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História Amaldiçoado - IV, Confiança


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Esse é de longe o capítulo que mais tive medo de escrever LOL Espero que gostem, desde que comecei a escrever só penso nesse capítulo e como faria ele acontecer, mas saiu de alguma forma. É a minha primeiro ABO e nossa, às vezes meu cérebro parece que dá uns bugs :O Mas cá estamos nós tentando, né? Queria super agradecer a todo o carinho de vocês com a fic, de verdade, vocês são uns fofos e quero guardar todos num potinho <3 Muito obrigadaaa <3 Enfim, boa leitura. Hoje temos umas revelações e opa...
Esse é o penúltimo capítulo (sem contar o extra, okay?)

Capítulo 5 - IV, Confiança


Eram dois lobos que foram namorar a lua,

Mas foi a lua que os fizeram namorar.

E sob o seu luar juras de amor foram feitas

Não seria o sol que quebrariam as promessas.

 

A lua cheia não era mais o foco do casal, eles sequer se importavam se ela continuava os iluminando ou se o sol já tinha nascido... Queriam se manter naquele tempo para sempre, foram anos de espera para Jongdae e um alivio enorme para Junmyeon para que tudo passasse tão rápido.

Que a lua fosse dormir tão cedo, e o sol acordar muito rápido.

O sol começava a dar indícios dos seus primeiros raios quando Junmyeon se separou do abraço de Jongdae delicadamente... Seus corpos pareciam como dois imãs opostos constantemente se atraindo. Mas junto com o sol, a realidade voltava a aparecer. Com o corpo dolorido de dormir sobre a rocha e abraçado com Jongdae, o ômega o acordou chamando bem baixinho seu nome, não queria abandonar aquele local mas prometeu que voltaria junto ao seu noivo em breve.

Noivo, essa palavra nunca pareceu tão certa.

Os olhos do mais velho observavam o corpo de Jongdae, o alfa não era completamente atlético, mas o atraia por inteiro. Conforme seus olhos vagavam, suas mãos desejavam toca-lo, mas se conteve, sabia que era correspondido na mesma intensidade... O corpo de Jongdae também reagia ao seu. 

– Bom dia. – A voz do alfa estava rouca e seus olhos abriram lentamente ainda deitado sobre a rocha.

– Bom dia. – Respondeu, desviando os olhos do corpo do mais novo até novamente ao seu rosto. – Dormiu bem?

– Nunca dormi tão bem na minha vida, Junmen. – Jongdae lhe deu um sorriso, e o mais velho acreditou que brilhava mais que a luz do sol. – Mas da próxima vez poderíamos dormir em um local mais confortável, meu corpo inteiro parece que está fora do lugar.

Junmyeon lhe deu a mão para ajudá-lo a levantar, e antes mesmo que o mais novo pudesse raciocinar, o ômega selou seus lábios. Diferente da empolgação da noite anterior e todo o desejo, aquele era um beijo puro.

– Definitivamente precisamos escolher um lugar melhor para dormir. – O mais velho concordou. – Ou trazer um colchão. – Sugeriu.

Ambos se levantaram, e olharam a volta o dia amanhecendo e os pássaros acordando, mesmo dentro do território era arriscado seguir como lobo mais tarde, poderia ter humanos nas proximidades, e por isso, junto a uns resmungos vindos de Jongdae e algumas lamentações de Junmyeon, o mais velho caminhou em direção a florestal para se transformar.

Jongdae o observava se afastar, o mais velho prendeu o elástico com a pequena bolsa que carregaria sua roupa na perna, e para sua surpresa, o ômega de costas para si removeu a calça exibindo o seu corpo completamente nu.

O ômega sorriu pouco antes de se transformar quando escutou Jongdae balbuciar.

– Você ainda vai acabar comigo.

 

___________

Junmyeon estava nervoso em contar aos pais o que tinha acontecido, mas não conseguia se concentrar, era um turbilhão de cheiros o infiltrando, junto ao de Jongdae parecia estar impregnado em seu corpo. O Eucalipto, das flores, de alguns cidadãos quando voltou a cidade e ao abrir a porta de casa sentiu o cheiro de café.

Sua mãe logo apareceu na entrada da cozinha, e quando viu o filho correu para lhe abraçar bem apertado, e o ômega sentiu o cheiro de sua mãe... Como sentia falta daquele cheiro também.

– Você está com o cheiro do Jongdae, filhote. – A mais velha inalou seu cheiro diretamente do pescoço, para logo em seguida o soltar.

