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História Amor Além do Tempo - Sempre


Escrita por: SamusAran

Notas do Autor


Tá chegando a hora, gente!

Esse é o capítulo final, mas não é o último porque eu prometi um epílogo especial pra vocês e promessa é divida.

Espero que gostem do final porque teve uma decisão sobre ele que tomei no momento em que estava escrevendo e que foi a única que não decidi desde o começo.

Boa leitura! :)

Obs: Vai ter uma menção a uma música durante o capítulo, eu vou por o link lá no final pra quem quiser ouvir e entrar no clima. Hehe!

Capítulo 78 - Sempre


Fanfic / Fanfiction Amor Além do Tempo - Sempre

Quando acordou na manhã seguinte à sua "despedida de solteira improvisada", Chloe não encontrou qualquer traço de Max no quarto, a não ser a manutenção das bagagens da garota no mesmo local em que estavam na noite anterior.

A punk se espreguiçou, lembrando vagamente de ter recebido um beijo no rosto, seguido de uma espécie de frase de despedida da nerd, quando ainda estava dormindo, mas não sabia dizer ao certo se aquilo tinha sido parte de um sonho ou se havia acontecido de verdade. 

Sem pensar muito, ela decidiu deixar aquilo momentaneamente de lado, para procurar e vestir suas roupas da noite anterior e ir até o banheiro escovar os dentes e lavar o rosto, antes de se juntar aos demais para tomar café da manhã. 

Depois de pronta, a garota desceu os degraus lentamente e só notou, ao atingir o último, que Max também não estava lá embaixo na companhia dos outros residentes da casa, que já haviam terminado a refeição, mas permaneciam à mesa conversando entre si após sua chegada.

Após cumprimentar a todos e escanear rapidamente a sala e o quintal com o olhar, Chloe finalmente decidiu lançar a pergunta que já pairava em sua cabeça e ocupava a ponta de sua língua havia vários minutos.

- Cadê a Max? - Ela disse para ninguém em especial, enquanto enchia uma caneca de café e sentava na cadeira livre, dando os primeiros goles no líquido, aguardando a resposta.

- Já foi. - Joyce respondeu de forma desinteressada, aparentemente sem entender a necessidade da pergunta. - Eu não sei se você lembra, filha, mas o casamento de vocês é hoje.

- Sério, mãe? Valeu por me lembrar... não acredito que esqueci... - Chloe devolveu o comentário com o mesmo tom de ironia, mas o abandonou rapidamente em sua frase seguinte - Mas por que ela precisou sair tão cedo? O casamento é só no fim da tarde...

- É, querida, mas ela precisa se preparar e isso leva bastante tempo. - Joyce explicou pacientemente, enquanto uma versão sonolenta de Chloe tomava mais um gole de café - Achou que ela fosse fazer isso aqui junto com você?

- Ué! E por que não?

Joyce balançou a cabeça num gesto discordante, mal acreditando na teimosia interminável da filha e na dificuldade dela de entender o óbvio, mas mesmo assim decidindo lidar com ela pacientemente.

- Filha, eu não sei se você lembra, mas o casal só se vê na hora da cerimônia. É tradição. Pra ter boa sorte!

- Ah... outra tradição... - Chloe repetiu em tom deboche, agora mordendo uma torrada com o olhar distraído. Tanto que não percebeu a expressão de Joyce mudar ao ouvir seu novo comentário irônico.

- Espero que você não tenha brigado com ela por causa da história dos quartos, Chloe Elizabeth Price.

Chloe riu instintivamente ao ouvir o questionamento irritado de sua mãe, disfarçando a reação em meio a outro gole de café, enquanto lembrava vividamente de inúmeros flashes da última noite que passou ao lado de Max.

- Guarda as pedras no bolso, mãe. Fique sabendo que eu sou uma grande entusiasta de tradições de casamento. - A punk respondeu num tom bem humorado, enquanto deixava escapar seu inconfundível sorriso debochado. - Eu só tô chateada porque a gente não se despediu antes de ela ir pra onde quer que tenha ido.

- Talvez se você não tivesse acordado tão tarde, né, filha? - William advertiu, em sua primeira participação na conversa.

- O senhor também teria acordado tarde, se tivesse... ahn... é... - William arqueou as sobrancelhas, esperando o complemento da frase, assim como os pais de Max e Joyce, enquanto uma gagueira repentina parecia ter tomado conta do discurso de Chloe, que demorou um bom tempo para se recuperar e finalmente concluir - Se tivesse dirigido horas a fio no dia anterior.

