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História Amor à Prova - Lágrimas de um Anjo


Escrita por: BellAmamiya

Capítulo 6 - Lágrimas de um Anjo


I.

Ficou trancado em seu ateliê o dia inteiro. Por duas razões, primeiro devido ao fato de ter muitas coisas para resolver ali e, segundo, não conseguia colocar os pensamentos em ordem. Deixara as coisas acontecerem com a japonesa, havia cedido aos instintos masculinos e esquecido por completo da razão. Yuri tinha pensado em Layla durante todo o momento que Sora e ele tiveram. Não sabia ao certo se havia demonstrado isso para a jovem de madeixas rosadas, mas e se tivesse? O que ele faria com relação a isso?

A aquela altura era bem capaz que Layla houvesse contado para a menina japonesa que eles estavam noivos. “Será que era sobre isso que Sora queria conversar comigo? Sobre o beijo que eu roubei dela, e o fato de eu ser noivo de sua melhor amiga?”. Suposições e idéias não paravam de vir a sua mente. Tinha que criar coragem e procurá-la. Procurá-la para pelo menos tentar lhe explicar o ocorrido. Mas teria como se explicar?

Já era noite quando estava saindo do ateliê. Seguiu o caminho para ir até onde estava seu carro. Ficava a pensar em tudo que ocorrera. Sentia-se um cachorro por ter aprontado com as duas pessoas que importavam demais para ele. Quando chegou ao carro, pegou seu celular e discou um número.

O telefone tocou uma, duas e na terceira ouviu uma voz conhecida, porém triste.

- Alô? – a menina falou ao atender o celular. Já sabia quem era e mesmo não querendo falar com ninguém naquele momento decidiu ouvir o que ele tinha a dizer.

- Sora? Eu pensei em você o dia inteiro e o porquê de ter saído daquela maneira... – não estava de todo mentindo, realmente tinha pensado nela o dia inteiro.

- Olha jovem Yuri. Não precisa mais fingir que você gosta de mim, ok? Eu já sei de tudo. Já sei do pedido de casamento. Só não entendo porque tinha que ser comigo... – estava com a cabeça a mil. Eram tantas coisas para uma pessoa só. Primeiro os sentimentos falsos de Yuri e depois o acidente de Leon.

O Jovem Pintor ficou um tempo em silêncio. Então ela já sabia de tudo. Mas já era de se imaginar. Depois de alguns instantes em silêncio, a jovem quebrou-o.

- Não irei guardar mágoa de você e nem contar o que aconteceu entre nós para a Senhorita Layla. Mas eu lhe peço que não me procure mais. Somos ex-companheiros de palco e é essa que será nossa relação. – No momento que falava sentia vontade de chorar, mas não podia. Não com Yuri.

“Ex-companheiros de palco” repetiu mentalmente. Até pouco tempo eram amigos e agora passavam a ser apenas ex-companheiros de peças. Aquilo tinha vindo como um punhal em seu peito. Por causa de ter se deixado levar perdera uma amiga querida, e poderia correr o risco de perder a mulher de sua vida. Sora havia dito que não contaria nada a Layla. Mas isso era motivo de não se preocupar? O jovem de cabelos loiros logo iria descobrir que deveria se preocupar sim.

- Me perdoe Sora...

- Tchau Yuri. – a jovem desligou o telefone e pôs se a chorar. Precisava muito disso. Um tempo depois abriu seu notebook que tinha levado na viagem e começou a procurar passagens datadas para o dia seguinte.

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No dia seguinte em Paris...

Sora estava terminando de refazer as malas para que o mordomo levasse suas bolsas para o carro. Sua passagem estava marcada para as 10h40min da manhã. Chegaria por volta das 14h15min em São Francisco, o vôo era direto.

Rosetta acompanhou a jovem até o aeroporto. Não queria que Sora fosse embora. Não conseguia entender como ela podia se preocupar tanto com Leon sendo que o mesmo sempre a tratou com tamanha ignorância. Mas já havia percebido que a amiga tinha um coração do tamanho do mundo.

