História Amnésia - Imagine Jeon Jungkook - 06

Todo o sangue do meu corpo se esquentou em questão de segundos ao encarar a face travessa de Park Jimin, que estava ao lado de S/n, que parecia estar sentindo a tensão que estava dominando aquele local.

— Ah, sei. — respiro fundo e passo a ponta dos dedos em meus cabelos, os colocando para trás. — Podem colocar as sacolas em cima da mesa. Jimin, posso falar com você?

Jimin colocou a sacola em cima da mesa e assentiu para mim. Pego o braço do mesmo e o puxo para a sala, longe da cozinha para que S/n não escutasse nada do que iríamos falar. Jimin me olhou com um sorrisinho de canto, bem filha da mãe.

— É serio isso Jimin? — lhe encarei sério.

— Do que está falando, Jeon? — levantou uma das sobrancelhas, se apoiando na parede.

— Pare de tentar ser o melhor amigo da minha esposa. Sabe que não quero você perto dela! — olhei para o lado, verificando se a mesma estava na cozinha ainda. Vejo S/n cortando as frutas enquanto cantarola e eu volto a encarar Jimin. — Não gosto da amizades de vocês.

— Sério Jeon? S/n gosta da minha amizade e não vai ser um ciúmes bobo que vai me fazer deixar de ser amigo dela.

— Amigo? Amizade? — ri sarcástico. — Eu sei muito bem das suas intenções Park Jimin, não ache que sou bobo. Afaste-se de minha esposa!

— Você tem tanto medo assim de perdê-la para mim? — Jimin se aproximou de mim. — Você não se garante? Não tem confiança no seu taco? — seu tom de gozação me fez apertar o ponho com raiva, sentindo um enorme ódio dentro de mim e uma idéia meio psicopata passar vagamente por minha cabeça.

— Escuta aqui seu... — seguro Jimin pelo colarinho, apertando meus dedos ali. — Nem ouse falar desse jeito comigo novamente, ou eu te jogo da janela nem me importando que eu possa ir para a cadeia.

Jimin dá uma risadinha e vejo S/n se aproximando. Solto Jimin e ponho as mãos em meus bolsos, disfarçando.

— Está tudo bem? — S/n tocou na parede, enquanto nós encarava um pouco preocupada.

Balancei a cabeça positivamente e começo a andar, passando pela mesma, indo até a cozinha. Olhei para Jimin e esperei ele ir embora, bem, depois do que eu disse, ele seria muito filho da puta se continuasse aqui.

— Eu fiz a sobremesa, você vai ficar para comer mesmo? — S/n olhou Jimin e eu o olhei também.

— Claro que sim.

Mas que vagabundo, desgraçado, arrombado, puta que pariu.

Vejo Jimin se sentar ao lado da S/n na mesa e eu respiro fundo, tentando não cometer um homicídio aqui. Me sento na frente dos dois e me sirvo com a comida. Desligo a música e fico comendo em silêncio.

Eu fiz tudo isso para ser algo especial para nós, para que possamos conversar melhor. Talvez, para que ela se lembre dos momentos felizes que passamos juntos e voltar a ser a minha velha S/n de sempre. Mas esse desgraçado surge lá do inferno para estragar tudo.

Parece um demônio enviado pelo satanás para encher minha paciência.

Depois de alguns minutos, eles começam a conversar alegremente enquanto eu continuo calado e desconfortável com tudo isso. Olho para o prato em minha frente e minha fome passa, não toco na comida e eu tomo apenas um pouco de suco.

— Foi bem assim, eu quase cai. Passei um mico daqueles. — Jimin comentou, arrancando risadas altas e sinceras de S/n.

Ver aquela cena toda estava me deixando tão pra baixo. Ver como ela se diverte com ele desse jeito.

— Humpf... — me levantei, levando meu prato até a pia e saindo da cozinha.

— Jeon, o que foi? Você mal comeu. — S/n me olhou.

— Estou sem fome. — saio do meu apartamento e fico no lado de fora.

