Capítulo Treze: Um… Dois… Três… respire fundo e comece novamente.
Jimin e Yoongi não estavam nenhum pouco preparados para a realidade em que se encontravam naquele momento, a bem da verdade, eles sabiam que não seria fácil, de verdade, não seria mesmo, porque eles tinham dois bebês, se com um já era difícil, com dois as coisas se tornavam ainda piores, porém eles não sabiam que seria tão frustrante.
O Min estava cansado, de verdade, ele vivia cansado, seus pais assim como os pais de Jimin começaram a viver no apartamento do mais novo apenas para ficarem perto e Taehyung estava morando no quarto de hóspedes, ou seja, não havia um momento em que os dois não estavam acompanhados de alguém e isso, sinceramente irritava Yoongi.
Ele queria conversar com Jimin, queria de verdade, mas não podia, porque sempre que pensava que era a hora certa, um dos bebês choravam, ou Taehyung aparecia ou seus pais, até seus amigos, ele não tinha um minuto sozinho com seu melhor amigo e aquilo estava acabando com ele e o único momento sozinhos era no banho ou na cama, porém quando estavam no quarto sozinho, Jimin estava tão cansado que ele só deixava a vontade passar e se agarrava ao mais novo, para dormir.
Diferente de Yoongi, Jimin estava frustrado e irritado por outros motivos, um pouco além, ele queria dar banho no filho, mas não podia se abaixar, queria preparar a mamadeira, mas não podia simplesmente ficar muito tempo em pé, era frustrante se sentir inútil o tempo todo e não poder fazer o básico, não porque ele não conseguiriam, mas porque não deixavam.
O que mais Jimin queria naquele instante era poder acompanhar todos os passos depois da gravidez, mas ele só pôde ficar observando, e no máximo fazer um comentário, ele estava de saco cheio e conseguia perceber no seu parceiro, que Yoongi não estava diferente.
Estavam há quase sete dias comendo a comida dos pais, tomando banho um com a ajuda do outro porque insistiram que eles podiam fazer isso sozinhos usando a banheira, senão seus pais insistiriam em ajudá-los também, mas ao mesmo tempo em que o deixavam sozinhos, eles eram lembrados que não podiam ter relações, o problema era que nem pretendiam isso, era só um espaço vazio, onde não tinha ninguém com eles, falando o tempo todo o que podiam ou não fazer, porque sinceramente Jimin iria surtar a qualquer momento, principalmente com as pessoas até tentando controlar sua vida sexual, como se ele não tivesse escutado do médico que deveria ficar no mínimo seis semanas sem, ele não era criança, ele era pai.
Mas além de toda aquela merda que estava acontecendo de não ter a própria privacidade, entre outras coisas, Jimin estava notando que Yoongi se mantinha distante, inclusive quando estavam sozinhos de verdade no banho ou na hora de dormir e nos dois momentos, ele conseguia observar pelas pupilas alheias que ele não estava nenhum pouco focado no que estava rolando ali e por um momento o mais novo achava simplesmente que ele havia se arrependido.
Porém o pensamento sumia tão rápido quanto vinha, ao vê-lo cantar baixinho alguma música para os dois pequenos seres que a cada dia traziam um pouco de paz e alegria para os dois papais que estavam aprendendo ainda a lidar com certas coisas, porém nem sempre observar os bebês e seus resmungos funcionaria como calmante natural e em algum momento tudo iria explodir e isso ocorreu no décimo terceiro dia pós-parto.
— Yoongi pelo amor de Deus, tira a porra da toalha molhada de cima da cama — Jimin reclamou quando entrou no quarto, vendo que o mais velho passava a pomada cicatrizante na própria cicatriz.
Yoongi o olhou com cara de paisagem e Jimin se irritou um pouco mais, porque ele parecia simplesmente ter o ignorado.
— Ah vai a merda — bradou, indo até a cama e retirando a toalha ele mesmo, porém jogando no chão.
— Park Jimin! — Yoongi virou-se irritado, havia visto o que o mais novo fez pelo espelho e achou no mínimo infantil para não dizer outra coisa. — Tira essa merda do chão, não tem nem cinco segundos que eu saí do banheiro com você, a toalha não pode ficar cinco segundos sobre a cama? — perguntou irritado e jogou a pomada para ele em cima da cama, colocando a cinta no corpo.
