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História Âmbar No Azul-Celeste - Capítulo XXIV - The Phantom Blood - 1975


Escrita por: Darleca

Capítulo 25 - Capítulo XXIV - The Phantom Blood - 1975


Fanfic / Fanfiction Âmbar No Azul-Celeste - Capítulo XXIV - The Phantom Blood - 1975

— ... e isso tá dando o que falar! – disse o apresentador-radialista da Capital Radio assim que Dio, mais ansioso que o normal, sintonizou o aparelho naquela estação.

Como esperado, o assunto que se ouvia em praticamente todas as rádios britânicas era sobre “Made In Heaven ‘75”; onde dezenas de bandas, de expoentes à undergrounds, se apresentaram durante os três dias de festival para mais de 200mil pessoas.

Algo deste nível nunca havia acontecido antes na Grã-Bretanha e a The Phantom Blood conseguiu se apresentar no último minuto que fora possível, salva por uma provável intervenção divina.

Dio semicerrou os olhos enquanto ouvia o radialista tecer elogios às bandas principais – não queria saber as observações dos shows do Queen, Led Zeppelin e Frank Zappa – pois a única intenção de estar perdendo tempo ouvindo o que desconhecidos falavam naquela estação era figurar nos anais da história o quão inigualável fora a performance memorável da sua banda épica no palco daquele festival espetacular.

Ainda sequer acreditava nessa façanha e teve que se beliscar após sair do palco enquanto era ovacionado, embora não tão surpreso com a reação do público, já que sabia que o seria.

E não que duvidasse também de seus talentos musicais, longe disso, porém, a realização de que não haveria mais volta, afinal o seu nome estava agora na boca do povo, e olheiros já saberiam de sua existência, tornava tudo quase... mágico.

E por mais que odiaria admitir na frente de todos – coisa que não faria estando em plenas faculdades mentais –, tudo só fora possível porque Jonathan esteve presente; não só como novo guitarrista oficial da banda, como também um pacificador quando rusgas entre os demais ameaçavam o convívio harmonioso.

Durante o período de um ano antes da data do festival, Dio marinou ao máximo a ideia de manter o alfa na banda.

Não se lembrava muito bem se fora o período de carência que antecedia o cio que colaborou em estar de acordo com aquilo... mas, depois, se convenceu de que teria levado em consideração apenas que Jonathan não era um alfa pé-rapado qualquer, que não garantiria um futuro primoroso para o seu ômega. Muito pelo contrário!

Jonathan Joestar era um alfa privilegiado, de origem nobre e família cheia da grana... mesmo quando a maioria da população londrina passava fome e dormia no meio do lixo entulhado na rua, porque o país encontrava-se em condições financeiras precárias e com o governo à beira de um colapso, nada parecia lhe faltar.

E para resolver a própria questão interna, Dio passou a analisar aquela união com outros olhos e certamente com mais interesse do que a raiva o permitiu ter, anteriormente.

— Permiti que entrasse na banda porque você realmente é muito bom na guitarra. Tenha em mente que é por isso, nada além disso, que você está nela. – Não mentira sobre o talento de Jonathan quando estiveram nas duchas, no entanto, Dio só o aceitou porque o sujeito nascera num berço de ouro e seria, eventualmente, o capital (bufunfa, cascalho, o faz-me-rir) em momentos de necessidade.

Todavia, não tinha razão para dizer isso a ele com todas as letras.

— Claro! – dissera Jonathan com certo entusiasmo ao aceitar uma condição que sequer sabia que existia. — Tudo bem.

Dio acreditou que a resposta teria sido a mesma caso ordenasse “pule do prédio mais alto, sem paraquedas e vá pro inferno”.

Entretanto, ao contrário do que esperava, Dio passou a nutrir um desejo pessoal e quase prurido de ver Jonathan completamente dedicado a lhe satisfazer em todos os aspectos de um relacionamento a dois, ocasionando sempre em um sorriso sacana em seus lábios.

