História Amélie Dixon - Planos

— Recapitulando, o Shane vai trazer a Judith pensando que é a Amélie... — Carl falava alarmado.
— Exato. — Ed afirmava, revirando os olhos. — Você tem algum problema, cara? Eu já repeti isso três vezes, porra.

Observei a discussão dos dois sem dar importância e me bati o pé no chão para chamar a atenção deles.

— Edward, — ele arqueou as sobrancelhas, atento – você está aqui a muito mais tempo, tem alguma forma de nos arranjar um carro e deixá-lo preparado no dia da fogueira? — o vi revirar os olhos e se levantar, me encarando sério.
— Vocês insultam a minha inteligência, tsc. Não só tenho, como também mantimentos e armas.
— Certo, menos um problema. — cruzeiro os braços. — precisamos sabotar o local onde ocorrerá a fogueira. Você pode dar detalhes?
— Vão jogar a falsa Dixon em um buraco com zum-
— Fala sério, disso a Amélie toma conta rapidamente. Pensei que seria algo ma-
— Acontece que vai ser a Judith, Carl, não eu!
— Mesmo assim, ela pode-
— Cheguei a citar a parte do óleo e tacar fogo, — ele continuou. – e as correntes, citei?

Cravei as unhas nas palmas das mãos e balanceia levemente a cabeça. Isso vai ser... Uma recriação de cena!

— ... Arrume uma forma de sabotar as correntes. – pedi.
— Arrumarei. Claire vai distrair os vigias do portão norte e será a motorista para fugirmos.
— Claire?! Você disse que era só você!
— Sim, só eu que quero ir pra Woolsey, Claire quer sair de Blackout. Eu não sei você, mas eu não vou deixar um amigo pra trás. — Consegui ver a lealdade dele quando fitou seus olhos verdes nos olhos de Carl, sem nem piscar. Acredito que Carl também tenha sentido isto, já que se calou.
— Andrea... Também?
— Esqueça. O Shane criou uma obsessão e possessão nela, o máximo que ela poderá fazer é nos ajudar como pode e, acreditem, não é muita coisa.
— Então mataremos ele! — Carl bateu a mão na mesa.
— Você é louco? Matar o Shane é o mesmo que ligar uma sirene, ninguém nunca mais vai ter paz. Eles são muitos, muitos mesmo. — Ed passou as mãos nos cabelos. — Você é louco, cara.

Silencio. Tínhamos perguntas, mas elas ficariam para depois, precisávamos achar uma saída mais elaborada.

Voltamos para o quarto logo depois de Ed fazer suas queixas e nos falar sobre os dias de apagão total e os pontos de câmeras, para que pudessemos evitá-las e não termos "ações físicas" — como ele mesmo disse. Alguns de Blackout nos olharam de forma suspeita mas Edward os fez baixar a guarda após fazer um comentário debochado sobre manter as coisas em ordem para o Shane. Me senti curiosa sobre como ele conseguiu tornar-se alguém de confiança e importante mesmo sendo tão novo.
E então, muito tempo depois do sol se for, não consegui fazer muito além de me deitar na cama e ailenciosamente torcer para que Daryl não se machucasse, nem ninguém da família.

— Você é a mais corajosa — Dylan sorria ao me carregar nas costas. — Eu sou o mais forte.
— Não é não! Eu viu você chorando quando caiu ontem! — ri e aperte as bochechas vermelhas dele.
— Eu escorreguei, já disse. E eu estou te carregando, posso de carregar pra sempre.
— Eu vou crescer e ficar mais pesada.
— E eu vou crescer e ficar mais forte!
— Eu posso fugir e me esconder de você, bobão!
— E eu posso correr atrás! Vou ser o melhor corredor do mundo!

Havia uma crença em Woolsey, muito pouco necessária mas reconfortante "Enquanto existir Woolsey, haverá o mundo e a esperança nele”.

Ele conseguiu ser o melhor corredor entre os Vermelhos de Woolsey.
Dylan é o melhor corredor do mundo.

Os anos passaram, mas bem no fundo, e enterrado entre as minhas mágoas infantis e lembranças velhas, existia uma pequena Amélie que acreditava nas palavras do pequeno Dylan, ansiosa pelo dia em que ele cumpriria suas promessas ou que um dia pudesse ver que ele era seu primeiro amor...

— Mas não o último. — Sussurrei, observando Carl deitado no chão, fitando o teto.

E agora existia uma Amélie que queria dizer a verdade, mas que também não queria perder ninguém, que desejava mantê-los perto. Desejava voltar no passado.

— Carl... — O chamei, ele demorou para me encarar. — Você...
— Você sente atração por aquele Ed? — Disse como quem dá bom dia e eu fiquei muda. O que deveria dizer? Nem era isso que eu queria conversar!
— Carl, escute. — Me sentei na cama, cruzando as pernas. — Temos uma prioridade agora. Papai, a fogueira e Blackout.
— Não entenda mal, ele parece ser um cara bacana, eu só não quero perder minha irmãzinha assim. — Ele piscou. Franzi o cenho.
— Você pode parar? Eu queria fizer algo importante, mas você é tão preso em coisas sem importância!
— Como você.
— O quê?
— Woolsey. Você sempre fez suas próprias coisas e excluiu todos. — Carlos murmurou, virando de costas para mim. — Só pensei que seria legal, uma vez na vida achar que faço parte de seus planos.
— Você está sendo um imbecil agora. Você nunca foi assim e não coloque a culpa em mim, você se tornou assim sozinho e até que ache o Carl Grimes de volta, é melhor se concentrar na fogueira apenas.