— Cinco segundos são o suficiente para a cama ficar molhada por causa da sua preguiça, todo dia a mesma coisa e sempre no meu lado da cama, parece que quer me irritar! — reclamou. — Quer jogar sobre a cama? Joga, mas do seu lado, que inferno parece que quer que eu volte pro meu apartamento, sabe que eu odeio isso. — Jimin não percebeu o que havia dito, porém ao encarar Yoongi, ele respirou fundo e fechou os olhos, as feições do mais velho haviam sido o suficiente para ele perceber que uma grande merda saiu da sua boca.
— Parece que você que quer ir embora Park, só sabe reclamar a semana inteira, nada tá bom, a temperatura da água não tá boa, a posição para dormir não é boa, eu tô te incomodando com o barulho que faço ao digitar, se você quer ir embora, vai, mas não use desculpas pra isso, pelo amor de Deus, não temos mais 15 anos para você tentar me irritar e me ver mandando você sumir do meu quarto, quer ir, vai!
Jimin continuou olhando para o mais velho enquanto ele explodia e percebeu que Yoongi estava tão irritado quanto ele e ele sabia pelo olhar dele que ele não queria que ele fosse embora de verdade e o Park também não queria ir, por isso ele pegou a pomada em silêncio e passou sobre sua cicatriz, sentindo o olhar de Yoongi em si e quando terminou, colocou a cinta e pegou a toalha do chão com o pé, juntou com a sua que estava no seu colo, levando até a varandinha para secar no varal de teto que servia unicamente para as toalhas.
Ele retornou ao quarto sentindo suas bochechas queimarem pela vergonha, Yoongi não era o motivo do seu estresse, ele sabia disso e ele não tinha nenhum direito de descontar no mais velho, até porque Yoongi era a única razão pela qual Jimin ainda não havia surtado e sinceramente ele aprendeu tanto com o mais velho que se sentia culpado quando fazia algo que pudesse o magoar.
Muitas vezes durante o tempo de amizade que tinham ele agiu sem pensar, ele simplesmente agia como uma criança até mesmo quando não eram mais crianças, em algumas ocasiões teve que ouvir Jungkook — dois anos mais novo que ele — brigar com ele porque estava sendo infantil.
Já parou de responder o mais velho pelas diversas causas, havia ignorado ele em momentos que Yoongi precisava de si e ele não sabia, mas não soube simplesmente porque estava ocupado demais sendo egoísta e ignorando o mais velho por escutar as vozes de sua cabeça e acreditar sinceramente que o Min estava o trocando ou qualquer outra insegurança que lhe atingia, e no final de tudo que já havia aprontado, crises de ciúmes, se sentir enganado — mesmo que não fosse verdade —, Yoongi ainda estava ali, sempre esperando por ele.
Jimin não era mais uma criança, com toda certeza do mundo, então ele sabia agora o quão errado havia agido no passado para saber que nunca mais deveria agir da mesma forma com alguém que o amava tanto, que moveria o mundo por ele, e ele se sentia um louco quando pensava daquele jeito, mas o Park estava certo, ele não merecia Min Yoongi e sua missão de vida seria fazer do mais velho o homem mais feliz do mundo.
Por isso engolindo todo o orgulho que ainda possuía no seu coração, Jimin aproximou-se de Yoongi, e se ajoelhando atrás dele sobre a cama, o Park colocou as duas mãos em seus ombros, apertando de leve e se inclinando para deixar um selar nos cabelos pretos e cheirosos que ele havia acabado de lavar no banho que tomaram juntos.
— Eu não quero ir a lugar nenhum, Gi, meu lugar é aqui com você, sempre com você — sussurrou, beijando a nuca do mais velho, vendo seus pelinhos se arrepiarem e sorriu fraco. — Desculpa, de verdade, a culpa não é sua, pelo meu estresse.
— Você quer conversar sobre isso? — Yoongi perguntou, era sempre assim, Jimin se desculpava e ele perdoava, não tinha como não perdoar, ele perdoava até mesmo antes do Jimin aprender a lhe pedir desculpas e apenas chegava do nada, fingindo não ter feito nada. Agora que Jimin havia mudado seu jeitinho, ele não tinha porque não desculpar e passar uma borracha pelo que havia acontecido.
— Eu não sei, podemos falar sobre isso? — questionou com um biquinho e Yoongi sorriu, mesmo que não pudesse vê-lo, ele soube pelo tom de voz que o mais novo havia usado.