O alfa não conseguiu esconder a sua felicidade, mesmo sem a mordida o seu companheiro já estava com o seu cheiro, pelo menos temporariamente devido ao longo tempo juntos. Seu sorriso murchou quando olhou atrás de beta e encontrou olhos bem conhecidos, e pela feição do mais velho, Jongdae sabia que ele não tinha ido até ali para parabeniza-lo.

– Oh, já ia me esquecendo! – Yang Mi falou desajeitada. – Eles vieram lhe visitar!

O ômega deu uns passos para trás e segurou na mão do alfa, Jongdae estava tenso e o outro podia perceber isso.

– Quanto tempo Jongdae. – Yixing foi o primeiro a falar ainda afastado, queria quebrar aquele clima, mas parecia praticamente impossível.

– Olá, Yixing, Hyung... – Jongdae disse ainda sério, sabia que algo estava errado com Minseok e já conseguia imaginar o que se passava na cabeça do mais velho. – Junmyeon, esses são Minseok, meu irmão e Yixing, seu esposo.

Apenas um manear de cabeças foi realizado pelos presentes, Yang Mi voltou a cozinha falando que prepararia lanches para os recém-chegados, Junmyeon tentou manter uma conversa amigável com os forasteiros, questionando quando tinham chegado, o que estavam achando do pequeno vilarejo.

Era uma situação desconfortável para os quatro, e Jongdae respirou fundo tentando manter a calma, mesmo com o olhar inquisitório de Minseok.

– Ele não está marcado. – Minseok constatou encarando o irmão.

– Não, ele não está. – O mais novo respondeu ríspido, conhecia aquele tom do outro alfa e sabia que ele estava o analisando. Minseok tinha sido criado para aquilo, conhecer os outros e saber como lidar...

– Mas serei em breve. – Junmyeon informou encarando o irmão do seu companheiro, não tinha medo de seu gênero e não permitiria que ninguém se metesse em seu relacionamento com o mais novo. – Meu sangue ainda está ácido, mas em breve seremos um só.

O mais velho observou Junmyeon, tinha mais ou menos a sua estatura e mantinha o rosto neutro, e Jongdae sentia-se orgulho do seu companheiro que em nenhum momento tinha abaixado a cabeça ao seu irmão e sabia que o outro nunca faria isso.

– Você sequer conhecia o cheiro dele quando veio para cá? – A fúria do mais velho se fez presente, e seus punhos se cerraram, ele estava em território inimigo e não poderia se exaltar.

A desvantagem territorial deixava o alfa mais velho ainda mais frustrado. Ele ainda não podia acreditar naquela situação, sua mãe não tinha sido tão forte ao esconder o descontentamento do filho caçula ter ido embora, e quando pressionada pelo herdeiro acabou confessando o que realmente tinha acontecido. Era apenas uma pobre mãe sofrendo com as injustiças do mundo.

Minseok ainda não era o oficialmente o líder de sua matilha, mas já agia como se o poder tivesse sido transferido; Seus lobos eram devotos e a administração estava quase que inteira em suas mãos, apenas sobre a supervisão de seu pai... E em toda sua arrogância adquirida com o poder recém conquistado, não conseguiu ignorar o fato de seu irmão ter ido embora por sua causa.

– Nós daremos um jeito nisso, Jongdae...– O mais velho voltou a falar, e seus olhos encontraram o do irmão mais novo. – Irei falar com Bonhwa e resolveremos isso.

– Não há nada para se resolver. – Junmyeon enfrentou, por mais que seu gênero berrasse para permanecer em silêncio, ele não conseguia.

Ele pertencia a Jongdae, da mesma forma que o mais novo pertencia a si.

A situação tinha se modificado na noite anterior, talvez se o alfa tivesse chegado no dia anterior, o próprio Junmyeon não iria ser contra a ida de Jongdae, sua consciência ficaria pesada ao privar o outro de talvez encontrar sua outra metade, mas junto com a lua cheia, novos tempos tinham chegado... E ele lutaria pelo mais novo, da mesma forma que já sabia que ele lutaria por si.

– Jongdae só irá embora se for de seu desejo. – O ômega voltou a falar firme, Yixing ao seu lado estava igualmente surpreso com seu companheiro pela audácia daquele ômega. – É do seu desejo ir embora, Kim Jongdae?

– Ele é meu subordinado, ômega. E como sucessor na linha de herdeiros deve permanecer em sua alcateia de origem, e eu como futuro líder vim busca-lo.

