História Alohomora! Uma História de Magia: Viajantes do Tempo - A falha no plano

 Já era madrugada quando terminaram de explicar o que precisavam para Tiago e Lílian Potter, mas o grupo preferiu ocultar o fato de que haviam descoberto sobre o Vira-Tempo porque alguém do passado havia usado, causando a morte dos Potter.

            Tiago disse que o grupo poderia passar a noite em sua casa e no dia seguinte resolveriam o que fazer. Mas, quem disse que os jovens conseguiam dormir com tanta informação?

            -Precisamos voltar, gente- Disse Ana, receosa- Eu sei que se usarmos o Vira-Tempo para impedir a nós mesmos de viajarmos no tempo, não poderemos impedir a morte dos pais do Harry, mas ficando aqui e causando essa mudança toda, podemos colocar a nossa própria existência em risco.

            Todos olharam para Sarah, afinal a decisão seria dela, pois era a única do grupo que sabia como utilizar o Vira-Tempo. Após alguns minutos pensando em outra solução, se obrigou a perceber que não havia escolha.

            Pegou o Vira-Tempo e cada um pegou na corrente dourada, enquanto Sarah recitava as palavras mágicas. Mesmo recitando as palavras e girando a ampulheta, nada aconteceu.

            -O que houve? –Perguntou Camila, franzindo a testa- Não devíamos ter voltado para a nossa época?

            -Não está funcionando- Constatou Sarah, aflita- Por que não está funcionando?

            -Está perguntando para nós? –Indagou Ana- Você é que nos trouxe aqui. Tem certeza que disse as palavras certas?

            -É claro que sim- Respondeu a loira, de cara feia- Eu acho que este Vira-Tempo precisa de um tempo para recarregar ou sei lá.

            -Tá, mas quanto tempo vai levar? –Perguntou Camila, eufórica- Temos que viajar de volta antes que seja tarde demais.

            Percebendo que a amiga estava para surtar, Sarah assoprou a cara dela, com força.

            -Me desculpe, amiga, mas você precisa se acalmar, está bem? –Disse Sarah, embora não estivesse totalmente calma- O prazo de recarregar não deve ser mais que vinte e quatro horas. Além disso, existe uma possibilidade de termos alterado a nossa existência, mas isso não foi comprovado, então não podemos pirar.

            -O que faremos, agora? –Perguntou Eduardo, após um bocejo.

            -No momento, não podemos fazer nada- Respondeu Sarah, em um suspiro- Precisamos esperar. Enquanto não sabemos o dia de amanhã, melhor irmos dormir um pouco.

            Todos concordaram e se arrumaram como puderam no tapete macio da sala de estar da família Potter.

            Na manhã seguinte, foram acordados com o cheiro de café quentinho e torradas que se espalhava por toda parte.

            -Bom dia- Disse Lílian, com um sorriso deslumbrante- Como se sentem?

            -Estamos bem, obrigada- Respondeu Sarah, ainda sonolenta ao entrar na cozinha- Mas, achávamos que fossem estar zangados conosco.

            Lílian deixou as torradas de lado e encarou os jovens, fazendo sinal para que todos se sentassem à mesa.

            -Vocês se arriscaram para nos salvar e conseguiram- Disse ela, formalmente- Agradecemos de verdade por isso- Ela olhava de um rosto para outro- Porém, sabemos que o que fizeram pode mudar absolutamente tudo no futuro e Tiago está preocupado com o destino de vocês e eu também estou.

            -Acho que não estou entendendo, Sra. Potter- Disse Sarah, confusa.

            -Tiago e eu conversamos hoje assim que acordamos e decidimos que, embora tenham tido boas intenções, cometeram um erro terrível mexendo com o tempo. Coisas terríveis aconteceram com bruxos que...

            -Mexeram com o tempo- Completou Sarah, prevendo o que estava por vir- Sabemos, mas isso não significa que...

            -Queremos que voltem para a sua época e impeçam a si mesmos de virem para cá. Não deixem que Harry ou mais ninguém fique sabendo do Vira-Tempo, entenderam?

            Eles queriam dizer que podiam consertar tudo sem que Lílian e Tiago fossem mortos, mas não podiam fazer isso simplesmente porque não era verdade. A única solução que encontravam era essa.

            -Temos um probleminha- Confessou Ana- O Vira-Tempo não está funcionando.

            Lílian se levantou, preocupada.

            -Como assim? Isso á possível?

            -Achamos que sim- Respondeu Eduardo- Mas, não temos certeza de que ele voltará a funcionar. Vamos esperar vinte e quatro horas para tentar usá-lo novamente.

            Lílian respirou fundo, pensativa.