- Você vai mesmo né?

- Precisam de mim lá Rosetta. E principalmente um amigo meu.

- Só amigo? – insistiu a menina mais uma vez.

- Rosetta, eu já disse que ele é um grande amigo meu quer você queira ou não. E se ele está precisando de mim eu irei. Assim como eu vim quando você pediu que eu a acompanhasse.

- Tudo bem Sora. É verdade, temos que ajudar nossos amigos mesmo que muitas vezes eles não mereçam.

- Quando as pessoas não merecem ajuda, é a hora que mais precisam. – a menina terminou de dizer quando ouviu a última chamada para o avião que ela iria.

Abraçou Rosetta e a mãe dela. E agradeceu mentalmente por Yuri não saber que ela voltaria para os Estados Unidos e de não ter ido se despedir dela. Ainda não estava com a ferida totalmente fechada.

II.

No dormitório da cantora do Kaleido Star o dia estava movimentado. Anna, Mia, May, Sarah e Marion estavam planejando algo para fazer de almoço para quando a amiga oriental chegasse.

- Com certeza quando ela chegar não vai querer nem comer. Vai direto para o hospital saber como Leon está. – Sarah comentou. Conhecia bem o gênio da amiga e sabia que ela não conseguiria comer sem antes ter certeza que Leon iria ficar bem.

- Mas temos que fazer com que ela coma. Ela vai sair de lá às 10h mais ou menos e só vai chegar aqui às 14h. E sem parada. – May também comentou. Não iria deixar a menina sem comer para depois também ir parar no hospital.

- May tem razão. Vamos ter que arrumar um jeito de que ela coma antes de ir ao hospital. – dessa vez foi Mia quem se pronunciou

- Então meninas, deixem a comida comigo... – os olhos da chinesa brilharam ao dizer tais palavras. Se havia uma coisa que a garota gostava de fazer mais que acrobacias era cozinhar.

Surgiu uma gota na cabeça das meninas restantes. Quando se tratava de comida, May conseguia ser mais estranha que a cantora do circo.

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Já era 13h50min e as meninas já estavam no aeroporto esperando o avião que trazia Sora chegar. O avião chegou com 15 minutos de atraso.

Quando a jovem de madeixas rosadas desceu do avião, olhou ao redor relembrando o dia em que estava naquele mesmo aeroporto, mas como destino a França. Como a jovem queria que o tempo pudesse voltar, e assim poder evitar tantos sofrimentos. Pegou suas malas, foi direto para a sessão de desembarque. Certamente suas amigas estariam a esperando. Estava com muitas saudades delas, mas não poderia se demorar ali. Sora queria saber como Leon estava e descobrir o verdadeiro motivo que causou o acidente. O jovem acrobata podia ficar com os olhos nublados de raiva e não vê um palmo diante de si, mas jamais seria tão imprudente a ponto de sofrer um acidente daquelas proporções.

A jovem não se atentou ao fato de que Leon só sofria acidentes graves quando... Estava pensando nela.

Avistou os amigos que a esperavam. Aproximou-se deles e deu um abraço apertado em um por um. Havia ficado fora menos de um mês, mas parecia uma eternidade.

- Como foi sua viagem Sora? – Ken perguntou. Não imaginava o quanto aquela viagem tinha deixado o coração da amiga arrasado.

- Foi boa. – a estrela do Kaleido Stage disse tentando disfarçar o desgosto que sentia por ter aceitado ir para Paris com Rosetta. Não conseguia falar mais nada, só de lembrar-se de todos os acontecimentos recentes a jovem sentia-se atordoada.

- Bom... Eu sei que todo mundo quer saber de todos os detalhes das férias concedidas a nossa grande amiga, mas agora ela precisa comer alguma coisa e ir ver Leon. – May declarou e foi levando a amiga em direção ao carro que estavam. A garota chinesa havia percebido que Sora não estava nada bem, e ela bem sabia que não era somente por Leon. Havia um “alguém” a mais na história.

