. Não ia matar ninguém se desrespeitasse uma vez que fosse as leis de trânsito.

Assim esperava.

- 0 –

Sam ia morrer, ele tinha quase certeza disso.

Talvez fosse melhor assim, embora não estivesse nem um pouco ansioso por isso. Talvez assim não tivesse que enfrentar seu dilema: terminar com Victoria e afastá-la dele.

Já havia passado uma semana e, aparentemente, Victoria estava recuperada do sequestro arquitetado por George. Não podia mais adiar a conversa com ela. Dean havia lhe cobrado assim que esgotou o prazo.

Sam tentou argumentar que era desnecessário, inútil, mas o irmão estava irredutível. Ainda mais pela conversa que tiveram na manhã do dia seguinte ao do resgate de Vic.

- Vic, agora que você está melhor, nós três temos que conversar – Dean foi logo dizendo após entrar no quarto que ela dividia com Sam.

- Sobre o quê? – ela o olhou confusa.

- Nada que não possa esperar – Sam se intrometeu lançando um olhar reprovador ao irmão.

- Sobre a coisa que matou sua família e que pode estar atrás de você. – Dean ignorou Sam e sentou-se numa cadeira – Sam me contou tudo.

- Contou? – ela fitou Sam de modo acusador

- Não tive escolha, Vic. – justificou-se o Winchester mais novo – Você estava sumida, não sabíamos quem estava por trás de seu rapto... Tínhamos que pensar em todas as possibilidades. – suspirou – Contei para o Dean sobre a carta que seu pai... o Jack Collins escreveu.

Sam trocou um olhar cúmplice com Victoria. Ela entendeu, ainda mais por ele citar o nome de seu pai adotivo e não o de William Blackwell. Ele contou tudo, menos sobre sua verdadeira identidade.

- Ahm, certo. Tudo bem – disse ela

- Como assim tudo bem? – esbravejou Dean – Algum monstro, entidade ou seja lá o que for está atrás de você e é isso que você tem a dizer? E sem contar o "detalhe" de ter escondido isso da gente por tanto tempo.

- Olha, Dean, não me leve a mal, mas eu não queria envolver vocês nisso. Como o Sam te contou, eu tive instruções precisas do meu pai de nunca revelar sobre isso pra ninguém pela minha própria segurança ou das pessoas à minha volta.

- Não quis envolver, mas estamos mais do que metidos nisso até o pescoço desde o dia em que você entrou na equipe – ele a fitou irritado – Sem essa, Vic! Não engulo nenhuma desculpa que você possa dar.

Victoria ia retrucar, mas Dean fez um gesto no ar com a palma da mão, interrompendo-a.

- OK, como não estou a fim de bate-boca, vou fingir que você teve um surto de amnésia e se esqueceu de contar pra gente – ele prosseguiu num tom sarcástico – O que mais importa agora é descobrir sobre a coisa que está atrás de você. Você se lembra de como foi a morte de seus pais?

- Eu... não estou bem certa, Dean. Foi tudo muito confuso. Sonho com isso muitas vezes e mesmo assim, não consigo me lembrar de todos os detalhes – ela balançou a cabeça – Tudo que me consigo lembrar é de uma luz muito forte que explodiu minha casa e... matou minha família.

- Uma luz forte?

- Sim.

Dean trocou olhares com o irmão.

- Isso me lembra Lilith – tornou Dean – Ela provocou uma explosão dessas lá na delegacia com o Henricksen.

- Pensei nessa possibilidade – disse Sam – Mas qual seria o motivo para ela atentar contra a Vic?

- Não parece óbvio? Talvez estivesse agindo sob as ordens de Lúcifer. Vic é um obstáculo pra ele chegar até você. De alguma forma, ele sabia.

- Dean, Lúcifer estava preso na gaiola quando Vic e a família dela forma atingidos.

- Mas a Lilith já devia estar solta. E pelo que nos disseram, é o demônio mais antigo, o primeiro ser humano a cair nas garras do Diabo. Ela devia saber onde ele se encontrava e mantinham intercâmbio direto.

- É verdade! – Sam se espantou por não ter conseguido pensar em algo tão óbvio. Fazia sentido.

- Então será que foi essa Lilith que matou minha família? Ela quem destruiu minha vida? – Vic se levantou colérica da cama com os punhos cerrados – Maldita! Se não estivesse morta, eu juro que eu mesma a caçaria até destruí-la!

- Ela pode estar morta, mas o chefão dela não – lembrou-lhe Dean

- Acha mesmo que Lúcifer está atrás de mim e dessa trama toda?

