História Alone... - Capítulo Único.

Segurava firmemente a mão de sua parceira, acompanhando os passos rápidos e desesperados dos outros ali. Lágrimas ameaçavam escorrer fortemente em seu rosto, enquanto um sentimento de culpa lhe dominava. Como podia ter deixado aquilo acontecer? Por que foi tão covarde? Se tivesse impedido o mais rápido possível,Ladybug não teria passado pelo que passou.

       Ela estava sendo levada naquela maca, com a barriga ensaguentada, manchando o traje que usava. Os enfermeiros pareciam determinados a fazer qualquer coisa para ajudar a heroína determinada e forte, agora fraca e incapaz. 

        A cena ainda repetia na mente de Chat Noir. Não conseguia pensar em mais nada. O cenário ao seu redor parecia apenas um simples espaço em branco, vazio. Apenas sua joaninha importava: 

         Ele estava ali, apontando uma metralhadora para Ladybug, que estava encurralada, incapacitada de fazer qualquer coisa no momento. Destructor, inicialmente um simples homem, que fora akumatizado devido ao desejo de vingança que tinha, agora ameaçava devastar Paris. 

         - Se eu fosse você não mexia um músculo,Ladybug.- Disse ele, com um sorriso não representando boas intenções. 

        A joaninha agora não sabia direito o que fazer, indefesa daquela forma, qualquer movimento que fizesse poderia ser atingida. Suspirou com dificuldade, até que viu seu parceiro Chat Noir atrás de Destructor com um olhar tenso. 

         - Agora, Chat Noir!!- Exclamou ela, pedindo para que o gato preto agarrasse o oponente por trás. 

        Mas nada havia acontecido. Chat Noir estava em estática e sua expressão empalidecida. Sentia uma forte inquietação no corpo, estava tenso. Uma arma se encontrava apontada para sua joaninha, e o pior poderia acontecer em questão de segundos. Isso definitivamente era algo que não queria. Seria medo o que estava sentindo? 

           Balançou a cabeça rapidamente e não esperou por nenhuma análise em sua mente. Entretanto, havia processado a situação ao seu redor tarde demais. Quando pulou em cima de Destructor, o mesmo agiu mais rápido e atirou em Ladybug, fazendo-a gritar de dor e cair no chão. A bala havia atingido a sua barriga, talvez não sobrevivesse por muito tempo. 

       - My lady!!- Gritou o gato preto, nocauteando o oponente e correndo em direção à joaninha. 

         - C-Chat... 

        - Não faça esforço, my lady...

       - E-eu...- Antes que ela pudesse terminar de falar, sentiu ser envolvida em um forte abraço, mas repleto de desespero. 

      - Foi minha culpa...- Chat Noir começou a se lamentar, com lágrimas esquentando seu rosto. - Apenas por covardia... Eu vou te levar ao médico! Por favor aguente firme!!

     - Espere...- Pediu Ladybug. - Chat, o akuma e-está na metralhadora.

           O parceiro entendeu e tratou logo de destruir a arma, libertando o akuma. A joaninha lançou seu ioiô na direção do mesmo.

         - S-seu reinado de terror a-acaba aqui, akuma...Te peguei.- Disse com um pouco de dificuldade, mas sentindo-se tranquila por não deixar Destructor vencer. 

           Era isso. Quem poderia imaginar que Chat Noir falharia daquele jeito? Mas tinha tanto medo de perder Ladybug...

          Logo percebeu que já estava ao lado da sua joaninha, deitada na maca, sua respiração estava acelerada e seus olhos fechados.

        - Por favor fique bem, my lady...- Pediu ele baixinho, observando cada momento da parceira. - E...Eu sinto muito... Muito mesmo...

         Naquele momento dois médicos haviam chegado. Um homem e uma mulher de aparentes 35 anos, suas expressões não eram as mais motivadoras. 

         - Vamos tirar essa máscara, pode atrapalhar nossos tratamentos. - Disse um deles, se preparando para retirar a máscara de Ladybug. 

         Chat Noir por um momento não pôde conter a ansiedade que estava sentindo, tendo consciência de que finalmente descobriria quem era a joaninha. A sua joaninha...

        Sorriu levemente.

      E lá estava ela. Marinette Dupain-Cheng, a menina desajeitada que sentava atrás dele na escola, era a super heroína forte e confiante de Paris. Era até irônico de se pensar que uma garota tão tímida e distraída na verdade seria Ladybug, determinada e decidida. Quem a visse diria que Marinette escondia seu jeito estranho em uma máscara, mas Chat Noir pensava de outra forma. Na verdade, a valentia fazia parte de quem ela realmente era. 

