Ainda sentindo o sangue de seu irmão escorrer lentamente por seu rosto, Natsu apenas rangeu os dentes fortemente, fazendo com que sua fúria e sua tristeza fossem demonstradas pelo forte brilho azul de seus olhos.
Mas antes que o pequeno rosado pudesse fazer ou dizer qualquer coisa, Igneel acabou o fazendo desmaiar.
Eucliffe apenas viu a tudo aquilo com um sorriso no rosto – Espero que não se esqueça disso ó rei do Reino das Águas – comentou com um sorriso cínico em seu rosto, mas apenas pode ver a expressão fria que Igneel tinha em sua face e o brilho azulado dos olhos do mesmo.
Igneel – Sim... Eu não esquecerei – o respondeu friamente.
Após pouco mais de um dia, Igneel, Jellal e Natsu chegaram ao Reino das Águas.
Logo depois de Igneel passar pela parede de água com Natsu em seus braços, foi a vez de Jellal passar com o corpo de Marco enrolado dos pés a cabeça por algo parecido com um pano.
Igneel – Ele ainda não acordou... – pensou um pouco deprimido enquanto encarava Natsu em seus braços.
Jellal apenas seguiu Igneel em direção ao castelo, chamando a atenção por onde passavam.
– O que é aquilo que o Jellal-san está carregando? – perguntou um pouco curioso.
– Vai saber... – olhou para o grupo – Né... Onde está o Marco-sama? Ele não retornou?
No mesmo instante, Igneel e Jellal que se seguravam para não chorar, apenas puderam sentir seus rostos serem molhados com as lágrimas. O choro de Jellal apenas se intensificou por sentir o corpo do amigo em seus ombros, o que acabou surpreendendo a todos que viam Igneel e Jellal caminharem em direção ao castelo.
Não demorou muito para que os dois chegassem em frente ao castelo.
Grandine – Bem-vindo de volta querido – abriu um sorriso radiante, enquanto Wendy apenas saiu de trás das pernas da mesma.
De cabeça baixa, Igneel não sabia como iria encarar a mulher.
Grandine – O que foi? – perguntou um pouco preocupada ao ver que Igneel e Jellal choravam – Algo aconteceu com o Natsu? – viu o mesmo dormindo nos braços de Igneel.
Igneel – Não... – respondeu em um murmúrio.
Grandine não estava conseguindo entender o porquê de Igneel estar naquele estado, mas logo estranhou – Cadê o Marco? – viu que o mesmo não estava com o pequeno grupo.
No mesmo instante em que perguntou, Grandine pode ver as lágrimas de Igneel se intensificarem.
Grandine – Ahn? – viu Igneel sair da frente, dando passagem para que Jellal passasse com o corpo.
Os olhos da mulher de cabelos esbranquiçados perderam o brilho, ficando em uma cor completamente opaca, ao ver Jellal por algo no chão enrolado por vários pedaços de pano –... I-Isso é? – não recebeu nenhuma resposta – Isso é? – perguntou em um tom mais alto.
Igneel –... É o Marco – a respondeu, fazendo com que a mulher perdesse as forças nas pernas e caísse de joelhos em frente ao corpo.
Grandine – Hugh – sentiu seu peito apertar fortemente, não conseguindo acreditar que aquele corpo morto na frente de seus olhos era realmente, Marco, seu filho. Único filho que prezava mais a família e o Reino do que o poder, único filho, tirando Natsu e a pequena Wendy, que havia ficado ao seu lado ao invés de deixar a cidade por uma simples inveja e desejo de governar aquele enorme Reino.
Grandine voltou a se levantar, ficando de frente para Igneel.
Sem entender nada, Igneel apenas pode sentir o forte tapa em seu rosto. Ao se virar para encarar a mulher novamente, pode ver que a mesma já estava com a mão levantada para que pudesse bater nele novamente, mas dessa vez apenas pode sentir uma batida de leve.
Grandine – Como? Como você pode? Por que não protegeu seu filho? – perguntou seriamente enquanto uma única lágrima escorreu de seu olho.
Igneel nada pode responder, apenas pode ver a mulher desmaiar a sua frente – Grandine! – segurou a mesma com um dos braços.
Após longas horas, Natsu abriu os olhos lentamente, percebendo que estava em seu quarto.