O trajeto do aeroporto até o Kaleido Stage a menina de madeixas rosadas fez em silêncio. Os amigos tentavam puxar assunto ou contar uma piada para descontrair, mas nada conseguia tirar um sorriso da garota. Quando chegaram ao Kaleido Star, muitos dos acrobatas que estavam no caminho deles cumprimentaram a japonesa e sorriram para ela, mas aquela garota animada que todos conheceram um dia não estava ali. Foram direto para o refeitório. May pediu para que os outros deixassem as duas a sós. Todos se retiraram e deixaram apenas a japonesa e a chinesa no refeitório. Ambas não eram grandes amigas, mas algo nos olhos delas dizia que naquele momento elas se entendiam.

- Você precisa comer! – Insistiu May ao ver que a jovem não havia nem mexido nas panelas à sua frente.

- Não estou com vontade de comer. Estou me sentindo empanzinada. – Não era verdadeiramente um empanzinamento que não a permitia comer, mas sim a decepção e a aflição que formavam um nó em sua garganta.

- Eu não estou sentindo o que neste momento você está, mas eu sei que você precisa comer. O Leon está no hospital numa situação não muito boa, e nesse momento você deve estar boa para apoiá-lo em sua recuperação. – May colocou a mão da amiga e abriu um sorriso.

A jovem de madeixas rosadas permitiu-se a dar um sorriso tímido, mas sincero. O que May dissera era verdade. Não podia cair, não agora, Leon precisava de seu amparo.

A chinesa pegou o prato de Sora e colocou as variedades de comidas orientais em pequenas porções. Depositou o prato à frente da japonesa. E a mesma comeu em silêncio.

Como combinado, após terminar de comer, Ken levou Sora para o hospital. Chegando lá, a menina foi se identificar na recepção.

- Boa Tarde! No que posso ajudar-los? – a atendente perguntou sorridente ao casal que estava do outro lado do balcão.

Sora sentiu um gosto amargo na boca, um aperto no peito com aquela felicidade da atendente. Tudo que ela imaginava ser um sonho havia se voltado contra ela e se mostrado um verdadeiro pesadelo. Queria poder dizer para a mulher a sua frente que a vida não era tão bela quanto todos imaginavam. “Há decepções na vida que doem mais que um tapa na cara”, a jovem falou mentalmente. Não era do feitio dela ter aquele tipo de sentimento, mas não conseguia conter tamanha decepção que a assolava.

- Boa Tarde, sou Ken Robson. Eu gostaria de saber em que quarto Leon Oswald está. – Foi Ken quem respondeu a recepcionista, ao ver que Sora estava de cabeça baixa, em silêncio.

- Deixe-me ver. – a atendente voltou-se para a tela do computador a sua frente. Alguns minutos depois, voltou-se para o garoto de cabelos loiros.

- Ele está na Unidade de Terapia Intensiva. 2º andar.

- Obrigado!

- Disponha.

Os jovens foram até o elevador para chegar ao 2º andar. A moça ainda estava atordoada com tudo que havia acontecido em menos de 24 horas. Mas a notícia mais terrível foi saber que Leon estava em coma. Quando May dissera que ele não estava em uma situação muito boa, a moça imaginava que ele estivesse com apenas algumas partes do corpo fraturadas, ou até desacordado por causa do impacto do acidente, mas não em coma. O acidente havia sido mais grave do que ela havia imaginado. Não queria que nada acontecesse com ele. A jovem não sabia bem o porquê, mas sentia uma vontade enorme de chorar só de pensar em perder Leon.

No 2º andar, havia uma placa com uma seta que indicava a direção que se encontrava a UTI. Logo na entrada, apresentava-se um pequeno balcão onde havia médicos e enfermeiros examinando exames e preparando bandejas de remédios, soros para levarem aos pacientes.

