1. Spirit Fanfics >
  2. Amaldiçoado >
  3. Epílogo, Respeito

História Amaldiçoado - Epílogo, Respeito


Escrita por: yehunnie

Notas do Autor


Olá meus amores <3 Vim cá trazer aquele extra que prometi, enfim, é uma história bobinha mas espero que gostem, ok? Por ser uma história a parte da principal, não inclui a tag de mpreg, porém, terá. Eu sempre fico nervosa postando fics, então, desculpa meus erros e não desiste de mim! Enfim, boa leitura!



AVISO IMPORTANTE:
CONTEM MPREG, que não gosta, não precisa ler já que é um capítulo extra.
E LEIAM AS NOTAS FINAIS

Capítulo 7 - Epílogo, Respeito


O tempo poderia passar,

As pessoas poderiam mudar,

Mas ainda assim existiria a ignorância...

 

Alguns anos depois...

 

Junmyeon sentia a sua cabeça latejando em dor, mas mesmo assim tentava não demonstrar nada a ninguém, permanecendo com o semblante sério, apesar de desejar mandar Kim Jongin parar com aquele barulho irritante com os dedos sobre a mesa.

Era sua obrigação como líder escutar todas as reivindicações da população, inclusive daquele clã, mesmo sendo uma ramificação do seu próprio, mas os Kim tinham se dividido e tornaram-se grandes rivais... Eles almejavam o seu posto. 

O pai de Kim Jongin continuava falando, e Junmyeon desejava poder ir embora... Ele não estava se sentindo muito bem e Choi Minho o encarava com apreensão, ele tinha provado ser de extrema confiança, e até mesmo Jongdae ficava tranquilo quando sabia que o beta acompanhava o seu companheiro em compromissos que não poderia estar presente, como aquele.

– Eu não posso atender esses pedidos. – Junmyeon falou tentando se concentrar o máximo possível... Seu corpo estava fraco. – Não posso dar prioridade a este clã, enquanto outros tem necessidades maiores e urgentes.

Não era a primeira vez que os Kim faziam pedidos absurdos desde que Junmyeon assumiu a liderança da alcateia e que os não coincidiam com a situação do povo... Geralmente aquelas reuniões eram mais tranquilas com a presença de Jongdae, que mesmo em silêncio, era completamente respeitado pelo seu gênero.  Minho também era respeitado, porém, sendo um beta ainda não conseguia se mostrar tão forte na frente daqueles alfas.

– Você não pode...

– Eu posso... – O ômega falou, e se levantou. Seu olhar se voltou para o beta, e ele entendeu o recado. – Preciso ir embora. Passar bem.

Junmyeon segurou-se até finalmente deixar aquela casa, seu estomago estava remexendo em desconforto e sentiu vertigens o atingir, e quando chegou a rua botou toda a comida do seu estomago para fora.

Minho ajudou o segurando enquanto o corpo do ômega fraquejava.

– Não conte a ninguém... Principalmente ao Jongdae. – Pediu o ômega.

 

_______

Jongdae detestava aquela função, e detestava ainda mais encarar aquele alfa com sorriso maníaco.

Os tempos tinham mudado e as regras tinham se tornado mais rígidas, mas mesmo assim existiam alguns acreditavam ser superiores a lei... E alegavam que a natureza de lobo era mais forte que as regras dos homens.

O alfa sentia uma profunda raiva e desejava poder quebrar os dentes que eram exibidos naquele sorriso... Ele próprio sabia que sua natureza poderia trair sua consciência em alguns momentos, mas ele também tinha a noção que mesmo durante o cio existia momentos de lucidez, e até mesmo um certo controle em seu início.

Mimi, por ser uma beta, tinha o seu lado lobo menos aflorado e não conseguia sequer entender como aquele alfa a sua frente poderia ser tão brutal e desprezível... Chanyeol o segurava por um dos braços, enquanto outro alfa o segurava do outro lado. E mesmo no meio daquele caos, Mihyun correu e envolveu o ômega em seus braços, cobrindo o seu corpo com o seu próprio casaco enquanto os demais tentava remover o abusador daquele cômodo.

– Ele é ômega, existe para suprir os meus desejos. – O alfa rosnou.