Junmyeon conseguia sentir a fúria na forma que o outro falava, enquanto sentia a insegurança lhe dominar. Ele confiava plenamente em Jongdae e que ele permaneceria, mas temia que o sangue e os laços familiares fossem mais forte, que seu companheiro tivesse mentido para o conselho e que sua obediência ainda estava vinculada a sua terra de origem. E lá estava Minseok, capaz de proferir uma regra ou ordem que ele acabaria seguindo, e os separando. A ideia de ter Jongdae tão perto, e as chances de vê-lo em futuro próximo tão longe era assustador.

O que ele faria longe da sua alma gêmea?

O poder e a liderança da sua alcateia não estava mais em jogo naquele momento.

E sim a sua felicidade.

– Eu não sou mais seu subordinado, hyung. – A voz de Jongdae surpreendeu o ômega, e principalmente quando sentiu seus dedos serem entrelaçados, junto ao calor das mãos do mais novo. Yang Mi já tinha retornado a sala após escutar as vozes exaltadas, e agradecia o fato de Bonhwa ter a cidade dos humanos. – Minha obediência agora é desta alcateia e não irei embora. Só irei embora se for do desejo de Junmyeon.

– Jongdae, me escuta. Você está se condicionando a um casamento infeliz, o acordo foi realiza anos atrás, nós podemos... – Tentou argumentar, a ideia de submeter seu irmãozinho a uma vida infeliz sufocava Minseok, nunca permitiria que aquilo acontecesse.

O alfa mais novo poderia ter crescido, mas ainda assim era seu irmão mais novo. Quem ensinou a andar de bicicleta e pescar, apesar da pouca diferença de idade, Minseok sentia-se na obrigação de protege-lo para sempre, e tinha sido ao contrário.

– Hyung! – A voz de Jongdae chamou a atenção de todos, e Yang Mi se aproximou um pouco do filho, toda a situação era tensa. – Não queria que descobrissem assim, mas porra, eu tenho motivos para ficar! Eu não estou infeliz e nem serei infeliz!

Junmyeon olhou para a mãe nervoso, desde que se descobriu ômega não esperava proferir aquelas palavras para ela, muito menos se deu ao luxo de um dia sonhar com aquilo, e por isso, não conseguiu segurar o sorriso bonito em seus lábios. Droga, apesar de toda aquela confusão, ele estava tão feliz!

– Mãe... Ontem a noite eu senti o cheiro do Jongdae... E ele sentiu o meu... – O seu olhar vagou até o do alfa, que apenas sorriu e apertou sua mão como incentivo. – Nós somos destinados.

Mesmo com o nervosismo aquelas palavras saíram tão fáceis. O mundo poderia estar desmoronando, mas se Junmyeon soubesse que Jongdae estava ao seu lado tudo ficaria bem. E aquela era a primeira das etapas que superariam juntos, sempre juntos...

 

___________

Era estranho para Jongdae andar sem Junmyeon pelas ruas da pequena cidade.

O movimento ainda era pouco naquele horário, e o cheiro do seu irmão ao seu lado contribuía para disfarçar o seu próprio. Seu cheiro tinha encobrido o do seu companheiro, e por si ficaria sempre próximo de Junmyeon para que ninguém fosse capaz de identificar quem exalava aquele cheiro.

Apesar do olhar desconfiado do ômega quando a ideia dos irmãos saírem sozinhos ter incomodado Jongdae, tudo já tinha sido esclarecido e qualquer medo antes alimentado tinha se dissolvido com as atitudes do alfa. Era engraçado como a relação antes de respeito e um carinho amigável entre os dois tinha tomado proporções tão grandes em poucos segundos.

Ao seu lado, Minseok continuava em silêncio. Não tinha coragem para falar e expor os seus pensamentos – ainda muito confusos e nublados, e saber que a sua ideia já fixa que levaria o irmão embora naquele dia tinha sido desmanchada. Por um lado o alfa sentia-se aliviado ao saber que Jongdae tinha finalmente encontrado a sua outra metade, mas pelo outro detestava saber que o seu irmãozinho tinha ido embora.

– Não fique bravo comigo. – O mais novo Kim pediu quando ambos pararam em frente a uma pequena loja, e Minseok ainda se recusava a compactuar àquela pequena mentira sobr o gênero do irmão. – Você faria o mesmo com o Yixing.

– Faria... – Admitiu, mesmo contra gosto. – Mas a sua situação é complicada. Mesmo que você esteja de total acordo com isso, ainda há a preocupação com o futuro... Jongdae, não quero que você seja morto em uma disputa de poder.

