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História Amor Além do Tempo - Um Novo Começo - Separação


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Chegamos finalmente ao 12º capítulo e, para alegria geral (pelo menos espero), o próximo vai ser focado na Ellie, mas eu não vou dar mais nenhuma pista sobre o conteúdo. Fiquem livres pra imaginar. Hehe!

Por enquanto, fiquem com esse e boa leitura!

Capítulo 12 - Separação


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - Um Novo Começo - Separação

Não era algo à que Chloe estivesse acostumada após tantos anos vivendo de uma forma completamente diferente, mas, nas últimas duas semanas, tinha se tornado regra para ela acordar sozinha na cama de casal excessivamente grande para suas necessidades, depois de ser despertada pelo toque irritante e repetitivo do despertador de seu celular. 

O ambiente tinha se tornado uma enorme confusão de roupas sujas empilhadas sobre os móveis, calçados jogados pelo chão e lençóis amarrotados espalhados por toda a extensão da cama. Nada tão caótico como o quarto em que a punk viveu sua infância e adolescência, mas bem distante do primor de organização que o cômodo costumava ser em dias normais.

Sem dar a mínima atenção a qualquer um desses detalhes, Chloe se levantava semi acordada, selecionava aleatoriamente uma combinação de roupas no armário e ia até o banheiro para tomar um banho frio que a ajudava a resistir o restante do dia sem cochilar pelos cantos.

Sua segunda maior aliada nessa tarefa era a caneca cheia até a boca de café puro, que tomava religiosamente toda manhã, ignorando o restante da comida que ela mesma preparava, mas que deixava apenas à cargo da filha a função de devorá-la.

Jogar conversa fora com Ellie era certamente o melhor momento das manhãs de Chloe, mas também era o mais curto: posto que, durante a semana, só se estendia até a hora de deixar a garota no colégio ou, como era o caso naquela oportunidade, até ela decidir subir para o quarto e se ocupar com atividades mais interessantes que passar tempo com a mãe.

Nessas horas, Chloe permanecia um tempo a mais sentada à mesa, encarando a caneca vazia, enquanto refletia sobre coisas que nem sabia ao certo, até decidir ir até a sala, ligar a tv num canal aleatório e se deitar no sofá, assistindo as imagens se sucederem na tela do aparelho ao mesmo tempo em que sua mente viajava para longe, contemplando lugares que ela nem conhecia direito.

Buzz buzz.

O toque insistente do celular atrapalhou as divagações de Chloe e a forçou a atender o chamado de imediato, sem sequer confirmar no display quem havia feito a ligação, tamanha era a certeza sobre a identidade de seu interlocutor.

- O que foi, mãe? Hum... Deitada, vendo tv... - Chloe revirou os olhos quando Joyce começou a repassar lições como se estivesse falando com sua versão de 14 anos e não com a de 32 - Claro que  já acordei, mãe... eu me deitei na sala depois de tomar café... você acha que eu deixaria minha própria filha passar fome? - Ela perguntou num tom indignado, que serviu para arrefecer o ânimo de Joyce - Como tá o papai? Não, não... depois eu ligo pra falar diretamente com ele... a gente vai tentar ir praí no natal. O combinado era ser nos Caulfield, mas acho que consigo dar um jeito... beijo, mãe. Vou ter que ir agora... preciso... ahn... arrumar a casa.

Chloe mentiu por saber que aquele era o recurso mais rápido para encerrar a chamada indesejada e a torrente de perguntas e conselhos de sua mãe. Então, desligou o telefone, jogou o aparelho de lado e fechou os olhos, se ajeitando no sofá de modo a garantir mais conforto e agilizar o processo de voltar a pegar no sono.

E foi o que ela fez até o início da tarde, quando foi acordada forçosamente, ao ser chacoalhada de forma insistente por Ellie, que já estava de roupa trocada e impaciente com seu estado letárgico.

- Meu Deus! Onde foi o incêndio? - Chloe perguntou ao se pôr sentada no sofá, esfregando o rosto, enquanto tentava acordar completamente.

- Você esqueceu que a gente ia sair pra comprar os presentes de natal?

Chloe checou a hora no celular e praguejou ao perceber que tinha dormido mais do que havia programado, depois se espreguiçou, esticando ao máximo os braços e levantando do sofá no instante seguinte.