- Você ainda tem alguma dúvida?

- Faz sentido – a expressão de Sam era de quem se recordava de algo. Ele balançou o dedo indicador e fitou Dean – Lá em Carthage, quando fomos tentar matar o Diabo e ele te derrubou, a Vic se colocou na minha frente pra tentar me defender.

- Maluca! – xingou-a Dean. Vic cruzou os braços e estreitou os olhos. – Certo. E daí?

- Não vem ao caso, Dean, mas... o que quero dizer, é que ele teve uma reação muito estranha quando olhou a Vic.

- Que reação?

- Ele se espantou com a presença dela... quase como se ela fosse uma ameaça.

- É, e depois me olhou como se quisesse me destruir – respondeu Vic e estremeceu – Detesto admitir, mas eu senti medo. Dava pra ver ódio emanar da aura dele.

- Maravilha! – ele bateu as palmas com ironia - E por que vocês não me contaram isso antes?

- Ah, Dean, nem lembramos de comentar sobre isso entre nós. Você sabe... estávamos abalados por causa do que aconteceu coma Ellen e a Jo.

- Está certo.– tornou Dean esfregando o polegar e o indicador no queixo ao fitar o chão como se meditasse – Estranho. Se ele sabia sobre a Vic e mandou Lilith matá-la, por que ficou espantado ao vê-la?

- Talvez achasse que Lilith tivesse feito o serviço muito bem feito.

E também porque na época do massacre, Vic se chamava Sara Blackwell. E para todos os efeitos, Sara estava morta assim como sua família. Talvez fosse por isso que William instruiu a filha a nunca revelar sua verdadeira identidade para ninguém.

Tudo isso Sam pensou, mas não compartilhou com o irmão. Olhou para Victoria. Ela chegou à mesma conclusão.

- Mas ainda assim não faz sentido. A essa altura, já não era segredo para os demônios que Victoria Collins estava com a gente. Ele devia estar informado sobre tudo. – continuou Dean . Nem Vic e nem Sam o contradisseram– A reação dele me parece estranha e, pelo o que vocês falaram, até exagerada pra um babaca como ele com ares de superioridade. Ele se acha muito acima de tudo, incapaz de ser atingido por qualquer coisa, muito menos por humanos. – o Winchester coçou a cabeça – De qualquer jeito tudo aponta para ele.

- Na falta de outro, é nosso maior suspeito – corroborou Sam

- E você sabe o que isso significa, não é? – Dean o olhou de modo sugestivo.

Sam assentiu desviando o olhar. Sentiu um nó na garganta

- Do que vocês estão falando? – Vic quis saber.

- Nada – Sam a fitou com um sorriso tranquilizador – Apenas que vamos ter que ter mais cuidado e que não vamos deixar nada de mal te acontecer.

Sem esperar resposta, ele caminhou até ela e abraçou-a. Seu olhar encontrou o de Dean. O mais velho balançou a cabeça para os lados com expressão reprovadora.

Depois dessa conversa, chegou o temido sétimo dia para Sam. Ele sabia que não podia adiar mais sua conversa com Victoria. Se não o fizesse, as coisas entre ele e Dean se estremeceriam mias ainda. E por outro lado, não podia deixar que Vic corresse mais perigo a cada segundo que passava a seu lado.

Por sorte ou azar, na manhã em que pretendia lhe falar, Collins recebeu uma chamada de Matt. Ele precisava de um apoio na multinacional.

Prontamente Sam concordou que ela atendesse ao pedido de Matt e adiassem aquela conversa. Sabia que não devia se sentir aliviado por se ver livre daquele embaraço, mas estava.

Mais tarde, quando Vic se foi – após mentir para Dean com o usual argumento de que precisava ajudar seu colega Matt numa caçada e que ele só confiava nela para isso – Sam teve que argumentar com o irmão e garantir que falaria com a namorada assim que ela retornasse. Dean concordou de má vontade, embora ficasse bastante amuado.

Sam sabia que só adiava o inevitável e estava com os argumentos na ponta da língua para convencer Victoria a sair de sua vida.

Agora, diante dos canos de duas espingardas apontadas para ele, refletia que talvez não precisasse mais se valer de tais argumentos.

Dois homens mascarados invadiram o quarto do motel sem que ele se desse conta. Apenas quando se aproximaram mais da cama é que notou o ruído e despertou sobressaltado.

- Não se mexa – havia ordenado um deles.