– Hyung... Confie em mim... Não faria nada que pudesse machucar Junmyeon, muito menos a mim. – Jongdae olhou em todas as direções para confirmar que não tinha ninguém próximo. – Eu vejo como confiam nele, e como esperaram que ele cuide de todos... E eu sei que ele é capaz disso, é apenas um preconceito idiota que o impossibilita de subir ao poder sozinho. Não há ninguém mais capaz do que ele para isso, ele é forte para isso.

– Até uma batalha... Uma alcateia tem que ter um líder forte, um alfa. – Afirmou, e Minseok observou as próprias mãos calejadas dos treinamentos. – Alguém que lute pelo seu povo.

Jongdae entendia muito bem o que Minseok queria dizer... Se caso ocorresse uma batalha ou até mesmo uma pequena guerra entre alcateias, o alfa seria o primeiro a se colocar frente as batalhas. E aquele era o farto que um líder carregava, lidaria com muitas vidas e suas mãos poderiam ser sujadas de sangue facilmente.

– Se é da vontade do meu companheiro, irei lhe ajuda. Junmyeon será o cérebro e o coração da nossa alcateia e eu serei a força.

– Jongdae... – Chamou em tom de alerta.

E antes mesmo que o mais velho pudesse contra argumentar novamente a porta da pequena casa foi aberta, e junto um berro animado de Lu Han chamando o mais velho!

– Xiumin! – Gritou chamando o mais velho

 

Lu Han estava em eufórico.

Fazia anos que não encontrava os dois amigos, e não imaginava encontrar Minseok casado e Jongdae preste-se a se casar. Ele trouxe os dois Kims para dentro da sua casa rapidamente e colocou água para esquentar para preparar um chá. Ele sequer se preocupou com o horário para abrir a sua pequena loja de ervas, naquele dia queria apenas conversar com os amigos.

– Kim Minseok está casado – Fingiu falsa magoa. – E abandonou nossos planos originais de casarmos né?

– Posso fazer o que se Yixing roubou meu coração. – Apontou o mais velho dando os ombros, tinha surgido um belo sorriso em seu lábios com a simples menção do companheiro.

– Parece que ficarei para a titia... – Resmugou o ômega. – Jongdae está quase se casando... Todo mundo só fala nisso, esperam a grande festa que darão na sua união... Já tem data?

O mais novo digeriu lentamente cada informação, se fosse meses atrás esperaria que demorasse um longo tempo para que aquela união fosse oficializada, mas agora, desejava que ocorresse o mais rápido possível.

– Precisamos que Bonhwa volte para definirmos a data, mas acredito – E espero, completou mentalmente. – Que não vá demorar muito.

 

___________

Yixing mantinha a postura ereta sentado na mesa na cozinha, desde que ele tinha entrado naquela casa tinha praticamente não dito nada, e estava nervoso com aquela situação. E para piorar, Minseok quando descobriu pelo irmão que um amigo de infância deles estava morando naquela alcateia e quis ir visita-lo, o chinês se entristeceu quando não tinha sido incluso nos planos.

A verdade era que ele estava cansado como nunca esteve em sua vida. Os pés estavam doloridos e não aguentava mais andar, porém, a ideia de ter o seu esposo indo visitar um ômega não lhe agradava. Ele ainda tinha a vantagem de ser marcado, saberia que o mais velho nunca o trairia mas toda aquela situação o deixava um pouco perturbado.

Ele era um lobo calmo que após completar a maior idade desejou viajar pelo mundo e foi em uma das suas viagens que encontrou em Minseok a outra metade de sua alma, e não conseguia ainda se acostumar com o fato que seu companheiro era importante não só para si, mas para todo um vilarejo.

E mesmo na presença de outro ômega e uma beta, Yixing sentia-se incomodado, não mais pela briga mais cedo, mas sim por ver que Junmyeon era praticamente um alfa. Ainda na China, Yixing foi ensinado como deveria se comportar, que era sua obrigação ser obediente a um alfa e não o questionar.

O chinês tinha sido ensinado a servir a um alfa.

Ao ver aquele ômega enfrentar o seu alfa quebrava todos os ensinamentos que tinha recebido, Junmyeon não seguia de acordo com o seu gênero, e isso o assustava... Pois Yixing também queria ter voz ativa. Minseok era um bom alfa, isso o chinês não poderia negar, sempre o escutava com carinho e lhe ensinava tudo que gostaria de aprender, mas ao observar Junmyeon buscando mais do que seu gênero permitia, fez com que o chinês percebesse que a sua vida não precisava ser necessariamente como um dono de casa, quem cuidaria dos filhotes e esperaria que seu esposo tivesse um tempo junto.