Embora pudesse ser confundido com paixonite, Dio sabia que não envolvia os seus sentimentos nisso, afinal nada fugia do seu controle e a relação deveria ser apenas unilateral... e para todos os efeitos, naquilo que lhe competia, podia ser visto apenas como carência, ou o pré-cio, essa maldita explosão hormonal que deixava tudo mais confuso.

Mas fosse o constrangimento de sua submissão naquele estado deplorável ou o nome da banda sendo pronunciado na rádio, Dio agradeceu por ter sido tirado de seus devaneios insignificantes com o alfa.

— ... foi a penúltima a se apresentar ontem, no último dia do festival, e eu jurava que seria qualquer coisa, mas The Phantom Blood não deixou a desejar – disse o apresentador-radialista daquele programa da rádio.

— Achei curiosa a composição; dois alfas, uma beta e um ômega, visto que na maioria das bandas os integrantes são betas. Alfas e omegas são gatos-pingados. Apesar disso, eles parecem se dar muito bem juntos. Mas, falando o que interessa, para uma banda desconhecida foi uma boa apresentação. – Um comentarista convidado tomou a palavra em meio às concordâncias do radialista. — O público estava esperando a banda que fecharia este evento histórico, mas tenho a impressão de que a jornada até lá foi, no mínimo, agradável.

— Foram três músicas que levantaram a galera, eu também fiquei empolgado.

— Não ficaria surpreso se, daqui pra frente, essas bandas tocassem nas rádios por aí. São todas muito promissoras.

O papo entre o apresentador-radialista e o comentarista estendeu-se a uma ladainha qualquer que, por fim, enaltecia o realizador do evento conhecido apenas como “Whitesnake”, aumentando a frustração do baterista com o que fora dito sobre o seu show.

Dio esperava que eles dissessem muito mais de sua performance no palco, da sonoridade e complexidade das melodias e não apenas que “foi uma boa apresentação” ou coisas estúpidas do tipo “fiquei empolgado”, “foi, no mínimo, agradável” e “são todas muito promissoras”, ou o quão curioso era o fato da banda ser formada por dois alfas, uma beta e um ômega que, diga-se de passagem, esperava que ao menos tivesse o seu nome mencionado naquela conversa fiada que nada agregava para o seu ego necessitado!

Tocou no dial do rádio somente para desligá-lo depois.

Passou a andar de um lado para o outro pela sala do apartamento; um cômodo grande, sem divisórias, paredes brancas, com pé direito alto e o chão de porcelanato com apenas uma estante de livros, um sofá e uma poltrona em frente à pequena távola de mogno como mesa de centro.

Resmungava palavras incompreensíveis quando o telefone tocou entre os livros. Atendeu depois de três toques e levou consigo o aparelho ao voltar a andar sem rumo pela sala, enroscando o fio encaracolado pelos móveis e nas próprias pernas.

— Quem ousa me perturbar? – indagou da maneira como lhe era de costume, mas ainda demonstrando frustração em sua voz diante de sua expectativa não correspondida.

A risada animada do outro lado da linha era destoante com a sua atual condição.

— Esqueci como você também consegue ser cordial ao telefone... – respondeu uma voz conhecida. — Diz pra mim que você ouviu a rádio!

— Sim, Jonathan – respondeu ao mesmo tempo em que bufava.

— Eles falaram de nós, Dio! Da sua banda, melhor dizendo. – Jonathan rapidamente se corrigiu e não parecia ter notado a tremenda falta de empolgação do ômega enquanto conversavam.

— Não posso dizer que estou surpreso com a sua reação diante de algo tão simplório, porque você se contenta com muito pouco...

— É sério? – Jonathan ficou chocado. — Tocamos pra uma porrada de gente, eu nunca tinha feito coisa parecida antes e estou arrepiado até agora! E o crítico que comentava na rádio disse que somos bons, ele afirmou isso! Acha isso pouco?