Natsu – Ahn? – não entendeu nada –... Tudo aquilo... Foi um pesadelo? – se levantou calmamente. Ao sair do quarto, o rosado passou a andar pelo castelo – Onde o Marco-nii está? – se perguntou calmamente enquanto procurava pelo irmão. Após olhar em cada canto do castelo e não achar Marco, Natsu acabou parando em frente ao quarto de Grandine.
O pequeno acabou entrando sem bater, podendo ver a mãe sentada sobre a cama enquanto abraçava os joelhos.
Natsu – Mamãe, você viu o Marco-nii? – fez a mulher levantar o rosto, revelando os olhos da mesma, que mais aparentavam estar mortos.
Grandine – Marco está morto – respondeu seca, podendo ver o rosado cair de joelhos no chão.
Natsu –... Então... Não foi nenhum sonho... – pensou enquanto encarava o vazio.
As lembranças da morte de seu irmão apenas voltavam à sua cabeça repetidas vezes.
Natsu abaixou a cabeça, encostando a mesma no chão enquanto tampava os ouvidos. Em um momento de desespero, o rosado começou a gritar fortemente, tentando aliviar aquela dor que parecia lhe consumir aos poucos.
Os olhos de Natsu ganharam um forte brilho azulado no momento em que as lagrimas começaram a brotar dos mesmos – A culpa é deles... – pensava em meio aos gritos – Eu vou fazê-los pagar! Como o futuro rei do Reino das Águas... Eu vou fazê-los pagar por isso! – mesmo com pensamentos calmos, o corpo do rosado se comportava de maneira completamente diferente, os gritos do mesmo pareciam ficar cada vez mais altos enquanto o pequeno parecia forçar a cabeça ainda mais em direção ao chão.
Grandine apenas via o desespero de Natsu sem demonstrar nenhum sentimento, nenhum sinal de que se levantaria e pararia o pequeno.
Os gritos podiam ser ouvidos por todo o castelo. Igneel, do lado de fora do mesmo, apenas podia ver como a água que rodeava a cidade estava sendo afetada por Natsu, de modo que parecia que a mesma invadiria o local a qualquer momento.
Natsu ficou isolado em seu quarto por quase um mês, onde só saía para comer.
O rosado pode ouvir batidas na porta, que acabaram interrompendo os pensamentos que tomavam conta de sua cabeça.
Natsu – Entre – falou em um tom deprimido, podendo ver a porta ser aberta.
Wendy – Natsu-nii, vamos brincar! – o chamou inocentemente com um sorriso radiante no rosto, já que não sabia o que realmente havia acontecido.
Natsu – Não quero, sai daqui – respondeu secamente.
Wendy – Natsu-nii seu chato! – falou em um tom mais alto – Já faz um mês que não brinca comigo... – estava prestes a chorar ao sair do quarto.
Natsu apenas soltou um breve suspiro.
Após algumas horas, Natsu apenas pode ouvir algumas serviçais conversarem entre si.
– Você viu o que a Wendy-sama fez com o quarto que era do Marco-sama? – perguntou um pouco chateada.
– Sim, sim – suspirou – Me pergunto o que deu nela...
Natsu saiu de seu quarto rapidamente, correndo até o quarto que era de seu irmão. Ao entrar no mesmo, pode ver a bagunça que estava no local. Os objetos de vidro estavam todos estilhaçados no chão, as roupas de cama e os travesseiros todos sujos de terra e as roupas cheias de buracos e cortes feitos com tesoura.
Ao ver aquela cena, a fúria tomou conta do rosado, que apenas retornou ao seu quarto.
Wendy mais uma vez voltou a bater na porta do quarto de Natsu, tentando chama-lo pra brincar mais uma vez.
Wendy – O papai disse que o Marco-nii foi embora, assim como os outros... Por causa dele o Natsu-nii não quer brincar mais comigo... – pensou um pouco frustrada ao bater na porta novamente.
Natsu – Entre – falou seriamente, mas logo seus olhos ficaram negros ao ver quem era.
Wendy – Natsu-nii, vamos brin... – foi interrompida.
Natsu – Saía daqui Wendy – ordenou friamente – E esqueça que um dia fomos irmãos... Você é apenas uma pirralha que não sai do meu pé... Eu não vou brincar com você nunca mais, então suma daqui e não volte nunca mais! – falou no momento em que a raiva tomou conta de seu coração, perdendo a razão.
Os olhos da pequena se encheram de lágrimas. No instante em que começou a chorar, saiu correndo do local.
O rosado apenas escondeu o rosto entre seus joelhos – Marco-nii... – se lembrou da ultima frase que o irmão havia lhe dito.