- Claro... a viagem... eu esqueci dela. - William respondeu, encarando a filha como se pudesse ler os pensamentos dela e detectar sua mentira. Mas, para a sorte de Chloe, as perguntas não evoluíram. - De qualquer jeito, você vai revê-la em breve. É só ter um pouco de paciência.

- Nós já estamos indo pra lá checar os preparativos finais e depois como a Max está. - Vanessa avisou, ao se levantar e ser imitada pelo marido. 

- O William e eu vamos daqui a pouco. - Joyce comentou, acompanhando os dois até a porta - Só precisamos terminar de ajeitar umas coisas por aqui e nos arrumar.

- Nos vemos lá então. 

Ryan falou por fim, se despedindo de Joyce e William e depois dando espaço para que Vanessa fizesse o mesmo e os dois pudessem ir embora.

Quando os Caulfield seguiram seu rumo e antes que os Price se focassem em seus afazeres, Joyce voltou à companhia da filha.

- Você vai ficar bem aqui sozinha? 

Chloe suspirou, revirando os olhos, mal acreditando na pergunta que Joyce acabara de fazer.

- Mãe, a senhora pode não ter percebido ainda, mas eu sou uma adulta agora. É claro que vou ficar bem sozinha.

- De qualquer forma, senhorita "eu sou adulta agora", a Max me pediu que eu te lembrasse de algumas coisas.

- Lá vem minha segunda mãe. - Chloe externou seu descontentamento com a descrença generalizada em seu poder de organização.

- Você sabe onde está a roupa que você vai usar mais tarde? - Chloe travou no lugar ao ouvir a pergunta, abandonando imediatamente sua postura indignada.

Joyce não precisou esperar a resposta da filha para saber qual seria. Em vez disso, preferiu indicar o local e prosseguir com os avisos.

- Ela também me pediu pra te lembrar de tomar o anti inflamatório pra evitar que você fique com dor de garganta já que você sempre acaba esquecendo.

- Eu... eu... teria tomado antes, se soubesse onde estava. - Chloe tentou se justificar, enquanto se maldizia internamente pela própria falta de memória.

- Claro... - Joyce falou, se divertindo com o desconcerto da filha ao cair em contradição pela segunda vez seguida, mas preferindo não confrontá-la com o fato. - Ela também disse que ia mandar alguém pra te ajudar a se arrumar.

- Eu não preciso de ninguém pra me ajudar a me vestir. Isso é ridículo!

Chloe reclamou, se levantando de braços cruzados e caminhando em direção às escadas para tomar banho, ainda resmungando enquanto pisava pesadamente em cada degrau.

- Filha, eu só estou repassando o recado. Depois você reclama diretamente com sua futura esposa. - Joyce acrescentou sorridente, se divertindo com a reação de Chloe e ainda conseguindo ouvi-la praguejar frases ininteligíveis no andar de cima, ao fechar a porta do banheiro.

__________________________

Já de banho tomado e de roupa trocada, Chloe se observava no espelho do quarto, se atendo aos últimos detalhes de sua arrumação e fazendo diversas poses para analisar melhor seu visual. Afora o terno com um corte feminino e sem gravata, a peça que ela mais gostou do traje foi seu recém comprado tênis prateado. Sem dúvida, a mais chamativa do figurino e também a única escolhida pessoalmente por ela.

A punk ainda ria para o espelho, ensaiando o momento de sua caminhada até o altar, quando ouviu o barulho da campainha, distraindo sua atenção para o andar de baixo. Então, mesmo à contragosto, ela decidiu descer para atender a visita, já que sua mãe e seu pai ja tinham ido embora, a deixando sozinha em casa. 

E a garota ficou realmente surpresa quando abriu a porta da frente e deu de cara com uma Victoria Chase, visivelmente impaciente, esperando de braços cruzados, escorada na entrada.

- Vic, acho que você se enganou. O casamento é pro outro lado. - Chloe brincou, apontando para o lado oposto da rua, ao notar a loira já com as roupas da festa.

- Não brinca… 

Victoria devolveu sarcasticamente, esbarrando o ombro no de Chloe ao entrar na casa, sem esperar convite, e ignorando o olhar contrariado que recebeu dela pela atitude ao prosseguir com sua fala.

- Eu vim te ajudar a não parecer uma completa idiota quando estiver lá na frente de todo mundo. - Ela começou a se explicar, enquanto analisava atentamente o visual de Chloe e extraía o quase inseparável gorro de sua cabeça, o jogando num móvel próximo.

- Que droga é essa, cara? - Chloe perguntou indignada com a ação invasiva.

- Você achou que ia casar com essa coisa na sua cabeça…? Pense de novo. - Victoria devolveu, se virando e subindo as escadas, sem esperar resposta.