            -Eu já li muito sobre Vira-Tempo, mas não conhecia nada sobre combinar magia élfica com ele, mas vou pesquisar mais sobre o assunto e conversar com Dumbledore, afinal ele não deixa passar nada.

            Sarah e Ana se entreolharam, rapidamente.

            -E onde está o Sr. Potter? –Perguntou Eduardo.

            -Ele foi até o Largo Grimmauld, vocês conhecem? –Todos fizeram que “sim” –Então, sabem que é a sede da Ordem da Fênix, não é? Bom, ele foi conversar com os outros membros para saber se alguém já ouviu falar dessa magia do Vira-Tempo e de como ajudar o Harry do futuro enquanto ele está preso neste tempo. Precisamos saber como o deslocamento dele e o de vocês para esta época pode afetar a história.

            -O que aconteceu com o corpo de Você-Sabe-Quem? –Perguntou Camila, enquanto se servia de um pouco de café.

            Lilian pareceu bastante preocupada.

            -O corpo dele caiu dentro de nossa propriedade, então não nos preocupamos em retirá-lo de lá porque nenhum trouxa iria vê-lo, mas hoje de manhã percebemos que ele havia sumido.

            -Sumido? –Indagaram todos, de olhos arregalados.

            -Não sabemos se ele se levantou e foi embora ou se...

            -Alguém o resgatou? –Perguntou Ana, assustada- Alguém... Vocês acham que poderia ser...

            -Rabicho- Disseram, todos.

            Lílian ainda não estava nenhum pouco à vontade em falar sobre o traidor que fingia ser seu amigo, então se virou e foi preparar mais torradas.

            -Mesmo que Você-Sabe-Quem tenha se levantado e ido embora- Disse Eduardo- Com certeza ele estaria fraco e confuso, não acham? Será que não devemos ir atrás das Horcruxes dele? Sabemos onde algumas delas estão, não é verdade? E ele não tentaria criar outras agora.

            O grupo considerou a ideia do amigo, mas Lílian estava decidida.

            -Não podem fazer isso. É perigoso demais e vocês são apenas crianças. Tem Comensais da Morte por ai e traidores andando livremente. Não vou permitir isso.

            -Sra. Potter, com todo o respeito- Disse Ana, com bondade- O seu filho, no nosso tempo, fez coisas inacreditáveis quando tinha menos idade que nós. Ele enfrentou o Você-Sabe-Quem, matou um basilisco, enfrentou centenas de dementadores sozinho... Acredite, ele fez muitas coisas e nós também já passamos por mais coisas do que uma pessoa normal passaria.

            Lílian os observava com uma expressão de pena.

            -Eu acho isso incrível, mas o Harry que vocês conhecem não existe mais e se ele fez todas essas coisas é porque estava em perigo. Eu não quero que vocês se machuquem. Eu não quero que as coisas piorem, entenderam?

            -Mas, Sra. Potter- Tentou Sarah, em vão. A mulher saiu da cozinha, decidida- E agora? Ficamos de braços cruzados?

            -Só porque um adulto disse para não nos metermos em confusão? –Perguntou Ana, sorrindo- Até parece que nunca nos disseram isso antes. Como eu disse, passamos por muita coisa também e podemos resolver isso.

            Enquanto Lílian cuidava do bebê, Camila escreveu um bilhete onde pedia para que ela tomasse conta do Harry adulto, enquanto eles saíam para resolver umas coisas importantes.

            -A cobra e Harry são as únicas Horcruxes que faltam a ser criadas- Disse Eduardo, conferindo a lista- Será que devemos ir até Hogwarts para procurar o Diadema?

            -O Diadema perdido? –Indagou Sarah, com sarcasmo.

            -Ele não está perdido- Retrucou Eduardo- Sabemos onde está, ué.

            -Assim como sabemos que existe uma caverna no meio de um lago cheio de inferis com um colar- Respondeu Sarah, eufórica- Só temos informações que livros divulgaram e alguns foram escritos por Rita Skeeter, sabia? Acorda, Edu, não estamos próximos de encontrar nenhuma Horcrux. Temos que recorrer a outro plano.

            -Não precisaríamos recorrer a plano nenhum se você não tivesse nos trazido para o passado- Gritou Ana, perdendo a paciência.

            -Pelo o que eu sei, foram vocês que me seguiram.

            -Para evitar que fizesse uma besteira, mas vejam só: você fez!

            O grupo discutia em voz alta pela rua deserta, sem se importar se algum trouxa já havia acordado e pudesse estar escutando a briga.

            -Esperem! –Exclamou Camila, de repente fazendo todos se calarem- Acabei de me lembrar de uma coisa muito importante. A profecia sobre Harry e Você-Sabe-Quem, se lembram? Ela dizia que aquele com o poder de derrotar o Lorde das Trevas nascerá no fim do sétimo mês.