— Sempre podemos falar sobre qualquer coisa Jiminie — respondeu e se soltou do mais novo, ficando de pé e virando de frente para ele, seus filhos estavam dormindo, então Yoongi pegou a babá eletrônica com uma mão e com a outra, ele segurou a mão do mais novo.
Tirou Jimin da cama delicadamente e caminhou com ele até a varandinha onde havia um sofá — no mesmo lugar em que Jimin estendeu as toalhas — e eles se sentaram, Yoongi colocou a babá eletrônica ao seu lado e o mais novo se sentou do outro, respirando fundo, encarando o céu estrelado.
Eles não disseram nada, ficaram em silêncio pelo que pareceu séculos, mas na verdade havia se passado nem cinco minutos, porém Yoongi era uma pessoa extremamente ansiosa e por isso buscou a mão do seu melhor amigo e suspirou entrelaçando seus dedos, Jimin soube naquele instante que o Min não estava aguentando mais o silêncio e riu baixinho.
— Eu queria ser pai, Gi, de verdade, eu queria muito ser pai, e eu agradeço todos os dias a qualquer divindade existente por ter me dado dois bebês lindos, mas eu não estou sendo pai, e isso tá acabando comigo.
— Como assim? — Yoongi quis saber, mesmo que soubesse exatamente do que o mais novo estava falando, ele sentia o mesmo, mas queria que Jimin entendesse que ele estava ali para o ouvir.
— Quando decidimos ter um filho, nós dois, não foi o Tae, não foram nossos pais, fomos nós dois e aconteceu de termos dois bebês, mas isso poderia acontecer de qualquer forma se fossem gêmeos, não podíamos prever, sabe? — disse baixinho, deitando a cabeça no ombro do mais velho. — Porém, parece que não confiam em nós dois para nossa função… — suspirou fundo e fechou os olhos.
Yoongi apertou a mão do mais novo e começou a brincar com os dedinhos fofinhos do Jimin, apenas para ele saber que estava o ouvindo e que era para ele continuar sem medo.
— Nós compramos o suporte para banheira junto do trocador de fralda exatamente para trocarmos eles e podermos dar banho neles, de forma que pudéssemos fazer sem nos prejudicar pela cirurgia, mas porque nossos pais não confiam no suporte simplesmente não conseguimos dar um banho nos nossos filhos sozinhos, não conseguimos fazer uma mistura na mamadeira porque eles não deixam, praticamente nossos pais estão nos criando e criando nossos filhos novamente apenas porque eles acham que devem.
O Min se atentou a frase do parceiro, mas permaneceu em silêncio porque sabia que Jimin iria se atentar ao último detalhe de sua frase, não discordava do mais novo, sentia tudo aquilo também, mas ele era grato de certa forma aos seus pais por estarem os ajudando — mesmo que da maneira errada — e terem largado tudo para irem à capital, porém não tirava a razão do Jimin.
— Okay, isso soou levemente egoísta. — Depois de um tempo o mais novo sussurrou como Yoongi já esperava. — Eu sei que eles querem ajudar, porque são experientes e blá blá blá, mas Yoongi, simplesmente eles não nasceram sabendo ser pais, então tá na hora da gente aprender a ser pais, eu não quero mais eles fazendo as coisas pra gente, eu entendo que ainda precisamos de ajuda para algumas coisas, mas a gente só teve um filho, dois filhos, mas não morremos, estamos apenas nos recuperando e é uma recuperação que se podemos caminhar cinco a dez minutos por dia, podemos fazer uma mamadeira, poxa vida eu quero criar meus filhos Yoongi, criar eles com o pai deles e não com os avós.
Yoongi pensou bem no que responderia ao mais novo, ele entendia o que Jimin queria dizer, entendia bem o sentimento porque pensava da mesma forma, e assim como o mais novo ele tentaria não ser ingrato, mas eles sabiam que no fundo não tinha como fugir de fazer aquilo, aquela situação estava os deixando visivelmente mais irritados do que o costume, então precisavam resolver e aquela foi a primeira decisão que os dois tomaram juntos para o bem-estar da nova família que estavam montando e o que eles sentiram naquele instante não pôde ser descrito, por isso eles se olharam e sorriram um para o outro, sem arrependimentos, sem pedidos de desculpas, apenas sorriram por saber que estavam fazendo o que era melhor.