- Claro que não esqueci. - Ela respondeu, enquanto afastava alguns fios de cabelo soltos do rosto e pegava as chaves do carro, que estavam em cima da mesinha de centro - Vamos.

- Espera - A garota chamou, fazendo Chloe se virar no mesmo instante. - Você vai sair com as calças do pijama?

Pela primeira vez naquele dia, Chloe reparou no que estava vestindo e constatou que, sem sombra de dúvida, a combinação de calça preta e frouxa com bolinhas brancas e regata cinza, que tinha se tornado quase branca de tão gasta, não eram exatamente a combinação ideal para um passeio na rua.

- Merda. - Chloe soltou ao antecipar mentalmente o que precisaria fazer. - Me espera aqui. Eu volto em 5 minutos.

Depois disso, ela foi até o andar de cima, escolheu uma calça jeans escura, tênis, uma camisa branca de botão e uma jaqueta marrom, que lhe garantiram um visual minimamente aceitável para aquele compromisso. Então, se olhou rapidamente no espelho, penteando os cabelos com ajuda dos dedos, até se dar por satisfeita com o resultado e voltar a se juntar à Ellie na sala para tomar o rumo da rua.

__________________________

- Quando vamos comprar meu presente?

A garota perguntou, encarando Chloe com um olhar empolgado, enquanto esta examinava as vitrines distraída, carregando a maior parte das sacolas com os presentes que as duas haviam haviam escolhido, mas a punk voltou rapidamente a atenção para ela ao responder.

- Você achou que fosse estar comigo durante a compra do seu presente? - Ellie balançou a cabeça num gesto afirmativo, mas agora também repleto de incertezas. - Pois pode esquecer. Nessa família, todos os presentes são surpresa.

Ellie não disfarçou o próprio desapontamento ao se deparar com aquela informação, cruzando os braços e fechando a cara, enquanto tentava acompanhar o passo de Chloe.

- Seu presente só será comprado quando sua mãe voltar dessa mald... bendita viagem.

- Mas isso é só semana que vem... - A garota protestou inconformada.

- Não sei porque tanta reclamação, se, de uma forma ou de outra, você só vai recebê-lo no Natal. - Chloe rebateu, conduzindo o trajeto da garota em direção a uma loja de produtos eletrônicos.

- Porque é injusto. - A garota choramingou.

- Injusto é você não me ajudar a escolher o presente da Max. Injusto e egoísta, aliás. - Chloe falou num tom sério, pegando a garota de surpresa com sua reação tão incomum e a deixando sem reação - Ela certamente deve estar lá longe pensando em alguma coisa legal pra trazer pra você. O mínimo que você precisa é se esforçar pra fazer o mesmo.

- Eu sei... desculpa... - A garota falou, agora cabisbaixa, encarando os próprios pés envergonhada. - Eu só fiquei empolgada com meu presente. Claro que quero ajudar a escolher o da mamãe.

- Tudo bem... - Chloe declarou, abraçando a garota de lado e beijando o topo da cabeça dela, enquanto tentava confortá-la. - Acho que fui um pouco dura demais com você. Eu não sirvo pra ser a mãe severa. Sempre fico com dó quando você faz essa cara.

Ellie riu da confissão tão próxima da verdade, se desvencilhando do abraço e se movendo rapidamente em direção às prateleiras repletas de produtos desconhecidos para si. Chloe a seguiu a passos lentos, mas logo a alcançou, observando cada ação dela sem emitir qualquer opinião.

- Alguma ideia do que eu devo comprar? - Ela perguntou finalmente, enquanto a garota manuseava uma caixa com um produto eletrônico do qual nunca ouvira falar.

- Não importa. - Ela respondeu, sem tirar os olhos do objeto, deixando Chloe confusa. - Você pode dar algum acessório para uma das câmeras dela ou qualquer coisa relacionada a fotografia, mas acho que o importante mesmo é o cartão, a mensagem que você vai escrever nele. 

- Hum... boa teoria. - Chloe respondeu, cruzando os braços e se mantendo reflexiva. - Você tem como comprová-la?

- É meio óbvio pelo quanto a mamãe valoriza lembranças das nossas vidas. Ela ainda guarda aquela câmera que nem funciona mais. - Ellie explicou, enquanto andava pelos corredores de produtos, sem pegar nenhum, e as informações começavam a se encaixar na cabeça de Chloe. - Você deveria saber disso melhor que eu, mãe. - Ela concluiu com um sorriso debochado, antes de adentrar em outra sessão da loja.