            Ana e Eduardo se entreolharam, sem interesse.

            -Harry não foi a única criança que se encaixava na profecia- Continuou Camila, lentamente- Existia um outro garoto que nasceu no fim de julho.

            Sarah entendeu seu raciocínio.

            -Neville Longbottom- Disse ela, perplexa- Você acha que ele pode estar em perigo? Mas, Você-Sabe-Quem já havia escolhido a família Potter, não é?

            -Mas, ele não conseguiu pará-los- Disse Ana, alarmada- Não, neste tempo. Quem é que garante que o Neville não está na lista?

            -Então, Você-Sabe-Quem ou Rabicho ou qualquer outro seguidor dele pode estar planejando ir atrás da família Longbottom? –Perguntou Eduardo, horrorizado.

            Sarah levou as mãos a testa, aflita.

            -Precisamos correr, pessoal- Disse, séria- Belatriz Lestrange irá atrás da família Longbottom e irá torturá-los. Temos que chegar lá antes dos Comensais da Morte.

            Ela já estava descendo a ladeira quando Eduardo a segurou pelo braço.

            -Sarah, não podemos nos meter ainda mais no que fizemos. Precisamos esperar o prazo do Vira-Tempo voltar a funcionar para que possamos viajar de volta para casa, esqueceu?

            -Eduardo, já estamos aqui- Rebateu Sarah- Já mudamos a história e eu sei que a culpa é minha, mas se temos a chance de consertar tudo e salvar vidas, eu quero tentar. Já imaginou como sua vida seria se seus pais tivessem sido mortos quando você era um bebê ou com seus pais tendo enlouquecido e sendo obrigados a vegetar em cima de uma cama, sem nem saber da existência do filho? –Eduardo se mostrou envergonhado- Eu já pensei nisso. Muitas vezes. Não vou ir embora sem nem ao menos tentar evitar essas tragédias, entendeu?

            Vendo que a amiga estava decidida, ninguém objetou. Ao invés disso, preferiram apoiá-la e seguiram até a casa dos Longbottom, que não era muito longe dali.

            A casa de dois andares estava bastante tranquila. Uma mulher regava as plantas do quintal, cantarolando alegremente.

            -Sra. Longbottom? –Perguntou Sarah, com educação.

            A mulher sorriu.

            -Por favor, me chamem de Alice- Disse ela, abrindo um sorriso- Como posso ajudá-los?

            Os jovens se entreolharam.

            -É um assunto um tanto... Particular- Respondeu Ana, mordendo o lábio- É sobre a Ordem da Fênix e Você-Sabe-Quem.

            Os olhos da mulher se arregalaram e seu sorriso desapareceu.

            -Entrem, por favor.

            A casa era bastante organizada e limpa. Vasos de flores enfeitavam os cantos dos cômodos e quadros de paisagens davam um ar bastante formal a casa. Se não soubessem de quem era aquela casa, poderiam facilmente confundir com a de trouxas.

            -Meu filho está dormindo no quarto e meu marido está fora, mas volta logo- Disse ela, apreensiva- Do que se trata? Como sabem sobre a Ordem e... de Você-Sabe-Quem?

            Sarah sabia que podiam confiar nela. Sua lealdade com a Ordem acabou resultando em uma tortura horrenda em seu tempo, então achou que não teriam mais tempo a perder.

            Ela e os amigos contaram sobre o Vira-Tempo, a magia de Sonny e do que haviam feito desde que começaram a usá-lo. Alice Longbottom se mostrou bastante assustada com o que escutou e quando questionou sobre o destino de sua família, não pareceu surpresa quando Ana contou o que a maldição Cruciatus havia causado.

            -Mas, agora que estamos aqui e que impedimos a morte do Sr. e da Sra. Potter, eles irão vir atrás do Neville, pois podem achar que a Profecia diz respeito a ele- Disse Eduardo, com urgência- Precisa tirar o seu filho e marido daqui antes que anoiteça. Os Comensais da Morte devem vir esta noite.

            Alice ficou pensativa por alguns minutos antes de se levantar bruscamente e caminhar decidida até o telefone da cozinha.

            -Será que ela acreditou? –Perguntou Sarah.

            -Acho que ela está é ligando para o Ministério vir nos prender- Disse Eduardo.

            -Mas, não existe telefone no Ministério- Interpôs, Camila sem perceber de que se tratava de uma piada.

            Não demorou e a mulher voltou.

            -Frank está vindo para casa- Disse ela, com alívio- Contei a ele que precisamos fugir com o Nev.

            Camila foi ajudá-la a arrumar as malas, enquanto Sarah, Ana e Eduardo aguardaram na sala com Neville no carrinho de bebê.