A alcateia em que Minseok herdaria o posto de líder tinha quebrado os padrões de gêneros, mas mesmo assim, Yixing nunca tinha presenciado um ômega enfrentar outro alfa, apesar de saber que existiam ômegas como conselheiros do líder. Yixing não queria mais ser o ômega indefeso.

– Está tudo bem? – Junmyeon questionou, o mais velho se sentou frente ao chinês na mesa na cozinha para tomarem um café. – Não precisa se preocupar, Lu Han é apenas um amigo deles, e acredite, não há nada mais que isso.

O ômega mais velho estava surpreso com as suas palavras, não tinha mais medo que Jongdae o trocasse pelo outro ômega, o laço que os envolvia era mais forte que apenas tesão... Lu Han era bonito, não negaria, mas sabia que da mesma forma que o cheiro do alfa estava em si, o seu cheiro também estava nele – de forma mais suave mas estava, Jongdae estaria sempre pensando em si.  

– Você... – Começou incerto, tinha tantas perguntas para o outro e não sabia como sana-las. – Não tem medo de ser reprendido pelo seu gênero?

Aquela era uma pergunta difícil para Junmyeon responder... Sim, ele tinha medo. E muito. O fato de mentir ser ômega para a população poderia gerar grande revolta, mas ao mesmo tempo não iria deixar aquele medo o consumir... Não era se entregando àquele medo que o faria ser melhor.

– Você não pode deixar que seu gênero o defina. – Junmyeon respondeu da forma mais calma possível. – Até uns meses atrás eu acreditava ser alfa, e ninguém duvida que eu não seja um alfa... Você tem vontade de fazer algo que dizem que não pode? – O ômega mais novo confirmou com a cabeça, e desviou o olhar, ele queria ser forte como os alfas. – Então faça, você ser um ômega não tem impossibilita de ter o mundo.

Yixing sorriu com aquelas palavras, nunca em sua vida tinha sido tão encorajado como Junmyeon tinha feito.

– Como foi? – Então foi a vez do coreano perguntar, o Kim batucava os dedos sobre a mesa enquanto a sua mãe o observava em silêncio conversar com o outro.

– O que?

– Que vocês se conheceram e você foi marcado. – Falou rapidamente. – Estou meio nervoso com isso.

As bochechas do chinês se tornaram rubras com aquela pergunta, nunca tinha contado a história para ninguém, e torcia internamente que nunca o questionasse. Era algo muito pessoal, e naquele dia achou que Junmyeon merecia saber, principalmente após suas palavras.

– Junmyeon! –  Gritou Yang Mi

– Mas mãe...

– Eu o encontrei em uma loja de departamento quando visitava uma cidade humana... – Yixing começou a falar encarando as próprias mãos sobre a mesa, não tinha coragem para falar aquilo olhando ninguém. – Eu senti o cheiro dele de longe, e me senti completamente encantado. Aquele cheiro me atraia, e no meio da multidão não sabia de onde vinha... Comecei a procura-lo dentro da loja, sabia que tinha o encontrado... E quando menos esperei, meu corpo bateu no dele e ele sorriu. Minseok não sabia se eu era humano ou não, e me convidou para tomar um café e lá começamos a trocar indiretas para descobrir se o outro era também um lobo e depois disso, tudo foi muito rápido.

Yang Mi colocou um bolo sobre a mesa e se juntou a mesa com os ômegas, ela sorriu para os dois e comentou:

– Bem mais romântica que a minha história com o Bonhwa.

 

__________

Quando Bonhwa anunciou quem celebraria a união, Yang Mi protestou.

E Junmyeon, mesmo desconfiado, apenas maneou a cabeça em choque.

O tempo tinha passado lentamente para o casal de amantes, e parecia que a espera naquelas duas semanas para finalmente a união dos dois a cada dia aumentava ainda mais. Apesar da recente amizade criada entre os ômegas, Yixing partiu na manhã seguinte cedo com o seu companheiro para casa, logo após a chegada de Bonhwa que trazia consigo o anuncio que deveria ser cumprido: a marca só poderia ser feita após o casamento.

Junmyeon tentava se concentrar ao máximo no trabalho, tinham dias que ele enviava Jongdae a rua para resolver conflitos quando a proximidade dos dois beirava a louca dos hormônios. Eles queriam se tocar, mas não saberiam como parar quando isso acontecesse. Bonhwa tinha deixado a alcateia sobre seus cuidados, e os de Jongdae, já que necessitava viajava constantemente e deixava Yang Mi com um péssimo humor no dia de sua partida.