E foi involuntário, era mais forte que a sua vontade, quando Jongdae o socou no rosto. Aquele era o mínimo que desejava fazer com aquele alfa, seu desejo era extermina-lo da face da terra.

– É a minha natureza. – O alfa argumentou.

– Não culpe seu lobo pela sua merda. Você irá apodrecer na cadeia.

Os alfas levaram o abusador embora, não existia julgamento para aqueles casos, e a pena era prisão por tempo indeterminado. Jongdae não sabia como contar o ocorrido a Junmyeon, os tempos estavam difíceis e a maior promessa do seu esposo ao povo era proteger os ômegas, e infelizmente, eles tinham falhado naquele dia.

Jongdae permaneceu afastado do ômega, que ainda permanecia abraçado a Mimi, e mesmo com o corpo coberto, ele conseguia ver as marcas pelo corpo do mais novo, roxos e arranhados superficiais.

– A Soyu em breve estará aqui para cuidar dele. – Jongdae falou mantendo uma boa distância dos dois.

Ele tinha aprendido a lidar com situações como aquela, quando foi socorrer um outro ômega após um abuso sexual, e viu o medo nos olhos dele... O favor que ele sentia apenas em saber que ele era um alfa e sentir o seu cheiro. E era por isso que Mimi estava ali para apoiar aquele ômega, era um cargo que também era exercido por Junmyeon, mas devido a emergência da reunião, o alfa achou melhor não falar com o esposo.

Nos últimos dias ele parecia estar carregando o peso do mundo em seus ombros.

O alfa achou melhor esperar do lado de fora do local, aquela era uma das recomendações da sacerdotisa em casos como aqueles, quanto menor o número de pessoas presentes, melhor.

Demorou alguns minutos para Soyu aparecer, a sacerdotisa tinha voltado a morar na alcateia e recebido um cargo importante para lidar com os problemas de saúde e relacionados dos lobos, o inicio tinha sido um pouco complicado a sua reabilitação entre a população, mas aos poucos era entendida a sua necessidade entre o povo.

O mais novo detestava, mas teve que narrar os fatos ocorridos para Soyu, sua boca e garganta queimava em ódio, e ele desejava poder se vingar de um ser tão desprezível como aquele alfa, quando terminou o relato observou a face séria da mais velha... Era uma das poucas vezes que ela não possuía um sorriso brincando em seus lábios.

– Não conte ao Junmyeon... – Ela disse em tom de aviso, e Jongdae tinha descoberto anos atrás que deveria confiar nela, mesmo quando não parecia ser o certo. – Não ainda, está bem?

Ele confirmou com a cabeça... Teria que manter aquilo em segredo do líder da alcateia, pelo menos por uns tempos.

 

_______

   Quando Junmyeon chegou em casa naquela noite, Jongdae já tinha preparado o jantar. Aquele era um acordo mútuo entre os dois, de quem ‘folga-se’ antes prepararia coisas para o outro, mesmo que na maioria dos dias quem acabasse trabalhando mais e voltando consequentemente para casa mais tarde fosse o ômega, seu esposo estaria sempre lá lhe esperando e o acolhendo num forte abraço.

Jongdae não estava com fome, sua frustração era tamanha que seu estomago estava rejeitando qualquer pensamento de comida, mas mesmo assim fez um macarrão para Junmyeon, enquanto tentava fugir dos problemas da alcateia... Tentava esquecer o trauma de um ômega e como seria contar ao esposo futuramente.

Por ser um ômega, Junmyeon se sensibilizava ainda mais com casos iguais ao que Jongdae tinha vivido naquele dia, e o alfa ainda podia se lembrar de encontrar o companheiro chorando baixinho no banheiro após encontrar um ômega morto por uma alfa no cio, que usava a mesma justificativa: “Ômegas existem para nos servir”.

E mesmo com as políticas implantadas por toda a alcateia da valorização dos ômegas e incentivos para que eles abandonassem somente os cargos ligados a uma certa submissão aos demais gêneros, ainda estava enraizado em alguns aldeãos a posição do ômega na posição mais baixa da pirâmide hierárquica dentro de uma alcateia.