Ao seu lado, Dean dormia tranquilamente de bruços. Automaticamente, seu braço foi para debaixo do travesseiro pegar sua arma. Mesmo dormindo, seu sentido de alerta estava desperto. Porém, não sentiu o revólver no lugar que deveria estar. Abriu os olhos surpreso.

- Procurando por isso? – um dos homens indagou com a arma numa das mãos. Já havia se adiantado com cuidado e retirado o objeto sem que o Winchester notasse.

Dean girou o corpo se levantando aos poucos com expressão sonolenta e aparentemente tranquila. Fitou a pessoa que havia lhe roubado. Era um homem forte de capuz que retirou as balas de sua arma antes de depositá-la em cima da mesa.

Olhou de lado e viu que seu irmão estava sentado sobre o colchão na mira dos sujeitos.

- Bom dia – disse com a voz rouca e calma sem abandonar a zombaria.

- Cala a boca. Ponha as mãos onde eu possa ver. – ordenou o que lhe apontava a espingarda

O caçador obedeceu e levantou uma mão enquanto estendia a outra sobre a superfície do colchão para apoiar o corpo. Notou algo familiar em seu captor. Olhou-o intrigado.

- Espera um pouco. – levantou o tronco até se sentar – É você, Roy?

O homem não conseguiu disfarçar a surpresa em seus olhos, única parte do rosto visível sob o capuz.

- É, não é? – tornou Dean. Encarou o outro sujeito e sorriu – O que faz de você, o Walt. E aí, Walt?

Os dois sujeitos se entreolharam. O que apontava a arma para Sam tirou o capuz. Era loiro dos olhos verdes, um rosto até agradável de se olhar, caso não estivesse tomado pela raiva.

- Bom... – disse ele

Seu companheiro também retirou o capaz. Possuía feições mais grosseiras num rosto redondo e com resquícios de barba por fazer. Os olhos eram negros e exprimiam desconfiança.

- É impressão minha ou vocês parecem chateados? – inquiriu Dean

- Acha que pode começar o Apocalipse e se safar, Sam? – interpelou Walt ao mais novo sem responder à pergunta que lhe foi dirigida

- Quem te disse isso? – Sam estava surpreso

- Não somos os únicos caçadores atrás de vocês. – replicou armando a espingarda. O barulho causou um tremor em Sam - Nos vemos na outra vida.

- Espera aí. Podemos explicar, tá? – protestou Sam. Walt hesitou por um instante – Por favor.

Aparentemente concordou acenando com a cabeça. Roy também assentiu. Por um instante, os Winchesters sentiram alívio. Mas logo Walt disparou dois tiros certeiros no peito de Sam, matando-o. O último pensamento que acorreu à mente do Winchester foi de que ainda bem que Victoria estivesse longe dali.

Bendita hora que Matt lhe telefonou!

Tomado pelo pânico, instintivamente Dean quase se levantou para acudir seu irmão. Roy o advertiu sem deixar de lhe apontar a arma:

- Fica sentado.

Dean olhava o cadáver de Sam tomado pela tristeza e fúria. A mente tentava trabalhar sobre a melhor maneira de se libertar e acabar com a vida de seus captores.

- Atira nele – ordenou Walt

- Matar o Sam foi certo, mas o Dean... – Roy tentou argumentar

- Ele nos obrigou – interrompeu-o Walt sem desviar o olhar do cadáver de Sam – E acabamos de matar o irmão dele, seu imbecil. Quer passar a vida sabendo que Dean Winchester quer te pegar? Porque eu não quero. Atira nele.

Roy hesitava, apertando os lábios. A bem da verdade, não tinha nada contra Dean, até o admirava. O Winchester se voltou para ele, a expressão furiosa:

- Vai, Roy. Atira. – incentivou-o numa voz tranquila, que ocultava o ódio em seu ser. Ele se ajeitou com o corpo aberto para receber os disparos – Mas estou avisando você, quando eu voltar, estarei puto.

Não blefava. Algo lhe dizia que não era daquela forma que ele e o irmão terminariam.

O dedo de Roy deslizou pelo gatilho, mas não o acionou. Diabos! Matava monstros e não pessoas, a não ser que representassem um perigo, no caso de Sam. Mas Dean era inocente pelos atos do irmão. E sentia que sua declaração não era brincadeira. Não era segredo para ninguém o seu retorno dos mortos. E se ele voltasse mesmo para se vingar?

- Vamos! - gritou Dean com desafio assustando Roy – Acaba logo com isso.

Roy não se decidia. Walt resolveu por ele.

- Vai logo. –

Sem esperar a decisão de seu parceiro, atirou várias vezes no Winchester.