Apenas os conselheiros iam esporadicamente ajuda-los no trabalho e conferir se tudo estava sendo realizado corretamente, e Junmyeon aprendeu que poderia confiar e contar muito com a ajuda de Choi Minho, um beta membro do conselho que poderia ser como seu braço esquerdo – pois Jongdae já era o direito.

A população observava em silêncio a dedicação do herdeiro, e alguns agradeciam a Junmyeon e a Jongdae os serviços prestados e eles apenas respondiam que era sua função durante idas a mercados ou até mesmo passeios noturnos... Permanecerem trancados em casa a noite poderia ser muitas vezes uma tentação. Os treinos noturnos tinham sido transferidos para de manhã bem cedo, era uma forma deles treinarem sem que ninguém sentisse o cheiro do ômega e só contava com a presença do casal, junto a Chanyeol e Mimi.

E todas as noites, antes de dormir, Junmyeon vestia seus pijamões que deixava toda a sua pele coberta e obrigava Jongdae a usa-los também, eles preferiam dormir completamente cobertos e juntos numa mesma cama, do que com roupas mais leves e separados. Seus corpos dormiam praticamente colocados e em roçar que os deixavam febris, mãos explorando um ao outro enquanto o pijama agia apenas como uma forma de proteção daquela regra.

Era difícil de controlar.

– Por que você ficou nervoso quando sei pai falou quem irá celebrar a nossa união? – Jongdae perguntou certa noite, quando as luzes já estavam apagadas e apenas a iluminação da lua estava presente no quarto.

O mais velho virou-se para o maior, podia enxergar ainda que precariamente uma ruga de curiosidade em sua testa com aquela pergunta, e apenas selou os lábios brevemente tentando acalma-lo.

– Soyu foi quem me deu o chá... E ela me disse que eu ser ômega é uma maldição que caiu sobre mim por causa do meu pai. – Confessou. – A minha mãe não gosta dela, muito menos o meu pai. Ela é meio pirada, mas sabe do que está fazendo... Não queria que ela celebrasse algo importante para nós.

– Não tem como mudar? Pedir para outra pessoa?

– Infelizmente não. Ela é louca, mas não devemos ir contra suas palavras... Soyu apesar de tudo é muito sábia e se ela quer fazer isso, é porque tem um motivo.

– Você está nervoso? – Aquele era um questionamento que o próprio Jongdae queria responder, ele beirava a tranquilidade de saber que estaria se unindo ao seu par até o nervosismo do futuro da alcateia.

Junmyeon apertou a mão do mais novo, era um momento difícil para os dois.

 

__________

Jongdae já estava vestido com o terno que tinha sido feito para si.

Apesar de falaram que aquele era o dia dele e do seu companheiro, ele estava cansado e nervoso, no dia anterior tinha passado organizando o local junto aos seus familiares e os de Junmyeon que já tinham chegado para a festividade. E antes mesmo de abraçar a sua mãe, ela abraçou Junmyeon e o apertou como fez com o próprio filho.

O clima que antes seria denso com o casamento arranjado, tinha dissolvido quando os pais do alfa tinham descoberto que de alguma maneira os espíritos animais tinham o juntado, mesmo que de forma forçada no início. Bonhwa conversava mais calmamente com seu pai, e no fundo ele acreditou que talvez estivesse reforçando uma aliança, o que era muito bom para ambos os lados.

– Você está lindo, querido. – Sua mãe arrumou seu cabelo mesmo contra sua vontade.

Toda a cidade tinha parado naquele dia, o casamento era uma forma de celebrar as próximas gerações e em especial o do primogênito do líder, o qual seria quem guiaria a alcateia para um futuro e pedidos de prosperidade de toda a população. Ao fim da celebração, todos iam para as ruas dançar até o amanhecer junto a uma grande fogueira posta no meio da praça.

– E triste ver os meus filhotes tão grandes e em breve com suas próprias famílias... Mas você promete que irá me visitar, certo?

– Claro, mãe. – Prometeu. – Mas você nem dará mais atenção a mim, depois que o filhote do Minseok e do Yixing nascer seremos jogados para escanteio.

– Que mentira! – Foi a vez do pai do noivo dizer. – Vocês sempre serão nossos filhotes. E você sabe que isso ainda irá demorar, Yixing está muito focado em melhorar o condicionamento físico, e aprender a lutar.

Os mais velhos abraçaram o filho, estavam oficialmente deixando-o partir.

Jongdae tinha crescido e estava constituindo a própria família, e a partir daquele noite viveria em uma casa com Junmyeon, apenas os dois. Enquanto não assumissem a liderança, não era necessário que vivessem embaixo do teto dos pais do mais velho, aquela mudança seria boa em todos os sentidos, a privacidade e até mesmo para aprenderem a conviver.

