História Amor e Ódio - Estamos sendo seguidos!

Ao acordar, me deparei com o outro lado da cama vazio.

Olhei para o teto, minha mente estava em outro mundo. E eu só conseguia ouvir o trânsito do lado de fora do prédio e a TV ligada na sala.

Quando olhei para o relógio de pulso em cima do criado-mudo, me dei conta de que já havia passado do horário de ir para a faculdade.

Sentei-me rapidamente na cama com os olhos esbugalhados; eu havia perdido um dia de aulas que seriam muito importantes mais tarde.

-Mas que merda... – Resmunguei e deixei que meu corpo caísse novamente sobre o lençol.

Fui em direção à sala, onde encontrei Castiel vendo desenhos na TV com o Levy.

-Papai Nathaniel! – Levy correu até mim e o baixinho abraçou minhas pernas. Eu estava um pouco estressado, mas aquilo me aliviou um pouco. – Por que você está em casa hoje?

-Por que o bobão do seu papai Castiel não me acordou – Peguei Levy no colo e olhei para o ruivo com os olhos semicerrados, o mesmo fez cara de vítima como se não soubesse de nada.

-Ah, qual é.? Depois de ontem à noite eu presumi que você estivesse bastante cansado, então eu desliguei o despertador e te deixei dormindo. Você deveria é me agradecer – O mesmo se deitou no sofá com os braços atrás da cabeça, como se ele fosse alguém que tivesse acabado de salvar a humanidade.

Suspirei pesado.

Por um lado ele tinha razão, ele havia me deixado... Bastante cansado na noite passada. Mas de qualquer forma, eu deveria estar na faculdade nesse momento, mesmo estando cansado.

Me sentei ao lado dele após tirar seus pés do sofá e coloquei Levy no meu colo.

-Não quero que você faça isso de novo. Eu tenho que me formar e pra isso eu tenho que frequentar as aulas.

Castiel suspirou.

-Tá, me desculpa. É que você parece bem cansado esses dias e quase não fica em casa. Eu me preocupo com você – Castiel pareceu um pouco corado dizendo aquilo, logo depois selou seus lábios na minha bochecha e eu sorri.

-Pode ter certeza que vamos passar por isso, mas vamos colher os frutos do nosso esforço depois, não se preocupa. – Deitei lentamente minha cabeça no ombro do maior.

-Papais, do que vocês estavam brincando ontem à noite? Eu escutei alguma coisa batendo na parede e vocês estavam fazendo barulhos estranhos. – Ao ouvir aquilo de repente meu corpo se enrijeceu completamente e da minha garganta não saia nenhum som.

-Médico! – Castiel afirmou repentinamente e um pouco alto. – Estávamos brincando de médico, seu papai Nathaniel e eu hahaha – Ele riu sem humor.

-Médico? – Ele virou a cabecinha para a direita.

-S-sim... Seu papai Nathaniel era o paciente e eu o médico. Ele estava sentindo uma dor no bumbum então eu dei um remédio para ele poder relaxar. Então nós-

Antes que ele pudesse completar o que iria dizer, dei uma cotovelada em seu braço e o ruivo se afastou gemendo com a dor.

-Ai! Isso doeu.

-L-Levy, por que não vamos aproveitar que eu estou em casa hoje e não passamos numa escolinha para ver se tem vaga para você? Já está na hora de você começar a estudar não acha? – Sai com o menor nos braços em direção ao banheiro.

-Mas eu também quero brincar de médico! – Exclamou o mais novo.

**********

Assim que terminamos de almoçar, entramos no carro e fomos em direção a uma escola primária que ficava a poucos km de distância de onde morávamos.

Castiel já havia estudado lá uma vez quando ele era pequeno e ele disse que não era uma escola ruim. Então pudemos matricular Levy lá sem nenhum problema.

O menor pareceu ficar um pouco incomodado com o fato de ter que se separar de nós por algumas horas todos os dias, mas isso era algo normal de toda criança.

Depois disso, fomos comprar seus materiais escolares e voltamos para o carro para deixar tudo o que compramos lá dentro. Nós havíamos aproveitado para fazer as compras de casa também.