Então Yoongi pensou que talvez aquele fosse o momento perfeito onde ele poderia falar o que queria, ele olhava para o mais novo deitado no seu ombro, mirava no fundo dos seus olhos e podia ver as constelações ali, Jimin tinha uma linda galáxia nos olhos e o Min podia se apaixonar por ele sempre que olhasse seus olhos, ele tinha certeza disso e soube que Jimin também porque ele sorriu, seus olhos fechando e o característico eye smile aparecendo, fazendo o coração de Yoongi bater um pouquinho mais forte do que deveria.
E enquanto notava o Park se aproximar, para buscar seus lábios, ele percebeu que Jimin merecia mais do que uma declaração sentados na varanda e ele daria o que ele merecia, em breve, só precisava se livrar dos seus pais e dos futuros sogros primeiro, mas por ora ele beijaria seu futuro namorado até que eles ficassem com sono e voltassem para o quarto deles.
Seus sogros, seus problemas, suas vontades podiam esperar mais um pouquinho, Yoongi e Jimin naquele momento só queriam aproveitar o momento juntos, Jimin sabia que não procurou o mais velho para conversar antes que explodisse porque não queria ser mal-agradecido e não queria arrumar briga com ele, mas ele se esqueceu do principal motivo pelo qual ele era apaixonado pelo Min: Yoongi jamais iria julgar suas ideias, loucuras e pensamentos, não antes de procurar entendê-los. Por isso ele se sentiu idiota, porque podia ter resolvido tudo aquilo tempos antes, mas foi um idiota, porém aquilo não importava agora, ele estava bem, sentindo o carinho do seu hyung e se entregando aos seus beijos mais uma vez.
Quando acordaram no dia seguinte — depois de irem dormir um pouco mais tarde do que o normal porque ficaram trocando beijinhos na varanda — eles estavam sozinhos em casa, as crianças ainda dormiam e eles até acharam esse fato estranho, porém entenderam quando viram as mamadeiras cheias de água na cozinha. Taehyung havia as alimentado mais cedo e pela hora provavelmente foi durante a madrugada e eles se sentiram levemente culpados por terem dormido e não escutado o choro dos bebês, porém a culpa desapareceu quando o mais novo apareceu com sua usual vestimenta de trabalho.
— Bom dia — cumprimentou o casal que tomava café. — Eu acordei de madrugada para ir ao banheiro e escutei uns burburinhos fofos, então notei que os dois estavam acordados e aproveitei para dar o leite para eles, mas isso já tem umas duas horas, os vizinhos devem estar chegando aí, eu avisei que sairia e vocês sabem como eles são, então se vocês querem fazer a próxima mamadeira, agilizem — Taehyung disse rindo e os dois notaram que ele havia percebido o descontentamento de ambos, e isso foi o gás que eles precisavam porque se Taehyung havia notado, não iria demorar para que os pais percebessem.
— Tudo bem — Yoongi sussurrou. — Obrigado, já tomou café? — questionou sorrindo fraco e Jimin que ainda estava sonolento permanecia em silêncio debruçado sobre o ombro do mais velho, era seu local favorito porque sentia o cheirinho exalando do pescoço dele.
— Tomei sim irmãozinho fofo — disse apertando a bochecha do Min que resmungou e Taehyung riu. — Park, perdeu a educação?
— Puts — resmungou. — Taehyung eu nem te vi aqui, bom dia — Jimin exclamou com deboche e se soltou do mais velho, pegando um pouco de leite.
Taehyung riu da provocação e a devolveu, enquanto Yoongi ficou em silêncio, observando seu irmão implicar com Jimin descaradamente na tentativa de ver o bico emburrado dele — o que fazia todo mundo morrer de amores —, e ele conseguiu um tempo depois.
Normalmente Yoongi que tentava irritar o mais novo para ver ele emburrado, mas naquele momento ele preferia comer porque sabia que ele deveria tomar as rédeas da situação quando os pais chegassem e que Jimin voltaria ao silêncio, pois Jimin era amoroso demais, ele odiava magoar as pessoas, principalmente por causa do seu gênio forte que dava as caras de vez em quando, então quando ele não sabia o que falar, deixava Yoongi resolver, era até bom para o mais velho, pois mostrava o quanto Jimin confiava nele.