Porém, já existia um grande progresso, muitos ômegas conseguiram finalmente se liberar da obrigatoriedade de permanecer obedecendo alfas sem vontade própria, e o estupro de ômegas – e também betas e humanos, e em casos muito raros de alfas – tinha se tornado crime imperdoável, com uma pena muito grande.

O alfa tentou limpar a sua mente, ele sabia que Junmyeon poderia sentir algo em si, que ele saberia que algo estava diferente naquela noite quando seus olhos se encontrassem... Era sempre assim, da mesma forma que ele sabia que algo estava errado com seu esposo apenas por senti-lo no mesmo cômodo.

Eles se amavam tanto, que tinham se tornando apenas um.

E apesar de toda a expectativa e um sorriso forçado nos lábios, quando Junmyeon chegou, ele não percebeu nada, sua mente estava tão cheia de pensamentos e problemas, e seu corpo poderia cansado demais. Era a segunda linhagem dos Kim reivindicando coisas impossíveis, a negociação com os humanos de melhores preços para a alcateia, seus pais que apesar da união nos últimos tempos estavam cada vez mais distante.

  – Agradeço ter feito o jantar, mas não estou com fome. – Junmyeon falou abraçando o esposo, aquele era o carinho que precisava para melhorar seu dia...

Eles deitaram no sofá, da mesma forma apertada quando ainda dividiam a cama no antigo quarto de Junmyeon, como dois namorados. Era bom fingir as vezes que tinham passado por aquela fase como todo casal normal, o ômega sentiu o cheiro do seu companheiro e aquilo o acalmou, e enquanto escutava Jongdae falar sobre coisas banais, o ômega adormeceu.

 

_______

Dias depois...

Jongdae acordou com um barulho estranho, não soube identificar logo no início, mas sentiu a falta do seu companheiro na cama. Na noite anterior, Junmyeon o questionou o que estava errado e ele não pode responder, estava cada vez mais difícil esconder do ômega o caso de estupro da semana passada e no dia anterior ele tinha encontrado Soyu e ela tinha lhe contado como estava a vítima, seu corpo já estava curado, porém, a sua alma tinha sido completamente corroída. E, diante as palavras da sacerdotisa, era como se não existisse mais alma naquele ômega diante a tamanha tristeza, junto com sentimentos de incapacidade, ódio e até mesmo nojo de si.

Não era fácil ser ômega, isso ele admitiria com muita facilidade. Podia ver através dos olhares tortos de alguns alfas pela liderança de Junmyeon e os comentários preconceituosos de que seu único papel deveria ser para servi seu esposo. Os primeiros meses como líder tinham sido muito complicados para o ômega, ele tinha que manter um pulso firme em todo o tempo, até que conseguiu certo respeito dos demais... Porém, Jongdae tinha que estar presente para lhe dar certa credibilidade no início – O que ele sabia que o esposo detestava, depender de outro para ser escutado em reuniões com só alfas, principalmente as que conversava com os clãs.

Conforme a consolidação do líder, após Bonhwa sair do cargo permanentemente, Jongdae começou lentamente a parar de frequentar as reuniões e ser substituídos as vezes por Minho, beta de confiança e outros chefes do conselho.

Mas ainda assim, existia pessoas que não consideravam a liderança de Junmyeon legitima, e seria assim para sempre... Só pelo fato dele ser ômega.

Jongdae levantou da cama e procurou o barulho, e encontrou Junmyeon vomitando no banheiro, seu corpo tremia e o alfa o abraçou por trás para segura-lo, enquanto tentava o sustentar. Ele esperou o mais velho indicar que tinha acabado, e lavou a sua boca e o colocou novamente na cama.

– Se sente melhor? – Perguntou, se sentando ao lado do ômega, que apenas maneou a cabeça positivamente. – Desde quando está passando mal?

– Faz mais ou menos uma semana...

– Junmyeon...

– Não queria te falar por isso. – Respondeu virando o corpo, não conseguia encara-lo nos olhos. – Nós sabemos que há chances de eu não ser capaz disso, você escutou a Tia Soyu dizendo que por conta da “maldição” talvez não poderia gerar uma criança.