- Jesus! As vezes eu odeio o quanto você se parece comigo. - Chloe falou ao alcançá-la e notar que a garota ria ainda mais depois de ouvir suas palavras - Espera!

Após o chamado, Ellie parou no meio do caminho e se virou para dar atenção à Chloe, que se aproximou dela, tirando o celular do bolso e o mirando na direção das duas, sem dar nenhuma explicação ao contornar o ombro dela com braço direito e usar o esquerdo para tirar uma selfie surpresa das duas.

- Diga “xis”. - Foi tudo o que Chloe disse, antes que a foto improvisada fosse gravada com um simples clique na memória do aparelho - Aposto que ela vai adorar um cartão personalizado com uma foto da gente comprando os presentes.

- Você aprende rápido, mãe. 

Ellie brincou e logo as duas voltaram à missão principal, até adentrarem a sessão dedicada exclusivamente a câmeras e Chloe ficar ainda mais perdida com as várias opções de acessórios e ferramentas disponíveis.

Depois de vagarem, olhando para boa parte dos produtos sem ter nenhuma pista de qual se encaixaria melhor às possíveis necessidades de Max, Chloe decidiu que a alternativa óbvia era tirar a dúvida com alguém que entendesse do assunto. Assim, ela caminhou até um homem que também parecia estar comprando itens de fotografia e decidiu perguntar.

- Com licença, você sabe onde eu posso encontrar acessórios para esse modelo de câmera específico? - Ela questionou, mostrando no celular a imagem da máquina em questão, da qual havia decidido levar a foto como referência, já prevendo uma situação como a que estava vivendo naquele momento.

O homem olhou do celular para Chloe, a medindo de alto a baixo e sorrindo ao emparelhar o próprio olhar com o dela e finalmente responder a pergunta.

- Ora ora, você gosta das analógicas... - Ele comentou num tom amistoso - mas lamento informar que não vai achar os acessórios delas aqui. Essa loja só tem os das automáticas. Você é profissional ou só fotografa como hobbie?

- Eu não entendo quase nada de câmeras. Na verdade, tô procurando algo relacionado pra dar de presente.

Chloe explicou, ignorando a intromissão do homem, já que, naquele momento, o mais vital para ela era deixar de andar em círculos na loja por não saber ao certo o que procurava. Ellie, por sua vez, estava bastante incomodada com a presença do desconhecido e logo cuidou de deixar isso claro para a mãe, se aproximando dela e tentando puxá-la pela mão na direção contrária.

- O que foi? - Chloe perguntou ao notar a insistência da filha.

- Vambora... ele já disse que não é aqui.

- E, essa, quem é? Sua irmã mais nova? 

Chloe quase revirou os olhos para a cantada mais manjada que já ouvira em anos e, com toda sua força de vontade, conseguiu se conter e responder educadamente, enquanto, por tabela, sentia Ellie apertando sua mão com cada vez mais força e, com sua visão periférica, conseguia visualizar o rosto sardento se fechando cada vez mais.

- É minha filha. - Chloe respondeu, aproveitando o momento para observar Ellie, que mantinha os olhos fixos no desconhecido, como uma ave de rapina prestes a atacar a presa. 

- Filha? Desse tamanho? Muito difícil de acreditar... - O homem forçou uma expressão exageradamente surpresa ao olhar de Ellie para Chloe, tentando dar mais credibilidade ao próprio elogio.

- Aham... obrigada, - Chloe desconversou, tentando manter o foco do assunto onde ela queria - mas será que você poderia me dizer onde eu encontro a loja certa ou não?

- Se seu marido não se incomodar, eu posso te levar até lá.

- Eu não tenho um marido. Na verdade, eu...

Antes que o homem abrisse um sorriso completo com a possibilidade que se anunciava ou Chloe pudesse completar sua frase e enterrar as esperanças dele a sete palmos de terra, Ellie largou a mão dela para fechar um enlace em torno da cintura, enterrando as unhas no tecido da jaqueta, e então bradou raivosamente:

- Ela tem minha outra mãe.