E não demorou a acontecer, enquanto comiam as frutas que picaram — Taehyung já tinha ido embora depois de receber um chute do pequeno príncipe emburrado — a porta da sala foi aberta e eles esperaram o exato momento em que seus pais se aproximaram deles.
Jimin olhou para o mais velho e isso não passou despercebido pelos Mins e Parks ali presentes, por isso quando o Min mais novo suspirou, eles sentaram na frente do casal esperando que um deles quebrasse o silêncio, Yoongi não demorou a começar a falar alguns pontos que eram necessários, deixando claro que não queria que eles fossem embora, mas que eles precisavam passar por toda a experiência de ser pais, a ajuda era bem-vinda, mas desde que fosse apenas uma ajuda e não ordem ou qualquer coisa do tipo.
Os mais velhos não podiam dizer que estavam felizes com a conversa, mas também não estavam tristes, apenas sabiam que os dois estavam cobertos de razão e eles tinham total direito de pedir que eles fossem embora e deixassem tudo na mão deles, mesmo eles não tivessem pedido aquilo e que no fundo a decisão fosse deles, mas eles sabiam que seria melhor e que Taehyung ainda iria continuar por perto, e ele seria o suficiente.
Eles estavam até que orgulhosos por ver os filhos tão certos do que queriam para a vida deles e não deixaram de notar que tudo era referido como nós e eles perceberam de verdade que aquela ideia doida de ter um bebê foi a melhor ideia que eles tiveram porque agora sabiam que eles também tinham — total — noção de que o amor deles não era fraternal. E com isso em mente eles disseram apenas que ficariam aquele dia por perto apenas para ter certeza que eles lidariam com tudo e para lhes dar as devidas instruções do que fazer, mas que eles fariam tudo sozinhos e iriam embora no dia seguinte.
Jimin e Yoongi não podiam estar mais aliviados em notar que não haviam magoados seus pais e que na verdade eles entendiam bem o sentimento de querer fazer tudo sozinhos e que esse era o certo, porque eram filhos deles, não dos avós e eles precisavam decidir juntos o que fariam a partir dali e tudo que envolviam as crianças.
A bem da verdade, eles tiveram um dia cheio, cheio de momentos aleatórios, onde puderam sentir o medo de tocar errado no umbigo dos bebês e puderam passar pelo desespero de uma criança chorar de fome e a outra chorar pela fralda, enquanto um deles estava no banheiro, eles perceberam juntos quando deitaram naquela noite que não se arrependeram de nada e jamais iriam se arrepender, porque aquela foi a melhor escolha que eles fizeram.
Eles puderam levar os bebês a consulta com o pediatra quando eles completaram os quinze dias de vida e eles tiveram a notícia que estavam fazendo um bom trabalho, bom naquele caso seus pais ainda estavam lá e o crédito era deles, e esperavam que na consulta seguinte, no primeiro mês de vida eles tivessem os mesmos elogios.
Porém eles se surpreenderam, porque na determinada data eles tiveram mais que elogios, porque os bebês já tinham perdido o umbigo — um dia depois da consulta dos quinze dias — e estavam mais receptivos e bem saudáveis, isso com certeza foi ótimo para os papais de primeira viagem que saíram sorridentes da consulta, já deixando marcada a que deveria fazer no mês seguinte.
Os dois tiveram um mês tranquilo, mas o segundo mês não foi tão tranquilo quanto esperavam que fosse, por mais que ainda dormissem muito, os dois bebês acordavam mais vezes do que eles estavam esperando e claro, com isso a rotina do primeiro mês, foi mudada, eles descobriram que a cada mês eles teriam que se adaptar às vontades dos filhos e estava tudo bem, eles já esperavam por isso.
Com o segundo mês, os dois já começaram a se preocupar com o que fariam com a volta ao serviço — o que seria em breve —, porque eles tinham tirado juntos e precisavam voltar juntos, a sorte era que havia uma espécie de berçário na empresa, porém havia algumas burocracias que eles precisavam resolver e isso também tomou o tempo que eles ainda tinham juntos e isso adiou ainda mais a conversa que eles precisavam ter.
Mas Yoongi não deixou de pensar no seu relacionamento com seu dongsaeng, as coisas estavam caminhando bem, por mais que nenhum dos dois tocassem no assunto, mesmo que aparentemente não fosse necessário, porém o Min sentia a necessidade de ser claro com Jimin, de falar tudo que queria, estava há tanto tempo guardando o sentimento, que Yoongi queria falar e já não aguentava mais não achar um momento propício para isso. Ele estava ficando desesperado.