Quase impulsivamente e decidida a iniciar um longo debate, Chloe subiu logo atrás dela, que, por outro lado, não parecia nenhum pouco preocupada com seus protestos.

- A Max disse que eu podia me vestir como quisesse. - Chloe disse de braços cruzados e exibindo uma expressão irritada, quando as duas já estavam dentro do quarto dela.

Victoria se virou finalmente, franzindo o cenho e resolvendo enfrentá-la usando o mesmo tom de voz.

- E eu estou dizendo que você não vai subir naquele altar parecendo uma desabrigada sem nenhum senso de moda. - A loira começou a falar enquanto se aproximava de Chloe, encostando o indicador nela repetidamente ao avançar - É o dia mais importante da vida dela e da sua também e você vai fazer um esforço mínimo para estar lá com uma aparência aceitável.

Ao ser confrontada com aquele fato, Chloe automaticamente assumiu uma postura menos combativa, mudando inclusive o tom de voz  e o teor do discurso ao voltar se dirigir à Victoria.

- Meu deus, você tá bem estressada, hein, Vic?

- Deve ser porque você me estressa. - Victoria devolveu a provocação - Agora senta aí na cama ou na cadeira pra eu dar um jeito no seu cabelo e no seu rosto. - Ela falou enquanto se afastava para pegar secador, escova e outros itens, posicionados sobre a cômoda, além de selecionar um estojo de maquiagem dentro da própria bolsa, colocando tudo sobre a cama - É uma pena que não exista cirurgia plástica instantânea, mas um pouco de maquiagem deve resolver. - Victoria comentou ao esboçar um sorriso, enquanto começava seu trabalho numa Chloe já sentada.

- Ha-ha, muito engraçado. - A punk debochou, se mantendo em silêncio e quieta por bastante tempo, enquanto Victoria começava a trabalhar em seu cabelo, refletindo sobre as palavras da loira antes de arriscar perguntar. - Como ela está?

- Melhor que você, com certeza. - Victoria respondeu com uma nova ironia, mas ao notar o olhar crítico que Chloe lhe direcionou, resolveu completar. - Ela tá linda daquele jeito hipster retrô dela. Mas ainda não estava totalmente pronta quando saí. Por isso, a Kate ficou ajudando.

Chloe sorriu, se distraindo pela imagem mental trazida por Victoria, viajando em seus pensamentos ao tentar imaginar os detalhes da aparência de Max e também da festa como um todo, mas logo foi trazida de volta à realidade pelo toque insistente do celular em seu bolso.

A punk começou a se mexer, tentando alcançar o aparelho, enquanto recebia tapas e avisos para se manter quieta de uma Victoria, bastante concentrada no que fazia e, por isso mesmo, contrariada com a inquietude repentina dela.  

- Aiiiiiii, sua idiota. Você tá querendo me deixar careca ou algo do tipo? - Chloe reclamou, enquanto se defendia das agressões recorrentes, já com o celular no ouvido.

- Se você ficar quieta no seu canto, não vai ser preciso. - Victoria devolveu, desligando o secador e o abandonando sobre a cama.

- …parece que vocês estão se divertindo bastante por aí

Chloe ouviu do outro lado da linha de uma voz risonha, que lhe era familiar até demais. 

- Por que você mandou a Victoria vir aqui me torturar e ficou aí com a Kate, Max? Não é justo… você sempre fica com as coisas mais legais… Aiiii! - Chloe reclamou novamente ao ter seu cabelo puxado bruscamente pela garota loira.

- Não fale assim da Victoria, Chlo. Ela foi muito generosa se oferecendo pra te ajudar. Seja mais gentil. - Max exigiu, ouvindo Chloe bufar do outro lado da linha, mas ceder logo em seguida.

- Tá… - A punk respondeu e depois se dirigiu diretamente à Victoria - desculpa, Vic. Eu tava brincando. Só não arranque meu cabelo com essa escova, por favor!

- Tanto faz… só fique parada. 

Victoria advertiu, ao se afastar novamente agora para pegar o estojo de maquiagem, enquanto Chloe revirava os olhos e voltava a se dirigir à nerd, que aguardava na linha.

- E, quanto a você… fique sabendo que eu tô bem chateada.

- Comigo? - Max indagou, confusa com o comentário. - O que eu fiz?

- Na verdade, é mais o que você não fez… - Chloe a corrigiu desgostosa. - Você foi embora sem se despedir hoje.

- Ahn…? Claro que eu me despedi. Eu nunca saio sem me despedir de você… - Chloe se surpreendeu com a discordância, mas não disse nada. Apenas esperou a nerd completar. - Você tava deitada de olhos fechados, mas até sorriu quando te dei um beijo e disse “Te amo. A gente se vê no altar”. Você não lembra?