Dio não gostava dessa mania que Jonathan tinha de se agarrar as pequenas vitórias obtidas, mas... como primeira vez se apresentando para um público muito maior que vinte bêbados em um pub xexelento, devia admitir que era uma vitória a ser comemorada.

Devia, mas não estava convencido a engolir a frustração e fingir alegria.

— Eles nem falaram o meu nome! – Colocou pra fora o que o estava incomodando. Precisava fazer Jonathan entender que nada do que fora dito na rádio supriria a sua necessidade de ser reconhecido. Que ele ainda precisaria correr atrás de uma gravadora que tivesse ouvido o seu som, com interesse em contratar a The Phantom Blood, embora corresse o risco de ser completamente ignorado pelo gênero que seguia. — Entende que, pra eles, ainda somos um bando de universitários tentando a sorte grande em meio à bandas já consolidadas? Que não vamos ganhar um tostão por essa apresentação e ainda temos que ser agradecidos por isso? Eu esperava que nossa exposição fosse um pouco maior pelo o que fizemos ontem. Mas fomos reduzidos à “uma boa apresentação”. 

— Dio... – Jonathan suspirou ao dizer o seu nome e, estranhamente, Dio sentiu-se arrepiado da cabeça aos pés. — Você foi incrível... Acredite, estar com você naquele palco foi um dos momentos mais sublimes que tive na vida, e não há nada neste mundo que possa me convencer do contrário.

Dio se permitiu sorrir ao ouvir aquilo, ainda que não deixasse transparecer em sua voz tal júbilo, e que achasse bem tola a tentativa de Jonathan em lhe animar.

E não podia esquecer que, ver Kars no backstage muito surpreso – ou com medo – ao presenciar Jonathan ao seu lado ou talvez pela reação do público quanto à apresentação, também trouxera uma boa satisfação.

— Você é suspeito, JoJo... fala essas coisas para que eu não o faça comprar um apartamento maior.

O apartamento do qual residia foi comprado por Jonathan como uma indenização por danos morais... ao menos, era como Dio o referia.

— Olha só... Há uma nota no jornal sobre o festival e parece que você, especificamente, chamou a atenção não só do público como do realizador do evento. – Houve uma pausa de ambas as partes. — O que acha disso? Posso levar o jornal quando voltarmos ao estúdio e...

— Não! – Dio o interrompeu, tomado por uma ansiedade inusitada. — Você pode trazer aqui, hoje à noite. Não! Assim que sair do museu, venha direto pra cá. Preciso te mostrar uma coisa também... – De repente, sentiu um calafrio subir a espinha, o que acabou de dizer não fazia o menor sentido, porque não tinha nada que precisasse mostrar para Jonathan. — Não... na verdade...

— Claro, eu vou! – disse ele, sobressaltando o coração de Dio antes que o ômega verbalizasse o arrependimento que dava às caras. Talvez fosse só os sentimentos de Jonathan que invadiam e preenchiam o seu peito. Talvez... — Estarei aí em breve.

Não precisou se despedir, Dio finalizou a ligação e mordeu o lábio inferior.

— É só a carência... – disse para si mesmo depois de colocar o telefone no gancho, pois precisava justificar essa ansiedade esquisita que o tomou por inteiro acompanhada de uma vontade de ver o alfa tão repentinamente.

Devolveu o aparelho de volta em seu lugar e o ambiente ecoou o som da campainha em seguida, sem dar-lhe tempo para pensar.

— Porra... – resmungou, se dirigindo à entrada. — Quem é agora? Onde está Enya quando se precisa dela? Espero que não seja o seu filho batendo à minha porta bêbado outra vez, Enya, porque senão... – Abriu a porta e franziu a testa sem dar continuidade à ameaça; a pessoa, um homem de sobretudo azul-escuro, se encontrava parado e de costas para ele.

— Vejo que continua com sorte, já que não sou o filho bêbado dessa senhora Enya – disse o homem de pele chocolate e cabelo de corte rente e de barba estilizada, ambos numa tonalidade embranquecida, se virando de frente e tirando o fôlego de Dio a cada traço facial reconhecido. — Olá, querido Dio.

