Rin sentia seus ombros pesarem, mas não era nenhum incômodo, pelo contrário, estava confortável.
Ver Haruka delicadamente apoiado em seu ombro direito e Ikuya aconchegado no esquerdo era muito bom. O de dentes pontiagudos poderia jurar que o calor vindo dos outros meninos havia alcançado diretamente o seu coração, ou ao menos essa era a única explicação que encontrou tirando “amor” das opções.
O que fez eles chegarem nessa situação era bem simples: nenhum dos três imaginou que o tempo dentro daquele trem passaria tão devagar, e diferente de Rin que estava acostumado com várias viagens devido a suas idas do Japão à Austrália (e vice-versa), Haru e Ikuya logo se cansaram.
Sendo assim, Nanase pegou no sono sem querer, acabando por despencar sobre o corpo de Rin, que deu um pequeno sobressalto de surpresa, mas ajeitou o outro ali da melhor forma que conseguiu.
Quando Ikuya percebeu aquilo, olhou para o ombro de Rin que estava ao seu lado, pensando que "o cansaço" o fazia parecer muito atrativo, porém seria ousar demais fazer o mesmo que Haruka.
Sua amizade com Rin, por melhor que fosse, não se comparava a do outro, e além disso, seu orgulho sairia fortemente ferido.
Só restava um problema, ele não era nada bom em esconder o que queria, por isso seus olhos alternavam entre nervosos e cansados para frente e espreitando o ruivo ao seu lado.
— Ikuya – Rin chamou e riu baixinho ao ver o menino chamado tomar um susto por ser pego espiando — se você quiser, pode deitar também – continuou a fala e mexeu de leve o ombro esquerdo para mostrar do que estava falando.
Ikuya se aproximou apreensivo, mas logo murmurou "obrigado" com cara emburrada e apoiou sua cabeça no ombro do outro.
Até poderia negar e fazer alguma piada boba sobre a situação, mas se já estava 'caindo de sono, por que não? E no final das contas, Rin foi quem sugeriu, a culpa (do que quer que fosse) era dele.
Se sentia muito mais confortável agora, por alguma razão Rin passava segurança.
Segurança o bastante para os outros meninos fecharem seus olhos, sentindo seus músculos relaxarem e seu corpo inconscientemente se acomodando ali.
Sem saber o que mais poderia fazer, levando em conta que naquela posição não conseguiria segurar o livro de capa marrom que estava lendo no início da viagem, Matsuoka levou suas mãos até os fios de cabelo de Haruka e ficou fazendo cafuné, eram macios e cheirosos, como sempre imaginou, ou até melhor.
Depois virou seu rosto para o lado de Ikuya e fez o mesmo no cabelo azul-petróleo, percebeu que os fios eram sedosos e pensou que se iniciasse uma lista de cabelos mais bonitos, colocaria ele entre os melhores; mas afastou o pensamento logo em seguida, por pura birra.
Rin continuou fazendo cafuné nos dois por um tempo, enquanto pensava que era engraçado ter que fazer em um o que fazia no outro, e principalmente em como aquilo não era ruim.
Não tinha mais como negar que se sentia feliz no meio deles. Desejou por um momento que aquele trem nunca parasse, assim aquele momento jamais acabaria.
Por fim, resolveu agir por impulso do momento e se esticou o máximo que pôde para dar um beijinho na bochecha de cada menino. Depois, sua mão esquerda foi de encontro a mão de Ikuya e sua mão direita foi de encontro a mão de Haruka, segurando as duas com leveza. Para completar, apoiou sua cabeça na cabeça de Haru, torcendo para não acordar nenhum dos dois.
Corou com as próprias ações. Agora estava mais feliz do que nunca, pois tinha a certeza de que poderia amar os dois.
Assim, quando sentiu Haru deitar ainda mais sobre si e Ikuya apertar sua mão desajeitadamente, teve certeza de que aqueles dois poderiam amar da mesma forma que ele.
Depois de matar o sono que ganhara, se lembraria de questionar quando os outros acordaram, e principalmente, se lembraria de que poderia amar os dois para todo o sempre.
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