- Hum… - Chloe deixou escapar ao ser pega de surpresa pela explicação. - Lembro… mas eu meio que pensei que tivesse sonhando ou algo do tipo… mas tá bom, tá bom… você tá perdoada.

Max riu do outro lado da linha, ignorando o fato de estar sendo perdoada por um erro que não havia cometido e tentando evitar iniciar uma discussão sem propósito por telefone.

- Obrigada pelo perdão, Chlo. Você é muito bondosa. - Ela, entretanto, não perdeu a oportunidade de ironizar a punk - Agora vou desligar pra não atrapalhar mais vocês porque nós já terminamos aqui.

- Tudo bem. Até mais tarde. Te amo.

- Também te amo.

Chloe ainda olhava com a cara abobalhada para o display do celular após encerrar a chamada, quando teve sua cabeça inclinada forçosamente para cima por Victoria, que agora trabalhava em seus olhos.

Ela decidiu não reclamar ou começar um novo bate boca, escolhendo, em vez disso, mudar o tema da conversa.

- Quando vai ser a sua vez de estar no meu lugar e eu no seu, Vic? - Ela falou, trazendo a atenção da garota automaticamente para si. - Quer dizer, não de estar aqui sentada comigo te maquiando e arrumando seu penteado. Você, com certeza, vai reservar um salão inteiro para cuidar disso no dia do seu casamento - Victoria não conseguiu evitar rir do comentário, mas se manteve focada em sua tarefa. - Eu me refiro a eu e a Max sendo suas madrinhas e você no posto principal do altar ao lado da nossa querida Marshmallow. E eu juro que te dou uma surra, se você puser alguma patricinha esnobe do seu círculo social pra ser madrinha no meu lugar.

- Relaxa, Chloe. É óbvio que você e a Max serão madrinhas. - Victoria garantiu de imediato, contendo o ímpeto raivoso da punk - Eu não gosto de dizer isso em voz alta, ou mesmo num lugar onde haja testemunhas, mas considero vocês duas nossas melhores amigas. - Ela confessou com toda sinceridade que lhe era possível naquele momento e, em seguida, completou desanimada - Só não sei se esse casamento vai acontecer tão cedo.

- Por que…? - Chloe questionou, mas não esperou resposta, simplesmente completou após refletir alguns segundos a respeito. - Aquela velha louca mãe da Kate! 

Victoria assentiu em meio a um suspiro, se afastando por um momento e voltando com um delineador.

- O pai da Kate até concordou em celebrar a cerimônia… ela ficou tão feliz… mas aquela mulher dos infernos bateu o pé dizendo que não iria ao casamento e ameaçou deixar o marido, caso persistisse com a ideia. Por isso, decidimos adiar mais um pouco até tudo isso se resolver.

- Isso é uma droga, cara! Eu sinto muito. - Chloe falou pesarosa para Victoria.

- E eu pensando que o mais difícil dessa história seria convencer a Kate a ficar comigo. - Victoria completou com um sorriso irônico - Nem imaginava o quanto aquela mulher ia dificultar nosso relacionamento, mesmo depois de tanto tempo, de já vivermos em outra cidade e termos uma vida inteira juntas.

- Veja pelo lado bom, Vic. Você já conseguiu o principal. O resto vai vir junto, cedo ou tarde. É só ter paciência.

Victoria assentiu novamente com um leve sorriso, se afastando de novo, agora para guardar os itens de maquiagem espalhados na cama de volta no estojo.

- Já terminei, Price. Você está livre.

No exato momento em que foi liberada, Chloe se levantou da cama, caminhou até o espelho e finalmente pôde ver o resultado final transformação que Victoria havia feito nela. 

Para sua surpresa, Chloe se deparou com uma maquiagem leve, um pouco mais carregada apenas nos olhos e que combinava perfeitamente com o estilo milimetricamente bagunçado de seu penteado, conferindo a ela um visual bem de acordo com sua personalidade.

- Cara, ficou incrível. Valeu, Vic! - Chloe disse com sinceridade, enquanto permanecia se admirando no espelho.

- E, alguma vez na vida, Victoria Chase já fez um trabalho meia boca? - A loira devolveu com ar presunçoso, que fez Chloe revirar os olhos antes de responder.

- Você fica pior que eu quando recebe elogios, cara. Precisa melhorar isso.

Victoria riu do comentário, mas parou ao fazer uma nova checagem no visual de Chloe, lembrando de um detalhe que estava faltando no figurino dela e que não poderia ser esquecido. Com isso em mente, ela abriu a própria bolsa, tirou uma flor branca que trazia dentro dela e a entregou nas mãos de uma Chloe confusa.