– Nós amamos você, Jongdae. – O alfa mais velho falou, enquanto colocava-se ao lado do filho para entrarem na cerimônia.

Jongdae estava nervoso, não tinha visto seu companheiro o dia inteiro e sabia que ele também estava assim. Todos o observaria naquela noite, ambos eram o centro das atenções. Existia uma expectativa em torno deles. Além de noivos, eles simbolizavam a renovação na alcateia, e muitos lobos mais novos provavelmente se espelhariam no que eles representavam, os seguiriam. E não era só por isso que estava nervoso.

O conjunto que compunha a união dos dois era algo que lhe dava medo, não medo de estar fazendo uma escolha errada, mas medo de que talvez Junmyeon parasse de gostar de si, temia que o mais velho fosse infeliz ao seu lado e ele não soubesse como alegra-lo todos os dias, lhe dar felicidade e ser uma verdadeira família.

– Muito. – A ômega confirmou, sorrindo para o filho.

Quando a música finalmente tocou, e as portas foram abertas, Jongdae não conseguiu olhar para frente. Um pouco ao seu lado, saindo de outra porta estava Junmyeon caminhando também em sentido ao altar. E ele estava extremamente belo.

O alfa era suspeito a falar, mas a cada vez que via o ômega o achava ainda mais bonito, não importava a situação, se eram nos treinos de manhã cedo ou durante a noite quando ele dormia calmamente. E quando ele observou Junmyeon o encarando também, abriu um grande sorriso.

A música parecia não tocar mais, e as pessoas terem sumido. Aquele era o tempo deles, e era assim que deveriam ter se apaixonado: com uma troca de olhares e sorrisos sinceros. A história já tinha sido vivida, mas era ali que tudo realmente começava, Jongdae já sabia antes mesmo do cheiro do ômega que sentia-se balançado pelo outro, e Junmyeon acreditava que com mais alguns sorrisos seu coração seria de Jongdae.

E não seria um cheiro que confirmaria que eles se amavam.

Os instintos eram necessários para um lobo, mas quando o coração que agia, não eram necessários. Eles se amavam, e não era por conta dos instintos, eles se amavam por completo, o lado humano estava ali para mostrar que os dominava por completo.

Apesar da realidade voltar, e seus pais os entregarem para os respectivos companheiros, eles sussurram o que finalmente queriam dizer do fundo do coração “Eu te amo” para selaram os lábios brevemente e sorriram antes de observarem quem iria celebrar aquela cerimônia. O corpo do mais novo gelou quando observou o rosto de quem estava a sua frente. Ele ainda se recordava daquele breve momento que observou uma mulher no meio da floresta no dia em que competiu com outro alfa, ela estava o observando... Soyu estava vestida em roupas claras e um sorriso brincando em seus lábios, mas o casal não saberia dizer se era de felicidade ou divertimento.

– Boa noite a todos. – A voz de Soyu chamou atenção de todos, e a população permaneceu em silêncio. – Estamos aqui hoje reunidos para a celebração da união do nosso herdeiro Kim Junmyeon e Kim Jongdae. Apesar de ser uma sacerdotisa e não vivenciar os sentimentos de vocês, lobos, gostaria de dizer como a união de duas almas gêmeas é importante para o equilíbrio natural. Uma hora ou outra, os espíritos animais mostram a outra metade de sua alma, e foi desta maneia que eles uniram esses dois.

Junmyeon apertou a mão do noivo, estava preocupado com as próximas palavras. E foi neste instante que Soyu pegou as mãos unidas dos lobos e segurou em sua própria mão, a vontade dos dois eram desvincular daquele toque mas permaneceram firmes sentindo as mãos calejadas da mais velha.

– Hoje, lobos jovens, observem esses dois... Eles não tinham nenhum motivo para se conhecerem, muito menos descobrirem onde estavam sua outra metade... A outra metade de vocês pode estar em qualquer lugar, em outra alcateia, vivendo com os humanos... Ser um humano. – Afirmou, Soyu levou a outra mão segurando as mãos dos mais novos no ar. – Não fujam do destino e não o temam. Procurem seus companheiros, não se apeguem a questões de sexo ou até mesmo gênero deles. O amor é sempre mais forte, aprendam isso. E caso vocês fujam desde destino, os mesmo espíritos animais que os ajudam a encontrar seus companheiros, podem os amaldiçoar, não só a vocês, mas como também aos seus filhos.