            Meia hora depois, as malas estavam prontas somente com o essencial e todos aguardavam por Frank Longbottom.

            Quando a porta se escancarou com violência, o estômago de Sarah revirou. Era óbvio que não era quem esperavam.

            Um homem alto, de cabelos curtos e sorriso com dentes amarelados entrou empunhando a varinha.

            Por uma fração de segundo, Alice olhou para a sua varinha, largada em cima da mesa, mas estavam longe demais.

            Camila, que estava com o bebê Neville em seu colo, o segurou com firmeza. Ao seu lado Ana e Eduardo seguravam suas varinhas por dentro do bolso do jeans que vestiam.

            A imagem de Lílian protegendo o filho como Alice fazia com Neville, parecia ter surgido na cabeça de todos.

            -Quem é você? –Perguntou Alice, se posicionando na frente das crianças- O que faz aqui?

            Ter um Comensal da Morte em casa, numa cidade onde a maioria dos moradores era trouxa certamente já era ruim, mas a risada infantil e debochada que escutaram foi capaz de mostrar que sempre dava para piorar.

            Uma mulher de cabelos negros ondulados e cheios entrou na casa, sorrindo alegremente para todos. Belatriz Lestrange não tinha a aparência desgrenhada e mal cuidada como os jovens conheciam, pois ela não havia ido para Azkaban ainda, mas parecia bastante perigosa.

            -O que você faz aqui? –Perguntou Alice, com presença na voz.

            -Crúcio! –Gritou Belatriz, apontando sua varinha para a mulher, que caiu no chão de joelhos gritando de dor- Isso mesmo, sua traidora do sangue. O seu lugar é no chão, de joelhos para seus superiores.

            Neville começou a chorar, vendo a mãe naquele estado.

            O feitiço se desfez e Belatriz caminhou na direção dos jovens, de forma ameaçadora e curiosa.

            -Quem são vocês? Não me parecem trouxas ou já estariam chorando feito esse bebê imundo- Disse ela, calmamente.

            “E agora?”, pensou Sarah, aflita. Não podiam se revelar sendo do futuro e com certeza jamais venceriam em um duelo contra dois Comensais da Morte.

            -O que é isso, garota? –Perguntou Belatriz, se referindo ao cordão dourado aparecendo por entre a blusa de Sarah.

            A garota gelou.

            -Responda!! –Gritou Belatriz, fazendo todos se assustarem.

            Sem esperar resposta, a bruxa puxou a corrente do pescoço de Sarah e sorriu ao observar o Vira-Tempo em sua mão.

            -Ora, ora, onde conseguiram isso? É um objeto valioso, sabia?

            Ela começou a andar de um lado para outro pela sala, pensativa.

            -Nunca vi nenhum de vocês por aqui. A Ordem está reunindo crianças também?

            Ela gargalhou sozinha, mas não durou muito tempo, pois houve um forte estampido e o Comensal que estava parado na porta foi arremessado contra a parede.

            Na confusão, Alice pegou sua varinha e puxou Belatriz pelo braço, espetando suas costas.

            -Não se mexa ou juro que mato você- Disse Alice.

            Belatriz gargalhou ainda mais.

            -Jura, querida? Você vai me matar, vai?

            Acontece tudo rápido demais. Em um momento, Belatriz estava sendo feita de refém e no outro, ela havia se virado e jogado Alice em cima da mesa. O feitiço de Frank, um sujeito alto, de olhos azuis e cabelos negros, passou voando a milímetros da cabeça de Belatriz, mas a Comensal era rápida demais e revidou com maldição cruciatus.

            Sarah e Camila correram para trás do sofá, protegendo Neville, que não parava de chorar.

            Ana e Eduardo empunharam suas varinhas e tentaram ajudar como puderam, mas Belatriz conseguia rebater todo feitiço que lhe lançavam mesmo sendo uma contra quatro.

            Um de seus feitiços queimou metade do sofá onde as garotas se protegiam e antes que Belatriz pudesse terminar o que havia começado, Alice gritou algo que fez o coração de Sarah disparar ainda mais.

            -O meu filho, não, sua vadia!

            Um duelo parecido havia ocorrido no tempo presente, contra Molly Weasley, mas quando a varinha de Alice voou de sua mão, todos pressentiram que o final não seria parecido.

            Frank também percebeu e, tomado pela ira, lançou a maldição cruciatus contra a mulher que, ainda às gargalhadas, desvencilhou facilmente. Ela rebateu com um feitiço estuporante que lançou Frank contra as escadas e sem mais delongas, lançou um sorriso triunfante a Alice Longbotton antes de lhe lançar o jorro de luz verde, que iluminou toda a casa, mesmo estando no meio da tarde.