Junmyeon respirou fundo, e fechou os olhos... Não queria continuar aquela conversa, sabia que poderia começar a chorar a qualquer momento. E não queria criar falsas expectativas em Jongdae, e depois vê-lo sofrer ao descobrir que não tinha nenhuma criança em seu ventre. Sua mente tentava ser racional, aquele não era o momento para uma criança, tudo ainda estava uma bagunça, ele tinha irritado os Kim ao recusar os pedidos e caso estivesse grávido, aquele seria a oportunidade perfeita contra si... Era o momento oportuno para tentarem colocar Kim Jongin na liderança.

O ômega sentiu seu corpo ser abraçado por trás, como ele detestava quando Jongdae quebrava todas as suas barreiras e o fazia flutuar com gestos tão tranquilos. O mais novo beijou sua bochecha, e pegou a sua mão e levou sobre o seu ventre. Junmyeon acabou chorando em silêncio com as próprias mãos sobre o ventre, sentindo o calor de Jongdae o protegendo.

– Se você estiver grávido, nós ficaremos bem. – Ele sussurrou, aquele era o segredo só dos dois. – Mas se não estiver, nós dois ficaremos bem também... Mas precisamos saber a verdade...

– Chama a Tia Soyu, ela vai saber responder...

 

_______

Mesmo que negasse, Jongdae não conseguia esconder como estava animado com a possível possibilidade de ser pai... Seus pés andavam a todo momento, e ele não conseguia permanecer quieto enquanto telefonava para Soyu e avisar que nem ele, nem Junmyeon poderiam ir até a sede do governo que permanecia ainda na casa de Bonhwa.

E, mesmo quando voltou a se deitar com Junmyeon, seu corpo estava agitado e seus olhos se focava no seu esposo. Não existia ser mais belo que seu companheiro, poderia se passar mil anos e ele permaneceria o dono da sua existência.

O ômega voltou a dormir naquele meio tempo, seu sono estava maior nos últimos dias e além dos enjoos – muito bem escondidos; eles tinham passado o último cio de Junmyeon juntos e sem anticonceptivos... Os dois sabiam das chances do mais velho não poder ter filhotes, e entrar em consenso que ninguém teria esperanças de uma possível gravidez.

Soyu tocou a campainha e Jongdae correu para atende-la, ela mantinha o tão famoso sorriso e entrou na casa sem cerimônia, largando sua bolsa no sofá e sem dirigir nenhuma palavra ao alfa seguiu para o quarto do casal. Junmyeon acordou com a tia sentando ao seu lado.

– Você sabe que não poderá se estressar, certo? – Soyu falou, como uma frase solta, porém, o casal entendia muito bem o que queria dizer.

– Como? – Perguntou o ômega, ele precisava da confirmação.

Junmyeon precisava escutar com todas as palavras.

– Você não poderá se estressar enquanto estiver grávido. – Anunciou. – Meus parabéns.

Jongdae observou o sorriso mais bonito já dado de Junmyeon nascer ao ouvir aquelas palavras, junto a um choro baixinho de felicidade. Eles iam ter um filhote! Não poderiam estar mais felizes, era um pedacinho do amor deles crescendo dentro do ômega, era o fruto do amor. O casal se abraçou forte, e selaram os lábios brevemente.

– Junmyeon, preciso que você me escute. Você também, Jongdae. – Soyu chamou a atenção dos dois, que se separaram e a observaram sem conseguir esconder a felicidade. – Você não pode se aborrecer. – Direcionou a sua fala ao ômega. – Sei muito bem que você tem uma alcateia a liderar, mas você pode muito bem delegar funções e o Jongdae analisar, e até mesmo esconder, os problemas que poderão chegar até você.

A Alcateia. Sua mente se voltou até ela, os problemas e até mesmo a conspiração por parte dos outros Kim... Não era possível não se estressar quando sabia os reais motivos da vontade da liderança de Kim Jongin, queriam terras maiores e para isso fariam qualquer coisa para conquistar riquezas em cima dos mais pobres.

– Não posso sumir assim da liderança, você sabe que há grupos que não me aceitam por ser ômega, e se eles descobrirem a minha gravidez jogarão isso contra mim para tentar me remover do poder. Além disso, o Jongdae não sabe realizar a minha função.