- 0 –

Victoria estacionou o carro repentinamente no meio-fio. Sentiu uma espécie de aperto no coração. Faltavam apenas alguns metros antes de chegar ao motel.

Sam. Dean.

Ela sabia. Havia lago de errado. Alguma coisa aconteceu com eles. Deu uma partida brusca e correu o mais que pôde. Avistou o motel, ponto de encontro onde se separou dos rapazes. Viu dois sujeitos encapuzados correrem dali furtivamente sem que ninguém os visse, exceto ela. Eles portavam armas.

Não.

Brecou de repente. Ela tinha certeza que estavam saindo do quarto de seus companheiros. Não se preocupou com os indivíduos, nem em anotar a placa do carro que pegaram para fugir em disparada.

Sua única preocupação era chegar até os Winchesters. Pedia mentalmente que fosse apenas um medo injustificado. Um equívoco. Não viu mais nada à sua frente.

Passou pelo portão de entrada. Por sorte, o recepcionista do motel estava distraído e não a impediu. Claro, um lugar mal vigiado em que não se preocupavam com quem entrava e saía. Nem se bandidos poderiam ter acesso livre ali.

Ela correu até a porta do quarto onde sabia que estavam os rapazes. A porta estava entreaberta. Ela colocou a mão no peito.

Por favor, não.

Era como se fosse reviver a mesma cena. Como foi com a morte de Henry. Mas ela tinha que ter coragem. Talvez aqueles sujeitos só tivessem dado um susto nos rapazes.

Com mão trêmula, ela pegou na maçaneta e empurrou a porta. Sua mente ficou em branco ao se deparar com a visão à sua frente: Dean e Sam baleados e estirados em suas camas, com o sangue encharcando suas roupas e respingando pelo chão e parede. Mortos.

Por instantes, ficou sem reação. Depois, tapou a boca com a mão para sufocar um soluço. Sua respiração se acelerou.

Não. Isso não está acontecendo. Não está.

Começou a sentir uma dor profunda invadir seu peito. Mas não ia se deixar dominar por ela e muito menos pelo grito que ameaçava sair ou as lágrimas que segurava. Dessa vez, ela não ia ficar parada, entregue à dor, vendo alguém que amava morrer.

Ignorando a dor e o desespero, trancou a porta – temia que alguém houvesse ouvido os tiros – e correu até Sam. Esforçando-se para se controlar, debruçou-se sobre ele e colocou a mão sobre seu pescoço para verificar se ainda respirava ao mesmo tempo em que tomava seu pulso. Nada. Nenhum sinal vital.

Fechou os olhos e crispou o rosto de dor.

Força, mulher. Não é hora para se desesperar. Você tem que fazer algo.

Sim. E ela faria. Não ia aceitar a morte de Sam e Dean. Não. Imediatamente, tirou o celular do bolso enquanto ia verificar sem esperança se Dean apresentava algum sinal de vida.

- Alô? Victoria? –Cass atendeu no primeiro toque do celular

- Cass, você tem que vir pra cá! – a voz dela saiu num rompante ao ouvir a voz do anjo - É urgente! Dean e Sam... eles... – um nó se formou em sua garganta fazendo-a ter dificuldade de completar a sentença – Eles estão mortos!

- Como? O que aconteceu?

- Eu não sei! Eu os encontrei mortos! Vem pra cá! – ela praticamente gritou sem se preocupar se estava sendo rude

-Onde você está?

Ela deu as indicações e, no instante seguinte, Castiel surgiu no quarto.

- Victoria. – disse quase num cumprimento

- Cass! – ela correu até ele desesperada e agarrou- pela gola do sobretudo – Você tem que salvá-los! Tem que trazê-los de volta!

O anjo não respondeu de imediato. Contemplou o s corpos jazidos de seus amigos. Uma sombra de pesar perpassou em seu rosto.

- Lamento, não há nada que eu possa fazer na minha condição atual!

- Corta essa! – ela quase encostou o rosto dele no seu para que a encarasse – Se existem duas pessoas que não podem morrer, são o Dean e o Sam! E muito menos desse jeito! Você vai ter que fazer alguma coisa! Você até já trouxe o Dean dos mortos.

Delicadamente, ele se soltou dos braços de Collins e caminhou até um lado da cama onde estava Dean.

- Foi diferente, eu tinha todos os meus poderes. Mas agora...eu realmente não posso fazer nada. Bem que eu gostaria.

- Eu não aceito isso! Tem que ter um jeito!

- Eu não disse que não há um jeito, disse apenas que eu não posso trazê-los. Não se preocupe, eles vão voltar.

