Eu estava sentado no chão frio da cela, olhando Yurio que dormia tranquilamente em meio a uma coberta trazida pela Doutora Okazaki. Não conseguia dormir, sentia que Yuuri não estava bem. Olhei para o corredor iluminado pelas luzes fracas do local, tão vazio e tão silencioso. Se não fosse pelos por Yurio roncando, poderia jurar que estava sozinho.
Pude ouvir alguns passos apressados se aproximando da cela. Me levantei e coloquei a cabeça entre as grades parar ver quem era. Uma figura baixinha e gorducha, cabelos loiros e curtos e os óculos apoiados na ponta do pequeno nariz, passava apressadamente pelo corredor. Era a Doutora Okazaki. Esperei que ela se aproximasse mais e coloquei meu braço para fora da cela, segurando a ponto de seu jaleco.
-Doutora!
-A-Ah, Victor! Que susto! Ainda está acordado?? -ela disse se virando rapidamente com o susto. -As cobertas que trouxe foram insuficientes?
-Não, não é isso, eu agradeço pelas cobertas, mas... está tudo bem com Yuuri? Eu não consigo dormir com a preocupação...
-Ele está se sentindo um pouco enjoado, por isso decidi ficar até mais tarde para examiná-lo. Tirando isso, ele está bem, não se preocupe!
-Posso ir vê-lo???
Ela fez uma expressão de preocupação e olhou para os lados.
-O Senhor Yamada ficaria bravo comigo se eu lhe deixasse sair...
-Só um pouquinho! Ele já foi para casa! Ele não vai descobrir!
-Mas...
-Por favooooor... -disse com uma cara triste. -Você sabe como é ser separado da pessoa que ama?
Ela suspirou.
-Tudo bem, eu vou te deixar ir até ele...
-Obrigado!! -disse sorrindo.
Doutora Okazaki abriu as grades da cela e me deixou sair. Ela as fechou novamente e me guiou até o segundo andar. Um corredor longo e estreito levava a várias salas com máquinas estranhas. Okazaki me levou até a última, onde finalmente pude ver Yuri.
Ele estava sentado em uma espécie de cama, olhando para baixo. Parecia nervoso. É verdade que Yuri estava tendo enjoos frequentemente, mas achei que tinha melhorado com o remédio natural que preparei para ele.
-Yuuri! -disse, correndo para abraça-lo.
-V-Victor! -ele sorriu. -Eu estava preocupado com você!
-Você está bem?? -segurei seu rosto e distribuí vários beijos em sua bochecha.
-Estou! -ele riu. -Só enjoado...
Doutora Okazaki entrou na sala com alguns papéis na mão. Ela os analizava, franzindo as sombracelhas.
-Os exames ficaram prontos, mas tem algo errado...
-O que??? -perguntei com os olhos arregalados.
-Bem, não é nada grave, mas talvez o exame tenha dado errado. Eu vou ligar para o Senhor Yamada e ver se isto realmente é possível...
-Mas, Doutora...
-Eu já volto, mantenham a calma, está tudo bem! -ela saiu da sala.
Eu segurei a mão de Yuri e a coloquei em meu rosto.
-Me desculpa...
-Pelo oque?? -ele perguntou com um tom surpreso.
-Por não poder te proteger quando esses cientistas chegaram...
-Tudo bem Victor, o importante é que você está bem...
-Yuuri, me escute. Você é a pessoa mais importante para mim, se algo acontecer a você, eu nunca vou me perdoar por não ser capaz de te proteger! Então, por favor, se preocupe consigo mesmo também, ok?
Eu olhei para seu rosto, o mesmo estava corado e com os olhos arregalados. Abri um sorriso e já ia lhe beijar quando Okazaki entrou na sala, ofegante.
-Victor, você precisa voltar para a cela. O Senhor Yamada está vindo para cá, e as coisas ficariam feias se ele te encontrasse fora da cela!
-Eu terei de deixar Yuuri sozinho novamente??
-Por enquanto sim, mas irei conversar com Senhor Yamada. Logo estarão juntos novamente. Agora vou te levar de volta.