Passo a mão em meu rosto, e fico encostado na parede, pensando em várias coisas. Passar por isso tudo é tão horrível, mas não quero deixar S/n no estado que ela está. Ela perdeu a memória e deve estar sendo horrível para ela também, não se lembrar de nada, de ninguém. Apenas aquele homem está atrapalhando tudo e eu sei que a violência não vai me levar a lugar nenhum.

— Okay Jeon, você consegue. — sussurro para mim mesmo. Bato as mãos nas minhas coxas e volto para dentro de casa. — Ji-

Olho para a cozinha e automaticamente meus olhos se enchem de lágrimas ao ver eles se beijando. Jimin estava beijando minha esposa. Eu sinto um enorme peso cair sobre meu peito e eu ponho a mão em meu rosto, segurando a vontade imensa de gritar e chorar. Dou passos para trás sem falar nada e saio do meu apartamento.

Não quero atrapalhar eles.

Saio do prédio e chamo um táxi rapidamente, que não demorou muito para chegar. Falo o endereço de Hoseok para o mesmo e ele começa a dirigir. Aquela cena passa por meus olhos novamente e eu começo a chorar dentro do táxi. S/n estava beijando aquele merda, mesmo sabendo que eu sou o marido dela.

Eu sei que ela não lembra de nós, não lembra de mim mas o que custa pelo menos respeitar os meus sentimentos, a minha dor?

— Você está bem jovem? O que houve? — o taxista olhou para mim e eu apenas continuei chorando.

— Não é nada. — sussurro olhando para a janela, tentando conter meu choro. — apenas continue dirigindo.

— Tudo bem. — falou ainda preocupado comigo. — qualquer coisa, eu sou todo ouvidos, não gosto de ver ninguém chorar.

— Obrigado. — sussurro baixinho.

[...]

Ao abrir a porta, Hoseok me olhou com os olhos arregalados e eu o abracei forte, colocando meu rosto em seu pescoço. Ali eu comecei a despencar em lágrimas e soluços.

— Jeon? Céus, o que houve? — Hoseok retribuiu o abraço, passando as mãos em meus cabelos, tentando me trazer um pouco de conforto.

— A... S/n estava beijando o Jimin! — ciciei entre soluços, recebendo um aperto forte do meu amigo.

— Meu Deus. Venha, entra. — Hoseok me puxou para dentro de sua casa e me puxou até sua sala. — Quando foi isso?

— Agora pouco, estávamos fazendo um jantar e quando eu voltei para a cozinha eles estavam lá se beijando! Eles nem se importaram comigo, eles nem ligaram para o que eu iria sentir ao presenciar aquilo. — balancei a mão de um lado para o outro, nervoso.

— Calma Jeon, respira. — Hoseok apertou minha mão. — Não viu se foi o Jimin que começou esse beijo? Se ele não a forçou?

— Não, eu não vi... Mas, mas ela estava retribuindo... — passei a mão em meu rosto.

Hoseok me encarou por alguns segundos e voltou a me abraçar, aos poucos, fico calmo e Hoseok me prepara um chá e eu tomo tudo, ainda me sentindo horrível por dentro.

— Dorme Jeon, você precisa descansar okay? Pode ficar no meu quarto por enquanto, eu vou ficar acordado. — ele afagou meus cabelos e eu assenti para o mesmo, me levantando e indo para o quarto dele.

Me deitei em sua cama e apertei os dedos no travesseiro, tentando tirar aquela cena da minha mente e dormir um pouco. Eu nunca imaginei que choraria tanto na minha vida. Eu sempre dizia que não tinha medo de nada, mas agora sei o meu medo:

Perder a S/n.

E acho que esse medo está se tornando realidade aos poucos. Talvez, Jimin realmente a faça mais feliz do que eu. Sei que ela perdeu a memória, mas e se... Isso tudo fosse obra do destino, querendo que a S/n fique com o Jimin e não comigo? Eu já não sei mais.

Talvez eu devesse mesmo desistir.