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História Always Somewhere (Aonung x Neteyam) - Extra - Inesperado


Escrita por: Srta_Michaelis

Notas do Autor


Estou de volta! Uhuuul!

Vocês pediram e eu não conseguia dormir de tanta vontade de escrever isso aqui.

Obs: O extra se passa semanas depois do cap onde nosso casalzinho tenta aquela coisinha diferente.

Boa leitura!

Capítulo 34 - Extra - Inesperado


- Meu Ao'nung. - Chamou Neteyam, em um tom manhoso, distribuindo beijos suaves nas costas do homem que dormia de bruços.

- Hm?

- As crianças foram para casa dos seus pais.

- Ah, é? - Ao'nung murmurou, com a voz cansada, mas aquilo passou despercebido por Neteyam, que seguia depositando beijos carinhosos.

- Sim...que tal se a gente aproveitar a oportunidade? - Sugeriu, malicioso.

- Desculpe, meu Neteyam, ainda não estou me sentindo bem.

A fala do companheiro despertou Neteyam de suas carícias mal-intencionadas. Ele ergueu o rosto das costas de Ao'nung e acariciou seus cachos.

- Ainda está com a mesma coisa de ontem?

- Sim...- Sussurrou. - Mas já vou levantar, preciso fazer meu trabalho.

- Não vai não, você vai falar com a sua mãe e eu vou te levar. - Retrucou o Sully, ainda com os dedos nos cachos alheios.

Ao'nung queria resmungar um "Não precisa", mas estava se sentindo péssimo. Além da sensação de cansaço interminável dos últimos dias, também tão estava com muito equilíbrio, o que lhe incomodava profundamente.

No final das contas, precisou da ajuda de Neteyam para se erguer. Os olhos dourados pareciam muito preocupados diante da imagem exausta de seu companheiro.

- Já faz um tempo que está assim, meu Ao'nung. - Comentou gentilmente, tocando seu rosto. - Vai falar com a sua mãe, não vai conseguir cuidar da vila se continuar doente.

- Mas eu acabei de assumir o lugar do meu pai...

- Isso não importa. - Neteyam insistiu. - Todos ainda confiam no seu trabalho. Eu cuido das suas tarefas de hoje. Só preciso organizar a próxima pesca, certo?

- Sim. - Ao'nung cedeu. - Coloca o Rotxo pra liderar essa, ele pode ficar no meu lugar.

Neteyam balançou a cabeça, em afirmativa.

- Certo. Agora vamos, vou te levar pra Casa de Cura e chamar a tsahik.

- Não preciso de ajuda. - Ao'nung reclamou, o mais gentilmente possível.

- E eu não confio em você, olha pra isso. - Neteyam deu um passo para não deixar o parceiro apoiado nele. - Está balançando, mesmo parado.

- Só estou um pouco tonto. Pode ir, eu me viro.

Sem acreditar em uma palavra do companheiro, Neteyam ignorou os protestos e colocou um dos braços ao redor do quadril dele, o apoiando para seguirem juntos até a Casa de Cura.

Quando chegaram, Ao'nung se sentou de olhos fechados para ignorar a sensação incômoda de tontura, enquanto Neteyam depositava um beijo em sua testa e saía em busca de Ronal, a fim de descobrirem qual o problema.

***

A manhã seguia amena quando Aneya atravessou a praia, carregando um pedaço generoso de madeira, mais conhecido como seu presente de aniversário, ao mesmo tempo em que escutava Tai'Ren tagarelar sem parar andando na sua frente.

- O que podemos esculpir? - Perguntou ele. - Eu fiquei pensando nisso a noite inteira. Um peixinho, talvez? Eu amo peixe, sabia?

- Sim, eu sei. Você fala isso desde sempre.

- Não exagera!

Aneya deu de ombros, tranquilo. Aquilo não era um exagero, mas não viu por que insistir e provocar o rapaz tão empolgado.

- Eu pensei em um ikran também... - Continuou Tai'Ren, reflexivo. - Mas parece difícil demais. Eu nem sei por onde começar.

- Eu concordo.

- Você concorda só porque tem medo. - Provocou, com os olhos cinzas debochados.

- Talvez. - Aneya sorriu.

- Você sabe que ainda vou te levar pra voar, né?

- Se você se importa pelo menos um pouco comigo, não faria isso.

- Mas Aneya...- Tai'Ren se virou para encará-lo, o que fez o rapaz mais alto parar subitamente. - Você sabe que eu não sairia voando igual faço com a Onali, não é? Eu iria devagar.

- Eu sei, mas o problema não é você. - Aneya deu de ombros. - Eu entraria em pânico, iria me desequilibrar e morrer caindo. E sinceramente, eu prefiro morrer devorado por um akula.

Os olhos cinzas reviraram.

- Você tá pior que meu pai no drama...

- Pode ser, só não pior do que você. - Provocou o mais velho, sem conter o sorriso.

- Ei!

- Que tal um ilu? - Sugeriu Aneya rapidamente, antes que entrassem em uma nova onda de provocações. - Acho que ficaria bem bonito.