- Põe na lapela. É pra combinar com o buquê da Max.

Chloe acenou positivamente, atendeu o pedido de Victoria e voltou a se olhar no espelho, agora contemplativa, com o pensamento a milhas do quarto e com um frio recém descoberto na barriga.

- Eu vou me casar. - Ela falou finalmente, como se naquele momento aquele fato tivesse se tornado mais real.

- Não brinca, Sherlock! - Victoria respondeu distraída, enquanto reorganizava a bolsa. - Por isso mesmo, é melhor irmos logo. Você entra antes e não pode chegar atrasada.

Chloe assentiu, respirando fundo e, seguida de perto por Victoria, tomou o rumo das escadas, da saída, do carro e finalmente da praia, onde a celebração ocorreria.

__________________________

Já com tudo organizado, os convidados praticamente todos em seus lugares conversando entre si e aguardando o início da cerimônia, enquanto o juiz confirmava os últimos detalhes à distância com Joyce, o frio na barriga e o nervosismo de Chloe só aumentavam.

Para a garota, a sensação era como a de estar a dias parada de pé ao lado do pai e de frente para o tapete que percorreria até o altar. Naquele momento, ela sentia que suas pernas fraquejariam antes mesmo do momento em que começaria a andar.

- Pai… - Ela chamou sem olhar para ele, ainda observando os detalhes da decoração do espaço.

- Hum? - William atendeu distraído.

- É normal eu estar com vontade de vomitar?

William sorriu, finalmente notando o estado em que sua filha se encontrava e estendendo a mão para segurar a dela e afagá-la como forma de conforto.

- É totalmente normal, querida. E, se você quiser, ainda dá tempo de ir ao banheiro.

- Não acho que será preciso… é só a sensação mesmo.

- Vai melhorar quando você estiver lá na frente e a Max estiver entrando. Eu garanto.

- E se ela não aparecer? E se ela desistir e resolver que não quer mais casar? Eu já vi isso acontecendo na TV… - Chloe questionou com um olhar apreensivo, levando seu pai a rir abertamente da preocupação dela.

- Filha, você acha mesmo que existe a possibilidade remota de algo assim acontecer? - Ela não respondeu nada, apenas olhou para o chão cabisbaixa e William decidiu continuar - Aquela garota te ama mais que tudo e provavelmente está tão ou mais ansiosa que você por esse momento. Não deixe o nervosismo te fazer esquecer disso.

- Eu devia ter bebido antes de sair de casa.

William apenas riu do comentário, balançando a cabeça, enquanto Chloe esfregava as mãos uma na outra, depois soprava para aquecê-las e se movimentava insistentemente à medida em que o tempo avançava.

Após passar alguns minutos repetindo essa rotina, uma Chloe impaciente notou uma movimentação estranha no ambiente e, em sequência, os convidados se levantando e sua mãe sumindo de seu campo de visão.

- O que houve? - Ela perguntou num sussurro apreensivo para William.

- Ao que tudo indica, parece que sua noiva não desistiu do casamento. - Ele respondeu em tom de brincadeira. - Melhor se preparar porque nós vamos entrar logo após o padrinhos.

Chloe assentiu, se mantendo em silêncio, enquanto sentia sua pulsação aumentar ainda mais pela ansiedade. Então, após alguns anúncios feitos pela cerimonialista, a música escolhida pelas duas garotas começou a tocar, indicando o início da entrada dos padrinhos e demais participantes da cerimônia.

Quando finalmente chegou a vez de Chloe, ela não conseguia ver mais nada ao seu redor com clareza, nem distinguir as vozes ou ruídos emitidos pelos convidados. O máximo que conseguiu distinguir foi a voz de seu pai perguntando se ela estava pronta. Após confirmar com um aceno, ela se posicionou ao lado, deu a mão a ele e os dois começaram a se deslocar rumo ao altar.

Para a garota, pareceu uma caminhada de quilômetros, um trajeto quase interminável, mas que na realidade durou apenas alguns segundos. Ela recebeu um beijo do pai ao chegar ao destino e depois ele se encaminhou para o lado de Joyce, deixando-a no altar com o coração na boca à espera da chegada de Max.

Para o alívio de Chloe, aquilo não demorou muito a acontecer, já que, detrás da última fileira de convidados, a garota logo surgiu ao lado do pai, se posicionando no lugar onde antes ela estava e sorrindo assim que que cruzou o olhar com o dela à distância.

