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História Alteridade (Drarry) - Vigésimo


Escrita por: OAleCampos

Notas do Autor


Vocês já devem ter aprendido que eu não gosto muito de trabalhar com previsibilidade, não é mesmo?! Por isso vos digo: muito cuidado com suas conclusões precipitadas sobre as situações e personagens! Hahaha!

Capítulo 21 - Vigésimo


“Oh, I hate myself and I feel crazy

Such a classic tell.

Current girlfiend, ex girlfriend

I’m trying to be cool

I’m being paranoid

And I’m seeing things

That I’m just insecure.

I want to believe

It’s just you and me

Sometimes it feels like there’s three.”

(PERFUME, Britney Spears)

Assim que chegamos em casa, me dirigi para o meu quarto em busca de algum repouso. Desde o dia que fora para Durmstrang, não tivera uma boa noite de sono sequer. Além disso, aquela maldita sensação de mal estar não me deixava descansar por nem um mísero minuto completo. Finalmente em algum lugar que me passava segurança, esperava ansioso que aquele alienígena que sapateava dentro de mim decidisse parar. Meu pai ainda não havia chegado em casa e os empregados estavam todos em seu dia de folga. Somente eu, Drachen e minha mãe estávamos em casa.

Deitado em minha cama, havia acabado de retirar os sapatos e repousava meu corpo sobre a cama macia que eu tanto sentia falta. Minha mãe acabara de trocar os lençóis e os embolava para leva-los para lavagem, quando parou antes de sair do quarto.

– Draco? – ela se virou para mim.

– Oi – respondi enquanto fechava meus olhos.

– Você quer alguma coisa? – ela perguntou, parecendo bem insegura.

– Não, mãe. Obrigado – abri os olhos e me tornei para ela, sorrindo.

Ela apenas assentiu e correspondeu meu sorriso, saindo do quarto e fechando a porta logo em seguida.

Ainda deitado, comecei a fazer uma série de divagações. Por um momento, fiquei realmente confuso sobre meus sentimentos em relação a Drachen. Querendo ou não, durante o tempo que tinha permanecido na Bulgária, não havia recebido nem ao menos uma coruja de Harry. Com certeza Drachen teria contado para ele o ocorrido, mas até então, ele não havia se manifestado de maneira nenhuma. Todavia, era bom ter em mente que meu pai poderia ter tomado mil e uma providências para que toda e qualquer tipo de tentativa de contato entre nós, fosse impedida.

Por outro lado, estava com medo de estar confundindo um profundo sentimento de agradecimento com algo a mais. Desde sempre, ou melhor dizendo, desde que Drachen chegara para estudar comigo, tudo o que ele fez foi cuidar de mim. Sempre perguntando por onde eu estava, como eu estava e até me aconselhando sobre coisas que eu deveria fazer. Além disso, quando tivemos contatos mais íntimos, ele soube guiar para que tudo ocorresse da melhor maneira possível. Assumo que não foi tão bom como quando ocorreu com Harry, mas será que valeria a pena desconsiderar somente esse fato em prol de tantas outras coisas boas?

Mais uma vez, eu estava entre a cruz e a espada. Cada um tinha suas próprias qualidades e defeitos. Cada um também tinha a sua própria maneira de me fazer sentir bem.

Depois de tanto conjecturar, acabei dormindo e acordando no meio da madrugada. Uma brisa fantasmagórica soprava pela janela que fora esquecida aberta. Senti cada pelo do meu corpo se eriçar pela sensação estranha que aquele fenômeno da natureza causara no meu corpo. Logo que pensei em levantar para fecha-la, senti uma intensa pontada na minha barriga. Não sabia descrever aquela dor, pois nunca havia sentido nada parecido antes. Comecei a me contorcer na cama e gemia, enquanto esperava que aquela dor lancinante cessasse.

Enquanto percebia meus sentidos começarem a se confundir, a porta do meu quarto se abriu e Drachen surgiu, se dirigindo até a minha cama, sentando na ponta e colocando minha cabeça em seus braços.

– Draco?! Draco?! – ele me chamava desesperado.

Lentamente, a dor começou a desaparecer e comecei a recobrar todos os sentidos os quais já estava perdendo. Minha visão conseguiu focar em sua imagem e vi pela penumbra causada pela luz do luar que entrava pela janela, seu rosto preocupado.

– Drachen... – gemi.

– O que houve com você? – ele examinava meu corpo com o olhar.

– Dor. Muita dor. – coloquei a mão sobre a barriga e apertei.

Respirei fundo e me ajeitei na cama. Ele me soltou e deixou que me acomodasse, enquanto ainda me observava muito atento.

– Como você sabia que eu estava passando mal? – perguntei, passando a mão pelo rosto.

– Eu estava acordado e ouvi você gemer – ele respondeu.

Um breve silêncio se formou e eu percebi que ele estava trajando apenas uma cueca boxer preta. Provavelmente ele não estava sentindo a brisa gélida que eu sentira quando comecei a ter o mal estar. Seus músculos ainda estavam todos tensionados por conta do susto, o que os deixava mais protuberantes e definidos. Um pensamento errado passou pela minha mente.