- Sim! - Os olhos de Tai'Ren brilharam. - Ótima ideia! Podemos ficar aqui perto do mar e olhar pra eles, pra ter uma referência.

Concordando silenciosamente, ambos caminharam em direção a uma parte da praia onde os ilus ficavam mais visíveis e por um instante apenas olharam para o tronco, sem saber o que fazer até que Tai'Ren pigarreou, tentando disfarçar o quanto estava perdido já que nunca esculpiu nada daquele tamanho.

- Vamos pegar os punhais e os machados pra ir tirando um pouco do excesso, depois a gente começa.

Aneya assentiu, tão perdido quanto e tentou ser o mais suave possível enquanto trabalhavam na peça. Vez ou outra ele notava a testa de Tai'Ren levemente enrugada pela concentração e tentava não ficar olhando por muito tempo, temendo ser visto.

O mais novo, por sua vez, cantarolava baixinho uma de suas canções enquanto fingia saber exatamente o que estava fazendo, quando na verdade, não fazia ideia de como transformar aquilo em um ilu.

***

- O-o quê...?

- Foi o que você ouviu. - Ronal ofereceu uma tigela. - Beba isso, vai ajudar com o mal-estar.

- Espera, mãe...- Ao'nung pegou a tigela devagar. - I-isso não pode estar certo, não é?

Os olhos dela lhe encararam, espertos.

- Me diga você, realmente não existe nenhuma possibilidade?

Ronal revirou os olhos ao ver o filho corar, baixando a cabeça.

- Talvez exista...

- Vamos, Ao'nung. Reaja direito. Estamos falando de um filhote e não de uma doença. Seja mais corajoso.

O líder Metkayina queria mesmo absorver as palavras da mãe, mas o choque era muito maior. Bebeu o líquido amargo, sem se importar com o sabor. Suas mãos tremiam.

- É, mãe... Eu só...- Suspirou. - Não sei o que fazer.

- Comece descansando. - Ela pegou a tigela de suas mãos. - Quando estiver melhor, vai pensar com mais calma.

Rendido e ainda em choque, Ao'nung obedeceu a mãe e se deitou observando-a sair da Casa de Cura e pensando em mil coisas.

Simplesmente não entrava em sua cabeça a ideia de estar gerando um filhote depois de ter aceitado Neteyam apenas uma vez.

Mas, apesar da surpresa, havia também uma parte de si que estava muito feliz com a ideia de ter mais alguém na família. Ele amava cada um dos seus filhos e com esse não seria diferente. Tocou a barriga suavemente, tentando assimilar a nova companhia, mas rapidamente a tirou.

Ainda era estranho demais.

Depois de longos minutos refletindo e sem chegar a lugar nenhum, Neteyam entrou:

- Meu Ao'nung. Estou de volta. - Ele se aproximou do companheiro deitado. - Como foi?

Os olhos azuis pareciam meio assustados:

- Meu Neteyam, eu nem sei se acredito nisso ainda, mas... - Hesitou. - ...minha mãe disse que vou ter um filhote.

- O quê? - Neteyam riu, realmente achando que era uma brincadeira. - Por que ela diria algo assim?

Porém, diante do semblante amedrontado de seu amado, seu sorriso foi sendo substituído por uma expressão chocada.

- Espera... Você está falando sério?

Ao'nung balançou a cabeça, confirmando.

Por um instante, nenhum dos dois falou qualquer coisa, surpresos demais para quebrarem o silêncio, mas depois, Neteyam se aproximou mais, tocando o rosto assustado e distribuindo beijos.

- Então, temos que agradecer a Grande Mãe por mais uma felicidade. - Sussurrou entre beijos. - Não se preocupe, meu Ao'nung. Só é assustador no começo.

Agradecido pelos carinhos, puxou Neteyam para um abraço.

- Ainda não sei o que pensar, estou sendo insensível com nosso filhote?

- Não seja bobo, é claro que não. - Neteyam riu baixinho na orelha de Ao'nung, o que lhe causou arrepios. - Você só não consegue acreditar ainda. E está tudo bem, eu também estou nessa situação.

- Eu nunca imaginei que fosse passar por isso.

- Nem eu.

Eles riram, se afastando do abraço.

- Se sente um pouco melhor, meu Ao'nung?

- Um pouco.

- Agora você vai entender o que me fazia passar com todo aquele cuidado. - Neteyam o encarou malicioso. - Porque eu vou ser muito pior.

O Metkayina encolheu os ombros. Não queria admitir, mas tinha uma parte de si que realmente queria receber todo o cuidado do outro.

Balançou a cabeça, concluindo que a gestação estava mexendo com seus pensamentos.

- Você conseguiu organizar a próxima pesca? - Ao'nung mudou de assunto.

- Sim, não precisa se preocupar com nada. Rotxo já está ciente. - Respondeu o Omatikaya, bem orgulhoso. - Além disso, já organizei as coisas para recebermos meu irmão e a Tsireya. Eles vão trazer as crianças. Vai ser ótimo ter a companhia deles por uns dias, não é?

