Pov Camila
-Carro?-Mike perguntou.
Fiz que sim. Ele coçou a cabeça e se levantou do sofá, tirando as chaves do bolso e me entregando.
-Certo, vá encontrá-la. Mas tome cuidado...-Ele piscou para mim e eu sorri.
Voltei para o jardim e vi Ally andando pelo gramado murmurando alguma coisa.
-Mila!-Ela gritou assim que me viu.-O que está acontecendo? Eu liguei para Lauren e ela não retornou a ligação...
-É, eu... Eu sei Ally. Não posso falar agora... Preciso correr contra o tempo. É sério, não fique preocupada.
Dei um beijo em sua bochecha e corri até a garagem. Saí com o carro e suspirei. Fazia muito tempo que eu não dirigia. Mas eu ainda me lembro das aulas de direção...
Eu queria levar Alf. A viagem era longa e até voltarmos a água e a comida já teriam acabado. Conduzi o automóvel pelas ruas movimentadas e logo cheguei ao apartamento de Laur. Meu Deus, como eu queria dizer à ela que eu a amava...
Subi pelo elevador e suspirei fechando os olhos. Que loucura...
Entrei no apartamento com pressa e peguei Alf no colo junto com as coisas que ele precisaria. Desci quase derrubando tudo e quase comemorei ao chegar no automóvel.
Coloquei tudo no porta malas e entrei no carro com Alf em meu colo. Dirigi com pressa, mas não como uma louca, pegando a rodovia e suspirando. A viagem iria demorar muito e pela minha ansiedade eu precisaria de no mínimo dez chocolates.
Até eu encontrar o primeiro lugar demorou no mínimo umas duas horas. E olha que eu nem estava na metade do caminho. Desci com Alf e ele fez suas necessidades básicas enquanto eu comprava muita comida. Voltamos para o carro e eu coloquei um chiclete de menta na boca.
Dirigi por mais umas boas horas até finalmente ver a entrada da pequena cidade que eu tanto amava. Quase comemorei enquanto Alf parecia agitado no meu colo.
-E agora?-Peguntei.-Será que ela irá me ouvir?
Ele latiu e eu sorri.
-Tomara pequeno Alf...-Sussurrei.
Peguei a estrada que dava até a casa de minha avó e acelerei o carro. Parei em frente à casa repleta de flores na entrada e desci com Alf.
Corri e abri a porta, procurando por minha avó que logo apareceu.
-Oh... Mila!-Ela falou e eu a abracei.-Um cachorro?
-É... Compramos à um tempo atrás. O nome é Alf...-Sussurrei feliz por estar ali.-Onde ela está?
-Laur saiu... Disse que precisava...
Franzi o cenho e tentei pensar em onde ela poderia ter ido... Oh, é claro. No parque.
-Eu já sei. Preciso ir atrás dela, vovó. E a propósito, eu recuperei minha memória hoje!
Ela sorriu e acenou para mim. Deixei Alf no chão e saí. Corri pela calçada enquanto pensava em mil coisas. Lembranças vinham constantemente pela minha cabeça e eu estava feliz por poder me lembrar novamente. Andei mais um pouco e finalmente vi os portões coloridos e o parque movimentado. Era uma cidade pequena mas as pessoas gostavam de se divertir. Entrei sem pensar duas vezes e fui na direção do lago. Eu sabia que ela estava ali. Eu a conhecia muito bem e... Com certeza ela estava ali. Corri completamente ansiosa e rolei os olhos pelos bancos. Achei!
Quase caí no chão ao ver seus cabelos negros sendo atingidos pelo vento. Ela estava sentada no banco de madeira e parecia observar o lago. Eu realmente a amava, disso eu já não duvidava.
Caminhei à passos decididos até ela e sussurrei seu nome.
-Camila?-Ela se levantou em um pulo e me olhou como se não acreditasse.
-Laur... Tem tantas coisas que eu preciso dizer... Só me escute por favor.-Comecei.-Eu sei que tudo isso é muito louco... Eu recuperei toda a minha memória hoje e... Eu olhei para você naquela gravação e percebi que minha mente tinha brincado comigo por muito tempo. Eu me apaixonei por você durante tudo isso que aconteceu e não percebi. Talvez tenha sido tarde demais ou talvez não mas a verdade é que há males que vem para o bem... E perder a memória foi um deles. Eu te amo, Lauren Jauregui. Eu te amo e vim até aqui para te dizer isso porque eu precisava. Você me faz feliz como nenhuma outra pessoa e eu sei que isso é o que eu quero para mim.