– Você pode trabalhar no seu escritório. – Jongdae sugeriu. – As pessoas terão que saber que você está grávido, você deve isso a elas... Elas precisam festejar o nosso filho. É a tradição. – Ele segurou a mão do esposo, e lhe encarou no fundo dos olhos. – Você continuará administrando, mas tentaremos não lhe deixar estressado, e eu não sei o que fazer, mas o Minho sabe, a Mimi também, podemos usar o conhecimento deles. Por favor, serão alguns meses, pelo nosso filho.

Jongdae agora entendia o motivo de Soyu não permitir que ele contasse o que tinha ocorrido com o ômega, aquela informação causaria uma grande descarga de adrenalina no corpo do grávido e causaria um grande estresse, ela estava protegendo o bebê. E ele faria qualquer coisa para garantir que o esposo tivesse uma gravidez tranquila, e que seu filho nascesse bem e forte.

Vencido, Junmyeon respirou fundo antes de dizer:

– Tudo bem. Mas irei voltar para o trabalho como antes.

– Está bem.

 

_______

A população entrou em êxtase com o anúncio da gravidez de seu líder.

O conselho tinha aprovado o anúncio a ser realizado naquela mesma noite, e os conselheiros afirmaram que ajudariam a cuidar da alcateia durante o tempo de gestação do líder, informando tudo a Jongdae, em vez de Junmyeon. Eles compreendiam a importância de manter o ômega tranquilo, devido a fragilidade de sua gravidez, e alguns se disporam a assumir responsabilidade do líder a fim de diminuir suas atribuições no período.

Segundo a tradição, com o anúncio da gravidez de Junmyeon foram decretados sete dias de festas, era o início da renovação da alcateia e por isso, o povo ia para rua dançar e beber para comemorar e desejar felicitações ao casal e muita saúde a criança no ventre do ômega.  

Junmyeon estava na sacada da casa de seus pais, e observava os brindes dirigidos ao seu filho, gostaria que Jongdae estivesse consigo naquele momento, mas teve que voltar a conversar com o conselho após o anúncio da criança. No fundo ele detestava estar sendo excluído de alguns assuntos, mas tentava compreender e era muito difícil.

Yang Mi fazia companhia a si, ela estava feliz com o neto a caminho e se mostrava feliz na frente de todos, mesmo que a sua relação com Bonhwa não estivesse mais uma das melhores.

– Você precisa aprender a se desligar um pouco. – Yang Mi falou, dando uns leves tapinhas na coxa do filho.

– Eu sei, mas é difícil... É muita coisa, e eu não consigo.

– Sei que também está preocupado comigo e com seu pai, nós estamos bem. – Ela afirmou, porém, seus olhos se perderam na multidão. – Ele está em seu período de luto ainda, e eu estou aprendendo a superar o fato que ele também amava outra. Nós iremos nos curar juntos.

O mais novo suspirou, e percebeu, não poderia fazer nada pelos dois. Teria que deixá-los se resolver, eles já eram crescidos e adultos, e algum momento iriam se acertar, mesmo que isso significasse não ficarem mais juntos... Os dois se gostavam, a marca no pescoço de Yang Mi provava que eles tinham um vínculo forte, da mesma forma que um falava do outro com carinho, mas só o tempo poderia curar as feridas abertas nos dois.

 

_______

Os desconfortos matinais passaram, mas deram lugar a uma fome monstruosa e pés inchados. Conforme o tempo passava, e a barriga de Junmyeon crescia, seu sono aumentava e junto a dor nas costas.

Suas calças não cabiam mais, e Jongdae todas as noites dizia que ele estava lindo, e beijava a sua barriga. O horário dos dois inverteu, e mesmo que o ômega trabalhasse durante o dia em seu escritório, era o mais novo que resolvia as questões mais complicadas e passou a voltar mais tarde para casa.

E era sobre Jongdae e suas condutas que os Kim tinham convocado outra reunião com o líder da alcateia. Por mais que desejasse negar e não comparecer, ele nunca deixaria de atender suas funções – dentro do que seu esposo achava viável e saudável naquelas condições – principalmente se mostrar apto mesmo diante a uma gravidez para seus piores rivais políticos.

