História Amada pelos Deuses - A Briga e o Envelope

Lucy – NATSU! ME EXPLIQUE O QUE ESTÁ ACONTECENDO! – bradou já entrando em casa.

Levy –... Virou uma discussão? – não entendeu nada.

A loira apenas caminhou até o quarto, vendo o rosado no local, parado ao lado da cama.

Lucy – O que você quis dizer com “Mentirosa”? – indagou em um tom elevado, sem nem mesmo fechar a porta – Quando foi que eu menti pra você?

Natsu –... Quando foi que você NÃO mentiu pra mim? – respondeu com uma pergunta.

Lucy – Natsu! – andou até o garoto, segurando os braços do mesmo e o virando, para que assim conversassem olhando um no olho do outro – Por que está me tratando assim? – queria entender – É por causa da forma que eu lhe tratei ao descobrir sobre minha mãe? Se for, eu já pedi desculpas, então... – ainda falando em um tom elevado, foi interrompida.

Natsu – Estou lhe tratando assim, pois é dessa forma que pessoas falsas devem ser tratadas! Pessoas falsas como VOCÊ, que acham que os sentimentos dos outros é um brinquedo com o qual você pode brincar da forma que quiser! – exclamou, quase gritando, mas logo depois pode sentir o forte tapa que a loira acertou em sua face.

O pequeno grupo apenas escutava a tudo da sala. Tanto que Levy e Jellal tiveram que segurar Jude para que o mesmo não se intrometesse, pois sabiam que aquilo não era algo do qual eles poderiam interromper.

Natsu e Lucy apenas passaram a se encarar após aquele tapa. As lágrimas do rosado já haviam secado, enquanto as de Lucy começaram a escorrer pela face da mesma ao escutar aquilo do garoto.

Natsu – Usou o suor da mão para me bater...

Lucy – Você não é a pessoa mais indicada para falar sobre “brincar com os sentimentos dos outros” – comentou em um tom mais baixo, olhando o rosado nos olhos.

Natsu – Sim, não sou... E por isso resolveu se vingar? – indagou seriamente – O fato de eu ter ficado sem meus sentimentos naquela época... Já não havia sido uma boa punição? Você queria que eu os recuperasse para que assim pudesse me machucar, é isso?

Lucy – EU NÃO ESTOU ENTENDENDO O QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO! – bradou já irritada, pois estava sendo acusada de algo do qual ela nem mesmo tinha conhecimento.

Natsu – DEIXA DE SER FALSA! – gritou no mesmo tom, sentindo seus olhos voltarem a se molhar com as lágrimas – VOCÊ APRENDEU BASTANTE... ESTÁ ATÉ MESMO CONSEGUINDO CONTROLAR SEUS OLHOS PARA PARECER QUE ESTÁ SENTINDO ALGO!

Mais uma vez a loira acertou um tapa na face do garoto, fazendo com que as lágrimas escorressem dos olhos do mesmo.

Natsu –... Eu não queria que você voltasse! – falou em um tom mais baixo enquanto via Lucy perder o controle de suas lágrimas – Você tinha voltado a ser humana assim como queria... Mas... Você pareceu realmente querer ficar ao meu lado... – sentiu seu choro se intensificar – Você até mesmo me beijou na frente do Gray! Mas... AQUILO FOI TUDO ENCENAÇÃO, NÃO É MESMO?

Lucy – NÃO! NÃO FOI... – foi interrompida.

Natsu – O QUE VOCÊ QUERIA DE MIM? O QUE VOCÊ QUERIA DO NOSSO REINO? – indagou tomado pelo ódio – VOCÊ CONSEGUIU CERTO? ESTAVA SÓ ESPERANDO A OPORTUNIDADE... Oportunidade essa que apareceu quando lhe contei sobre sua mãe... Para que assim pudesse retornar para aquele que realmente ama!

Lucy – DO... DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? – começou a ficar ainda mais desesperada, pois não sabia do que o garoto estava falando, sendo assim, também não podia se defender.

Natsu – POR QUE AINDA SE FAZ DE DESENTENDIDA? EU NÃO SOU IDIOTA! ENTÃO NÃO ME TRATE COMO UM!

A loira mais uma vez foi para bater no rosado, mas dessa vez teve seu pulso segurado pelo mesmo.

Natsu – Depois de mais uma vez ser ignorado por você... Na faculdade... Tive uma conversa com Rogue... Até aí estava tudo certo... Eu estava feliz pelo meu amigo, feliz também porque havia conseguido algo importante... Mas... Já voltando... Na saída da faculdade... – soltou o pulso da loira – Uma garota se aproximou de mim... Então ela me deu um envelope, dizendo que haviam pedido para me entregar...