Em uma ocasião comum, Chloe iria brincar dizendo que Max estava no modo hippie completo, mas naquele instante, ela observava a garota se aproximar em seu vestido coberto de rendas, com o torso parcialmente translúcido na área dos ombros, saia solta, mas sem uma calda e com uma tiara repleta de flores brancas completando o figurino e só conseguia pensar no quanto ela estava bonita.

A punk mal piscava, admirando a garota de sardas se aproximar num passo tímido, com o olhar sempre procurando o seu, até finalmente chegar ao altar e ser entregue a si por um Ryan Caulfield visivelmente emocionado.

Depois que o pai de Max replicou a ação prévia de William, beijou a filha no rosto e foi se sentar ao lado da esposa, Chloe ofereceu a mão para Max, que logo a segurou, entrelaçando seus dedos. 

- Você tá linda. - Chloe sussurrou perto do ouvido da nerd, sem conseguir mais se conter.

- Você também. Adorei os tênis. - Max respondeu no mesmo tom.

Então, as duas trocaram um novo olhar e um novo sorriso, antes de voltarem a atenção para o juiz, que estava prestes a dar início aos ritos do casamento.

- Estamos aqui reunidos para celebrar a união de Chloe Elizabeth Price e Maxine Caulfield em matrimônio…

Essas provavelmente foram as últimas palavras a que Chloe prestou atenção de todo o discurso do homem, já que sua mente estava perdida na visão da garota ao seu lado, a fazendo sorrir para ela e demonstrar o quanto estava feliz por aquele momento estar finalmente se tornando realidade.

Todo o mal estar que Chloe sentiu durante a espera e todos os pensamentos ruins foram substituídos por um sentimento de paz e euforia, agora que as duas finalmente estavam ali juntas, prestes a selar para sempre o laço que mantinham há tantos anos.

E depois de várias trocas de olhares e sorrisos, com Max indicando, vez ou outra, com um movimento de cabeça que Chloe olhasse para frente, ela finalmente atendeu. Por coincidência, na hora em que era realmente necessária a atenção das duas.

- … então, se vocês prepararam os votos, essa é a hora. - As duas garotas assentiram e, enquanto Max abria o pequeno papel que trouxe na mão, camuflado pelo buquê, Chloe recuperava uma versão bastante amassada do dela do bolso da calça. - Pode ir primeiro, Maxine.

A garota de sardas assentiu de novo, pigarreou e trocou mais um olhar e um sorriso com Chloe, antes de voltar sua atenção para o papel que mantinha aberto nas mãos e iniciar a leitura.

- Chloe, se alguém tivesse me dito há 7 anos atrás que estaríamos no ponto em que estamos nesse exato momento, eu acreditaria sem pensar duas vezes, porque eu já sabia, desde aquela época, o quanto você era vital para mim. E hoje, além de ser a pessoa que eu amo, também é a em quem mais confio e com quem sei que posso contar em todas as horas. - Chloe assentiu já bastante emocionada - Você é meu norte, a principal responsável por eu ter chegado aonde cheguei e por tudo que sou hoje. Afinal, você sempre esteve ao meu lado, acreditando em mim e me dando forças, mesmo quando nem eu mesma acreditava mais em todas as horas que eu me questionava. 

Os momentos à que Max se referia passavam como flashes pela cabeça das duas à medida em que a garota evoluía em seu discurso.

- E, quando estou ao seu lado, sinto como se pudesse enfrentar qualquer coisa, como se pudesse desafiar o mundo inteiro e sair vencedora. O que me faz lembrar de quando éramos crianças e sempre falávamos em viver aventuras juntas e imaginávamos diversos cenários e situações diferentes. E hoje posso afirmar com segurança que conseguimos. - Max garantiu com um sorriso orgulhoso - Entre caças ao tesouro, explorações pela cidade, viagens pelo mundo, uma paixão avassaladora e um amor incondicional, nossa vida juntas tem sido uma enorme aventura que está apenas começando e que espero que dure por muitos anos e muitos anos, até ficarmos bem velhinhas e passarmos nossas tardes livres tomando sorvete em alguma praça e assistindo outras pessoas mais jovens amadurecerem e  se enveredarem em suas próprias aventuras. 

Chloe não conseguiu mais conter as lágrimas de felicidade ao final do discurso da nerd, mas precisou se recuperar rápido, pois o juiz logo se dirigiu a ela para que iniciasse sua própria fala.

- Sua vez, Chloe. 

A garota mais velha respirou fundo, olhando para o papel e depois para Max, que a encarava com um sorriso, ansiosa pela versão dela do relacionamento das duas. Então, ela voltou a olhar para o papel de novo e finalmente começou a falar.

