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História Âmbar No Azul-Celeste - Capítulo XIV - Se Acha Que Pode Me Enganar


Escrita por: Darleca

Capítulo 15 - Capítulo XIV - Se Acha Que Pode Me Enganar


Fanfic / Fanfiction Âmbar No Azul-Celeste - Capítulo XIV - Se Acha Que Pode Me Enganar

Dio permaneceu sentado, incentivado pela fome a comer o almoço oferecido – peixe grelhado –, calado e paciente enquanto ouvia a alfa da casa, Lucy, despejar sobre a mesa acusações absurdas contra si.

Scarlet “pareceu” inicialmente impedir que a alfa começasse um interrogatório – que estava mais para um julgamento com a sentença de morte decretada –, mas Dio não se convenceu que a ômega estivesse preocupada com a sua integridade física e moral naquele momento, porque ela não se esforçou em parar a esposa. Não o suficiente.

Speedy se sentou à mesa, ao lado de Dio, tenso, o que foi bastante estranho vê-lo assim... acuado.

— Esses ensaios tarde da noite, não os aprovo. E agora sei a quem culpar – dizia Lucy, com desprezo na voz. — Você não me parece... ter saído de um ensaio de uma banda, mas sim de um bordel. Se é disso que se trata, pode esquecer o meu filho na sua bandinha.

— Mãe! – Speedy se pronunciou com exclamação. — Não se trata disso! São ensaios de verdade! Erina Pendleton, nossa baixista pode te confirmar, já disso isso! O verdadeiro problema aqui é que vocês não confiam mais em mim, mesmo sem eu ter dado motivo pra essa desconfiança. Além do mais, Dio não tem nada a ver com isso.

Lucy olhou para Speedy como se fosse fuzilar o próprio filho. Ainda assim, Dio não deixou de dar boas garfadas no prato enquanto assistia aos dois se digladiarem.

— Quando eu estiver falando quero que fique quieto, Robert – Lucy respondeu com autoridade.

Speedy tomou coragem, respirou fundo para então dizer:

— Está sendo injusta, mãe! E você mesma me ensinou que não posso ficar calado quando acontece alguma injustiça!

Nesse momento, Lucy perdeu a paciência, bateu com a mão fechada em cima da mesa, fazendo o prato que Dio usava e o vaso de flores que servia de decoração no centro da mesa, pularem com o impacto.

— O seu amigo está fedendo a noitada e quer mesmo que eu acredite que vocês andaram ensaiando? Você acha que sou idiota!? – Ela aumentou o tom de voz.

Dio pigarreou, impedindo que Speedy continuasse com aquela discussão tola. Estava claro que Speedy andava mentindo para as mães, pois a banda não ensaiava há tempos, desde o momento em que Dio resolveu buscar por um novo membro.

Por isso, estava disposto a salvar a pele de seu vocalista apenas para saber o que Speedy escondia delas. Na verdade, faria isso para que não ficasse em dívida com ele, por ter sido ajudado nesse momento tão difícil...

— Senhora Lucy, permita-me explicar a situação a qual o seu filho sequer tem envolvimento – disse com eloquência.

Pegou o guardanapo e limpou os lábios suavemente, com a classe de quem sabe como se comportar à mesa.

Lucy arqueou a sobrancelha loira, os seus olhos azuis tão marcantes agora estavam voltados para Dio, que sentiu-se arrepiado da cabeça aos pés. E não era nem um pouco confortável.

Ela parecia prestes a devorá-lo como uma leoa que era.

— Desembucha... – ordenou ela.

— Recentemente, entrei no cio mesmo tomando meus blocks diários. Já sabe o que isso significa, certo? – Ela permaneceu impassível, mas naqueles olhos, Dio conseguia ler que ela sabia muito bem do que se tratava. E, então, prosseguiu: — Pois bem, passei alguns dias afastado enquanto o seu filho continuou ensaiando junto com a baixista, como ele me prometeu.

Lucy não pareceu convencida, isso fez Dio engolir em seco, porém, passou-se alguns minutos em silêncio antes de ela voltar a questionar:

— O que diabos está fazendo aqui que não está com o seu alfa?

A pergunta seria, de fato, pertinente caso tivesse passado os dias com o alfa do dormitório. No entanto, Dio relaxou os ombros, não daria esse tipo de satisfação fosse lá para quem fosse. Repousou na lateral do prato vazio o guardanapo e agradeceu com o menear de cabeça pela comida à ômega e voltou-se à alfa postando-se com orgulho.

— Isso, minha senhora, não está em debate. Por mim, teria voltado ao meu dormitório e ficado por lá. Mas Speedy... quero dizer, o seu querido Robert, quis me ajudar ao se deparar com o meu estado. Por isso estou aqui, apenas isso. Acredite, ele não tem motivos pra mentir pra ninguém, não é mesmo, meu amigo? – Olhou para Speedy e presenciou a mistura de sentimentos de alívio e surpresa ganharem formas na feição do rapaz. Mas Dio sorriu com escárnio e isso desmanchou qualquer alegria que pudesse existir em Speedy.

Então, Scarlet, com um sorriso estranhamente familiar para Dio, falou:

— Está tudo bem, meu jovem, pode ficar.

— Como é? – Lucy não disfarçou sua indignação.

— Sim, ele pode ficar para o jantar, se assim ele quiser. Robert, querido, separe algumas roupas suas para ele vestir. Vou pegar uma toalha que você poderá usar no banho, sim? – Scarlet se movimentou pela casa, sendo seguida por Speedy.