Lucy – E o que isso tem a ver com o que estamos discutindo agora? – indagou em um tom elevado.

Natsu – Ao abrir o envelope... Eu entendi... Entendi o porquê de você ter me ignorado todo esse tempo... Entendi que você nunca me amou! Pois se realmente sentisse algo por mim, não teria me tratado tão friamente! Teria me permitido ficar ao seu lado para que pudéssemos passar por isso tudo juntos! – passou o braço direito sobre os olhos, como se tentasse conter o choro –... Aquela foto... – acabou que as lágrimas se intensificaram ainda mais.

Lucy –... Foto? Que foto? – ficou um pouco ansiosa e completamente confusa.

Mas a loira apenas viu o rosado sair de sua frente, permitindo que a mesma visse o tal envelope sobre a cama.

Lucy caminhou até aquele pedaço de papel, o pegando, enquanto Natsu apenas andou em direção à porta.

A loira então viu o que havia dentro do envelope. As pernas da mesma fraquejaram, enquanto pode sentir como se uma mão apertasse fortemente seu coração.

Lucy – Essa foto é... É de quando... – o brilho nos olhos e o choro da loira se intensificaram ainda mais –... É de quando o Gray me beijou enquanto o Natsu estava no Reino do Fogo... Mas como?

Natsu –... Você fingiu me amar enquanto ainda gostava dele... Resolveu fazer dessa forma para que eu não descobrisse? Para que eu não me metesse? – indagou mais sério –... Você não precisa se preocupar... Eu cansei Lucy... Não tenho mais energia para gastar com você... Há coisas mais importantes com as quais tenho que me preocupar... – informou.

Lucy –... I-Isso é um engano... E-Eu juro... E-Eu posso te explicar... – se virou para encarar o garoto, mas viu que o mesmo já não estava mais ali. No mesmo instante a loira foi tomada pelo pavor – NATSU! ESPERE... – fez que ia correr atrás do mesmo, mas suas pernas falharam enquanto sua visão ficou completamente turva, a levando ao chão – E-Espere... – murmurou perdendo a consciência, desmaiando devido a todo o stress que sofrera.

Horas depois, Lucy já estava deitada sobre a cama enquanto todos rodeavam a mesma.

Jude – Tem certeza que não seria melhor leva-la ao hospital? – indagou preocupado.

Juvia – Não precisa, ela apenas desmaiou – informou – Daqui a pouco ela acorda...

Foi só falar, e puderam ver a loira abrir os olhos lentamente. Ninguém se atreveu a dizer algo, apenas ficaram encarando a garota.

Lucy –... Um pesadelo? – viu que estavam praticamente todos ao seu redor – Por que estão todos aqui? – perguntou em um tom mais baixo, mas não precisou nem mesmo de uma resposta.

Ao se sentar sobre a cama, a garota viu aquele envelope nas mãos de Levy.

Levy – Me desculpe perguntar Lucy... Mas o que é essa foto? – queria entender –... Nós acabamos a vendo quando viemos lhe socorrer – explicou, vendo os olhos da amiga retomarem o brilho azul lentamente.

Wendy/Happy/Hikari – Que foto? Eles não nos deixaram ver... – estavam completamente curiosos.

Lucy acabou não respondendo a pergunta da amiga, apenas se levantou rapidamente, passando por todos e correndo em direção à rua, dando um pequeno tropeço próxima a porta, mas conseguindo manter o equilíbrio.

Lucy – Natsu... – olhou para os dois lados ao chegar na rua – AONDE VOCÊ FOI? – pensou enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas novamente.

A loira então correu em direção à faculdade. Enquanto corria, o céu sobre a cidade era tomado por nuvens densas e escuras, anunciando a forte tempestade que estava por vir.

As horas se passaram, e já de noite a água caía com força por toda a cidade.

Jude –... Onde aquela menina se meteu no meio dessa chuva? – indagou preocupado enquanto andava de um lado para o outro.

Juvia – Chuva não vai ser um problema para ela... Não se preocupe – informou sentada no sofá entre Levy e Jellal.

Levy –... De qualquer forma, enquanto a Lucy não nos explicar o lado dela, só posso concordar com o Natsu... Vendo essa foto... – comentou seriamente.

Jellal – Não vamos tirar conclusões precipitadas... Diferente do Natsu que sempre teve o medo de que a Lucy viesse a deixar de ama-lo, ou de que nunca tivesse esquecido o Gray, nós somos amigos dela... Então vamos ouvi-la primeiro – comentou, fazendo os amigos confirmar com a cabeça.