Os dois aproximaram-se. Um enfermeiro alto, encorpado e com cabelos ruivos estava encostado no balcão de mármore e escrevendo em um papel, a jovem pode ler o cabeçalho: “Relatório Periódico, paciente 214.”          

- Boa Tarde, vim ver o paciente Leon Oswald. – Agora quem tomou a vez foi Sora.

- Ah sim. Deram sorte, ainda está no horário de visitas. Acompanhem-me. – o enfermeiro dirigiu-se ao corredor a direita de onde estava o balcão. Sora e Ken foram seguindo-o em silêncio. A garota ficava a imaginar como Leon poderia estar.

Foram passando por vários portas, cada qual com um número de referência. Até que o enfermeiro parou.

- Aqui é o quarto, senhora. Ele é seu marido? – o enfermeiro perguntou a estrela. Não que ele quisesse saber da vida íntima da moça, mas é que ela era a primeira a vir visitá-lo e parecia bastante transtornada.

Na hora que o rapaz pronunciou a palavra marido, o rosto da jovem se avermelhou e aqueceu. Leon não era seu marido, nem seu namorado ele era. Ele era apenas amigo dela. Um amigo que iria fazer muita falta se não recobrasse a consciência.

- Na... Não, ele é só um amigo meu! – a jovem balançou a cabeça freneticamente para os lados. Não culpava o rapaz por pensar que era esposa do jovem ali presente, ele não poderia saber.

- Desculpe então senhorita. O médico deve estar aqui às 16h para dar o boletim diário. Já vou, qualquer coisa é só apertar esse botão vermelho na parede. – e o rapaz saiu do quarto.

Ken parou na porta, não entrou. Deixaria que a moça entrasse sozinha e ficasse um tempo a sós com o jovem de madeixas prateadas. Não queria privar a liberdade da jovem de chorar.

Sora, nem percebendo que Ken não havia entrado, aproximou-se da cama. Leon estava mais branco que de costume, sua pele estava pálida e seus lábios sem cor, era como se não circulasse sangue por seu corpo. Segurou a mão do acrobata e lágrimas escorreram pelo rosto delicado da jovem. Não conseguia acreditar em nada daquilo. Seu coração chorava. Queria que tudo que estava acontecendo fosse apenas um pesadelo, do qual acordaria assustada e suando em sua cama macia no quarto designado a ela no dormitório do circo.

- Leon... Você pode me ouvir? Sou eu, Sora. Eu vim aqui te ver, você pode me ouvir? – a garota soluçava alto. Sabia que o rapaz não iria responder as suas perguntas, mas queria fazê-las. Queria acreditar que elas seriam respondidas e que tudo ficaria bem.

A menina de madeixas rosadas deixou-se cair no chão do quarto e começou a chorar compulsivamente. Ouvir de May que Leon tinha sofrido um acidente e saber que ele estava em coma não doía tanto quanto ver o acrobata ligado a aparelhos e branco como um fantasma. A pergunta certa não era “Porque foi acontecer isso a você?”, pois essa pergunta já tinha resposta, e era por causa dela.

Se a jovem ali caída no chão não tivesse aceitado o convite de Rosetta e nem se deixado levar pelo Jovem Yuri nada disso teria acontecido. “Porque eu fui fazer isso? Porque eu tenho que estragar a vida de todo mundo? Primeiro a da Senhorita Layla e agora do Jovem Leon”, a menina pensava. Não era Leon que deveria estar ali naquela cama e sim ela. Ela que havia provocado tudo e ela que merecia ter sua vida destruída e não aqueles que de nada tinham culpa.

Sora não conseguia ficar mais ali naquele quarto, precisava sair e encontrar Ken e chorar ali com seu amigo. Não podia ficar transmitindo tristeza para Leon. Já estudara e ouvira muitas vezes que as pessoas que estão em coma não falam e não se mexem, mas elas sentem e ouvem tudo que aqueles que estão do lado falam e sentem.