“Natsu... Apenas escute as palavras do papai”.
Natsu – Palavras... Que palavras? – não conseguia entender, mas logo pode se lembrar de algo que Igneel sempre dizia.
“Sigam o caminho da água e não a traíam”
O rosado pensou por alguns instantes, mas logo os olhos do mesmo deram uma leve arregalada.
Natsu – Já sei!
(Fim das Lembranças)
Natsu – E foi isso que aconteceu – suspirou ao terminar de contar.
Lucy – Eh? – reclamou em um tom de voz baixo enquanto algumas lágrimas escorriam por seu rosto – Eu quero saber o que aconteceu depois...
Natsu – Não aconteceu nada de mais – sorriu um pouco sem graça – É besteira...
Lucy pensou por alguns segundos ao enxugar as lágrimas de seus olhos – Você me conheceu após a morte do seu irmão, então... Pra você, me conhecer não é nada de mais? É besteira? – estreitou os olhos – Agora eu vejo o tamanho do seu amor por mim – encarou o rosado, vendo o mesmo deitado enquanto encarava o teto.
Natsu – Ah... – viu a loira deitada ao seu lado – Não, não foi isso o que eu quis dizer... É só que eu não posso te contar ainda o que eu descobri com isso, então, não pens... – foi interrompido ao ser abraçado pela loira –... Lucy... – deu uma leve corada.
Lucy – Eu conheço a dor de perder alguém próximo... Mas o jeito que ele perdeu o irmão... – apertou ainda mais o abraço.
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, mas logo o rosado comentou.
Natsu –... Está tudo bem pra você? – chamou a atenção da loira.
Lucy – Ahn? – não entendeu.
Natsu – Eu não me importo em ficar abraçado a você... Mas está tudo bem pra você, Lucy? – perguntou em um tom calmo, fazendo a loira corar e se separar do abraço – Eu deveria ter ficado quieto...
Lucy – Mesmo assim, você disse mesmo tudo aquilo pra Wendy? – perguntou um pouco mais séria, vendo o rosado apenas confirmar com a cabeça – Agora eu entendo o porquê dela agir de tal maneira com você.
Natsu – Depois de um tempo eu pedi perdão, mas ela puxou o gênio da família, e como pode ver... – abriu um sorriso triste – Minha única irmã que ainda está próxima a mim, mas ao mesmo tempo está distante.
Lucy – Por que não tenta reconquistar o carinho dela? – perguntou calmamente.
Natsu – Eu já tentei... – suspirou e novamente o silêncio voltou a tomar conta do local –... Depois dessa historia triste, você despertou algum sentimento por mim? – abriu um sorriso ao perguntar.
Lucy – Sim... – surpreendeu o rosado – O sentimento de pena.
Natsu – Eu podia dormir sem essa... – voltou a suspirar – De qualquer forma... Você entende agora o porquê de eu não querer que você e a Wendy vão ao Reino do Céu?
Lucy – Entendo... – respondeu um pouco chateada.
Natsu – Então... – foi interrompido.
Lucy – Mas agora que eu quero ir mesmo – voltou a surpreender Natsu – Quero conhecer a cidade que você disse achar incrível – sorriu
Natsu – LUCY... – novamente foi interrompido.
Lucy – O que foi? Do que você tem medo? – perguntou seriamente – Tem medo de não ser capaz de proteger aqueles que são importantes para você? És tão fraco assim, Natsu?
O rosado ficou em silêncio por alguns segundos, mas logo a respondeu –... Tudo bem, já vi que não conseguirei fazer você mudar de opinião – viu a loira sorrir – Mas eu lhe peço, não apronte nada, quando chegarmos lá, me avise caso queira ir a algum lugar e tente evitar o máximo possível entrar em contato com a família real do Reino do Céu – fez Lucy confirmar com a cabeça.
E novamente ficaram em silêncio.
Lucy – Por que estamos ficando tanto tempo em silêncio? – não entendia, apenas encarava o rosado.
Natsu –... Com tudo isso dito, agora só falta uma coisa – informou calmamente.
Lucy – O que? – ficou um pouco curiosa, mas logo pode sentir a mão do rosado deslizar por sua coxa.
Segundos depois, a loira se levantou da cama do rosado após socar o mesmo, o fazendo dormir.
Lucy – Pervertido idiota – falou um pouco irritada ao voltar para sua cama – É bem útil ter água por perto... – se referiu ao copo de água que estava em cima do pequeno criado mudo entre a cama dos dois.
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