– Não podemos aceitar que Kim Baekhyun permaneça preso. – A líder dos Kim afirmou, seus olhos encaravam com profundo ódio Junmyeon.

Junmyeon não estava entendendo... O irmão mais novo de Jongin estava preso? E ele sequer sabia disso... Seus olhos se focaram em Jongdae, e o observou cerrando os pulsos, completamente irritado. Minho ao seu outro lado também estava nervoso e irritado com aquela situação.

– Se ele está preso é porque tem motivos. – Respondeu Jongdae em tom superior ao do Kim mais velho.

– Você é um alfa, deveria entende-lo!

Conforme a discussão prosseguia, Junmyeon ia entendendo o que tinha ocorrido. Ele fechou os olhos brevemente, sentindo a vertigem o atingindo... E uma ânsia muito grande no estômago. Jongdae reparou como o companheiro estava e se calou, segurou sua mão escondido dos demais, não poderia deixar que notassem o seu momento de fraqueza.

– Se o Baekhyun fez isso... – A boca de Junmyeon estava amarga o suficiente para não conseguir pronunciar o crime cometido. – Ele deve pagar...

– Você é um ômega. – Cuspiu as palavras o Kim mais velho. – Não deveria ter o direito de sequer falar.

Jongdae bateu a mão na mesa e a atenção dos demais se voltaram para ele,

– Sou ômega e sou ainda seu líder, tenha o respeito por mim. – Junmyeon falou firme, se aproximou da mesa, porém a sua barriga atrapalhou. – E se qualquer um de vocês não respeitarem mais os outros gêneros, saiba que iriei expulsar todos vocês da alcateia, estou sendo claro?

Expulsão... Não existia punição mais vexatória para um lobo que ser expulso de sua alcateia. Era da natureza deles permanecer a um bando, uma alcateia, e se posto para fora era algo completamente humilhante... Muitos preferiam sofrer agressões a serem expulsos.

– Você não pode...

– Eu posso. – Disse irritado, e se levantou frente a mesa. – E farei. Não é porque sou um ômega e estou grávido que não farei nada. Não vou admitir qualquer falta de respeito ou ataque a outros gêneros, independentemente se seja ômega, beta ou humano. Estou claro? – questionou.

O líder dos Kim borbulhou em raiva e respirou fundo, fazendo uma breve referência. Algo que ele nunca tinha feito, ele reconheceu o poder e a liderança de Kim Junmyeon.

––

Não era nem um pouco aconselhável, mas Junmyeon insistiu tanto que Jongdae não pode recusar. Era o aniversário de casamento dos dois, e resolveram tirar o dia de folga. O alfa precisava de descanso dos problemas da alcateia, e seu esposo precisava ser um pouco mimado pelo outro.

O lobo de Junmyeon tinha se acalmado devido a gravidez, e por isso, ele estava sentado nas costas de Jongdae transformado caminhando correndo subindo o morro. O local era quase que impossível de se chegar caminhando normalmente, e o ômega agradecia poder ficar daquela maneira com o mais novo.

Do topo da pedra, em cima do morro, eles podiam ver a imensidade árvores de eucalipto, com um cheiro agradável que ambos tanto adoravam. Aquele era o local deles, o inicio daquela história. E mesmo com a barriga já avantajada, de sete meses, eles se deitaram sobre o sol do fim de tarde, em uma manta e ficaram abraçadinhos por longas horas até verem as estrelas.

Jongdae colocou a mão sobre a barriga do esposo até que sentiu o chute do seu filhote.

– Ele está feliz. – Junmyeon falou sorrindo, o silêncio e a paz era tão grande, que poderia jurar estar escutando as batidas do coração do seu esposo e do seu filho.

– Não acho que seja ele. – Foi a vez do alfa falar. – Pode ser ela também.

– Geralmente os primeiros filhos em minha família são homens, para comandarem a alcateia. – Constatou. – Exceto a minha tia que nasceu antes do meu pai...  

– Mas ela também pode comandar a alcateia...

– Se para mim, que sou homem e ômega já é difícil pelo meu gênero... Imagino se o nosso filhote nascer mulher.