E mesmo que eles não se denominassem mais melhores amigos, eles ainda não sabiam como se referir, porque não tinha um rótulo para pais que dividem uma casa, se beijam, mas não tem nada oficial, na verdade existia sim um rótulo, mas não era oficial e eles tinham medo de que se usassem o rótulo errado gerasse problemas.
Yoongi não queria que Jimin se sentisse mal por não ter sido comunicado que eles estavam “casados” como Yoongi costumava a referir-se ao mais novo em seus pensamentos e Jimin não queria chamar Yoongi de namorado sem antes conversar com ele, pois não queria parecer que ele estava o pressionando a algo, era extremamente assustador e confuso, por mais que os dois tentassem fingir que estava tudo bem.
Porém Yoongi sabia que não estava, conhecia o mais novo o suficiente para ter noção disso e também sabia que se Jimin havia lhe dito que o amava, então ele estava esperando que fosse o Min a pessoa a tomar iniciativa daquela vez, porque por mais que a vida deles não fosse perfeita desde sempre, em questão de sentimentos o mais novo sempre tomou iniciativa, sempre, e agora era a vez do mais velho fazer isso e ele estava se remoendo por dentro por não conseguir pensar numa forma perfeita de dizer tudo que sentia.
Ele não queria que fosse assistindo a um filme, ele queria de verdade que fosse de outra forma, com ao menos um jantar, onde ele pudesse focar unicamente no mais novo e nos seus belos olhos, enquanto dizia o quanto lhe amava e desejava passar tudo ao lado dele, segurando sua mão e sorrindo para o resto da vida, porque Jimin sempre o fazia sorrir.
Pensando nisso e se achando um idiota por não ter tido aquela ideia antes, ele pediu ao irmão que tirasse Jimin de casa durante a tarde, Taehyung claramente achou no mínimo estranho e obrigou que Yoongi lhe contasse tudo que estava planejando e quando ele fez, o mais novo ficou tão animado que convenceu ao cunhado — rápido demais até — de que precisavam ir ao shopping e podiam levar os bebês — dessa forma Yoongi ficaria livre de obrigações — e Yoongi soube que escolheu a pessoa certa para lhe ajudar na missão de distrair Park Jimin.
Diferente do que fizeram na primeira vez que ficaram juntos, Yoongi decidiu usar o apartamento do mais novo para fazer as coisas, porque no que eles dividiam seria fácil demais para o Park chegar e pegar ele preparando tudo do jeitinho que ele queria e Yoongi se conhecia bem o suficiente para saber que ele não pararia até que ficasse tudo absolutamente perfeito e se Jimin descobrisse antes do momento certo, tudo daria errado.
A ida ao mercado nunca foi tão demorada para si, pois ele escolheu tudo minuciosamente, ele sabia que Jimin não gostava de frutos do mar, então passou longe dessa opção, pensando que era melhor fazer algo com cordeiro para eles, e ele soube que foi a melhor decisão quando pensou em um simples risoto, pois daria tempo dele preparar e ainda fazer uma sobremesa rápida e ele sabia que o mais novo não se incomodaria em comer algo do tipo, não com ele sabendo que mais velho estava tentando o seu melhor em tempo recorde.
Porém o desespero tomou conta quando Yoongi olhou a variedade de vinhos, ele entendia um pouco e sabia qual Jimin gostava para acompanhar as massas ou beber ocasionalmente, só que o Park sempre foi melhor que ele para escolher as bebidas que acompanhariam as comidas e como dessa vez ele não faria massa, estava morrendo de medo de escolher vinho errado que não harmonizasse perfeitamente com a comida que faria e por isso ele mandou mensagem para o irmão.
Min Yoongi:
Taetae, pergunta ao Jimin qual vinho ele gostaria para risoto de cordeiro?
Mas não deixa ele perceber pelo amor que você tem aos seus sobrinhos.
Taetae:
Você tá me dando uma missão impossível Min Yoongi.
Min Yoongi:
Hum nada é impossível para você maninho….
Yoongi aguardou alguns segundos a resposta e começou a se sentir um idiota, porque não sabia se o irmão conseguiria dobrar a ferinha que estava com ele e conseguir a resposta, mas por mais que desacreditasse e quase desistisse e perguntasse ele mesmo ao Jimin a resposta chegou.