– Obrigado por ter vindo me socorrer – agradeci, tentando não olhar diretamente para ele.

– Não por isso – ele pareceu sorrir, mas eu não conseguia enxergar muito bem porque ele virara o rosto para o lado mais escuro – quer que eu chame um médico? Ou sua mãe pelo menos?

– Acho que não será necessário – respondi, dando de ombros – deve ser porque não ando me alimentando muito bem. A bile do estômago deve estar consumindo o próprio órgão.

– Então vou te preparar algo pra comer – ele se levantou e esticou a mão para mim, sinalizando para que eu o acompanhasse.

Abri um pequeno sorriso e segurei em sua mão, me levantando e indo em direção à cozinha.

Logo que chegamos à cozinha, ele preparou um sanduíche com um recheio qualquer e um copo de suco de abóbora. Estávamos na mesa, mas apenas eu comia. Ele parecia apenas me analisar enquanto eu me alimentava. Seu olhar demonstrava um carinho muito grande. Era quase certo que ele ainda sentia algo muito forte por mim e aquilo me deixava muito sem-graça.

– Então – iniciei, limpando a boca entre uma mordida e outra – como você soube que eu havia sido transferido?

– Bem – ele pareceu pensar antes de iniciar sua resposta – depois que se passaram dois dias que eu não te via em lugar algum, decidi perguntar à diretora se ela sabia aonde você estava. Ela me contou que o tio Lucius o havia tirado da escola sem dar muita explicação.

– E então você foi perguntar para os meus pais? – perguntei, depois de beber um gole do suco.

– Isso. Pedi à Minerva que me autorizasse a ir para casa entender melhor do que tudo aquilo se tratava. Ela hesitou e não deixou, insisti por vários dias até que ela deixasse. Foi aí eu me contaram que você estava em Durmstrang e eu sabia o que acontecia lá.

Coloquei o sanduíche sobre o prato e limpei a boca, olhando-o fixamente. Um silêncio pouco duradouro se instalou enquanto nos encarávamos.

– Obrigado pelo que você fez por mim – disse, sem desviar os olhos dele.

– Não agradeça. Eu fiz o que achava ser certo – ele respondeu, ficando avermelhado.

Me levantei da mesa e caminhei até parar atrás dele. Após isso, o abracei por trás, dando-lhe um longo e intenso beijo na bochecha. Percebi que seus batimentos aceleraram enquanto tudo isso acontecia.

– Draco – ele disse, interrompendo o pequeno momento de ternura.

– Eu?

Ele se desvencilhou de mim, levantando-se e parando na minha frente.

– O que foi? – perguntei, enquanto observava sua expressão começar a ficar apreensiva.

– Eu preciso te pedir desculpas – ele se virou e caminhou em círculos pela cozinha.

– Desculpas? – franzi o cenho e olhei-o sem entender nada daquilo.

– Eu... eu... olha – ele parou na minha frente e pausou, parecendo escolher muito bem as palavras que usaria.

Eu assenti e comecei a me sentir nervoso, pois toda aquela cena começou a me preocupar.

– Eu menti pra você – ele finalmente iniciou, segurando em meus ombros – eu sabia de tudo.

Do que ele estava falando? Apenas mantive meus olhos fixos nos dele.

– Eu sabia que você gostava do Harry, desde o início. Quando a gente namorou, eu sabia que você gostava dele, não de mim. Eu forcei a situação.

Senti um misto de alívio e constrangimento. Sentia-me aliviado por não se tratar de nada tão desesperador, porém, sentia-me constrangido por ter feito papel de bobo para ele.

– E por que isso? – questionei, olhando-o com uma expressão confusa.

– Achei que se ficássemos juntos por algum tempo, você poderia gostar de mim. Sei lá, foi coisa de minha cabeça.

Fiquei quieto por alguns segundos, enquanto imaginava qual a seria a melhor resposta para aquela situação.

Num impulso, abracei-o de uma só vez e permaneci em silêncio, apenas sentindo sua respiração descompassada. Depois de alguns segundos, a tensão de seus músculos começou a se aliviar e ele passou seus braços em volta de mim, me abraçando.

– Há quanto tempo você tem sentido essas coisas? – ele perguntou.

Eu me surpreendi com a pergunta. Imaginei que ele fosse falar qualquer coisa, menos perguntar sobre meu estado de saúde – ou a falta dela.

– Não sei... – me afastei dele e forcei a mente para me lembrar quando tudo começou - Desde o dia que fui para Durmstrang, eu acho. Tenho sentido fortes dores, enjoo e umas duas vezes eu cheguei a desmaiar.

Ele me olhou sério e levantou o dedo.

– Você precisa visitar um especialista e ver do que se trata tudo isso.

– Tudo bem – concordei com ele.

– Não, não está tudo bem. Logo que voltarmos para Hogwarts você visitará a madame Pomfrey. Combinado? – ele estendeu o mindinho para mim.

Ergui o meu mindinho e o enganchei no dele.

– Prometo!


Notas Finais


Finalmente chegamos na metade da história. Agradeço a todos que estão comigo aqui desde o começo. Também sou muito grato aos que se juntaram à nossa jornada em algum outro momento posterior. Sua leitura e comentários são o que me deixam mais feliz!


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