– Muita coisa já mudou, Junmyeon, você mudou o pensamento de grande parte da alcateia... Menino ou menina, não importa mais, da mesma forma que o próximo ou próxima líder não importa o gênero.

––

Jongdae caminhava para um lado e para o outro, e droga, como ele não aguentava mais esperar. Fazia horas que tinha sido posto para fora do quarto, e escutava os gritos de dor de Junmyeon sem poder fazer nada, Soyu tinha dito que era melhor ele permanecer do lado de fora.

Quando as contrações começaram naquela manhã, o alfa tinha entrado em desespero e chamado Soyu no mesmo instante, porém, a noite já tinha caído e os gritos de dor de Junmyeon tinham se transformado em também gritos de cansaço.

Yang Mi também acompanhava o parto, junto a outra ômega parteira, mas o desejo do alfa era poder ajudar de alguma maneira, nem que fosse apenas segurar a mão do seu companheiro.

– Você vai criar um buraco no chão, se continuar andando assim. – Mimi falou rindo, sentado ao lado de Chanyeol. – Demora assim mesmo, eu virei a noite durante o parto do meu filho. E o Chanyeol quase desmaiou quando ele nasceu.

– Eu fiquei foi emocionado. – Tentou se defender o alfa.

– Mas isso é quase uma tortura. – Escutou outro grito do Junmyeon.

– A mãe de Junmyeon também teve um trabalho de parto difícil. – Comentou Bonhwa

A beta tinha sofrido muito ao dar à luz, inclusive tinha perdido a capacidade de gerar outra criança após o parto devido a algumas complicações.  

– Parto masculino é bem mais difícil que o feminino, existe uma série de procedimentos e deve corta-lo.

Jongdae abriu a boca para falar, e escutou um grito forte de Junmyeon e que logo foi seguido por um choro.

E sem possuir permissão, ele entrou na sala e encontrou Soyu segurando a criança ainda de cabeça para baixo enquanto chorava, e diante a todos, Jongdae começou a chorar junto e se aproximou de Junmyeon beijando o topo de sua cabeça.

– Obrigado por tudo. – Sussurrou. – Eu te amo muito.

Ele não se importava em se sujar de sangue, ou se todos estavam os vendo naquele momento íntimo. Queria poder agradecer tudo que Junmyeon tinha lhe dado, tudo que ele tinha feito por si, todo o amor envolvido entre os dois.  

– Eu te amo muito. – O ômega respondeu ainda recuperando o fôlego.

– É uma menina! – Anunciou Soyu, e Yang Mi estava com a menina no colo e colocou entre os braços dos pais.

– Linda e forte. Minha netinha. – Yang Mi observava de longe

Junmyeon beijou a testa da menina, e foi acompanhado do esposo. Era tão pequena e frágil, uma mistura do amor dos dois.

– Kim Yuju.

 

 

 

Ser ômega não define o que você deve ser.

Muito menos nascer alfa, beta ou humano.

Todos são iguais, mesmo diferentes.

Kim Junmyeon e Kim Jongdae poderiam não mudar o mundo,

Mas eles estavam ali para garantir a igualdade gêneros naquela alcateia.


Notas Finais


Olá, deixa a tia dizer algumas coisas sobre esse capítulo.
Algumas pessoas podem não ter gostado, já que o nosso Junmen foi um pouco 'frágil', e por isso gostaria de ressaltar que ele estava grávido e ocorre uma grande quantidade de hormônios que deixam as mulheres (e neste caso os homens) 'instáveis'. E eu não coloquei no final do capítulo, mas o Junmyeon voltou a trabalhar e quem ficou em casa cuidando da Yuju foi o Jongdae ^^ pois no texto ficou estranho, então resolvi abrir essa nota aqui =)

Então, o que acharam? Me digam!
Queria agradecer novamente todo o amor que vocês me deram com essa fic, e espero que esse capítulo tenha agradado a vocês, mesmo fugindo um pouco da história original.
Enfim, obrigadaaaaa <3
E venham falar comigo no gato curioso (eu adoro responder perguntinhas <3) https://curiouscat.me/yehunnie e no twitter (adoro conversar também https://twitter.com/yehunnie
Até a próxima <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...