Vic colocou a mão no peito, fechou os olhos e soltou um suspiro de alívio.

- Graças a Deus! – depois olhou para o anjo meio apreensiva – Como?

- Antes de qualquer coisa, vou me comunicar com eles.

- 0 –

Dean ainda não acreditava no que havia acabado de presenciar. Reviveu o dia quatro de julho de mil novecentos e noventa e seis em que ele e Sam comemoraram juntos longe das vistas do pai e soltaram fogos de artifício num matagal à beira de uma estrada. Era como se estivesse ali de novo com seu irmão, mas este parado no tempo, no início da adolescência enquanto ele revivia o momento em sua idade atual.

Aquele foi um dos melhores dias de sua vida. Mas tão repentinamente como a cena havia surgido, ela também desapareceu. E logo depois, as imagens dos disparos de seus algozes invadiram a mente de Dean. No local só restaram ele e o Impala preto.

Chamou pelo irmão, mas nem sinal de sua existência. Por fim, aproximou-se do carro e debruçou os braços no capô tentando entender o que estava acontecendo.

Talvez seja um sonho.

Era o que tentava acreditar.

De repente, o carro ligou sozinho e o rádio também.

- Dean... – era voz sonorizada de Castiel que saía do aparelho

- Cass? – respondeu ele surpreso

- Você conseguiu? – indagou Vic ao lado do anjo

Estavam lado a lado perto de uma mesa onde Castiel dispôs vários objetos de feitiçaria e comunicava-se com Dean através de um pequeno vaso. Havia tentado contatar Sam, mas sem sucesso. Com Dean, conseguiu após certa dificuldade.

- Você conseguiu, Cass? – inquiriu Vic ansiosa. – É a voz de Dean? Ele está bem?

- Sim, é ele. Está no Céu.

Ela colocou as mãos no rosto com alívio

– Menos mal. Vamos, fale mais com ele!

- Shhh. Preciso me concentrar – ele pediu com a palma da mão levantada para o alto. Voltou sua comunicação para o Winchester – Sou eu.

- Precisa parar de mexer nos meus sonhos – disse Dean do outro lado após alguns instantes – Preciso de um tempo pra mim.

- Escute-me com atenção. Isso não é um sonho.

- Então o que é?

- No fundo você já sabe.

Houve uma longa pausa por parte do Winchester antes de ele responder:

- Estou morto.

- Meus pêsames.

- Pare de falar assim! – replicou Vic. Fazia um movimento de vai-e-vem com uma mecha do cabelo entre os dedos. Depois, roeu as unhas.

- Essa é a voz da Vic? – indagou o Winchester.

- Dean? Pode me ouvir? – ela retrucou ansiosa se debruçando sobre o vaso.

- Sim. Você... está bem? Não está ferida?

- Não.

- Ainda bem – ele disse após soltar um suspiro de alívio – Quer dizer que você não encontrou os caras que fizeram isso com a gente. Menos mal.

- Eu vi quando eles deram no pé, mas não me viram. Quem eram os desgraçados?

- Não há tempo para falar sobre isso – Cass os interrompeu - Esse feitiço, essa conexão, é difícil de manter. Temos que nos concentrar no que importa.

- Onde estou? – tornou Dean

- No Céu.

- Céu? Como fui parar no Céu?

- Certamente você tem méritos para isso, a despeito de qualquer coisa. Eu lhe garanto.

- Então, se eu estou no Céu, cadê o Sam?

- O que você vê?

- Como assim, o que eu vejo?

- Me diga, você vê algum túnel ou rio? O que vê?

- Nada, o meu painel. Estou no meu carro. Estou numa estrada.

- Certo, uma estrada. Pra você é uma estrada. Siga-a Dean. Você encontrará o Sam. Siga a estrada.

A conexão se interrompeu. Cass ergueu a cabeça.

- O que aconteceu? – indagou Vic

- Como eu disse, essa conexão não dura muito tempo. Vou tentar conectá-lo, mas só vou estabelecer nova conexão quando eu sentir que ele encontrou Sam.

- Que remédio! – ela lhe deu as costas – Será que ele vai demorar muito?

- Não sei, vai depender de várias circunstâncias.

- É estranho que ninguém do motel tenha ouvido os disparos.

- Por sorte ou azar, não há mais ninguém por aqui hoje. Os empregados ficam num local do outro lado do estacionamento e a acústica daqui não é muito boa. Sem contar que o recepcionista é meio surdo.

- Nossa, um belo relatório em tão pouco tempo.