Ao'nung realmente queria ter ficado feliz por lembrar da viagem que sua irmã tinha comentado da última vez que esteve na floresta, mas a única coisa que passou pela sua cabeça é que Lo'ak estaria com ela e quando ele descobrisse sobre o filhote nunca mais teria um dia de paz.

- Meu Ao'nung? Está tudo bem? - Neteyam se preocupou diante do silêncio.

- S-sim...- Respondeu, baixo. - Será que nós podemos não falar sobre o bebê por enquanto?

- Mas por quê? Seria tão bom contarmos para as crianças.

- E vamos contar, mas pode ser depois de uns dias.

Neteyam ficou confuso por uns segundos, mas depois seus olhos ficaram estreitos.

- Não quer falar sobre nosso filhote por conta dessas provocações ridículas entre você e meu irmão?

- Claro que não... - Mentiu, desviando o olhar.

- Ao'nung.

- Hm?

- Não minta pra mim.

Com o tom quase autoritário, Ao'nung encolheu os olhos.

- Eu só não quero me estressar. Por favor, meu Neteyam. - Pediu, ressaltando um tom de fragilidade.

Não é que não queria que Lo'ak soubesse, mas Ao'nung preferia não estar perto dele quando descobrisse.

O Omatikaya balançou a cabeça negativamente, decepcionado.

- Sinceramente... Vocês não têm jeito. - Suspirou. - Tudo bem. Não vamos comentar nada por enquanto.

Contendo um suspiro de alívio, o Metkayina sorriu:

- Obrigado, meu Neteyam.

- Vocês dois deveriam ter vergonha de manter esse comportamento depois de tanto tempo, francamente... - Neteyam bufou, impaciente. - Agora vai ficar sem esforço, eu vou cuidar do resto das suas tarefas de hoje, mas é bom já começarmos a pensar em todas as suas funções que envolvem muito esforço. Vai passá-las para outras pessoas.

- Tudo bem.

Depois de tomar a mistura que sua mãe havia preparado, Ao'nung conseguiu ter mais disposição para caminhar junto com Neteyam pela praia. Em determinado momento, viram algumas crianças gritarem, se divertindo pulando na água e imaginaram que logo o novo filhote estaria da mesma forma.

Aquilo encheu o peito de Ao'nung de um sentimento tão bom que só percebeu que estava chorando quando Neteyam riu e o abraçou com força.

***

No dia seguinte, Tai'Ren caminhava bastante empolgado para mais um dia de luta para construir o ilu. No caminho, levou seus irmãos para casa dos avós e cumpriu sua tarefa de coletar madeira para a fogueira que fariam quando Lo'ak e Tsireya chegassem em Awa'atlu.

Cumprimentou outros jovens Metkayina que costumavam tocar junto com ele e seguiu para encontrar Aneya no lugar onde vinham trabalhando. Porém, de longe o viu de costas e gesticulando como se estivesse conversando com alguém e percebeu que parecia uma garota.

Sem querer atrapalhar e porque nunca tinha visto Aneya com outra garota, Tai'Ren se aproximou devagar, mas logo seu semblante se animou ao perceber que na verdade a garota era:

- Oi, Onali! - Sorriu ao cumprimentá-los. - Vocês voltaram a se falar?

- Não. - Responderam em uníssono.

- Ah...- Tai'Ren murchou.

Notando o desconforto do rapaz, Aneya decidiu aliviar o clima estranho:

- Vamos lá? Eu já deixei tudo pronto pra gente continuar o ilu.

- Vamos. - Tai'Ren se voltou para Onali. - Quer ajudar a gente?

- Não. Eu vou treinar com o pessoal. Continuem com o projeto entre amigos. - Ela fitou Aneya, que revirou os olhos disfarçadamente.

- Tudo bem então. - Tai'Ren concordou, alheio ao clima de provocação.

Os rapazes seguiram juntos em direção aos materiais dispostos na areia, mas o menor parou ao escutar a voz de Onali.

- Ei, Tai'Ren! A gente pode conversar hoje?

- Agora?

- Não, pode ser mais tarde.

- Tá bom, a gente se encontra então. - Ele acenou e ela retribuiu.

Aneya não se intrometeu na conversa, apenas pegou o punhal e tentou continuar o trabalho do dia anterior. Mas curiosamente, não conseguia mais ser tão suave como antes e rezou internamente para isso não prejudicar o resultado final.

- O que vocês estavam falando antes de eu chegar? - Tai'Ren se sentou e começou a ajudá-lo.

- Nada demais.

- Você é sempre assim. - Revirou os olhos.

- Assim como? - Os olhos azuis procuraram os cinzas.

- Nunca fala nada.

- Estou falando agora. - Aneya retrucou.

- Você entendeu o que eu quis dizer!

- Você não tá deixando o pescoço do ilu muito fino? - O maior trocou de assunto.

Tai'Ren se preparou para rebatê-lo, mas seu queixo caiu ao ver que realmente estava deformando o ilu.

- Por Eywa! Desculpa. - Se afobou, tentando pensar em mil maneiras de consertar.

Aneya riu, aliviado por conseguir mudar o foco da conversa e continuou concentrado na escultura, ouvindo os lamentos de Tai'Ren e depois sendo arrebatado para as conversas completamente aleatórias que o garoto puxava do nada.