— Enrico! – balbuciou o nome que há mais de uma década não pronunciava.

Era como estar diante de um fantasma, mas um fantasma que cresceu, tornou-se adulto, pois não era mais aquele menino de sorriso fácil, embora o semblante, agora mais marcante e bonito, fosse praticamente o mesmo como Dio ainda se lembrava de sua adolescência.

Ainda assim, como não houve qualquer correção por parte do homem quanto ao nome mencionado, Dio precisou de alguns segundos para conceber a ideia de que seu amigo de infância e início da adolescência não estava morto como passou a acreditar quando, por fim, não conseguiu qualquer pista do paradeiro dele.

Afinal, Dário jubilava em amedrontar o jovem Dio dizendo que dera um sumiço no omegazinho marrom nojento.

— Não vai me chamar para entrar? – Enrico acabou trazendo Dio de volta à realidade e apresentou um sorriso acolhedor no rosto.

— Como isso é possível? – indagou ao franzir a testa, ignorando completamente a pergunta do outro.

Enrico riu de maneira contida e respondeu:

— Basta me convidar, então, eu entro. – Embora não tivesse sido convidado de fato, Enrico adentrou ao apartamento assim mesmo enquanto removia o sobretudo, revelando usar um terno sob medida da mesma cor, com alguns detalhes nas bordas, da cor branca. Deixou o sobretudo sobre o encosto da poltrona na sala quando não encontrou um cabideiro.

Dio balançou a cabeça enquanto fechava a porta. Sabia que Enrico havia entendido a sua pergunta e fazer piadas não era muito do feitio dele.

— É uma péssima maneira de começar a se explicar por onde diabos você se meteu por todos esses anos.

Enrico avaliava o entorno e parecia realmente satisfeito com a decoração daquele cômodo e voltou a sua atenção para Dio quando este falou. Mexeu nas abotoaduras e se aproximou dele.

— Tem razão – disse ele —, devia ter escrito uma carta quando foi possível ou ter deixado uma pista de que eu estava bem, mas nosso esconderijo, se bem me lembro, foi descoberto pelo seu pai. Ele me ameaçou, fiquei receoso de voltar lá após daquele dia.

— Fui à sua casa, uma semana depois – Dio relatou com frieza. — Sua família havia se mudado e nunca soube pra onde. E o maldito só dizia que havia dado um sumiço em você, o que me fez acreditar que estava morto... então, parei de te procurar.

A expressão de Enrico mudou com sutileza.

Dio estalou a língua e tomou o caminho em direção ao sofá, sentando-se na ponta do estofado de maneira pouco graciosa; cruzando as pernas e apoiando o cotovelo no encosto alto enquanto apoiava a cabeça no mesmo braço.

— E, sem mais nem menos, resolveu dar o ar de sua graça, aqui – completou com evidente ironia.

Dio sentia-se ofendido pelo descaso aparente de Enrico, e enganado; por ter sentido tristeza todos esses anos por alguém que, na verdade, estava “vivo e muito bem, obrigado” enquanto sentia-se completamente sozinho no mundo.

E por mais inusitado que fosse Enrico encontrá-lo agora, Dio acreditou que foi graças ao festival que o sujeito soubera novamente de sua existência.

— Quando nos conhecemos, eu estava na Inglaterra há pouco tempo. – Enrico, alheio aos pensamentos de Dio, se aproximou da poltrona onde repousava o seu sobretudo e se sentou enquanto falava. — Meu pai veio a trabalho e trouxe a família junto, pensei que soubesse... – Dio ficou calado. — Quando o serviço terminou, voltamos para os EUA, nossa terra natal. Como eu disse, devia ter escrito uma carta, mas não o fiz por imaginar que seu pai a interceptaria.