- Max, Mad Max, Maximus, Maxaroni, Maxine, minha melhor amiga, parceira, namorada, noiva, mulher da minha vida, minha Max… são tantos nomes e adjetivos que uso pra me referir a você, que poderia passar o dia inteiro os citando sem chegar ao fim e, ainda assim, nenhum nunca pareceria bom o suficiente para descrever o que você significa pra mim. 

Chloe fez uma pausa para olhar para a nerd de esguelha e perceber que ela já estava com os olhos marejados pelas lágrimas que começavam a se formar neles.

- Você é minha fortaleza. É onde busco abrigo nos meus piores e melhores momentos, porque você nunca faz distinção e sempre está lá pra mim, como um farol, me mostrando o caminho certo pra seguir em meio à tempestade. Como quando chego em casa, cansada, estressada e com vontade de explodir, mas aí te vejo sorrindo e me encarando com esse seus olhos que parecem enxergar através de mim e, de repente, nada mais daquilo importa. É como se não existisse mais nada no mundo além de você.

Ela concluiu a frase, voltando a encarar Max, que agora sorria em meio às lágrimas, que começavam a se tornar abundantes.

- Você lembra de quando éramos crianças e passamos meses à procura daquele tesouro misterioso da borboleta azul, até decidirmos que era impossível encontrá-lo? 

Max acenou positivamente para aquela pergunta quase retórica, já que ela obviamente nunca iria esquecer da caçada que foi a responsável por uni-las. 

- Eu não percebi no dia, nem nos seguintes, mas, com o tempo, finalmente me toquei de que já havia encontrado ele. - Max arqueou as sobrancelhas confusa com o comentário, até Chloe completar - Você era o tesouro o tempo todo. O mais importante e precioso que eu poderia querer encontrar e que não trocaria por nada no mundo. E agradeço àquela borboleta todos os dias por me levar até você.

Max teve que se conter para não se lançar nos braços da punk antes da hora. Em vez disso, simplesmente apertou a mão dela com toda força, enquanto sorria abertamente, sem tentar mais conter as lágrimas.

- Pelo visto, você não brincou quando disse que não iria aliviar. - Max comentou ao final, levando a garota mais velha a sorrir em resposta.

- E você seguiu meu conselho sobre a maquiagem - Chloe retribuiu com bom humor.

Antes que pudessem continuar o diálogo, as duas foram interrompidas novamente pelo juiz, que procurou dar continuidade à cerimônia, solicitando a apresentação das alianças, que Chloe rapidamente resgatou do bolso do terno, pegando uma e dando a outra à Max.

- Chloe Elizabeth Price, você aceita Maxine Caulfield como sua legítima esposa?

- Aceito. - Ela respondeu, pegando a mão esquerda da nerd para colocar a aliança.

- Maxine Caulfield, você aceita Chloe Elizabeth Price como sua legítima esposa?

- Aceito. - Max repetiu o gesto, colocando a outra aliança no dedo de Chloe.

- Pelos poderes a mim investidos, eu vos declaro casadas. Vocês já podem se beijar.

- Graças a Deus, a parte mais fácil. - Chloe comentou mais alto do que deveria, fazendo grande parte dos convidados rirem.

Então ela se aproximou de Max, como havia feito milhões de vezes durante todos aqueles anos, acariciando o rosto dela e sorrindo, antes de se aproximar para finalmente beijá-la. 

As mãos de Max contornaram seu pescoço após o desenvolvimento do beijo, enquanto as saudações e gritos dos convidados se tornavam meros ruídos ambientes, relegados ao plano de fundo. Até que, em um dado momento, Max sorriu, interrompendo o beijo e se aproximando do ouvido da punk para explicar.

- Melhor a gente guardar um pouco pra quando estivermos a sós. - Ela sussurrou, beijando o rosto de Chloe e completando - Nós temos o resto da vida pra isso.

Chloe abriu um sorriso, assentindo, mas em vez de voltar a segurar a mão de Max, assim que ela a estendeu, se reaproximou e usou ambas as mãos para erguê-la do chão e conduzi-la nos braços em meio aos convidados todo o caminho de volta.

- Chlo, eu acho que você inverteu um pouco a ordem das coisas. - Max comentou sorridente, enquanto era carregada.

- Eu não inverti nada… apenas dei minha assinatura pessoal, hippie. - Chloe devolveu, piscando para ela.

Max ainda ria, observando o movimento ao redor e os sorrisos das pessoas, ao receber seus cumprimentos, enquanto admirava todo o cenário da praia no fim de tarde, tentando absorver um pouco de tudo, quando notou pela primeira vez a presença do ser que esteve nos arredores em cada momento daquele dia, mesmo camuflado em meio à paisagem e, até então, despercebido.