Chloe esboçou um sorriso ao olhar de relance para a garota após aquele evidente ataque de ciúmes, mas principalmente ao presenciar a reação catatônica do homem a ele. Era como se todo o sangue de seu rosto tivesse sumido de repente.

- Eu sou casada com uma mulher. - Chloe explicou, exibindo a aliança que adornava seu dedo anelar. - As coisas de câmera que estou procurando são pro presente de Natal da minha esposa. Ela é fotógrafa.

- Desculpe, eu... eu não fazia ideia... eu...

- Não tem problema. Na verdade, é um erro bem comum até. Você está longe de ser o primeiro a cometê-lo. - Chloe tentou amenizar a situação, enquanto, com a mão esquerda, voltava a tentar acalmar os ânimos da filha, afagando o ombro dela. - Mas e quanto ao local? Você poderia me indicar as direções, por favor?

O homem balançou a cabeça nervosamente e logo indicou uma loja menor no fim do corredor, especializada em câmeras analógicas. Então, Chloe se despediu, deu a mão a Ellie e só voltou a a falar com ela quando já estavam longe, prestes a entrar na outra loja.

- O que foi aquilo? - A punk perguntou de repente ao se virar para Ellie, já sabendo a resposta, mas querendo ouvir da boca da garota, que, por sua vez, apenas baixou a cabeça, encarando o chão com os punhos cerrados, sem dizer nada. - Você sabe que isso foi uma pergunta retórica, né? Porque eu sei exatamente o que aconteceu.

Com a manutenção do silêncio de Ellie, Chloe a conduziu até o banco mais próximo, onde se sentaram e puderam dar continuidade à conversa de forma mais tranquila.

- Você acha que eu trairia sua mãe?

- Não. - Ellie respondeu sem pensar muito - Mas aquele cara... eu... eu não gostei dele...

- Eu também não gostei dele, mas precisava da informação... por isso, tive que ignorar isso por alguns minutos. - Ellie apenas suspirou em resposta. - Você também é muito parecida comigo nisso. Ciumenta igual. - Chloe confessou, bagunçando o cabelo da garota e a fazendo abandonar de vez a postura defensiva - Se fosse sua mãe no seu lugar naquela situação, ela certamente teria uma reação até amigável. Ela diria algo como: “Você é muito gentil. Obrigada por ajudar um casal de lésbicas sem senso de direção”. Isso tudo sem se tocar que ele estava flertando comigo.

A garota riu abertamente, enquanto imaginava a cena, mas logo suspirou e retomou a expressão inconformada de antes.

- Eu tô com saudade dela. - A garota confessou, recostando a cabeça no ombro de Chloe.

- E você diz isso pra mim? Sem a Max por aqui, eu nem ao menos consigo achar o par pras meias que uso e acabo tendo que usar dois diferentes. - Chloe ironizou, arrancando mais algumas risadas da filha - O importante é que ela vai voltar em poucos dias e você precisa evitar agredir, verbalmente ou não, estranhos intrusivos enquanto o dia não chega.

- Tá bom. - Ellie respondeu, esboçando um novo sorriso.

- Agora vamos comprar esse bendito presente e voltar logo pra casa porque eu já tô cansada de perambular nesse shopping a tarde toda.

Dito isso, as duas se levantaram do banco ao mesmo tempo, voltando a sua missão principal e, após alguns minutos de uma caçada finalmente frutífera, compraram os presentes restantes e tomaram o rumo de casa.

__________________________

Chloe entrou, dando passagem à filha e, logo em seguida, trancou a porta e jogou as chaves da casa na primeira superfície plana que visualizou. Depois foi até o sofá, onde Ellie já se encontrava deitada, se recuperando do cansaço acumulado pelo passeio no shopping, levantou os pés dela e sentou no vago, deixando-os repousarem no seu colo.

- O que você acha de a gente pedir pizza pro jantar e ficar jogando vídeo game até mias tarde, já que amanhã é domingo?

A garota se levantou parcialmente, apoiada nos cotovelos e fez uma careta para a sugestão, o que só serviu para deixar Chloe confusa.

- Nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu tô enjoada de pizza, mãe. A gente pode jantar comida normal hoje?

- Isso deve ser praga da Max, tenho certeza! Mas, sendo totalmente sincera, até eu tô meio cheia de comer pizza quase toda noite. - Ela confessou, suspirando e se levantando para tomar o rumo das escadas. - Eu vou só colocar umas roupas mais confortáveis e depois desço pra gente combinar e fazer o pedido.