Ela ficou parada. Parecia que nem respirava. Abriu e fechou a boca várias vezes como se quisesse dizer algo mas ficou quieta.
-É engraçado. Eu passei grande parte da minha vida apenas sonhando com o dia em que você diria isso e agora a minha vontade é de te perguntar quem você pensa que é.-Ela falou olhando para o horizonte.-Absolutamente ninguém chama uma pessoa de covarde e diz que nunca conseguiu arrancar nenhum pensamento romântico em um dia e no outro diz que está completamente apaixonada. Eu já estou enlouquecendo à muito tempo por sua culpa e isso nunca vai soar uma serenata. Porque nós sabemos que não há amor pela metade, e a razão é mais forte em mim do que em você que sempre gostou da emoção. E talvez eu esteja errando mais uma vez mas... É esse o problema. Eu te amo. Eu não posso errar por nós duas.
Olhei-a. Aquilo estava sendo intenso e eu não podia deixar de concordar com ela em algumas partes. Mas eu estava disposta a deixar de lado todo o tempo perdido. Eu a queria e isso era o suficiente.
-Você está dizendo que tudo isso é apenas uma emoção à mais para mim? Que são hormônios ou algo do tipo? Eu já deixei de ser adolescente. Nós estamos tentando, Laur...
Seus olhos percorreram por meu rosto e se fixaram em qualquer lugar. Ela parecia estar me evitando, assim como eu estive fazendo com meus sentimentos por todo esse tempo. Justo.
-Eu estou dizendo que não existe apenas nós. E não existe apenas as suas vontades. Eu te amo Camila Cabello. Um amor que você nunca tinha notado. E de certa forma machuca, mas eu nunca deixei de amar e me preocupar com você e o que eu estou fazendo agora é exatamente isso...-Ela tinha a voz embargada e suas mãos tremiam.
Tive vontade de voltar no tempo e ter mudado muitas coisas. Ter notado e retribuído todo o amor dela. Ter feito o que eu estava fazendo só agora.
-Eu não estou fingindo... Eu nem sequer sei como me declarar da melhor forma... Você sabe. O que estivemos fazendo durante todo esse tempo?-Peguei em sua mão e tentei fazer com que ela percebesse que se déssemos uma chance seria muito melhor do que discutir.
-Ou você ama tanto uma música que coloca para repetir ou só gosta de uma parte dela.-Lauren murmurou e eu dei um tapa em seu rosto.
-Desculpe, eu tive que fazer isso.-Sussurrei.
Ela virou o rosto e fechou os olhos com força. Durante todo esse tempo eu posso ter perdido o sentido do que é viver ou do que é fazer as coisas direito mas se eu estava disposta... Eu deveria tentar. E essa noite eu não durmiria até que Lauren percebesse que eu a amava.
-Olhe para mim!-Peguei em seu queixo e puxei seu rosto na direção do meu para que eu pudesse encará-la.-Olhe o que você fez comigo! Apenas olhe... Agora não me diga que não vale a pena ficar... Não me diga que há muita coisa em jogo. Eu sei o que você quer e eu estou presa à isso e não quero me soltar.
Ela me olhou surpresa e eu finalmente a beijei. Ela pareceu surpresa de início mas logo correspondeu, me abraçando pela cintura enquanto nossas bocas pareciam estar se completando da maneira mais perfeita possível. Seus lábios estavam quentes e macios, me fazendo ir para o céu com apenas um beijo. A sensação era incrível. Me sentia completamente preenchida com algo beirando a felicidade extrema. Não sabia explicar... Estávamos expressando o que sentíamos e eu não poderia estar mais entusiasmada.
Pedi passagem com a língua e ela concedeu. Travamos uma batalha pelo controle e eu cedi à ela. Aquilo estava tão perfeito que eu queria ficar assim para sempre. Nossas línguas se entrelaçavam e aquela sensação me deixava completamente leve e mole como se eu pudesse flutuar.
Nos afastamos em busca de ar e ela me encarou.
-Meu Deus...-Sussurrou.-Não me acorde por favor.
Eu ri e a abracei forte.