-A gente deveria aproveitar pra comprar camisinha também, as que temos em casa estão acabando – O ruivo resmungou enquanto colocava as sacolas no porta-malas.

-Você só pensa nisso?

-Como não pensar nisso quando se tem você em casa – Ele depositou um tapa na minha bunda e entrou no carro. Ele era mesmo um indecente.

Ajeitei a cadeirinha do Levy que estava no banco de trás e me sentei no do passageiro, fechando a porta em seguida.

Pude ver pelo retrovisor um carro preto que já estava nos acompanhando a um bom tempo, desde que saímos da escola.

- Eu tenho uma leve impressão de que aquele carro anda nos seguindo... – Falei ainda olhando para o retrovisor.

- Nos seguindo...? – Castiel e eu ficamos um pouco apreensivos. Depois de tudo que passamos, era normal que ficasse um certo trauma.

Depois que o carro deu partida, ali dentro ficou em silencio completo, a não ser por Levy conversando com a boneca. A atmosfera ali estava um pouco tensa.

Assim que viramos uma rua, pude ver o carro preto logo atrás e virando a esquerda em seguida. Fiquei um pouco aliviado com isso, talvez ele não estivesse nos seguindo de fato, apenas usando o mesmo caminho.

-O que vai ter hoje no lanche? Eu já estou com fome, e a Bibi também! - Exclamou o encaracolado mostrando a boneca.

-Compramos ingredientes para fazer hambúrguer. Você gosta? – Perguntou o ruivo sem tirar os olhos da estrada.

-Eu nunca comi isso. O que é Hambugue? – O menor pronunciou a ultima palavra errado, nos fazendo rir.

-É algo que leva pão, carne e mais algumas coisas, quando a gente chegar em casa você vai ver.

Depois de alguns segundos que Castiel falou, um carro preto - o mesmo que eu havia visto nos seguindo - veio de frente a nós na direção contrária da rua em alta velocidade.

-Castiel... Castiel nós vamos bater! – Exclamei.

Assim que o outro carro estava quase se encostando ao nosso, Castiel virou com tudo indo em direção à calçada onde havia algumas pessoas que correram para longe fazendo o nosso carro atingir apenas umas mesas e cadeiras de uma sorveteria.

Castiel freou bruscamente fazendo com que nossos corpos batessem de volta nos bancos, porém nada que machucasse.

-Levy, você está bem? – Me virei para o menor que parecia ileso. Ele apenas afirmou com a cabeça parecendo um pouco assustado.

-Merda... Vocês estão bem? – Castiel tirou o sinto e se virou para nós tocando nossos rostos.

-Estamos. Foi só um susto.

Assim que saímos do carro pudemos ver o estrago que aquilo causou, o dono do lugar veio rapidamente em nossa direção.

-Olha só o que fez. Você vai ter que pagar por isso! – Disse o homem irritado.

-Espera aí, não foi culpa minha. Eu claramente tentei desviar do carro que estava vindo em nossa direção. Iria acontecer um acidente feio aqui! – Explicou o ruivo irritado.

-Você poderia ter atropelado as pessoas na calçada, além de que você me causou um baita prejuízo quebrando as mesas, as cadeiras e o que havia em cima das mesas!

-Se está preocupado com o prejuízo então tome isso e cale a boca – Castiel pegou a carteira e jogou algumas notas no peito do homem. – Vamos embora – Disse se virando e entrando no carro. Olhei rapidamente ao redor, suspirei e entrei no carro.

- Nós quase morremos em uma batida de carro e o culpado é você por ter quebrado umas simples cadeiras? – Reclamei.

-Aquele cara tem obviamente algum tipo de problema.

-Você não deveria ter entregado o dinheiro.

-O que queria que eu fizesse? Ele estava me irritando e eu não queria socar a cara dele.

Suspirei pesado. Aquele era o gênio do Castiel, nada de novo sob o sol.

-Eu estou com medo... – Levy disse com a voz trêmula.

-Está tudo bem, meu amor. Nós já estamos chegando em casa, não se preocupe. – Tentei acalma-lo.

Eu estava preocupado no final das contas, por que me lembro de que quando o carro vinha em nossa direção, a pessoa dirigindo do outro lado do vidro era alguém que eu conhecia.