Aonde o vento é brisa
Onde não haja quem possa
Com a nossa felicidade
Vamos brindar a vida, meu bem
Ai, Ai, Ai – Vanessa da Mata
Alguns meses depois
Aquele deveria ser só mais um dia normal. O mar estava tranquilo, todos seguiam em suas funções durante a primeira parte do dia, as crianças brincavam e os risos embalavam a praia.
Para Ao’nung o cenário não era muito diferente do resto dos Metkayina. Estava tranquilo em sua rotina da manhã, que basicamente consistia em averiguar se tudo corria bem na pesca, parando esporadicamente para colocar os olhos em Tai’Ren e Neteyam, que estavam caminhando juntos na praia.
O Omatikaya deslizava a mão pela barriga enorme, enquanto caminhava devagar, acompanhando Tai’Ren, que seguia com as muletas, mas já sem a tala em torno da perna e do joelho. As cicatrizes marcavam toda extensão do local onde antes havia a proteção.
Com um sorriso despreocupado, o herdeiro voltou as suas atividades.
Mas logo ele percebeu que aquele dia não seria como os outros. Um chamado alto de Tai’Ren iniciou uma série de acontecimentos que haviam trazido Ao’nung direto para a Casa de Cura, ou melhor, para fora dela.
— Você só está piorando as coisas! – Ronal o empurrou para fora com um olhar mortal.
Porém, ele não podia controlar a maré turbulenta que tomava conta de seu coração.
Sabia que, no momento em que chegasse a hora do filhote nascer, ficaria nervoso, mas não ao ponto de entrar em completo desespero. Toda a frieza que tinha trabalhado durante meses funcionou bem enquanto acalmava Neteyam até ele estar na Casa de Cura.
E permaneceu funcionando nos momentos em que tagarelava nos ouvidos de Neteyam, tentando ajudá-lo a respirar com mais tranquilidade e concentração, tocando seu rosto com delicadeza, embora tudo que ganhou em troca foi um:
— Dá pra você calar a boca!? - Neteyam estava afoito e furioso, lutando contra as próprias dores.
Contudo, quando a dor de seu companheiro atingiu níveis estratosféricos a ponto de fazê-lo gritar diversas vezes enquanto Ronal permanecia focada preparando uma mistura analgésica, Ao’nung logo se deixou levar pelas emoções e cometeu o grande erro de começar a tagarelar no ouvido da mãe, apressando-a.
Obviamente, Ronal não permitiu que aquilo durasse um minuto e instantaneamente expulsou o filho do local.
Agora, Ao’nung andava de um lado para o outro na areia, agradecendo a Eywa por seu pai estar cuidando de Tai’Ren, impedindo-o de vê-lo neste estado de ansiedade. Sabia que o menino já estava muito nervoso e com medo ao ver a expressão de dor de Neteyam na praia, portanto, não conseguir passar segurança para ele só pioraria as coisas.
Voltou a realidade ouvindo mais um grito sôfrego dentro da Casa de Cura.
Trincou os dentes e caminhou mais rápido para conter o ímpeto de entrar. Sentiu-se ridículo por não conseguir controlar as próprias emoções quando Neteyam mais precisava dele. Mas parecia que, quanto mais tentava controlar o coração, mais aumentava sua ansiedade ao perceber que em breve seu filhote chegaria.
Ao’nung clamou silenciosamente a Eywa para que protegesse Neteyam e continuou com esse pensamento na cabeça até os lamentos e gritos começarem a amenizar. Mesmo assim, seu coração continuava rápido e seus pés, inquietos. Ele podia escutar a voz de Ronal o tempo inteiro conversando com Neteyam, mas era difícil distinguir as palavras.
Quando a espera já era tamanha ao ponto de não suportar mais andar pela areia, Ao’nung levou as mãos aos cabelos soltando uma longa lufada de ar, quase como se quisesse se livrar de toda a impaciência acumulada.
Foi quando escutou.