- Obrigado. Sempre fui metódico nos meus relatórios quando trabalhava no Céu.

Vic teve vontade de lhe perguntar mais coisas sobre o que fazia por lá e de como era, porém, vendo-o concentrado, calou-se.

Sentou-se à beira da cama de Sam e olhou o corpo moribundo de seu namorado. Sentiu uma agonia lhe invadir ao vê-lo daquela forma. Tratou de espantar o pensamento agourento. E sem se importar com o sangue, ela levantou a cabeça do namorado e tratou de pô-la em seu colo.

Sabia que Sam ia sair dessa assim como das outras vezes. Ele e Dean. Os dois eram sobreviventes.

- 0 –

Dean encontrou Sam numa bela casa. Ele estava no meio de um jantar de Ação de Graças que havia passado com a família de uma garota de quem gostava quando era um menino. Vestia uma camisa de golas compridas com gravata e uma calça social.

- Não diga. Céu? – Sam interpelou admirado o irmão.

Estavam de pé entre a porta da sala de visitas que dava para a sala do jantar. Observavam a cena do jantar transcorrer naturalmente como se ele ainda estivesse à mesa com as pessoas ali sentadas: a garota, os pais dela, suas irmãs e o avô.

- É – respondeu Dean

- Certo, como estamos no Céu?

- Acho que por causa daquela vida santa – ironizou Dean

- Não, não. Você, eu entendo. Mas eu? Talvez não tenha notado, mas eu fiz umas coisas.

- Achou que estivesse fazendo a coisa certa.

- Até onde sei, não havia uma estrada para o Céu que era rodeada de boas intenções.

- Se esse for o shopping celestial, então é uma droga. Cadê as mulheres com três peitos e látex, sabe? Um cara tem necessidades.

- Oh, meu Deus! – arregalou os olhos e abriu a boca

- O que foi?

- A Vic, Dean! Ela já deve ter voltado! E se ela encontrou o Roy e o Walt? E se ela...?

- Relaxe, ela está bem. Está com Cass.

- Ela... ela deve estar mal pelo que nos aconteceu – Sam sentiu um bolo na garganta – Ela...

- Está aguentando firme como a mulher durona que a gente conhece. E acho que talvez seja porque o Cass deve estar bolando uma forma de nos tirar dessa.

Sam deu as costas para o irmão tentando absorver tudo aquilo. Contemplou mais uma vez a cena do jantar. Tornou a se dirigir ao irmão:

- Sabe, quando você morre, dizem que sua vida passa perante seus olhos.

- O que quer dizer?

- Essa casa, é uma das minhas lembranças.

- Quando eu acordei, foi em uma das minhas lembranças. Aquele quatro de julho que queimamos aquele campo?

- Talvez o Céu seja isso. Um lugar onde você revive seus melhores momentos?

- Brincar em baixo da mesa com a guria de aparelho ali? – zombou Dean que havia flagrado a garota colocar a mão na perna de Sam furtivamente embaixo da mesa – Isso é um momento memorável para você?

- Dean, eu tinha onze anos. Foi minha primeira Ação de Graças de verdade.

- Como assim? Comemoramos Ação de Graças todos os anos.

- Tínhamos um balde de frango extra crocante e o papai desmaiado no sofá. - súbito, ouviram um estrondoso barulho. Olharam para os lados – Não me lembro disso.

Mal acabou de falar, as luzes da casa se apagaram e a residência começou a tremer. Um grande feixe de luz exterior, semelhante a de um helicóptero, penetrou pela janela, incidindo sobre as pessoas na mesa.

- Devíamos... – sugeriu Dean, deixando a sentença no ar.

- É, com certeza – concordou Sam.

E correram sala adentro para se esconder. Alguns objetos e quadros das paredes começaram a cair. Sam se espremeu num canto de uma parede e Dean se abaixou se escondendo atrás do sofá. Esperaram que aquela luz e o tremor parassem.

Assim que perceberam o lugar voltar ao normal, saíram de onde estavam.

- Está bem – disse Dean em direção ao rádio da casa.

- Que diabos foi aquilo? – indagou Sam

- Não sei, mas vamos pegar o elevador de volta lá pra baixo. – ele se abaixou diante do aparelho e começou a tentar sintonizá-lo.

- 0 –

- Estou conseguindo me conectar com Dean – declarou Castiel

- Ai, que bom! Já não era sem tempo! – exclamou Victoria e se levantou da cama de Sam. Postou-se ao lado do anjo

- Ele está tentando me chamar.