Não demorou muito para que ouvissem a campainha tocar.

Levy se levantou para atender a porta – Qual deles será? Natsu ou Lucy? – abriu a mesma, vendo a loira sendo encharcada pela chuva.

Lucy – Eu... Eu não o achei – falou em um tom mais baixo com seus olhos azulados já opacos –... Fui na faculdade... No Reino da Terra... No rio que passa pela cidade... Até mesmo em uma loja a qual fomos juntos... Mas não o encontrei... – informou enquanto ainda sentia a chuva cair sobre seu corpo – Eu... Eu voltei andando sob a chuva... Na esperança de escuta-lo... De escutar seus pensamentos... Mas nada...

Levy – Entre Lucy... Nesse momento ele já deve estar chegando ao Reino das Águas – surpreendeu à amiga.

Lucy – C-Como assim? – não podia acreditar.

Assim que colocou o pé para dentro de casa, seu corpo e suas roupas se secaram por completo.

Lucy – Ele saiu sem nada, sem nenhum centavo – seguiu a amiga em direção à sala, onde todos os outros estavam.

Jellal – Ele é o príncipe do Reino das Águas, poderia conseguir dinheiro facilmente... Sem falar que ele poderia ter ido pelo rio, mesmo que seja uma viagem mais longa – explicou.

Lucy – Mas ele não pode voltar pra lá! Ainda mais sozinho! Ele seria pego pelo Worer e pelo avô dele! – exclamou.

Juvia – Nesse momento ele não deve estar pensando direito... – suspirou.

Lucy – E por que não vamos atrás dele? – não estava entendendo os amigos.

Levy – Pois se ele for pego também seremos... Aí sim as coisas ficarão feias – a respondeu – Estamos formando planos... E acreditando que o Natsu não fará nenhuma idiotice – explicou.

Jellal – Mas antes... Queremos uma explicação sua Lucy – chamou a atenção da mesma – O que era aquela foto?

A loira então se aproximou, se sentando em uma das poltronas.

Lucy –... Aconteceu quando o Natsu estava no Reino do Fogo... – começou a contar cabisbaixa – O Gray estava afastado de todos nós... Então um dia, saindo da faculdade, ele veio falar comigo... Disse que apesar de tudo, que não queria perder minha amizade... Eu acreditei... Então, em um momento de falta de atenção, ele me roubou um beijo – explicou –... Eu não queria aquilo... Então sai rapidamente de lá tomada pela raiva... Desde então não troco muitas palavras com ele... Só daquela vez que ele apareceu como um do Reino do Céu... – concluiu.

Levy soltou um longo suspiro –... Então é isso... Mas depois de tudo, se eu estivesse no lugar do Natsu, acredito que não conseguiria crer nas suas palavras – comentou calmamente.

Lucy – Mas é a verdade! – exclamou se entristecendo ainda mais.

Levy – Sim, mas considerando tudo o que aconteceu... Pense... Você dizia de boca cheia que o odiava e que amava o Gray... Houve aquilo de fugir e encontrar o Gray... Então DE REPENTE, DE REPENTE você disse que estava gostando dele... Imagina o que se passou pela cabeça dele? Aí você começou a trata-lo friamente por algo do qual ele nem teve culpa, sendo que era uma criança assim como você... Aí ele vê essa foto... Tentar se explicar para ele que foi o Gray que roubou o beijo, apenas isso... Isso não vai adiantar – explicou o que pensava.

Lucy –... Então... O que eu faço? – levou as mãos ao rosto, se curvando para frente.

Wendy – Descanse! – apareceu no local, chamando a atenção de todos – Não queremos que você desmaie novamente... Mas, desmaiar apenas com uma discussão... – estranhou – De qualquer forma, não acredito que o Natsu-nii seja idiota o suficiente para voltar pro Reino das Águas... A não ser que esteja se sentindo invencível ou algo do tipo – suspirou.

Jellal – Vamos dar um tempo a ele... Se mesmo assim não voltar, então saímos para procura-lo – deu a ideia, vendo os amigos confirmarem com a cabeça.

Mas bastaram apenas dois dias para que todos ficassem realmente preocupados enquanto assistiam ao noticiário.

“Nesse momento, autoridades competentes estão terminando de evacuar as pessoas de toda a costa sudeste do país... Especialistas tentam entender o motivo de o mar ter recuado tanto, a ponto da areia da praia agora estar a pouco mais de um quilômetro de distância da água”.

Levy – I-Isso com certeza é um problema – comentou com uma gota na cabeça, ouvindo a forte chuva cair sobre a casa. Chuva essa que caía incessantemente desde que o rosado havia deixado à mesma.