Desde o momento em que descobriram a gestação, Ao’nung e Neteyam idealizaram diversas coisas. E isso foi apenas se intensificando ao longo dos meses. Uma dessas coisas era imaginar como seria um chorinho do bebê. Imediatamente definiram que seria manhoso, porém contido. A gravidez era tão tranquila e o filhote se mexia tão raramente, ao mesmo tempo em que cobrava de Neteyam um sono enorme, que não havia motivos para imaginarem algo diferente daquilo.
Mas quando o som chegou aos seus ouvidos pela primeira vez, Ao’nung poderia até ter rido, se não estivesse em uma paralisia completa. Era forte e estridente, repleto de vida.
A mão de sua mãe em seu ombro, minutos depois, fez Ao’nung sair dos pensamentos distantes e ele reagiu automaticamente, ignorando o coração quase saindo pela boca.
Ele nunca tinha parado pra pensar nas coisas mais lindas que tinha visto na vida, mas certamente a imagem de Neteyam sentado com o bebê nos braços seria uma delas. Os olhos dourados e emocionados encaravam o embrulhinho nos braços quase em adoração, mas notando sua presença, ele ergueu o rosto molhado e sorridente:
— Meu Ao’nung, somos pais de uma menina!
Curioso e igualmente emocionado, Ao’nung se aproximou, espiando o rostinho de sua filha entre os panos. A primeira coisa que notou, além de um biquinho de choro de formando no rosto minúsculo, é que ela tinha a pele no mesmo tom da dele. Tocou com cuidado o topo da cabeça repleta de cabelos lisos.
— Ela é tão linda...- Sussurrou, sem saber se ria ou chorava. Neteyam não estava em uma situação muito diferente. – Me desculpe por não ter ficado com você, meu Neteyam.
— Eu não mandei você ficar deitado!? – Ronal entrou com uma bacia com água.
Neteyam corou, imediatamente passando a bebê para Ao’nung e obedecendo. Só então o herdeiro percebeu que sua barriga estava enfaixada.
— D-desculpe, é que eu não senti dor.
— É claro que não! – Retrucou a tsahik. – Eu te enchi com remédios para a dor. Se ficar sentado não vai cicatrizar.
— Certo.
— E você...- Ela apontou para o filho. – Mantenha ele de repouso total por um dias. Nem pense em ceder a teimosia.
— Pode deixar, mãe. – Respondeu Ao’nung, ainda hipnotizado pela filhotinha, que agora segurava seu dedo.
Depois de limpar com muito cuidado a bebê dos vestígios de seu nascimento, Ronal a entregou de volta aos pais e saiu para dar a privacidade ao casal, avisando que traria Tai’Ren para vê-los.
Recuperando-se da emoção preciosa de conhecer sua filha, Ao’nung ativou seu modo proteção e sempre que Neteyam ameaçava levantar, o repreendia, mas lhe dava um beijo logo em seguida.
— É pro seu bem. – Dizia.
Ambos continuaram sorrindo como dois bobos para a bebê, até Tai’Ren chegar, entrando na Casa de Cura com um rosto assustado. Porém, quando viu Neteyam sorrindo e estendendo o braço para abraça-lo ele chorou, se aproximando com as muletas.
— Papai...- Choramingou. – Fiquei com medo.
— Eu sei, bebê. – Neteyam o abraçou, depois de ajudá-lo a se sentar. – Mas está tudo bem agora. Você ganhou uma irmãzinha, sabia?
Tai’Ren coçou os olhos, de repente curioso.
— Irmãzinha...?
Os olhos cinzas encararam os panos no braço de Ao’nung, que se aproximou, mostrando para o menino a nova integrante da família. Tai’Ren tocou devagar as mãozinhas da bebê, mas quando sentiu seu dedo ser apertado, ele riu encarando os olhinhos azuis dela.
— Tai’Ren, essa é sua irmã...- Disse Neteyam, sentindo os olhos lacrimejarem ao ver seus dois bebês juntos finalmente. - ... Nan’ti.
— Oi, Nan! Você tão pequenininha! – Ele sorriu, muito animado. – Papai, porque sua barriga ficou tão gigante se a Nan é tão pequena?
— Minha barriga ficou do tamanho que a sua irmã precisava pra ficar confortável, seu bobinho.