O ômega sentiu uma vertigem, e agradeceu que estava sendo segurado pela sarcedotisa, mas não conseguiu ignorar suas palavras e observar o seu pai. Bonhwa encarava Soyu com ódio e ao lado, Yang Mi parecia estar em choque com aquelas palavras.

Bonhwa buscava que a linhagem fosse a mais forte ao se casar com Yang Mi.

E sua maldição foi ter um filho do gênero mais fraco.

– Soyu... – Junmyeon chamou baixinho, ninguém mais conseguia escutar os três em cima do altar. Não sabia o que dizer, apenas queria que ela parasse com aquela história, sua mãe devia estar sofrendo ao entender o que aquilo dizia.

– Calma, meu principezinho. Confie em mim. – Ela sussurrou para ele, recebendo o olhar atento de Jongdae. – Eu nunca faria algo que lhe fizesse mal. Apenas confia em mim. Tudo isso está nos planos.

A mais velha levou as mãos do casal até os lábios e depositou beijos suaves, fazendo ambos relaxarem. Apesar do histórico de Soyu, Junmyeon confiou em suas palavras... Ela poderia ter o jeito meio louco, mas seu coração parecia ser puro em relação ao ômega.

– Hoje estamos unindo duas pessoas, com seus lados humanos aflorados, estamos unindo também dois lobos que caminharam juntos sempre. – Ela falou alto para todos escutarem, apesar do silêncio prevalecer. – Você, Alfa, Kim Jongdae, aceita-se unir a Kim Junmyeon para o resto de sua vida?

O coração de Junmyeon batia contra suas costelas com força. Aquilo não estava programado... Ninguém anunciaria o seu gênero frente a todos... Não daquela maneira. Todo seu corpo estava em alerta, e ele sentia uma grande descarga de hormônios como a adrenalina tomando conta do seu ser.

– Sim. – Jongdae disse sem vacilar.

Todo o nervosismo acumulado dos dias anteriores parecia ter surgido naquele dia de forma arrebatadora, o ômega sentiu o seu corpo quente e suas pernas bambas, sua mente pedia para que Soyu não falasse aquilo, que dizesse que tinha cometido um erro, porém, ela continuou.

– Ômega, Kim Junmyeon, você aceita unir-se a Kim Jongdae para o resto de sua vida?

Um burburinho foi-se ouvido, e Junmyeon respirou fundo, queria poder gritar a todos que aceitava ficar junto com Jongdae para sempre, que aquele era seu maior desejo. Mas ele não sabia lidar com aquela situação...

A voz de Soyu foi-se ouvida novamente com a mesma pergunta, e a população não permanecia mais quieta. O ômega tentou ao máximo se concentrar, sua mente estava confusa e as palavras não estavam coesas.

– Sim... – Respondeu ainda meio desnorteado, ele estava se sentindo mal por inteiro.

Ele não tinha coragem para encarar a todos, estava se sentindo uma grande farsa, mesmo com Jongdae tentando lhe apoiar ao seu lado, seu corpo estava completamente quente e ele não conseguia compreender o que a sarcedotisa dizia.

– Jongdae... – A sua voz saiu meio fraca, e mesmo diante a mais velha, o alfa lhe encarou. O rosto de Junmyeon estava avermelhado demais, e o seu cheiro estava muito forte. E o que antes era para ser um pedido de socorro diante uma enfermidade, tornou-se em uma constatação. – Meu cio...

 

 


Notas Finais


Deixa a tinha explicar. Aos que não entenderam o discurso da Soyu, é uma clara indireta para Bonhwa. No prólogo há uma indicação que Bonhwa buscou uma pessoa forte para ter uma família, que no caso foi Yang Mi (beta), só que a Soyu tinha lhe dito já que sua alma gêmea existia, e que ela era humana (irei falar mais sobre isso no próximo capítulo, mas é bom esclarecer já) e ele com medo de nascer filhos não-lobos ou fracos resolveu se juntar a alguém que vencesse uma competição... Bonhwa não ama a Yang Mi <//3;;
E sobre o Junmen, como ele ficou nervoso com o que a Soyu estava dizendo, acabou liberando muitos hormônios E INCLUSIVE o do cio. O Cio deve poderia aparecer em qualquer momento, mas a descarga de adrenalina foi tão alta que fez com que o cio surgisse também.

Enfim, o que acharam? Sério me digam, fiquei muito nervosa para conseguir postar isso. Estou tremendo (!) Me ajudem <33
venham falar comigo no gato curioso: http://curiouscat.me/yehunnie quase ninguém vem falar comigo aqui *cry* e venham conversar comigo no twitter também, super amo! <3 https://twitter.com/yehunnie

Titia adora vocês, até mais <3


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