Dio não pensou duas vezes antes de seguir o amigo para não ficar sozinho com a alfa, que não tirava aqueles olhos quase assassinos de cima de si.

E embora Scarlet tenha sido mais gentil que Lucy, Dio não acreditava naquela bondade demonstrada. Talvez ela pudesse ser ainda pior que a alfa, mas não estava disposto a saber o quanto.

Mais tarde, de banho tomado, saiu do banheiro para o quarto de Speedy secando o cabelo na toalha, vestindo apenas uma calça folgada de moletom, mas sentindo-se renovado.

Namorava a cama de solteiro do vocalista desde quando entrou no quarto, pois precisava dormir decentemente. Porém, ponderava se seria sensato dormir aonde sequer era bem-vindo. E riu soprado quando se perguntou em que momento na vida ele mesmo fora sensato.

Faria pelo deboche, com certeza, contudo, até para isso precisava de disposição, da qual não possuía muito no momento. Não queria ser acordado no meio do sono e ser despachado sem mais nem menos.

Paralelo a isso, observou o quarto com curiosidade; apesar de pequeno, era bem aconchegante com uma luminária grande do lado da cama, uma mesa de estudos num canto e um guarda-roupa ao lado.

O que sobrou de parede vazia, foi coberto com pôsteres de bandas e um toca-discos repousava bem debaixo da janela com cortinas.

O sol da tarde refletia a sua luz sobre a tampa do toca-discos e, de alguma maneira, Dio se lembrou de quando esteve no corredor do dormitório alfa, indo em direção ao som daqueles dedilhados tão precisos, que o chamavam, irresistivelmente.

Tão aconchegante e... seguro, como era a melodia daquele solo?

Então, uma dor em seu pé o fez despertar de seu breve delírio, vendo-se próximo da cama, onde seu pé bateu em alguma coisa que estava debaixo dela.

Uma caixa, a princípio.

Dio se abaixou, repousando a toalha sobre o ombro, e, de joelhos, espiou debaixo da cama.

Eram caixas com o selo de uma logo estilizada de apenas duas consoantes e não tardou para puxar uma delas para fora, descobrindo-a pesada e que algo tilintou lá dentro, assim que o movimento descontinuou.

Sentou-se sobre os pés com um enorme sinal de interrogação em seu rosto.

— “SW”? Mas isso é do... – Rompeu o lacre e abriu a caixa, descobrindo vidros e mais vidros de pílulas. Estes eram os blocks para omegas.

Sem tempo para pensar o que aquilo podia significar, a porta do quarto de Speedy se abriu, e quando o próprio Speedy percebeu o que Dio estava fuçando, correu para devolver a caixa fechada para onde ela não deveria ter saído.

— Não mexe nisso! – disse ele, com desespero e aos sussurros. — Se... Se a... Se minha mãe te vê mexendo aqui, ela vai te matar!

Dio se afastou, ainda de joelhos, observando Speedy com a mesma curiosidade que o fez abrir a caixa.

O outro se sentou no chão ao lado da cama, suspirando fortemente.

— Eu vi o que são... – disse para chamar a atenção de Speedy. — São blocks.

Speedy tinha os olhos arregalados, eram azuis como os de sua mãe Lucy, embora muito mais afáveis e quase ingênuos como os da mamãe Scarlet.

— É, né, é melhor deixar onde estão. – Dio percebeu na hora que Speedy buscava justificativas convenientes para minar o seu interesse sobre o conteúdo das caixas. — Ela não tinha outro lugar pra guardar. Por isso estão aqui, eu tenho alergia, se lembra? É, então... vamos esquecer que você viu isso. Se quiser dormir um pouco, fique à vontade.

Dio sorriu com malícia e notou quando a sua expressão fez Speedy engolir em seco.

— Isso me faz pensar que, devido ao meu estado, sua mãe me concederia um frasco de blocks, não? Pedirei agora mesmo pra ela! – Levantou-se, certo do que aconteceria: que Speedy o impediria.

— Não! – Speedy segurou a perna de Dio assim que o ômega se dirigiu à porta do quarto, o que o fez quase gritar em gargalhadas, para o completo desespero do alfa. — Por favor, Dio, não faça isso... puta merda...

Dio conseguiu se desvencilhar da mão do outro e voltou-se para cama, jogando-se sobre o colchão.

— Você é um imbecil se acha que pode me enganar como engana as suas mães – disse assim que parou de se balançar sobre a cama. — Você me deve uma explicação, porque nós dois sabemos que não há ensaio porra nenhuma.

Speedy sibilou com intensidade, com o dedo indicador sobre os próprios lábios, em sinal de silêncio.

— Fala baixo, cacete! Tá! Você venceu, porra. Tá bom! Vou contar... – O suspense que Speedy causou fez Dio se ajeitar na cama, sentando com as pernas dobradas e apoiando os cotovelos sobre as coxas. — Sabia que você não era flor que se cheire. Minhas mães não gostam de você.

— Não é disso que quero saber, Speedy. – Dio deu de ombros.

— Certo... não tenho alergia coisa nenhuma. – Speedy sentou-se no chão.

— Tá... Por que nunca senti você exalar seus feromônios? – o loiro indagou.

— Na verdade, sou um alfa recessivo... – respondeu em um suspiro.

— Isso explica muita coisa.

— E eu curto alfas.



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