***

Luwen estava brincando na areia com outras crianças quando viu a aproximação dos ikrans no céu. Seus olhos azuis brilharam quando a trombeta tocou anunciando a chegada dos visitantes.

- Papai!!! - Ele correu em busca de Neteyam e sorriu ao vê-lo junto com Ao'nung.

O Omatikaya riu ao ver a criança, mas seu sorriso foi morrendo conforme o menino se aproximava.

- Luwen, o que é isso? Estava rolando na areia? - Perguntou, notando o estado da criança.

- Sim! - O menino sorriu, abraçando sua perna.

Neteyam estava em um misto de carinho e vontade de repreender o garoto com areia até nos cabelos, porém, notando a chegada de seu irmão, optou por ajuda-lo a tirar o excesso de sujeira enquanto Ao'nung caminhava para recepciona-los.

Atraída pelo som da trombeta, Nan'ti chegou correndo, animada ao ver os primos.

As três crianças Omatikaya rapidamente correram em sua direção.

- Nan!!

- Oi gente! Vamos brincar!

- Nan, me leva! - Luwen gritou, se juntando a eles, ainda coberto de areia.

Nem se preocuparam em cumprimentar os adultos, apenas correram pela praia.

- Nan, vamos ver o vovô! - Gritou Nu'it, seguindo seus irmãos gêmeos.

- Vamos! - Ela respondeu, igualmente empolgada, guiando os primos e o irmão mais novo para o marui onde estava Tonowari e Ronal.

Ao'nung abraçou a irmã com carinho enquanto Neteyam puxava Lo'ak para um abraço, seguindo em direção a vila enquanto conversavam.

- É tão bom voltar pro mar. - Sorriu Tsireya, aspirando profundamente o cheiro salgado do oceano.

- Depois de tanto tempo na floresta, ainda lembra como se nada? - Ao'nung provocou, recebendo um tapa delicado.

- Pode apostar que sim. - Ela respondeu, gentil. - Como estão as coisas por aqui?

- Tudo bem tranquilo. - Comentou Ao'nung, tremendo ao recordar que estava ignorando a presença do filhote em sua barriga. - Estávamos esperando vocês. Como foi a viagem?

- Longa. - Admitiu Tsireya. - Mas eu estava tão ansiosa que, sinceramente, nem me importei muito.

- Tia! - Tai'Ren caminhou até eles com um sorriso enorme, rapidamente sendo acolhido em um abraço carinhoso. - Desculpa a demora, eu tava meio longe daqui. Estou trabalhando em algo bem legal, depois mostro pra vocês, devo terminar hoje, mais tarde.

- Tenho certeza de que está ficando ótimo. - Ela tocou seu rosto. - Não esquece de mostrar quando terminar.

- Certo! Onde está o tio?

- Está com o Neteyam provavelmente lá em casa. - Respondeu Ao'nung.

- Vou lá! Aproveita os dias aqui, tia.

O menino saiu rapidamente, ansioso para reencontrar seu tio da floresta. Tsireya logo se voltou para o irmão.

- Parece que a cada vez que eu vejo o Tai'Ren, ele parece mais crescido. Está maior do que eu já.

- Pois é. Ele está bem independente, mas temos que ficar de olho porque ele não para muito em casa agora.

Tsireya levou a mão a boca para conter um risinho.

- Será que ele não está com alguém?

- Pensamos na possibilidade. - Ao'nung riu. - Mas não sei, o Tai'Ren é muito sensível, difícil saber quando ele está apaixonado ou só sendo um bom amigo. Ele se importa muito com todos ao seu redor.

- Ele é um poeta, precisa se permitir sentir as coisas com intensidade.

- É, você tem razão. Deve ser por isso que tantos jovens o admiram.

Tsireya tocou um dos ombros do irmão e eles seguiram para encontrar os pais. Tonowari segurava Nu'it e Luwen nos braços, enquanto os gêmeos enchiam a avó de perguntas sobre os tulkuns e se eles poderiam virar irmãos de algum.

Nan'ti correu na direção de Ao'nung e abraçou sua cintura, enquanto Tsireya matava a saudade dos pais da maneira que podia, por conta das crianças querendo atenção.

O líder Metkayina sorriu afagando as tranças de Nan e todos aproveitaram o momento doce de reencontro, até que Neteyam e Lo'ak chegaram.

- Oi, boca de peixe. - O Omatikaya tocou seu ombro. - Nunca é um prazer te ver.

Ao'nung revirou os olhos.

- Igualmente.

Neteyam colocou os braços ao redor da cintura do companheiro e lançou um olhar claro do tipo "apenas ignore". Ao'nung concordou a contragosto e apoiou a cabeça em seu ombro.

- O Tai'Ren foi encontrar vocês? - Perguntou a Neteyam.

- Sim, ele cumprimentou o Lo'ak e saiu correndo de volta pra praia. Disse que está concentrado em um projeto junto com o Aneya. Fico me perguntando o que eles estão tramando...

- Ele comentou sobre isso comigo e a Tsireya. - Riu Ao'nung. - Disse que mais tarde ia nos mostrar.