— Eu posso pegar ela também? – Perguntou, fazendo um grande olhar de expectativa para Ao’nung.
Tomando todos os cuidados para mantê-lo na posição correta para acolher Nan’ti, Neteyam quase derreteu com a visão de Tai’Ren sendo tão carinhoso e dando beijinhos na cabeça da irmã.
Ao’nung se manteve protetoramente perto das crianças, só pra garantir não aconteceria nada.
— Pai! – Tai’Ren o chamou. – Posso levar a Nan pra praia? Quero que ela brinque comigo e com meus amigos.
O herdeiro riu.
— Não pode ainda. Sua irmã é muito bebê pra ir brincar, mas quando ele crescer mais eu deixo.
— Ah...- Tai’Ren murchou e olhou pra bebê. – Você pode crescer rápido? Assim a gente brinca...
E aquele que deveria ser apenas mais um dia comum, de repente se tornou especial e marcou outra vez o início de uma nova vida para eles, então trataram de aproveitar cada segundo.
***
Neteyam sabia que a vida era um sopro e que a infância passava tão rápido quanto um piscar de olhos. Mas agora que era pai de duas crianças, ele só queria que o tempo passasse mais devagar. Mesmo assim, desde o nascimento da pequena Nan, três meses se passaram.
Nesse meio tempo, muitas coisas aconteceram. Ele e Ao’nung tiveram que aprender a cuidar de uma bebê muito chorona e carente. Nan’ti e seu choro poderoso quase tornou seus pais verdadeiros zumbis, já que acordava diversas vezes durante a noite. Ao mesmo tempo em que tentavam conter o choro que podia acordar toda Awa’atlu, precisavam lidar também com um Tai’Ren cada vez mais irritadiço por também ter seu sono prejudicado.
A falta de sono, uma irmã para dividir a atenção e a perna que parecia nunca melhorar, começaram a criar diversas crises enciumadas e manhosas no menino, o que só deixava os adultos mais exaustos.
Felizmente, receberam ajuda de diversas pessoas. Os avós Metkayina, que recheavam Nan de presentes, também começaram a passar ainda mais tempo com Tai’Ren, levando o menino para dormir com eles para ajudar no descanso.
Os Sully’s vieram imediatamente após saberem da chegada da nova integrante da família e, enquanto os avós da floresta e os tios babões cuidavam das crianças, Neteyam e Ao’nung podiam finalmente dormir um pouco, porque agora todo momento a sós eles sentiam uma necessidade extrema de descansar.
Rotxo, mesmo assumindo temporariamente a função de Neteyam no treinamento dos jovens guerreiros, também se disponibilizava a ajudar no que fosse preciso. E por todo esse apoio, as coisas foram se ajeitando na rotina do casal.
Apresentaram a bebê ao clã e fizeram sua primeira comunhão com Eywa assim que tiveram oportunidade. Agora a rotina consistia em variarem o cuidado das crianças com as atividades na vila.
Assim permaneceram até alcançarem um novo dia especial.
Era início da tarde e Neteyam separava os pedaços de peixe nas tigelas, observando de canto a interação dos filhos. Nan’ti balbuciava sons alegres, balançando os braços e as pernas todas as vezes que Tai’Ren fazia uma nova careta pra ela.
— Olha, Nan! – Tai’Ren soou empolgado, e outra vez contorceu o rosto, mostrando a língua.
A bebê reagiu da mesma forma, fazendo sons do que viria a se tornar uma risada.
— Papai, tira foto nossa! – Pediu ele.
— Outra? – Neteyam riu.
— Sim!
O mais velho então tirou a atenção do peixe para fotografar mais uma vez seus pequenos. Tai’Ren deitou ao lado de Nan, que institivamente quis virar o corpinho para o lado, a fim de ver seu irmão.
— Olha lá pra cima, Nan!
Com um sorriso bobo nos lábios, Neteyam tirou uma foto das crianças e a guardou junto com uma pequena pilha de outras. Precisou conter o ímpeto de ver todas as fotos pela centésima vez e passou a tigela para o filho mais velho, puxando a bebê para seus braços e amarrando-a em seu peito com alguns panos.