-Você não está sonhando... Eu posso te beliscar se você quiser.-Falei.
-O tapa já doeu o bastante. E se isso soar cliché demais apenas ignore mas se isso for um sonho eu não quero acordar.
-Pessoas gostam de coisas clichés. É romântico. O que estamos fazendo paradas aqui?
Ela riu e se afastou para pegar minha mão. Fomos andando pelo caminho de pedras enquanto pensávamos em coisas aleatórias.
-Isso... Isso foi meio intenso e estranho...-Ela sussurrou.-O jeito como nós nos entendemos.
-Mas foi o melhor possível... O resto a gente aprende com o tempo. Eu amo essa sensação de estar com você, sabia?
Olhei para ela e ela sorriu para mim. Eu amo tanto aquele sorriso. Amo desde os quatro anos sem nem mesmo perceber.
-Agora nós poderemos aproveitar da melhor forma possível...-Lolo sussurrou e uma chuva fina começou a cair, logo se intensificando.
Rimos e corremos para a rua.
-Eu quero me molhar, Lolo...-Falei com um sorriso no rosto.
Paramos de correr e andamos de mãos dadas pela calçada. Havia um rio ao nosso lado que era protegido por uma cerca de pedra e concreto. No Natal aquilo ficava tão bonito...
-Olhe, eu sei me equilibrar.-Laur soltou minha mão e subiu na cerca.
-Você está louca?-Eu perguntei enquanto ela andava, completamente divertida.
-Olhe isso!
-Desce daí Laur, está chovendo. Você vai escorrer e... Ai meu Deus!
Ela ia se desequilibrar quando eu a puxei pelo braço e ela pulou para a calçada.
-Ai meu coração...-Sussurrei enquanto ela ria.
Nossos corpos já estavam completamente encharcados e eu nem queria voltar para casa. Queria aproveitar aquelas gotas geladas.
-Por que me puxou?-Lauren perguntou.
-Você ia cair no rio!
-Ia ser legal...
Dei um tapa em seu ombro e nós rimos. Peguei em sua mão novamente e nós andamos pela calçada conversando bobagens.
-Lolo?
-Sim?
-Você está feliz?
-Eu estou mais do que feliz... Existe alguma palavra para descrever isso?
-Acho que não... Sabe, eu trouxe Alf. Achei melhor.
-Também achei.
Encostei minha cabeça em seu ombro e nós andamos assim por um bom tempo.
-Ally não parou de ligar para mim o dia inteiro por sua culpa, mocinha.-Lolo sussurrou.
-Na verdade ela me fez perguntas o dia inteiro.
Laur riu e pegou o celular.
-Vamos aliviá-la...-Sussurrou.
Discou o número de Ally e esperou. Pude ouvir os berros do outro lado da linha. Ela realmente estava muito brava.
-Oh... Allycat. Ela está aqui do meu lado.-Lauren olhou para mim e riu.-Quer falar com ela?
Mais gritos. Sorri e peguei o celular.
-Oi...-Sussurrei.
-Oi? Você é muito doida, Camila Cabello!
-Ok, nós conversamos quando você se acalmar.
Desliguei o celular e Lauren me olhou surpresa.
-Você não fez isso...-Ela sussurrou com a boca aberta.
-Eu sei. Ela vai ficar bem brava mas isso a gente resolve depois...-Devolvi o celular para ela e lhe dei um selinho.
Ela sorriu de canto e nós continuamos andando.
-Eu realmente estou muito feliz.-Falei.
-E se depender de mim vai ser para sempre...
Sorri enquanto ela colocou seu braço em torno do meu ombro. Aquilo era tão bom...
-Vamos para casa? Não quero que você pegue pneumonia.-Ela sussurrou.
Me aconcheguei mais nela e me permiti pensar em tudo que eu havia feito para estar aqui agora. Valeu a pena... Eu finalmente me sentia em paz e... Amando.
-O que quer fazer quando chegar em casa?-Perguntei.
-Tomar um bom banho e tomar uma xícara de café.
Ri baixinho e apertei sua mão. Quente, por mais que estivesse chovendo. Fechei os olhos e aproveitei aquela sensação. Eu já havia desperdiçado demais meu tempo... Ela beijou minha testa e eu sorri. Lauren estava tão quente que eu apenas queria ficar abraçada à ela. Para sempre.
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