História Amor e Intolerância - Lucissa - Atração

Hogwarts, 1971

Narcisa Black era uma garota que tinha todas as qualidades que alguém de seu porte deveria ter. Pertencente a uma das famílias mais tradicionais do mundo bruxo, ela tinha puro sangue (todos em sua família eram de origem bruxa), muito bonita com seus cabelos louros escorridos, olhos azuis bem claros, rica, bem-educada e principalmente, jamais relacionara-se com alguém de qualquer origem trouxa. Narcisa sentia-se sortuda por ter vindo de um berço tão privilegiado, mas sentia-se também amedrontada. Agora aos quinze anos, ela desenvolvera uma leve (ou nem tão leve assim) atração pelo garoto mais popular da escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, John Whittier. 
Um ano mais velho que ela, John era o estereótipo da perfeição, alto, forte, cabelos louros longos presos sempre em um rabo de cavalo descolado, olhos azuis cintilantes, um sorriso sempre simpático e bom humor. É claro que com todas essas características ele não poderia deixar de ser membro do time de quadribol de sua casa, sendo ele capitão e apanhador. Infelizmente John tinha dois defeitos que impediam Narcisa de se aproximar dele, para dizer ela verdade, ela não podia sequer olhar para ele sem ser questionada. John era da Grifinória e nascido trouxa. As casas de Grifinória e Sonserina eram naturalmente inimigas, mas esse não era o real problema. John Whittier ter nascido trouxa tornava ele o maior símbolo de escória e ralé que poderia existir no mundo bruxo, a família Black e tantas outras de sangue muito puro e fortunas exageradas desejavam que ele fosse excluído dessa sociedade, alguns mais radicais queriam até caçá-los.  
Narcisa, sendo muito antipática e orgulhosa, passou muito tempo sem querer admitir para si o que sentia em relação ao rapaz, mas um belo dia isso foi impossível de ser ignorado. 
Uma semana antes do Natal, a garota estava muito dedicada aos estudos em seu ano dos N.O.N.S (os exames mais tenebrosos do mundo), ficava lendo na biblioteca sempre até tarde. Quando Madame Pince, a bibliotecária feia e mofada quis fechar o local, tocou Narcisa para fora e a garota saiu reclamando. 
– Como esperam que os alunos se saiam bem nos exames se não nos deixam com acesso integral a biblioteca – Disse ela com raiva, andando pelos corredores, sem perceber que falava sozinha. Narcisa gostava de reclamar. 
Sem perceber o que estava em seu caminho, ainda reclamando e arrumando os livros na bolsa, colidiu com força numa armadura no corredor fazendo um estrépito imenso que seria capaz de acordar o castelo inteiro. Ela caiu no chão e os destroços da velha armadura caíram sobre ela, a garota tentou erguer os braços para se proteger, mas era tarde demais. 
Deitada no chão, ela alisou a testa para conter a dor que sentia naquela região. "Maldita armadura!" Pensou ela enquanto tentava sair debaixo de cacos de metal que a cobriam. Passos pesados se aproximaram, tirando a armadura de cima da garota com facilidade, John Whittier era realmente muito forte!  
– Você está bem? – Perguntou ele com a voz grave, seu tom era preocupado. 
– Estou – Disse ela fraca, o coração disparado porque seu admirável crush viera socorre-la. "Parece até conto de fadas" pensou ela contente. 
– Houve uma pancada feia aí na sua testa, vou levá-la a ala hospitalar – Disse ele com um sorriso solidário. 
– Me ajude a levantar – Ela estendeu a mão a ele, mas ele recusou. 
– Não deixarei que faça força para levantar, não será preciso – Sem o menor aviso, ele pegou Narcisa no colo, ela pensou em pedir para ele não fazer isso, mas mudou de ideia quando sentiu os músculos fortes dele a segurando. 
– Está doendo muito? – Perguntou ele preocupado, enquanto a carregava para a ala hospitalar. 
– Sim – Disse ela fazendo drama, já não sentia dor alguma. 
– Pode descansar a cabeça no meu peito e fechar os olhos, não se preocupe – Disse ele em tom suave, Narcisa não pensou duas vezes, em menos de um segundo já estava confortavelmente acomodada nos braços dele.  
Quando chegaram a ala hospitalar, Narcisa lamentou internamente que seu momento silencioso de prazer acabara. John a depositou na cama e foi correndo para os fundos chamar Madame Promfrey. Para a sorte da garota, ele retornou sozinho. 
– Madame Promfrey já está vindo – Disse ele. 
– Whittier, Muito obrigada por tudo – Disse ela suavemente. 
– Foi legal você ter você ter me deixado te ajudar, eu sei que pessoas como você não gostam de pessoas como eu. 
– Eu jamais recusaria uma ajuda de tão bom grado – Disse ela educadamente. 
– Você não nega que não gosta de mim, não é? – Disse ele com um leve sorriso.  
– Você quem está dizendo isso – Disse ela também sorrindo, se defendendo – Estou muito grata, de verdade. 
– Disponha – Disse John pegando sua mão e dando um leve e demorado beijo, o coração de Narcisa pulou para fora. Ele deu a costas a ela e se retirou da ala hospitalar, Madame Promfrey veio em seguida atendê-la.  
Narcisa se sentiu mal, ela simplesmente não podia se apaixonar por John Whittier, o nascido trouxa, não se quisesse ter o amor de sua família e seu tão privilegiado status.