A garota assentiu, ligando a tv para se distrair enquanto esperava, e Chloe subiu as escadas sem dizer mais nada, mas, quando estava perto do quarto, sentiu o celular tocar em seu bolso e o sacou de imediato, abrindo um sorriso ao visualizar o nome e a foto de Max piscando na tela.

- E aí? Como estão as coisas? Já começou a esquecer de mim? - Ela brincou, continuando sua caminhada rumo à suite, enquanto Max bufar em resposta.

- Tudo correndo bem. Apenas pensando, se minha esposa vai continuar fazendo drama pra tentar me induzir a massagear o ego dela. - Max ironizou a provocação de Chloe, que apenas riu em resposta. - E quanto a vocês?

- Acabamos de voltar do shopping, onde fiz uma descoberta interessante sobre nossa filha ter mais ciúmes de mim que você. 

- Como assim?

- Vou deixar pra te contar quando estivermos cara a cara. É muito mais divertido. - A punk encerrou o assunto prematuramente, tentando incitar a curiosidade da nerd, enquanto largava sua jaqueta sobre a poltrona, tirava os tênis, jogando-os a esmo no quarto, e começava a desabotoar a camisa com apenas um das mãos. - Por falar nisso, não vai ter vídeo chamada hoje? Eu estava esperando ver se nenhuma sarda sua se perdeu por aí depois de tanto tempo longe.

Chloe sentou na poltrona e se concentrou em ouvir as risadas de Max, conseguindo recriar a imagem dela apenas com o auxílio de sua imaginação, viajando nela até ser interrompida pela resposta da nerd.

- Não tem como... eu não tô no hotel...

- Ainda trabalhando a essa hora? - Chloe perguntou, se levantando da poltrona automaticamente, pega de surpresa por aquela informação.

- Não... eu tive que sair para checar e descobrir que minha esposa transformou nosso quarto num pandemônio no período em que estive fora...

A porta do banheiro se abriu de repente e uma Chloe confusa se virou na direção do barulho, bem a tempo de ver uma versão sorridente de Max sair do banheiro com o celular ainda no ouvido.

Ainda em estado choque, boquiaberta e com o telefone posicionado no mesmo lugar, como se aquilo fosse necessário para que a conversa continuasse, a punk voltou a falar, porque nunca aceitaria uma acusação como a que Max havia levantado contra si sem se defender.

- Eu juro que ia arrumar tudo antes de você voltar. A culpa foi sua de aparecer sem avisar.

Max riu, balançando a cabeça, e Chloe abriu os dois braços, com um sorriso de orelha a orelha, a esperando seguir a deixa, como sempre fazia quando as duas se reencontravam depois de um período mais longo separadas. 

E não levou mais que alguns segundos para a nerd cumprir o ritual de correr em direção à punk, saltar nos braços dela, contornando a cintura com as pernas e o pescoço com os braços, enquanto era sustentada e rodopiada por ela no ar.

O próximo passo foi um longo beijo de boas vindas, que continuou por todo o tempo em que Chloe a conduziu cegamente e aos tropeços em direção à superfície mais próxima - naquela oportunidade, foi a escrivaninha - e a pôs sentada no móvel, garantindo maior liberdade para as próprias mãos passearem pelo corpo da fotógrafa.

- Mentirosa... você disse que só voltaria no meio da semana. - A punk falou com a voz rouca, enquanto trocava a boca de Max pelo pescoço.

- Era pra ter voltado, mas mexi meus pauzinhos e dei um jeito de vir antes. Não aguentava mais ficar... 

Qualquer conclusão que Max estivesse prestes a dizer foi silenciada por outro beijo, mais intenso que o primeiro, que tornou completamente inútil o uso posterior de palavras, o que a fotógrafa entendeu perfeitamente. Tanto que logo cravou os dedos nos cabelos de Chloe, tendo maior domínio da interação entre as duas para poder aprofundá-la a seu bel prazer, enquanto percebia os pequenos e conhecidos sons de contentamento que a punk deixava escapar em resposta às suas investidas.