Já era doloroso demais imaginar como seria estar naquela cama sem conseguir se mover ou até mesmo falar, não podia ela ser a causadora de mais um sofrimento para ele. A jovem se levantou e saiu do quarto, precisava encontrar Ken.

Deparou-se com Ken encostado na parede ao lado da porta. Ao vê-la, o rapaz não pensou duas vezes, abraçou-a. A jovem chorou e chorou, até que ficou apenas soluçando baixo nos braços do rapaz americano.

- Quer voltar? – o rapaz perguntou calmamente enquanto acariciava os cabelos da jovem. – Ou quer esperar o boletim diário?

- Vamos esperar o boletim. Quero sair desse hospital sabendo da real situação do Jovem Leon. – a moça falou com firmeza, o brilho nos olhos da jovem havia voltado. Aquela garota determinada estava voltando a aquele mundo.

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Enquanto isso em Paris...

Yuri estava em seu apartamento. Não conseguia tirar da cabeça o momento que havia passado com a amiga e a besteira que havia cometido. Como pudera se entregar tão fácil as tentações mundanas? Deveria ter contado desde o início que estava noivo, talvez assim pudesse ter evitado todo esse mal estar.

Há algumas horas atrás, recebera uma ligação de Layla em que ela avisara que estava indo para os Estados Unidos. Soubera por alto que Leon estava muito mal no hospital por causa de um acidente de carro. Quando recebera esta notícia, o jovem tentou ligar para o celular da jovem japonesa, mas o mesmo estava desligado. Como sinal de desespero, pegou seu carro e foi até a Casa de Rosetta, mas tudo em vão. Descobrira que a garota havia voltado para os EUA.

- Sora e Layla nos Estados Unidos? Acidente com Leon? Amigas? – o jovem estava pensando alto e tentando organizar seus pensamentos. Nada disso parecia cheirar bem. Sua noiva e sua amiga eram grandes amigas, e com certeza Layla havia ido para lá para apoiar a japonesa. E se por ventura, algo viesse à tona? – Não, deve ser coisas da minha cabeça. Sora me disse que não contaria nada a Layla, devo acreditar nela.

Pôs mais do líquido cor de âmbar no copo, e bebeu de uma vez sentindo aquele líquido descer rasgando a garganta. Aquela sensação amarga era comparado com a forma que estava se sentindo naquela hora. Desejava que o tempo pudesse voltar e que ele evitasse ter aquela conversa com Rosetta, da qual ela lhe dera esperanças quanto a japonesa. Não queria acreditar, mas quando a vira em Paris e voltara a sentir aquele áurea calma e alegre que transbordava da moça, não conseguia não se lembrar daquele dia que ele e Layla desafiaram Sora e Leon para saber quem faria o papel de Siegfried e Odette. Se a oriental não fosse um anjo, chegava bem perto de parecer.

xxxxxxx Flash Back xxxxxxx

Era uma tarde como qualquer outra na cidade de Cape Mary. Mas não para ele. O jovem de cabelos loiros estava admirando a vista magnífica do pôr do sol próximo ao grande circo. Tinha recebido uma proposta para abrir um ateliê e uma galeria de artes como sócio com um amigo da época de faculdade, e estaria, dali a algumas horas, em Paris.

De repente sentiu a presença de alguém se aproximar. Queria que fosse Layla, estavam separados desde que ela saíra do Kaleido Star para trabalhar na Broadway. Não sabia ao certo o que sentia pela jovem, mas era algo diferente. Algo bem parecido com o que sentiu quando viu a garota japonesa pela primeira vez e sua força de vontade.

- Refletindo sobre a vida? – a garota que se aproximava falou com uma voz serena e como quem não quer nada.