Me voltei para Yuri e dei um beijo em sua testa.
-Eu te amo.
-Eu também te amo. -ele me abraçou.
Eu já estava no corredor quando ouvi Okazaki falar com Yuri.
-Yuri, espere um momento, eu já volto para conversar com você. O assunto é urgente e sério, mas não quero que se desespere, tudo bem?
-Tudo bem... -ele respondeu baixinho.
Enquanto Okazaki me levava de volta para a cela, eu ia pensando no que ela tinha dito á Yuri. Resolvi comentar sobre o assunto.
-Doutora Okazaki...
-Sim?
-Yuri está realmente bem?
-Sim, ele está.
-Então... porque tem de conversar com ele? Os resultados dos exames estão relacionados aos enjoos dele?
-Eu realmente queria responder suas perguntas, mas até que Senhor Yamada confirme os resultados, eu não posso lhe falar nada.
Se o objetivo dela não era me deixar e preocupado e curioso, ela falhou. Entrei na cela e puxei uma das cobertas que estava com Yurio e me deitei em um canto, logo peguei no sono.
~☆~
Fui acordado algumas horas mais tarde com alguém me cutucando. Abri os olhos, ainda sonolento e vi Yamada me encarando. Me levantei rapidamente com o susto e me afastei um pouco do mesmo.
-Se acalme Victor, eu só vim te buscar para te levar até Yuri. Ele precisa de você agora.
-Eu não estou entendendo, se não tem nada de errado com ele, porque estão agindo desse jeito?
-Yuri te explicará melhor quando chegar lá.
Olhei em volta e percebi que Yurio não estava lá.
-Onde está o loirinho?
-Foi levado para outro andar, junto com um Ômega que capturaram pela manhã.
-Você percebeu que oque estão fazendo é errado?? Estão capturando seres para prender em celas apenas para "observar seu comportamento"! Acha que vamos acreditar nisso?? Vocês querem fazer experiências também!
-Eu recebo ordens superiores Victor, mesmo se eu quisesse libertá-los, não poderia fazer isso... -ele agarrou meu pescoço e me prensou contra a parede. -Você é igualzinho seu pai...
-Me solta, seu louco!!! -disse com um pouco de dificuldade.
Yamada abriu um sorriso malicioso e me soltou, me fazendo cair no chão. Ele se ajoelhou e segurou a ponta do meu queixo.
-Não se preocupe, eu não irei lhe matar, você é muito importante... -sua voz tinha um tom amedrontador.
Ele se levantou e abriu as grades da cela. Me levantei logo após ele e saí do local, logo fui guiado até onde Yuri estava.
Doutora Okazaki conversava com Yuri, que estava em uma espécie de quarto. Ao me ver, ela abriu um sorriso doce e se levantou da cadeira onde estava sentada.
-Agora vocês podem conversar com mais calma... -ela saiu do quarto e foi embora junto com Yamada.
Eu me sentei na mesma cadeira e olhei para Yuri. Ele parecia mais nervoso do que no dia anterior. Segurei suas mãos, estavam suando frio.
-Está tudo bem, Yuuri?
Ele afirmou com a cabeça.
-Então porque esse mistério todo? Se tem algo acontecendo, me conte! -disse preocupado.
-N-Na época de reprodução dos Ômegas, tanto as mulheres quanto os homens podem... engravidar... -ele corou. -Você sabia disso, não é?
Eu senti meu coração parar. Eu não sabia disso! Nos livros em que li sobre os Ômegas, não falava nada sobre isso...
-Y-Yuuri, está me dizendo que você...
Ele afirmou com a cabeça. Eu comecei a rir involuntariamente.
-E-Eu vou ser pai... -disse em meio aos risos de nervoso. -E-Eu vou ser pai!
-V-Victor, você está bem? -Yuri perguntou com os olhos arregalados.
Minha visão começou a ficar escura. Em menos de alguns segundos, acabei desmaiando. Não podia acreditar no que estava acontecendo...
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