Outro efeito colateral dos movimentos mais ousados de Max era fazer com que as mãos de Chloe criassem vontade própria e não se contentarem em apenas se mover sobre as pernas dela, passando a subirem livremente por toda a extensão, explorando com afinco cada centímetro das coxas da nerd e subindo perigosamente, enquanto afastavam o vestido, que, por facilitar suas ações, a punk agradecia aos céus internamente por ela estar usando. 

Quando Chloe atingiu a barra da calcinha de Max e a segurou de ambos os lados, tornando evidente qual seria seu próximo passo, foi contida pela fotógrafa, que murmurou um simples “espera”, logo depois de encerrar o beijo de forma inesperada.

- Esperar é chato. Eu odeio esperar. -  Chloe protestou, fazendo cara de choro, o que lhe rendeu um sorriso e outro beijo mais curto que os anteriores.

- Não podemos fazer isso agora. Eu nem falei com nossa filha, que provavelmente vai aparecer aqui a qualquer momento e encerrar o que estamos fazendo de um jeito ou de outro. - Max disse, tentando argumentar racionalmente com a punk, que estava decidida a continuar se lamentando - Mas eu prometo te compensar pela espera mais tarde.

Max disse numa voz baixa ao pé do ouvido de Chloe, que sorriu maliciosamente por um tempo até lembrar do que tinha combinado um pouco antes de subir.

- Merda!

- O que foi? - Max perguntou, confusa com a resposta inesperada.

- Merda! Merda! Merda! - Chloe repetiu, enterrando a cabeça no peito de Max, antes de esclarecer sua reação - Eu combinei com a Ellie de ficar jogando até de madrugada.

- Você quer dizer que quebrou deliberadamente uma das regras que estabelecemos pra nossa filha e agora vai pagar o preço por puro karma? - Chloe apenas balançou a cabeça, se mantendo na mesma posição, enquanto Max saboreava a pequena vitória. - Eu adoraria fazer outras coisas essa madrugada, mas posso abrir mão de tudo e simplesmente ir dormir pelo bem maior. No caso, a noite de jogos de vocês duas.

- Não, Max. Você tem que ser mãe responsável e proibir essa infração. - Chloe apelou, conquistando apenas risadas da fotógrafa.

- De jeito nenhum, eu vou ser a vilã dessa história. - Max negou, se desvencilhando da punk e descendo da mesa - Além disso, passar por cima de uma decisão sua seria te desautorizar na frente da nossa filha e não queremos isso.

- Por favor, me desautorize.

- Vamos descer, Chlo.

Max encerrou o assunto, puxando uma Chloe inconformada pelo braço em direção à saída do quarto e consequentemente pelas escadas que conduziam ao andar de baixo.

- Olha o que eu achei lá em cima enquanto procurava um pijama pra vestir... - Chloe falou, captando imediatamente a atenção da garota, que antes permanecia focada na tv.

Ellie sorriu ao enxergar Max, então saltou por cima do encosto do sofá no minuto seguinte e correu em direção às duas.

- Você voltou! - A garota falou empolgada, ao abraçar Max.

- É. Tava morrendo de saudade. - Max disse ao corresponder ao cumprimento - E tô morrendo de fome... o que vocês acham de pedirmos uma pizza pro jantar?

Ao notar as expressões enojadas que Chloe e Ellie fizeram ao mesmo tempo quando ouviram sua sugestão, Max não pode fazer mais nada, além de ficar confusa e em silêncio, à espera de uma explicação.

- Sem ofensa, Max. Mas você estragou pizza para nós por um bom tempo.

- Eu estraguei? - Max repetiu num tom irônico, arqueando uma das sobrancelhas.

- É. E depois teremos uma conversa muito séria a respeito. - Chloe insistiu, pegando o celular no bolso e começando a navegar entre os aplicativos. - Mas antes vamos pedir logo a comida porque eu tô faminta e meu estômago não vai se preencher sozinho. 

- Tem razão. Você precisa ficar bem abastecida pra resistir à maratona de games com a Ellie.

Enquanto a garota comemorava inocentemente ao ser lembrada do compromisso, Chloe se lamentava em silêncio, de mãos e pés atados.


Notas Finais


Será que eu consegui enganar mais alguém com o título ambíguo?
Por favor, ao me matem. Minha sobrevivência é essencial pra continuidade da história.

Beijos e bom resto de feriado.
Agora vou lá responder os comentários atrasados (não me mantém por isso também).


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