- Vamos ver então.

A família então permaneceu bem unida, entre risadas e a gritaria das crianças, que depois fugiram para brincar na água, sob olhar atento do avô.

Tsireya, Neteyam e Ronal estavam focados em uma conversa sobre as crianças, o que fez Lo'ak cutucar Ao'nung disfarçadamente.

- Por que não apostamos uma corrida além dos recifes? Quem sabe eu encontre o Payakan.

Ao'nung sabia que aquele deveria ser um dia de repouso, mas não estava a fim de recusar um convite para humilhar o cunhado em um território que era seu, então ambos caminharam para fora do marui discretamente e montaram em seus ilus, seguindo mar adentro em direção ao oceano, longe dos recifes.

Durante todo o trajeto até o rochedo três irmãos, ponto de chegada da corrida, aceleraram e pularam sobre as ondas, ganhando ainda mais velocidade. O mar agitado não os intimidou e só deu mais gás para a disputa.

- Droga! - Lo'ak praguejou na língua do Povo do Céu, ao fazer seu ilu saltar rapidamente sobre uma grande onda e ver que Ao'nung estava com bastante vantagem.

O Metkayina, por sua vez, sorria satisfeito por saber que aquela vitória seria fácil e lhe garantiria ao menos uma noite de sossego olhando para a cara de frustração do outro, então continuou firme no caminho.

Contudo, quando avistou ao longe as três rochas gigantes em mais um salto com o ilu, sua visão ficou turva. Quase que imediatamente, a fraqueza familiar dos últimos dias o atingiu outra vez, o que o desconcentrou.

Com as sensações paralisantes e o pouco direcionamento, o ilu se agitou, perdendo o foco da conexão e acelerando ao ponto de Ao'nung não conseguir manter o elo e se desprender do animal.

Colocando as mãos nos olhos para melhorar a visão, Ao'nung não conseguia procurar um ponto de apoio para se manter fixo, então as ondas violentas lhe puxaram de encontro a uma rocha e com o impacto, ele desmaiou.

 

- ...xe!

- ... peixe!

Ao'nung se sentia mais péssimo do que nos últimos dias. Mesmo de olhos fechados, podia sentir que estava com tontura e outra vez, com um cansaço interminável. Ele só queria continuar no escuro e dormindo, mas aparentemente aquilo seria impossível, pois alguém estapeava seu rosto.

- Boca de peixe! Acorda! - Lo'ak chamava insistentemente. - O mano vai me matar hoje se você morrer e eu não quero deixar meus filhos sem pai!

Ao'nung resmungou, sentindo a cabeça dolorida enquanto seus olhos se abriam a contragosto. Lo'ak lhe encarava, ansioso.

- Você está me escutando?

- Infelizmente, sim. - Ao'nung gemeu, colocando uma das mãos na cabeça, onde concluiu que havia batido em algum momento. - O que houve?

Percebeu que estava deitado sobre uma longa rocha, vez ou outra atingida pela água. O Omatikaya suspirou aliviado ao perceber que não teria que dar a notícia de que tinha acidentalmente contribuído para a morte do líder Metkayina, que infelizmente, também era companheiro de seu irmão mais velho.

- Você perdeu o controle do ilu e as ondas te empurraram. - Lo'ak respondeu. - Desaprendeu a nadar?

Ao'nung praguejou internamente por ter perdido sua oportunidade de ganhar a corrida.

- É melhor irmos embora. Você já perdeu mesmo. - O Sully riu.

No entanto, seus olhos se estreitaram ao ver o Metkayina tentar se levantar, com o corpo oscilando e fechando os olhos com força. Ao'nung tentava manter a visão estável, mas a tontura parecia longe de passar e ele cambaleou.

Percebendo que o outro cairia, Lo'ak segurou um dos braços dele.

- Tá tudo bem aí, boca de peixe? Se continuar balançando assim vai parar lá na água de novo. - Debochou. - Tá parecendo a Reya quando estava grávida.

Ao'nung não respondeu e imediatamente se sentiu irresponsável por ter se esforçado e se acidentado quando seu filhote ainda era tão frágil e dependia dele para se desenvolver. Uma pontada de preocupação o atingiu e ele levou as mãos a barriga, sabendo que não conseguiria sentir o bebê ainda, mas como se pudesse enviar algum conforto.

No entanto, ele logo se lembrou da presença do outro, que ainda segurava seu braço e se arrependeu do ato quase que instantaneamente.

Com um semblante de estranheza, Lo'ak perguntou:

- O que está fazendo?

Tentando recuperar o equilíbrio, mas falhando miseravelmente, Ao'nung não quis responder.

Os olhos dourados do outro lhe encaravam com muita desconfiança, até que ele voltou a falar.

- Eu tô pensando em uma coisa...mas acho que deve ser uma armadilha pra você tirar com a minha cara.

Ao'nung desvencilhou seu braço da mão de Lo'ak e voltou a se sentar, ainda em silêncio. Só queria pegar seu ilu e voltar, mas não estava conseguindo lidar com a tontura. Quase implorou ao filhote para amenizar os sinais de sua presença.