Beijou o topo de sua cabeça e começou a comer o próprio peixe, sob olhar curioso da bebê.
— Papai... – Tai’Ren chamou. – Você acha que eu vou ir bem hoje?
Notando a postura insegura do menino, ele estendeu o braço, tocando sua bochecha, com um sorriso orgulhoso.
— É claro que vai, mas lembre-se de que demora um pouco até ficar fácil.
Tai’Ren assentiu e voltou a comer sua refeição.
Depois de meses infinitos se deslocando com as muletas e dos numerosos exercícios no joelho, havia chegado o dia de andar sozinho, sem ajuda do apoio.
A ansiedade crescente dos últimos dias havia dado lugar ao receio no menino.
— O pai vai vir me ver?
— Mas é claro que vai. – Neteyam respondeu, acariciando as costas de Nan’ti por cima do pano que a prendia a ele. – Ele vai nos encontrar na praia. Por que não chama o Aneya e a Onali pra te darem uma força?
— Mas...- Ele se encolheu. – E se não der certo eu andar?
— Seus amigos não vão te julgar por isso, pelo contrário, vão continuar te apoiando.
Aquilo pareceu acalmá-lo um pouco mais e Neteyam sorriu. Eles terminaram a refeição e Tai’Ren pegou suas muletas para caminharem juntos para a praia, prontos para enfrentarem aquele desafio.
***
Poucos momentos depois, Nan’ti esperneava nos braços de Neteyam, que tentava niná-la a todo custo.
— Shh...calma...- Sussurrava, balançando suavemente, mas nada adiantava.
Ele sempre tinha dificuldade de acalmar Nan'ti, enquanto Ao'nung sequer fazia esforço para fazê-la dormir. Mesmo com suas tentativas de balançar, fazer carinho e até brincar, a menina parecia muito determinada a chorar copiosamente.
— Papai, deixa eu cantar pra ela! – Tai’Ren o olhava com expectativa, se apoiando nas muletas. – A vovó me ensinou muitas músicas.
Neteyam sorriu e se sentou na areia, para ficar mais ou menos na altura do menino. Tai’Ren iniciou uma das primeiras canções Metkayina que aprendeu, cantarolando-a com muita suavidade, enquanto o pai passava os dedos nos cabelinhos lisos da bebê chorona, que depois de alguns minutos de pura manha, começou a se acalmar.
Ver Tai’Ren cantar trazia memórias da ilha para Neteyam e muitas vezes se pegava surpreso por ver o quanto seu menino tinha crescido e parecia tão saudável. A voz branda a cada dia se tornava mais corajosa e bonita. E todas as vezes que via seu bebê tão crescido e talentoso, Neteyam não podia conter a onda de orgulho e emoção que tomava conta de si.
— Obrigado, filho. – Fez um carinho nas tranças e no coque.
— De nada, papai! Mas daqui a pouco ela chora mais. Nunca vi alguém tão chorona.
Como se ouvisse a provocação, a bebê fez um bico como se fosse iniciar uma nova onda de choro sofrido.
— Tai’Ren! – Gritou Aneya, sorridente. Os cabelos cacheados e curtos estavam parcialmente presos em um coque minúsculo, deixando outra parte solta.
Onali corria ao seu lado, acenando loucamente.
— Chegamos!
Tai’Ren imediatamente se animou ao vê-los e caminhou o mais rápido que conseguia.
— Oi gente!
— Tô vendo que me atrasei...- Ao’nung se aproximou, sorrindo para as crianças e caminhando até Neteyam, que já sofria outra vez para acalmar Nan’ti. – Alguém está muito manhosa hoje.
— Só hoje? – Neteyam lamentou, tirando os panos em torno de si para entregar a menina ao pai. – Acalma sua mini cópia, eu ajudo o Tai’Ren.
Rindo baixinho, Ao’nung abraçou a bebê barulhenta, fazendo carinho em seus cabelos.
— Boa sorte, pequeno pescador. – Disse ao filho. – Não se cobre muito, você vai pegando prática aos poucos.