O inseto incomum, de cores vivas, agora se aproximava delas batendo asas e descrevendo parábolas, num vôo errante, quando uma Chloe, até então, alheia àquele fato, colocou a nerd no chão e abriu a porta do carro para que ela entrasse. Mas, notando que Max continuava parada, sem esboçar qualquer reação, ela decidiu acompanhar a direção que o olhar dela descrevia e, assim, finalmente notou a presença da borboleta.

Não mais que alguns segundos depois, o inseto alcançou as duas e, assim como no primeiro encontro quando ainda eram crianças, uma Chloe estupefata e praticamente em transe esticou a mão para tocá-lo, mas, diferente do que aconteceu da primeira vez, a borboleta não sumiu no ar como uma ilusão de ótica ou um ser mágico. Ela graciosamente pousou no dedo da punk e permaneceu lá enquanto era observada pelas garotas.

Mas, quando Max replicou a ação de Chloe e tentou tocar no animal, nem em seu pensamento mais insano imaginou o que viria a seguir, já que imediatamente todo o ambiente ao redor das duas se tornou borrado, completamente distorcido até ser completamente consumido por uma luz ofuscante, semelhante à de um flash.

De repente, todas as memórias de outras tantas realidades fora aquela começaram a se intercalar na cabeça da nerd como dados sendo passados de um pendrive para o hd de um notebook. Então, quando a visão de Max voltou a ter foco completo e tudo voltou ao lugar, não havia mais borboleta alguma nas proximidades e ela finalmente conseguia lembrar de tudo.

Então, com os olhos cheios de lágrimas de novo e um sorriso que mal cabia em seu rosto, ela olhou para uma Chloe aparentemente confusa e se lançou nos braços dela de novo, sendo prontamente segura pela punk.

- Chloe… ah meu deus, Chloe, nós conseguimos… nós estamos aqui juntas… tudo está bem e todos estão vivos… ah meu deus ...

Ela falou atropeladamente, consumida por um sentimento incontrolável de euforia em meio ao abraço, até finalmente se tocar de que a manutenção do silêncio de Chloe só poderia significar que aquelas memórias de outras vidas poderiam ter voltado apenas para si, a viajante do tempo, enquanto a punk, sua fiel escudeira, continuava no escuro.

Pensando nisso, Max desfez o abraço aos poucos, encarando Chloe e segurando as mãos dela, que permanecia em silêncio, a observando com uma expressão indecifrável no rosto.

- Vai parecer esquisito e você provavelmente vai achar que estou maluca, mas aqueles sonhos que eu tinha sobre nós, que me faziam te acordar no meio da madruga, são todos reais… quer dizer, eles são parte de uma realidade inteira que vivemos em outra linha do tempo, como você mesma supôs um dia, lembra? 

Mesmo após a curta explicação, Chloe permanecia inerte, sem emitir qualquer reação às palavras de Max, fazendo a garota suspirar derrotada antes de completar.

- Por favor, lembre que você me ama e não me mande pra um hospício. Eu prometo que vai fazer mais sentido quando eu explicar tudo detalhe por detalhe…

Chloe finalmente sorriu, erguendo uma das mãos para acariciar o rosto da nerd, enquanto a encarava com um olhar apaixonado, antes de finalmente voltar a falar.

- Desde o começo?

Chloe repetiu aquela frase simples, que para outras pessoas poderia não significar nada, mas que para as duas significava uma vida inteira. E Max arregalou os olhos em choque, levando as mãos à boca, demorando um tempo para se recuperar do choque e voltar a agir normalmente.

- Você lembra…?! Você lembra!!! - Max perguntou e respondeu ao mesmo tempo, voltando a se lançar em direção à punk e abraçá-la com tudo de si, enquanto era novamente erguida do chão e girada no ar por ela.

- Eu disse que ia te encontrar. - Chloe falou aliviada, ao recolocar Max no chão, sem desfazer o abraço e sem ligar para o olhar curioso que os convidados davam para a cena que acompanhavam à distância 

- E eu te encontrei nessa realidade e te encontraria em qualquer outra que possa vir a existir.

- Sempre.

- Sempre.


Notas Finais


Música bem gay pra entrar no clima do casório: https://youtube.com/watch?v=V1bFr2SWP1I

Não leiam pra baixo, se não tiverem lido o capítulo. Apesar que eu vou evitar spoilers.
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E aí, curtiram minha decisão final?
Espero que sim porque só decidi isso depois de muita reflexão e de considerar todas as possibilidades e também que tenha feito jus ao resto da história.

Vejo vocês no epílogo para anúncios sobre a possível nova fic e para nossa despedida final.

Beijos! :)


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