Diante do silêncio do outro, Lo'ak estava completamente dividido entre acreditar que tudo era uma piada previamente armada ou realmente uma verdade.

- Tá, isso que eu tô pensando deve ser uma brincadeira...- Ele disse, finalmente. - ... Não tem como você estar... você sabe... com um filhote. Então, já pode parar o fingimento. Quase acreditei, mas não foi dessa vez.

Ignorando veementemente o tagarela ao seu lado, Ao'nung voltou a se deitar na rocha molhada, com as mãos no rosto para não ver o mundo girar. Em sua mente, aquela era a pior situação possível para acontecer um mal-estar: preso ao lado de Lo'ak.

- Você... não tá brincando, né?

- Vai, faz todas as piadas que quiser... - Ao'nung resmungou, fraco demais para mostrar qualquer sinal ameaçador. - ... só cala a boca depois disso.

Surpreendentemente, o Metkayina escutou apenas o cunhado chamar seu ilu e se perguntou o que ele estaria tramando.

***

Luwen e Nan'ti se entreolharam com os rostos franzidos diante do olhar de expectativa dos dois rapazes a frente deles.

- E então... - Tai'Ren perguntou. - O que vocês acharam do nosso ilu?

- Ren... - Os olhinhos azuis fitaram a escultura deformada com receio. - Esse ilu me dá medo, ele é feio.

- É mano...- Nan'ti tinha uma expressão de desgosto. - Desculpa, mas isso nem parece um ilu.

Tai'Ren e Aneya se entreolharam e depois fitaram a escultura que tinham trabalhado arduamente.

- Parem de graça, olha pra isso, está ótimo! - Retrucou Tai'Ren. - Como não conseguem ver um ilu aqui?

Nan'ti observou com mais atenção o traços bruscos na madeira, tentando identificar a forma que eles explicavam, mas nada parecia fazer sentido naquele tronco.

- Se vocês estão vendo um ilu, devem estar vendo ilus assustadores por aí.

- Onde tá a cabeça dele? - Perguntou Luwen, apreensivo e de olhos arregalados para a peça que julgou assustadora.

- Ué, aqui. - Tai'Ren gesticulou.

- Isso não é uma das nadadeiras? - Nan questionou, estreitando os olhos para entender porque aquilo seria a cabeça.

- Não! - Tai'Ren parecia inconformado. - Aqui é a cabeça, depois vem o pescoço e só aqui é as nadadeiras.

Ele foi gesticulando para os pontos que ia explicando.

- Esse ilu parece do mau... - Comentou o caçula, incerto.

- Tá bizarro. - Disse Nan, com sinceridade. - Não tem mais o que dizer.

- Parece tão ruim assim? - Perguntou Aneya, se juntando as crianças e olhando a peça do mesmo ângulo que eles. De fato, precisava de uns ajustes, mas era claramente um ilu.

- É claro que não, Aneya! Eles só são jovens demais pra entender, vamos mostrar pros adultos mais tarde e você vai ver, eles vão adorar!

- Depois não diz que eu não avisei. - A garota deu de ombros, enquanto Luwen mantinha um olhar de desconfiança para a escultura de madeira, quase como se a qualquer momento o monstro entalhado ali fosse pular sobre ele.

***

Se sentindo muito melhor da tontura, Ao'nung chamou seu ilu e encarou Lo'ak de canto, que seguia muito quieto.

- Você não vai mesmo falar nada?

- Ah, tô vendo que deu uma melhorada. - Deu de ombros. - Devia descansar mais.

Com assombro, Ao'nung percebeu que preferia um milhão de vezes receber piadas do que um comportamento normal vindo de Lo'ak.

- Para de graça e fala logo o que quer! - Se estressou enquanto montava no ilu para voltarem.

- Ei! Eu não sou esse tipo de pessoa, tá? - O Omatikaya se defendeu. - Além do mais, nunca ouviu falar que estresse faz mal pro bebê? Eu sou um tio preocupado!

Ao'nung preferia morrer afogado do que ver Lo'ak com aquele comportamento.

Com as forças mais recuperadas, direcionou um olhar mortal para ele.

- O que eu acabei de falar sobre estresse? - Continuou o Sully, mas logo seus olhos assumiram o tom zombeteiro. - Vai com calma aí, mamãe.

- Seu...! - Ao'nung trincou os dentes para não enforcar o companheiro de sua irmã. No mesmo instante, se arrependeu por ter insistido em trazer as piadas a tona.

- Sinceramente...- Lo'ak desatou a rir. - ... você me deu tudo o que eu precisava pra zombar de você pra sempre. Eywa, obrigada!

- Dá pra irmos embora logo? - Ao'nung tentou se manter controlado diante das risadas.

- Claro, mamãe do ano. Vamos. As damas primeiro.

Rezando a Eywa para que seu filhote fosse protegido de sua onda de raiva, Ao'nung deu o comando para o ilu voltar, sendo seguido por Lo'ak. Dessa vez, eles não apostaram corrida, mas assim que chegaram a uma parte mais calma do mar, Lo'ak gesticulou para que voltassem a superfície, o que Ao'nung fez a contragosto.