Taetae:
Hummm…. ele é chato Yoon…. Vou te mandar um áudio porque eu não vou digitar tudo isso.
Áudio:
— Enfim, amor — Quando ele ouviu Taehyung falar o apelido fez uma careta, mas já imaginava que foi a desculpa que o mais novo dera a Jimin. —, ele disse que o vinho rosé vai bem com qualquer risoto, porém se você escolher fazer risoto de carne, linguiça, cordeiro, ele sugere das uvas Pinot Noir, algo do tipo. — O irmão pareceu tão confuso que Yoongi riu, mas seu sorriso aumentou ao ouvir a voz melodiosa do amado no fundo.
— Nha Taehyung fala direito — resmungou. — Eu recomendo o vinho Clément Bosquet Pinot Noir safra de 2016 — Jimin disse e Yoongi soube que ele estava sorrindo, mas ele apenas procurou rapidamente o vinho pelas seções, mas estavam separadas por países e ele quase entrou em pane, pensando em como tudo daria errado. — É um vinho francês. — Ouvir a voz do mais novo dizer exatamente o país onde o vinho foi feito, foi tão maravilhoso pro desespero do Min que ele soltou a respiração que nem sabia estar prendendo. — Não sei o que você pretende Jinyoung, mas ele tem 12,5% de álcool… — Jimin deu uma risadinha sapeca e Yoongi riu junto, era um bobo apaixonado mesmo e nem negava. — Ele em um tom avermelhado intenso, como vermelho-granada, o cheiro presente de frutas vermelhas e pretas, e o mais importante tanino leves e acidez leve, acho que de 6 e 4 não respectivamente nessa ordem, mas é muito bom, ele tem uma ótima harmonização com o cordeiro, além de na boca o gostinho ser delicioso, por Deus essa conversa tá me dando água na boca.
— Segura a onda cunhadinho — Taehyung disse e o áudio acabou, Yoongi nunca quis tanto que o áudio virasse um poadcast apenas para ouvir o que Jimin responderia, e ele sabia que Taehyung havia feito de propósito.
Em sua busca pelos vinhos franceses disponíveis, Yoongi quase deu pulinhos animados quando encontrou o vinho escolhido pelo Park e notou que nem era tão caro quanto imaginou e que com certeza se fosse tão bom quanto Jimin fez parecer ser, ele com certeza compraria novamente.
Após ter todas as compras feitas e pagar por elas, Yoongi retornou ao apartamento para cozinhar, era algo que demandava tempo e claro se sobrasse um tempo, ele iria decorar o apartamento, porém ele não sabia se daria ou se conseguiria ser tão criativo como foi na primeira vez deles.
Entretanto ele não estava esperando que o porteiro avisasse que tinha uma entrega para o apartamento do Jimin em seu nome e quem havia mandado era seu irmão, ele achou estranho, mas mandou subir e quando o entregador lhe deu a caixa enorme e Yoongi a abriu, ele riu genuinamente.
Taehyung era inacreditável, definitivamente, mas não pelo lado ruim, Yoongi tinha muito que agradecer ao irmão e enquanto cozinhava o cordeiro se preocupou em encher os balões — que seu irmão havia mandando junto com mais algumas coisas de decoração — e arrastar os móveis, precisava deixar a sala livre para que fosse a primeira coisa que Jimin visse ao entrar.
Yoongi nem percebeu as horas passarem, estava cansado sim, mas Jimin merecia todo seu esforço, ele sabia que o mais novo faria o mesmo por si, sem sombra de dúvidas, e por isso ele não se importava, poderia estar dormindo, mas preferia estar ali fazendo de tudo para deixar o ambiente mais perfeito possível.
Ele entrou no apartamento que dividiam correndo para o banheiro na intenção de preparar a banheira, e assim que ele acabou, pôde ouvir a voz animada do irmão e do futuro namorado, ele sabia que estavam apenas oficializando o que já era um fato, mas ele se sentia extremamente eufórico, por esse motivo ele correu até a entrada da sua residência e sorriu, desejando do fundo do seu coração que Jimin gostasse de tudo que havia feito e que eles tivessem mais uma noite perfeita — mais uma dentro de várias que eles teriam ao longo da vida — se Jimin aceitasse ser seu, definitivamente seu parceiro pelo resto da vida.
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