- Apenas pensando em tudo que vivi até hoje. Em todos os sonhos e ideais que almejei alcançar quando venci aquele festival de circo com a Layla e recebi a proposta de trabalhar no Kaleido. – Não se sentia mal por estar contando sobre seus pensamentos para aquela garota, aliás, não tinha nenhuma de suas intenções que estivessem escondidas.

- Sabe Yuri... Nada acontece por acaso. Você já imaginou que o fato de você ter entrado no Kaleido Star pode estar envolvido com alguém que você poderia conhecer e se envolver? – Rosetta fora ao ponto que queria abordar.

- Não sou muito fã da história de destino. Existem coincidências, claro que sim. Mas não acredito que algo estava já pré-determinado para que alguma coisa acontecesse. – respondeu o jovem, mas sem tirar seu olhar do pôr do sol.

- Tem alguém em especial que te faz passar horas pensando sobre a vida?

- Muitas pessoas que passaram pela minha vida deixaram uma peculiaridade para se tornarem especiais.

- O que você acha da Sora?

- Ela é uma grande amiga. Sou um admirador secreto de todo aquele talento e beleza. – Desviou o olhar, que antes estava no pôr do sol, para o grande Kaleido.

- Você nunca imaginou que pudesse existir algo mais além de amizade? – insistiu Rosetta. – Eu percebi a maneira que você olha para ela, e a maneira que ela olha pra você.

Yuri voltou sua atenção para a moça a sua frente. Não sabia bem aonde ela queria chegar com aquela conversa. Mas acreditar que poderia existir algo entre ele e a japonesa era improvável. Mal sabia o jovem, que Rosetta já bolava um plano para manterem os dois juntos. Rosetta não iria descansar enquanto não visse Yuri e Sora juntos.

- Dê uma chance para seu coração ser feliz... Não pode ser feliz com Sophie, agora pode ser a hora que a felicidade veio a bater a sua porta. – Após pronunciar tais palavras, a garota de cabelos cor de fogo sumiu do local da mesma maneira que apareceu.

Xxxxxxx Fim do Flash Back xxxxxxx

Depois daquele dia, o jovem pintor não tirava da cabeça que Sora era aquela que tinha vindo ocupar o espaço que Sophie havia deixado. E tudo que ele havia privado daquela doce menina de cabelos prateados, ele não poderia privar da japonesa. E se Rosetta estivesse certa? E se fosse sua hora de ser feliz?

Com a viagem para Paris e os negócios com a pintura e a galeria crescendo, Yuri estava esquecendo-se de tudo que a garota de madeixas rosadas já tinha representado para si. Dos amigos antigos, o jovem só tinha contado com Layla. E pela qual se rendera a loucuras, até o dia que a pediu em casamento.

Foi ai que seu mundo desabou. Uma semana depois, sua galeria iria expor seus trabalhos. Ligara para Layla para chamá-la como companhia. Mas a mesma estava ocupada demais com uns trabalhos na Broadway. A noiva do rapaz dera a sugestão de chamar a japonesa. E foi aí que tudo voltou a tona. E ao ver aquele anjo em forma humana, seus instintos falaram mais alto. E quando um homem deixa-se levar pelos instintos e não pela razão, só há uma conseqüência.

III.

As meninas estavam sentadas no refeitório esperando que Ken e Sora retornassem logo do hospital. Queriam conversar com ela, sabiam que ela estava muito abalada. Era engraçado como Leon atraía acidentes para si. A primeira vez tinha sido na peça Romeu e Julieta, em que Leon tentou pular de um trapézio a outro para chegar até Sora e não alcançou o trapézio seguinte e caiu lá de cima. E não tinha rede de proteção. E agora, Leon estava dirigindo e bateu em uma árvore para desviar de outro carro que vinha na direção contrária.

- Vocês acham que Leon vai ficar bem? – Marion perguntou as meninas.

- Com certeza. Ele sempre consegue driblar as situações ruins e a Sora está com ele. Ela é uma força e tanto para fazê-lo melhorar. – Mia respondeu carinhosamente a Marion.