- Sabe, eu tava aqui pensando...- Começou o Sully. - De repente, você ficou curioso?

- Curioso com o quê? - Resmungou.

- Você sabe do que eu estou falando...- Ele sorriu, muito disposto a continuar provocando. - Um dia você acordou e decidiu que queria sofrer na mão do mano?

- Lo'ak... - Ao'nung suspirou devagar, decidido a não ceder aquilo. - Cala a boca.

- O quê? - Ele se fez de desentendido. - Não precisa ter vergonha. Ninguém vai te julgar.

- Você tá se divertindo, não é?

- Óbvio. E tudo graças a você que me proporcionou isso, obrigado. De coração. E saiba que eu já amo meu sobrinho ou sobrinha que vai chegar.

- Se eu não estivesse com esse filhote na minha barriga, você estaria morto.

- Já disse pra se acalmar. - Alertou o outro. - Gestantes precisam tomar cuidado com esforço e emoções fortes, ninguém te contou essas coisas? Francamente.

Estava mantendo o máximo de seu controle emocional, mas Lo'ak estava decidido a irritá-lo:

- Então, agora é só você que vai gerar os bebês daqui pra frente? Trocaram de função permanentemente? Ou estão a abertos a discussão?

- Dá pra ficar quieto!? Aconteceu só uma vez, tá bom?

No mesmo instante em que as palavras saíram de sua boca, Ao'nung se arrependeu. Lo'ak o encarou em silêncio por longos segundos, até que cuspiu um riso de escárnio total, que quase o fez engasgar.

- Eu falei tanto pro mano que você era pouco eficiente por não ter dado um sobrinho pra mim em três anos e ele foi lá e mostrou como se faz!

Parou mais alguns segundos pra gargalhar e depois se aproximou de Ao'nung.

- Isso, se chama eficiência, boca de peixe! E deu pra ver que aprendeu na marra!

Ao'nung sabia que deveria ficar em plenitude, mas seu punho reagiu tão rápido que escapou de seu controle. Foi de uma satisfação imensa quando entregou a Lo'ak o mesmo golpe que recebeu na adolescência, direto no nariz dele.

O Sully gemeu colorando as mãos no nariz para conter o sangramento. Ele não pensou em retribuir porque sabia que levaria outra surra de seu irmão quando chegasse na vila, então, engoliu a frustração.

Foi a vez de Ao'nung rir ao ver o outro se mordendo para não lhe agredir. Acariciou o barriga com cuidado. De repente, estar gestante não parecia tão ruim assim.

***

- Irmãozinho!? - Nan'ti e Tai'Ren disseram em uníssono, se entreolhando, desacreditados.

- Sim! Ele está bem aqui. - Neteyam apontou para barriga de Ao'nung.

- Na barriga do pai? - Tai'Ren ficou um pouco confuso, e pensou nas gestações dos seus outros irmão, mas não disse mais nada.

- Sim, logo teremos mais um bebê aqui com a gente. Não é legal? Vamos anunciar pra vila amanhã.

Luwen imediatamente começou a chorar e correu para um canto do marui, se agachando, enquanto soluçava copiosamente.

- O que foi, pequeno? - Ao'nung foi até ele. - Não está feliz?

- Não!

- Por quê?

- Não quero outro bebê aqui! Só eu! - Luwen choramingava.

Com um sorriso gentil, Ao'nung acolheu o pequeno em seus braços, dando o conforto, enquanto Neteyam se aproximava, fazendo carinho para conter a crise enciumada do filho.

- Luwen, pensa que vai ser mais um irmãozinho pra você brincar! Você não sempre fala que quer ser igual o Tai'Ren? Agora, vocês vão ter algo em comum. Você vai ser irmão mais velho do bebê e vai ajudar a cuidar dele.

- Irmão mais velho? - O menino fungou, com os olhos azuis repletos de lágrimas.

- Sim, mas sabe o melhor? - Neteyam sussurrou, mais perto do filhote.

- O quê?

- Mesmo que seja um irmão mais velho igual a Nan e o Ren, só você vai continuar sendo meu bebê. Você e seu irmãozinho ou irmãzinha que vai nascer. Meus dois bebezinhos.

- Você promete, papai? - Luwen sussurrou em resposta.

Neteyam não resistiu e deu um beijo na bochecha do filho.

- Mas é claro que eu prometo.

Aquilo acalmou o garotinho e todos puderam seguir juntos para a fogueira onde a vila se reuniria para acolher os visitantes especiais. Lo'ak estava com cara de poucos amigos com o nariz repleto de curativos depois do soco de Ao'nung e também do soco de Neteyam, que ficou furioso por ele ter feito Ao'nung se estressar.

Tai'Ren correu para contar a notícia para Aneya, que ficou tão surpreso quanto ele, mas desejou as felicitações pelo novo irmãozinho.

Nan já tinha esquecido da ideia de ganhar outro irmão e se reuniu com seus primos e outras crianças Metkayina para apostarem corrida na praia. Luwen permanecia muito grudento nos papais, principalmente em Ao'nung, para que ele não desse atenção ao bebê na barriga.