           E ele, Adrien Agreste, que sempre esteve apaixonado por sua joaninha, lutava ao lado dela e a ajudava sem nem mesmo ela saber quem era. 

         Porém, logo sentiu-se mal por descobrir aquilo da pior forma. 

         - Não há nada a se fazer. - Disse um dos médicos, tirando Chat rapidamente de seu transe. 
 
           A mulher presente logo começou a chorar.

         - Ah, não!! O que será de Paris sem Ladybug?! Nossa heroína!!

         - O quê??!- Esbravejou o gato, chamando a atenção dos outros dois.- Tem que ter um jeito!! Não diga uma coisa dessas!!

           - Ladybug perdeu muito sangue durante o caminho. Nem acredito que tenha sobrevivido até aqui. 

            - Para de falar bobagens!!- Indagou o gato com raiva na voz, segurando o médico pela gola da camisa. 

            - Chat Noir, p-por favor se acalme.- Pediu a mulher.

          - Me acalmar?! Acha mesmo que vou me acalmar?? A pessoa que eu amo está deitada em uma maca! Devo mesmo me acalmar??! Diga!!

         - A CULPA É TODA SUA!!- Alya gritou, aparecendo naquele ambiente com um celular na mão. Antes que Chat sequer a olhasse, sentiu uma forte dor na bochecha, e assim que notou, a garota permanecia com o punho fechado lhe fitando com desprezo. 

           - C-Como...?

       - Acha que eu não vi??! - Esbravejou ela, apontando para uma filmagem em seu celular. - Você fez aquilo de propósito para que Ladybug fosse atingida. Ficou ali parado para que Destructor pudesse agir! Inacreditável, Chat Noir, o "herói" de Paris!!

           - E-Eu não tive a intenção. Eu juro pra você!! Está cometendo um engano.

          - CALE A BOCA!

            Alya virou o rosto para fitar a heroína na maca, e logo se surpreendeu com o que estava vendo. Correu em sua direção apenas para confirmar se não estava vendo coisas.

           - M-Marinette... Não pode ser... - A amiga se desesperou e começou a chorar, abraçando Marinette. - Minha heroína...

         Chat não aguentou e desabou no chão. Eram tantas coisas ao mesmo tempo, nem sabia direito o que pensar. Apenas sabia sentir. A culpa, o desespero, a solidão... 

         - Jovens, por favor, eu recomendo que saiam daqui. - Interferiu um dos médicos, tentando consolar Alya e a levando para longe do ambiente, enquanto a garota chorava e culpava Chat Noir intensamente. 

         - Chat... - Uma voz muito conhecida o chamou, fazendo-o arregalar os olhos marejados e correr em direção à maca.

          - My lady... 

          - O que...aconteceu aqui? - Perguntou a garota, com um pouco de dificuldade.

          - Foi minha culpa, my lady. Eu nunca quis que aquilo acontecesse, mas deixei. Fui covarde, apenas por medo de te perder. - Abaixou a cabeça.

      - Não...- Marinette discordou, acariciando o rosto de seu parceiro.- Todos nós sentimos medo, Chat Noir. Eu sei que você nunca desejaria isso para mim. 

       Sua voz saíra tão serena e confortante, que por um momento o gato se sentiu bem. Apenas de ouví-la, saber que ela não o culpava, e que sim o compreendia. Aquela era a Marinette Dupain-Cheng. 

      - Mais uma coisa... - Disse ela, mas sua respiração se tornou ofegante, como se tivesse fazendo algum esforço. - Por favor, salve Paris por nós dois, sim? 

            - O-O que está dizendo, my lady? - Chat desesperou-se, imaginando que o pior estava por vir. 

           - Não sofra por mim, prometo que estarei te vigiando de onde eu estiver, e eu confio em você. 

           O maior ficou parado, sem saber o que fazer ou dizer. 

        - Eu te amo...meu gatinho...- Aquelas haviam sido as últimas palavras de Marinette, até sua mão deslizar do rosto de Chat e seus olhos cerrarem para nunca mais abrirem. 

      - Não, não, não não... My lady!! Marinette!!- Elevou a voz, mas num ato de desespero selou seus lábios nos dela, onde as lágrimas morriam. Entretanto o ato não foi correspondido, nunca seria. 

        Chat Noir saiu do local diferente, seus olhos estavam sem vida, assim como o cenário ao seu redor. Queria abandonar tudo agora, inclusive Paris, mas não podia. Iria atender ao pedido de sua joaninha, apenas por ela. 

       Incrível como o medo poderia causar o fim de tudo. Estava ali andando sem rumo, sem objetivo algum. Perdeu quem tanto amava e decepcionou quem tinha expectativas nele. Agora se encontrava sozinho... 

Sozinho...