O menino assentiu, começando a ficar nervoso outra vez, mas sua atenção foi desviada para Neteyam:
— Ei. – Os olhos dourados lhe encaravam muito gentis. – Papai vai segurar mão, tá bom?
— Tá bom. – Tai’Ren sorriu.
Se apoiando no pai, deixou cada muleta cair, firmando a perna boa no chão. Neteyam se afastou aos poucos, mantendo as mãos unidas para que o menino continuasse se apoiando até tentar andar.
Tai’Ren engoliu o seco, com medo de ter dor, mas quando seus olhos viram os amigos sorrindo, ganhou mais coragem.
Quando o primeiro passo foi dado, não houve dor, mas pela falta de uso da perna, o joelho cedia sempre que tentava firmá-lo e Tai’Ren tropeçava, indo ao chão. Apesar disso, ele não desistiu. Manteve as mãos unidas com a do pai e aceitava com o coração aberto as palavras de incentivo dos amigos.
— Isso, filho. – Disse Neteyam, sem perder a confiança. - Continua tentando.
E Tai’Ren continuou. Firmava a perna boa e depois dava um passo à frente com a outra, buscando de todas as formas fortalecer seu joelho adormecido.
Foi ao chão tantas vezes que perdeu a conta, mas sempre se levantava.
Onali e Aneya se encararam cheios de expectativa e contendo o grito de alegria ao ver Tai’Ren finalmente ganhando alguma estabilidade se apoiando na perna ruim. Mas o joelho tremia tanto que eles não quiseram gritar de antecipação. Tai’Ren, por sua vez, usava toda sua concentração para manter a articulação estável, evitando ir ao chão outra vez.
Quando o joelho finalmente parou de tremer e Tai’Ren se apoiou pela primeira vez em sua perna ruim, depois de tantos meses, seus olhos buscaram os de Neteyam, que segurava as lágrimas, acenando uma concordância ao ver que o menino queria soltar sua mão.
Tai’Ren deixou seus dedos se afastarem da mão do pai e respirou fundo antes de dar um novo passo. Mais uma vez seu corpo tremeu, mas diante do sucesso, seus amigos pularam, felizes. Limpando disfarçadamente algumas lágrimas do rosto, Neteyam se aproximou de Ao’nung, colocando os braços em torno dele e da bebê, que agora cochilava, rendida aos carinhos do papai Metkayina.
Aneya segurou uma das mãos de Tai’Ren e Onali segurou a outra quando o menino voltou a cair, e com um sorriso, ele tentou outra vez. E outra.
Neteyam deitou a cabeça no ombro de Ao’nung, recebendo um beijo compreensivo em suas tranças. Ambos ficaram ali, assistindo o filho se esforçando para finalmente aproveitar sua infância. Agradeceu a Eywa por ele ter amigos para segurarem suas mãos.
Mas percebeu outra vez que a vida, por ser muito preciosa, passava rápido. Olhando para as crianças caminhando devagar de mãos dadas na areia, ele quase podia ver o futuro. Aqueles eram os primeiros passos de Tai’Ren para começar a desbravar o mundo do próprio jeito.
E, de alguma forma, ele sabia que vê-lo caminhar sozinho e descobrir coisas novas, um dia poderia levá-lo para longe.
Porém, sabia também que estava muito ansioso para assistir e vigiar cada um desses momentos de descoberta. Ele queria que seu filho crescesse, descobrisse o mundo e suas aptidões com as próprias mãos, que descobrisse seus sonhos e aspirações. Queria ver o legado que estava criando.
Olhando nos olhos de seu companheiro, Neteyam sabia que Ao’nung pensava algo muito parecido, pois quando se entreolharam outra vez, nem precisaram de palavras, apenas sorriram.
E naquele momento, ambos entenderam que o amor que construíram desde quando nadaram juntos pela primeira vez, até o momento em que se uniram perante Eywa, havia crescido tanto, que ganhou forma no mundo. Uma delicadamente acolhida nos braços protetores deles e a outra, trazida diretamente pela Grande Mãe, sorria abertamente ao lado dos amigos, dando mais alguns passinhos, em direção ao seu primeiro pulo no mar.
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