E Neteyam se mantinha bem próximo de seu amado, vez ou outra deixando os dedos passearem pelos cachos parcialmente soltos, completamente apaixonado e vibrante pelos novos tempos que viriam.

Só foram distraídos do momento quando Tai'Ren puxou Aneya, que carregava um pedaço de madeira nos braços em um formato indecifrável, perguntando o que eles tinham achado do ilu.

- Tá incrível, meninos. - Respondeu Neteyam. - Não é, meu Ao'nung?

Ao'nung rapidamente olhou nos orbes dourados, se perguntando se realmente Neteyam estava vendo um ilu ali, porque ele não conseguia ver.

Decidiu, portanto, confiar na visão de seu companheiro.

- É claro, deve ter dado um trabalhão. Parabéns.

Tai'Ren buscou rapidamente os olhos de Aneya.

- Tá vendo, eu disse que está ótimo! - Caminhou em direção ao tio, que inclinava a cabeça para trás por conta do sangue no nariz. - O que achou, tio?

Ajeitando a cabeça, Lo'ak franziu o cenho.

- Legal. Tulkuns são difíceis de esculpir, eu imagino. Ta bom pra uma primeira tentativa.

- Não é um tulkun, é um ilu! - Disse Tai'Ren.

- O quê? - Lo'ak inclinou a cabeça de um lado, depois para o outro. - Bom... parece um tulkun pra mim.

Tsireya rezou para que não lhe perguntassem nada, porque não via nenhum dos dois animais ali.

Aneya encarou Tai'Ren, já derrotado, mas o Sully não estava nem um pouco perto de desistir. O garoto agradeceu ao tio e puxou o Metkayina para conversar com outros adultos da vila.

Passando de um círculo para o outro, interrompendo as conversas alheias e puxando um constrangido Aneya, que sentia o rosto cada vez mais quente pelos feedbacks nada positivos, Tai'Ren ficava cada vez mais frustrado, até que se sentou em um canto mais distante da fogueira, igualmente derrotado.

- Por que só a gente enxerga um ilu nisso!?

- Eu não sei. - Admitiu Aneya, exausto de carregar a escultura por tanto tempo.

- Você tá vendo um ilu mesmo, né? Não está fingindo? - Os olhos cinzas pareciam desconfiados.

- Mas é claro que sim! Eu nunca fingiria isso.

Com um suspiro, Tai'Ren fitou a peça com desgosto.

- É, parece que não deu muito certo. Joga fora depois.

- Tudo bem... - Aneya desviou o olhar, constrangido por mentir, já que nunca teria coragem de jogar aquilo fora. - Mas sabe, podemos tentar de novo outro dia, o que ac...

- Ei, Tai'Ren! - Onali gritou, vindo na direção deles, impedindo o menor de escutar o restante da fala de Aneya. - Tá livre agora?

- É claro. - Ele respondeu, se levantando. Mas antes de ir, se voltou para o rapaz sentado na areia. - Quer ajuda pra jogar fora? Fiz você carregar isso um tempão.

- Não se preocupe, pode ir.

- Tá bom, até mais, Aneya. - Tai'Ren caminhou junto com Onali pela praia.

Aneya fitou os dois por algum tempo, contendo uma sensação ruim em seu coração. Ele sabia sobre o que seria essa conversa. Onali tinha sido muito clara na última vez que conversaram. Mesmo que tivesse tentado descobrir o desfecho da conversa observando o garoto com quem passava o dia, ainda era imprevisível saber.

Ele só tinha uma certeza: Seria muito doloroso se tivesse que se acostumar com a visão dos dois juntos na praia, rindo alto e se divertindo, conforme via agora.

***

- Meu Neteyam... - Ao'nung chamava, dando beijos suaves no pescoço exposto do companheiro adormecido.

- O que foi, meu Ao'nung?

- Estamos sozinhos e eu... - O Metkayina deu mais beijos, agora molhados na pele escura. - Estou com saudade.

Era manhã, as crianças já tinham saído para casa dos seus avós, onde ficavam pela manhã e tarde, enquanto os pais faziam suas funções em Awa'altu. Mas Ao'nung, que estava uns dias afastados de suas tarefas, parecia bastante interessado na ideia de atrasar Neteyam nas dele.

O Omatikaya sorriu, porque conhecia (e muito bem) essas vontades nada inocentes que surgiam na gestação. Ele se virou para beijar seu amado com fevor, até os lábios se cansarem. Quando se afastou, Ao'nung estava com o rosto quente.

- Não se preocupe, meu Ao'nung. - Neteyam puxou o companheiro para ficar em baixo dele e sussurrou, rouco. - Vou cuidar bem de você.

Os olhos azuis do Metkayina se arregalaram ao ver seu companheiro, abrindo suas pernas se colocando entre elas.

Não era bem aquilo que estava em seus planos, mas outra vez, aquela parte estranha dentro de si, ficou animada para receber todo o cuidado possível.

Então, ele aceitou Neteyam outra vez.


Notas Finais


Eu AMEI escrever isso, agora posso dormir em paz e planejar o spin off

PAZ



Me contem o que acharam <3


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