— Ele teria feito isso, sem dúvida – comentou Dio. — Ou pior, ele seria capaz de ir atrás de você pra te ver com medo, além de roubar o que fosse de valor da sua família, sem se importar com um oceano no meio do caminho.

Os dois acabaram rindo; Dio imaginava as possíveis manobras ilegais de Dário Brando para conseguir chegar à América sem gastar um tostão e com uma multidão furiosa atrás dele querendo matá-lo ou mandá-lo à prisão.

Certamente, Enrico imaginava o mesmo cenário absurdo.

E embora fosse uma pessoa execrável, Dio reconhecia que Dário era obstinado quando botava uma ideia na cabeça; não admitia que tivessem algo que ele não pudesse ter. E se não conseguisse por bem, tomaria fosse o que fosse por vias não tão nobres.

Talvez, esta fosse a única qualidade dele – não que tivesse muitas – que Dio reconhecia como uma boa herança.

— E como ele está? Espero que preso – Enrico inquiriu ainda rindo.

— Melhor, morto! – Dio suspirou entusiasmado, mas recompondo-se no sofá. — Foi há muito tempo... E gosto de pensar que contribuí para que chegássemos neste fim. Mas, para todos os efeitos, foi a cirrose que o levou pro inferno e não se fala mais nisso. – Olhou diretamente para Enrico com seriedade. — Além do que, essa conversinha sobre o maldito progenitor e nosso passado não responde por que somente agora você apareceu e como conseguiu o meu endereço. Dá pra ver que não veio até aqui atrás de grana, porque seu terno bem alinhado e esses sapatos brilhosos me dizem que sou eu quem precisa arrumar um punhado com você. Corta o papo-furado e diga logo o que quer.

Enrico arqueou brevemente as sobrancelhas e suavizou a expressão ao suspirar.

— Tudo bem, direto ao ponto. – Tirou de dentro do terno uma folha de papel dobrada em duas partes e a entregou para Dio. — Foi com isso que consegui seu endereço.

Dio reconheceu aquele formulário assim que o leu. Era a inscrição da banda para o evento, preenchida a mão, com a sua própria caligrafia, contendo todos os dados necessários para contato. E antes que pudesse perguntar como Enrico conseguiu aquilo, a resposta foi surpreendente:

— Sou o criador do festival “Made In Heaven ‘75”.

Dio ergueu os olhos da folha para sustentar o olhar de Enrico.

— Whitesnake – sussurrou debilmente o nome citado mais cedo pelo radialista.

— É só um pseudônimo pra causar impacto – Enrico respondeu, jocoso, talvez imaginando que Dio incutiria piadas infames ao nome. — Não o leve tão a sério.

Não foi o nome ou a razão de tê-lo escolhido que fisgou a mente de Dio.

A revelação de que seu amigo de infância era a mente por trás do evento histórico, considerando que tudo isso fosse mesmo verdade, justificava apenas o fato de Enrico ter conseguido a inscrição sem maiores problemas, além de passar a usar roupas de marca.

No entanto, a motivação daquela visita ainda era uma incógnita e Dio custaria a acreditar caso realmente não passasse de uma “visita a um amigo que, por ironia do destino, se apresentou no meu festival de música”.

E por alguma razão desconhecida, talvez estivesse apenas na defensiva, Dio fingiu indiferença.

— Não foi olhando inscrição por inscrição que viu a minha no meio delas, eu presumo. – Jogou casualmente o papel dobrado sobre a mesa de centro, voltando a atenção para Enrico, que ria do seu comentário anterior. — Ao menos... gostou do que viu? O mínimo que eu espero é que tenha assistido ao meu show, senão, por que você estaria aqui? – dizia com cinismo.

Enrico pareceu não se afetar com as ironias de Dio.

— Sim, estive presente durante os três dias. – O orgulho e a empolgação eram latentes em seu relato. — E assisti a tudo, por isso designei dezenas de equipes de acessória para cuidar de todos que participaram. Foi exaustivo, mas, na sua vez, fiz questão de assistir de perto, porque já sabia do que vocês eram capazes.

