História Amor de vampiro - O despertar está chegando

                            Pov Ally

 - Me desculpa. – repito em um sussurro. –Eu... Eu...

 Não consigo dizer mais nada. Mesmo com toda minha força, as lagrimas não me obedecem e começam a cair, não sabia que era tão difícil controla-las, ou apenas não me lembrava. Sinto-me tão fraca chorando na frente dela, tão estranha, tão... diferente de mim mesma. Por que eu estou assim? Soco o chão com força.

 Desde o momento em que Alan me olhou com aqueles olhos de puro medo, puro nojo, eu não tenho pensado em mais nada, a não ser em suas palavras: “...Seu mostro!!!”. Já vi aqueles olhos em inúmeras pessoas que gritavam por misericórdias nunca atendidas, mas foi a primeira vez que senti algo por quase cometer essa fatalidade, e se isso não tivesse acontecido eu... eu... eu teria o matado! A minha primeira lagrima veio com um sentimento de tristeza e culpa que nunca imaginei que alguém poderia sentir. Toda a culpa das mortes de milhares de pessoas que caíram aos meus pés como apenas comida, todo esse sentimento que eu deveria ter sentido na época, parece cair nas minhas costas tudo de uma vez. Tenho certeza de que isso não é normal, tem algo muito errado comigo, algo, além disso tudo.

 Levanto minha cabeça e vejo Sophia. Mesmo não querendo me sinto culpada por mordê-la. Se ela não tivesse me parado... Seria seu fim.

 - Desculpa. – que droga, por que estou chorando por algo tão banal? . Ela me olha com surpresa, imagino que seja por ver essa cena tão constrangedora. – Eu... Quase...

 - Ei! – ela toca meu ombro me fazendo olhar para seu rosto, mesmo toda suja e com um aspecto de cansada ela consegue dar aquele sorriso de deboche. – Você acha mesmo que iria conseguir se livrar de mim com aquela mordidinha? Sou bem mais que isso querida! Então levanta essa bunda do chão e para de drama, se não eu te mostro o que é matar alguém de verdade.

 Olho pro teu rosto que esta sorridente, ela estende a mão em minha direção me ajudando a me levantar. Levo minhas mãos ao rosto e seco minhas lagrimas me sentido ainda constrangida.

 - Então... – tento mudar de assunto. – O que foi aquele lance da espada e toda aquela luz?

 - Eu venho de uma grande linhagem de bruxas, meus antepassados eram muito poderosos, nossos poderes são passados de geração a geração como uma herança de família. Somos conhecidos como “BLAIKERs, o poder a luz ofuscante”, a quinta família mais forte de todas.

 - Existe um ranking pra isso? – pergunto confusa, não sabia que a força das bruxas eram medidas para ter alguém mais forte.

 - Sim, é muito importe para nós. – então ela continua. – Os bruxos mais fortes da família Blaiker conseguem invocar uma arma ancestral, a espada matadora de vampiros, onde meus antepassados a usavam para caçar e dizima-los, um único arranhão e você queima até a morte. Para invoca-la é necessária muita magia. É a primeira vez que consigo fazer isso. – Sophia olha para suas mãos parecendo estar orgulhosa de si mesma, depois olha em minha direção. – E o que foi que aconteceu com você? Parecia uma louca com aqueles olhos vermelhos.

 - Eu não sei o que aconteceu comigo, eu estava caída no chão quando uma enorme força penetrou meu corpo, eu podia escutar o barulho de uma simples folha cair na terra, podia escutar o som de uma cachoeira ao longe, podia ver um pequeno grilo se esconder entre as folhas no chão do outro lado da clareira, eu me sentia invencível, cada célula do meu corpo me dizia isso, nuca me senti tão forte. – é confuso, não sei o que era aquilo dentro de mim.

 - Talvez seja o “Dom” que aquele vampiro falou, você deve ter ativado de alguma forma. – sim, meu dom, mas como...

 - Eu sei que meu pai tem alguma coisa e ver com isso, ele sempre esconde coisas de mim, está sempre um passo a frente. – falo com uma certa raiva ao me lembrar de ser chamada de “protegida de Robert”, eu o odeio, o odeio mais do que tudo. – Ótimo, mas alguma coisa que preciso descobrir, isso nunca acaba.

 - Olha, sei que estamos “trabalhando juntas” – ela faz aspas com as mãos. – Mas não podemos sair invadindo grupos de vampiros pra tentar mata-los, isso é loucura!

 - Eu sei, mesmo que sejamos fortes é arriscado fazer isso, eu não estava pensado direito, é que quando eu ouvi que vários deles estavam se juntando pra matar o... – paro de falar, me sinto uma idiota, por que me arrisco tanto por um humano? A loira me olha com duvida.

 - Você gosta mesmo dele? – diz me olhando atentamente.

 - Ele... é a única pessoa com quem eu me importo. – nunca pensei que diria isso a alguém, especialmente a Sophia.

 - Mas... – ela coloca as mãos no rosto como se não acreditasse. – Você é uma vampira, não deveria ter sentimentos, você nunca teve até... conhece-lo... – ela olha para o nada, pensativa, e depois arregala os olhos. – É isso. – sussurra.

 - “É isso” o que ? – ela volta a me encarar.

 - Ally, preciso ir. – começa a andar, entrando na floresta. – Cuide desses corpos antes que alguém apareça. – garota loca, como se ela mandasse em mim.

                                           (...)

 O silencio toma conta da clareira, só o que ouço é barulho dos grilos e o som dos corpos queimando na fogueira, nada mais agradável do que sentir esse cheiro horrível depois de uma pequena matança. Aproveitei o fogo daquela bruxa para limpar um pouco as coisas. O único corpo que sobrou está jogado ao meu lado, depois de pensar um pouco olhando para o buraco em seu peito, percebi que quando um vampiro morre, ele se parece muito com um humano depois de ser mordido. Isso me faz lembrar do acordo com Robert.

 Sangue de vampiro não tem o mesmo gosto do de um humano, mas é semelhante pois foi roubado de um, nós não sentimos desejo pelo sangue de vampiros, mas acho que podemos sobreviver se bebermos “todo dia”, posso substituir. Um sorriso brota dos meus lábios, assim como uma ideia na minha cabeça.

                             Pov Sophia

 A água está morna, a espuma cobre todo meu corpo na banheira, eu estava imunda. Por sorte minha mãe não está em casa, ela deixou um recado dizendo que tinha algo muito importante pra fazer. Tenho a casa só pra mim, isso é ótimo, tenho muito o que pensar, muito que pesquisar.

 Quando um humano se transforma em vampiro todos seus sentimentos são trancados a sete chaves dentro de si, a única coisa que sobre é ódio, solidão e fome, muita fome. Vampiros são criaturas cruéis que vivem cercados de trevas, se espalham rapidamente como uma doença, temos que tomar cuidado. Mas a pergunta é: seus sentimentos podem ser destravados? Como?

 Antes da chegada de Alan, aquela vampira era completamente diferente, vivia sozinha com aquela cara de morte, eu não a via em nenhum outro lugar além da escola, ela era uma prisioneira, Mas no primeiro dia que se conheceram e começaram a conversar, sua fisionomia mudou assim como toda a sua pessoalidade depois de alguns dias, e hoje, depois de ver aquelas lagrimas tive certeza de que seus sentimentos foram libertos, e só conheço uma única pessoa que poderia fazer isso, mesmo que por acidente. Alan. O despertar esta chegando.