- Se tem uma pessoa que Leon amou mais do que a Sora, era sua irmã Sophie. – May falou como quem não quer nada.

Nesse momento, as meninas viram Ken e Sora chegarem ao local. Pelas expressões faciais de ambos, não tinham notícias boas.

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Na sala de Karlos, estava tendo uma pequena reunião.

Layla havia sido chamada pelo dono do circo. Precisava da ajuda dela para driblar mais aquela situação em que o Kaleido deveria ficar fechado por tempo indeterminado até Leon melhorar e poder tomar de volta seu posto como acrobata.

- Leon sofreu um acidente de carro e está em coma por tempo indeterminado. E Kate disse que pode ser que ele nunca mais volte a recobrar a consciência. – Karlos estava sentado à sua mesa. Não demonstrava, mas estava muito preocupado com o rapaz. O futuro do Kaleido Star dependia daquela recuperação.

- Quando a Mia me ligou ela me contou. Mas como foi isso? Leon pode fazer muitas coisas sem pensar, mas nunca foi tão imprudente a ponto disso. Ele estava bêbado? – Se o acrobata estivesse ingerido bebida alcoólica explicava muita coisa no acidente.

- O pior é que não tinha álcool no corpo dele. Ele estava são. – alguma coisa tinha deixado o rapaz perturbado e com isso feito o mesmo perder o controle do carro.

- Nossa. E a Sora? Ela já sabe? – a moça de cabelos loiros queria saber sobre a amiga. Pelo que a conhecia sabia que ela estaria preocupada.

- Chegou de Paris ainda hoje. Almoçou e foi direto para o hospital. Deu para notar que ela estava desorientada. Foi um baque e tanto. – voltou sua atenção para os papéis que estavam em cima de sua mesa. – Muitos fãs mandaram cartas dando força e acreditando na recuperação de Leon.

- Eu acredito que ele vá melhorar. Aquele acrobata não se deixaria levar por um acidente por mais grave que possa ter sido. – Layla levantou da cadeira em que estava sentada e falou com firmeza. – Irei fazer o possível para ajudar na recuperação dele.

- Obrigado Layla.

- Por agora irei conversar com as meninas para saber mais sobre o estado de Sora. Até depois Karlos. – após se despedir a moça se retirou da sala e foi em direção ao refeitório.

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No refeitório, Sora se aproximou da mesa onde estavam as amigas. As palavras ditas pelo médico não saíam da sua mente. “Tempo indeterminado”. Então, Leon ficaria deitado naquela cama, por tempo que nem os médicos poderiam definir? Era doloroso demais pensar nisso.

- Olá Sora. Como foi lá? – Mia estava preocupada com o estado de Leon e o estado que a amiga poderia ficar. Sabia que os dois não eram grandes amigos, mas a amiga acrobata tinha-o como especial.

- Ele... Está pálido, como se não corresse sangue por seu corpo. – deu uma pausa antes de continuar. – E o médico deu o boletim de hoje sobre o estado dele.

- E qual seria esse estado? Muito grave? Ou ele logo ficará bom? – Foi Marion quem perguntou dessa vez. Estava ansiosa para saber quando que o jovem se recuperaria.

Com a pergunta de Marion, a acrobata sentou num dos bancos em volta da mesa e debruçou a cabeça sobre os braços. Ainda estava absorvendo a idéia de que o estado de Leon era grave.

- Os médicos não sabem definir uma data para ele voltar a consciência. O relatório desta manhã só confirmou o que os especialistas já sabiam, Leon está em coma por tempo indeterminado. – Foi Ken quem saciou a ansiedade de saber notícias de todas as meninas. – O estado dele é grave. E no acidente, o lugar mais afetado foi a região da cabeça. E há probabilidades de que se ele recobrar a consciência, ele tenha uma perda de memória considerável.

CONTINUA...


Notas Finais


Mais um pra vocês!! Amo demais essa fanfic!


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