- Sam está com ele? – ela entrelaçou as mãos com nervosismo

- Um momento... Vamos ver. Consegui – inclinou-se mais para o vaso e dirigiu-se a Dean – Posso te ouvir.

- Ei, Cass. Encontrei o Sam, mas aconteceu alguma coisa.

- Dean, que bom! Me deixe falar com Sam! – ela o interrompeu. – Rápido!

Após alguns instantes, a voz de Sam soou através do vaso.

- Vic, você está bem?

- Sam, graças a Deus! Que bom que você está aí! Dá pra me ouvir direitinho?

- Perfeitamente – ele sorriu – Posso até ver seu rosto. Está aparecendo na televisão da casa. A imagem não está muito boa, mas...

- Televisão? Casa? – interrompeu confusa.

- Depois eu te explico – interveio Castiel – Agora tenho que falar com os rapazes com urgência, a conexão pode se perder a qualquer momento.

- Ah, tudo bem! Sam, meu amor, não se preocupe, nós vamos dar um jeito de trazer vocês de volta, pode crer. Até logo, meu amor.

- Até logo – respondeu ele num tom suave e terno.

- Dean, você estava falando que aconteceu alguma coisa aí – tornou o anjo – Que coisa?

- Foi um estanho raio de luz – informou o Winchester.

- Não vá para a luz – o tom era de alerta

- Valeu, Carol Ann. O que foi isso?

- Não o que, mas quem. Zacarias. Ele está procurando vocês.

Vic o olhou especulativa, mas nada comentou.

- E se nos encontrar? – inquiriu Sam

- Não podem dizer "sim" ao Miguel e a Lúcifer se estiverem mortos. Então, o Zacarias precisa retorná-los aos seus corpos.

Vic abriu um largo sorriso e fechou os olhos aliviada.

- Ótimo, problema resolvido.

- Não, vocês não entendem. Vocês estão por trás da muralha. É uma oportunidade rara.

- Pra quê? – questionou Dean

- Precisam encontrar um anjo chamado Joshua.

- Joshua? Não basta um demônio, agora tem um anjo com o mesmo nome. – bufou Dean – O que significa que é tudo a mesma bosta. Cara, sem ofensas, mas já estamos de saco cheio de anjos. Encontre-o.

- Não dá. Não posso voltar ao Céu.

- O que é tão importante no Joshua? – Sam quis saber.

- Dizem que ele fala com Deus.

- E daí? – Dean estava impaciente

- O que acha de talvez, apenas talvez, descobrirmos o que Deus anda dizendo? – Cass também se impacientou

- Caramba, que nervosinho! – sussurrou Dean para o irmão, mas não baixo suficiente para o anjo não escutá-lo.

- Por favor. Só preciso que sigam a estrada.

- Qual estrada? – perguntou Sam

- É chamada de Axis Mundi. É um caminho que passa pelo céu. Pessoas diferentes veem coisas diferentes. Pra vocês são duas vias de asfalto. A estrada os levará ao jardim. Encontrarão Joshua lá. E o Joshua pode nos levar até Deus. O jardim... Por favor, apressem-se.

Por fim, a conexão se desfez, mas Castiel havia conseguido comunicar tudo que precisava. Olhou para o lado e notou a expressão carrancuda de Victoria. Ela cruzava os braços.

- O que foi? A comunicação não ia durar mais tempo. – declarou achando que esse era o motivo da zanga dela

- Não é isso – ela afirmou – Mas pra quê prolongar a permanência deles por lá mais tempo, se já podiam voltar assim que encontrassem esse Zacarias?

- Eu já expliquei. É uma chance única de terem uma pista concreta de Deus e de solicitarem a ajuda dele para acabarmos com o Apocalipse antes que comece.

Ela suspirou. No fundo, sabia que estava argumentando por argumentar.

- Olhe, sei que está agoniada por vê-los daquele jeito – indicou com a cabeça os corpos dos rapazes adivinhando o estado de espírito dela – Mas acredite, de um jeito ou de outro eles vão voltar. – garantiu – É preferível até que eles voltem através do Joshua, se tiverem êxito em encontra-lo. Zacarias pode não ser a melhor opção deles.

- Sei. Ele é aquele anjo babaca que prendeu o Dean pra que ele não impedisse o Sam de soltar Lúcifer?

- Sim. Ele é o braço direito de Miguel. É um dos anjos mais terríveis que existem por lá, talvez o pior. Ele pode querer torturar Dean e Sam antes de jogá-los de volta aos seus corpos.