Dio franziu a testa e permaneceu em silêncio, esperando que Enrico desse continuidade à explicação, que veio em meio a risos soprados do outro.

— Essa não foi a primeira vez que vi você se apresentar com a The Phantom Blood – disse ele, se ajeitando na poltrona, sentando de maneira mais confortável.

E Dio continuou em silêncio.

— Em setembro de 73, voltei à Londres para pôr em prática essa ideia megalomaníaca. Após reuniões extenuantes com patrocinadores e com bandas daqui, fui ao pub “Iggy” por indicação de um conhecido e assisti o que seria a sua última apresentação, antes do seu antigo guitarrista ir embora. Do pouco que vimos, particularmente achei excepcional. Pena não ter conseguido falar contigo... você estava furioso, e não era pra menos. – Os olhos de Enrico pareciam analisar minuciosamente cada micro expressão involuntária no rosto de Dio.

Lembrar daquele dia, em que Kars deixara a banda na mão numa apresentação tão importante como aquela, ainda trazia um gosto amargo na boca.

— Certo! – exclamou Dio, impaciente com todo aquele rodeio e visitações não programadas ao passado. — Nada disso me diz por que você está aqui, Enrico, mas farei valer a pena essa visita. Só não é pra mim que você deve dizer que somos excepcionais. Ontem, The Phantom Blood provou-se tão grandiosa quanto tantas outras que estão por aí. Diga o que viu às rádios, aos canais de televisão, à parada de sucesso, ao “Top Of The Pop”! Quero que faça eles nos ouvirem como você nos ouviu.

Enrico, novamente, agora colocando a mão no outro lado interno do terno, tirou um novo papel dobrado, este contendo muito mais folhas grampeadas, e em seguida uma caneta esferográfica estilizada e os repousando juntos sobre a mesa de centro.

— É por isso que estou aqui, Dio. Quero ser o produtor e também o agente da The Phantom Blood. Quero torná-los eternos.

Dio não precisou ler mais que uma linha para saber que se tratava de um contrato redigido por uma gravadora. Se antes nunca se sentiu como alguém com sorte na vida, a visita de Enrico veio para dar-lhe essa chance de ser o sortudo predestinado.

E estava tão extasiado por dentro que não conseguia pensar em outra coisa, a não ser beijar JoJo loucamente quando ele chegasse.


Notas Finais


Oi, gente!
Recuperades do capítulo anterior? Espero que sim.
Porque eu não tô, na verdade...

Novamente houve um salto temporal aqui, não estamos mais em 1974, e sim, em 1975, como bem mostrado pelo nome do festival... que, a propósito, foi a dica mais óbvia do que estaria por vir, não acharam? Pois é, e quem é vivo sempre aparece.

Bom, o festival em si é uma referência ao próprio “Rock’n’Rio” que teve sua primeira edição no ano de 1985.

Ah! Detalhe que pode passar batido; Jonathan usou a voz de comando ao telefone, mas de maneira muito sutil, mesmo assim Dio sentiu aquele arrepio todo. Eu só não descrevi como sendo “voz de comando”, porque Dio nem se tocou no que aconteceu ali. Mas Jonathan também não usou de forma consciente, tá? Foi apenas a maneira como ele disse o nome que causou esse arrepio no outro, o que pode ou não ter resultado nessa vontade prurida de Dio querer vê-lo. Quem sabe?

E aí? Algum palpite do porquê apenas os capítulos do Dio têm esses saltos temporais? Seria uma maneira doida de fazer uma referência da referência?

Olha, adorei escrever esse capítulo, por isso espero muito mesmo que vocês gostem. Tanta coisa ainda vai acontecer que estou mais ansiosa para que vocês saibam de tudo, hahaha, mas desculpas por algum erro que passou por mim na revisão, beleza? E também pelas notas gigantescas, estou me empolgando aqui.

Beijos e até mais.


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