- Me deixe adivinhar. Vai tentar obriga-los a se deixarem possuir. – o anjo assentiu. Collins bateu o punho na palma da outra mão – Cretino! Então é melhor mesmo que eles encontrem esse Joshua.

-Assim espero.

- Bom, pelo visto vamos ter que aguardar. – ela fez um bico com os lábios e sentou-se numa cadeira – Enquanto nós esperamos, quero que você me conte exatamente como é o Céu.

- 0 –

Os Winchesters seguiram o conselho de Cass ou pelo menos tentaram. Antes, depararam-se com duas ou três lembranças de suas vidas e procuraram resistir à tentação de se deixarem se envolver com elas por muito tempo.

Primeiro, Dean reviveu um doce momento com sua mãe quando tinha uns cinco anos de idade.

Depois, foram parar numa recordação de Sam em Flagstaff, em que este fugiu de Dean e do pai para desfrutar sozinho de um apartamento em que ficou por duas semanas. Sua única companhia foi um cachorro apelidado por ele de Ossos. Dean não compartilhava da mesma opinião de seu irmão de que aquela fosse uma boa lembrança. Pelo contrário, ficou aborrecido de Sam considerá-la como se fosse.

Por fim, estavam em outra recordação de Sam, na rua de uma antiga casa em que moraram, na noite em que ele deixou o pai e o irmão para cursar Stanford. Aquilo foi o cúmulo para Dean!

- Essa é sua ideia de Paraíso? Uau! – indagou Dean atingido como se lhe acertassem um soco no estômago – Essa foi uma das piores noites da minha vida.

- Não posso controlar essa coisa – Sam tentou se justificar

- Sério? – riu amargo – Essa é uma lembrança feliz pra você?

- Sei lá, estava sozinho. Finalmente tinha me livrado do pai.

- É, ele não foi o único de quem você se livrou.

- Dean, desculpe.

- Já sei, você não pensava nisso desse jeito – Dean citou com sarcasmo o mesmo argumento que Sam havia dito na recordação anterior – Vamos, o seu paraíso é a Ação de Graças de outra pessoa. É se afastar de sua família. O que quer que eu diga?

- Cara, nunca tiraram a casca do sanduíche pra mim. – deu de ombros – Só não vejo a família do mesmo jeito que você vê.

- É, mas eu sou família.

- Eu sei.

- Nós dois éramos pra ser um time. Era pra ser você e eu contra o mundo. Certo?

- Ainda é assim, Dean.

- É?

-É. Tanto é que eu concordei em deixar a Vic. Não concordei? – Sam se impacientou ao se lembrar do que teria que fazer – O que me diz disso? Não é prova suficiente pra você de que quero fazer o que é melhor pra esse time?

- É, pode até ser. Você concordou, mas até agora não tomou nenhuma atitude. Era pra ter falado com ela antes dela ter viajado, antes dessa merda toda ter acontecido com a gente.

- Olha, Dean...

- Esquece, já perdemos muito tempo. – Dean girou o corpo e começou a caminhar numa direção daquela rua. – Vamos continuar seguir a estrada e achar esse Joshua.

Sam olhou para o alto e soltou um forte suspiro. Depois, seguiu o irmão.

Andaram apenas alguns metros sem se animarem a trocar uma palavra entre si: Dean por ainda estar aborrecido e Sam por estar constrangido.

Súbito, o céu clareou, mostrando uma tarde ensolarada. Surpresos, viram que se encontravam no que parecia um bosque. Alguns metros mais à frente, havia um lago e, diante dele, uma casa de madeira com um cais aos fundos. A expressão de Sam foi de imediato reconhecimento.

- Acho que... – começou a dizer, mas se deteve.

- Outra lembrança sua? – interrogou Dean com sorriso amargo e tom irônico – Mais uma sem sua querida família?

Antes que Sam replicasse, ambos ouviram uma voz conhecida atrás deles.

- Sam!

Eles giraram os corpos. Era Victoria que se encontrava a três metros, entre duas árvores. 


Notas Finais


E aí pessoal, que acham que aconteceu? Será que a Vic também foi parar no Céu também?

Gente, só uma observação. Na tradução em que vi esse episódio pela primeira vez (o que tenho gravado no meu computador) o nome do tal anjo que eles encontram é Josué. Mas em outra tradução que assisti é Joshua. E quando revi esse vídeo para escrever o capítulo, o som que sai é Joshua mesmo. E como eu já tinha posto o mesmo nome no demônio, bom, não tem como mais mudar. Só esclarecendo que não é falta de criatividade para nomes.

Bem, espero que tenham gostado


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