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História Amor e Outras Drogas - Catradora - The Show


Escrita por: LynnOKK

Notas do Autor


OiOiOi!!
<br />Bem, o capítulo está gigantesco, e esse foi um dos motivos de eu ter demorado tanto para atualizar, sorryy
<br />Enfim! Obrigada por todos os comentários! Eles me deixam muito feliz, putss
<br />POR FAVOR, COLOQUEM A MÚSICA "MAYBE", DA JANIS JOPLIN, QUANDO EU SINALIZAR NO CAPÍTULO!!!
<br />Uma boa leitura! S2

Capítulo 3 - The Show


 

O intenso raiar do sol se posicionava contra a vista da jovem. Sonolenta, a mesma contraiu suas sobrancelhas, virando seu rosto em direção oposta à luz. Permaneceu assim por alguns minutos, até ouvir um estrondoso baque vindo de fora do cômodo na qual dormia; Resmungou alguns palavrões, para finalmente abrir suas pálpebras, revelando lindos olhos divergentes. De um lado, o mais intenso verde cor esmeralda, e, do outro, um claro azul que espelhava o limpo céu daquele domingo.

Esfregou suas mãos sobre seu rosto, emitindo um leve suspiro. Ela não deveria ter dormido tão tarde, ponderou, erguendo seu corpo e sentando-se na beirada da cama de casal, ainda atordoada pelo sono. Lembrou da longa conversa que teve com a loira; O motivo de ter se deitado tão tarde. Ambas passaram horas e horas no telefone, trocando os mais diversos tipos de mensagens. Desde pequenas novidades sobre suas novas vidas, até vídeos de canções na qual a morena estava compondo; Foi uma noite de descobertas, conhecendo um pouco mais sobre a nova Adora e a nova Catra.

Era estranho. Todos os sentimentos amargos por Adora na qual Catra alimentara por todos esses anos, foram, de fato, quase exterminados em questão de 24 horas. A morena se sentia intrigada com sua, até então, desconhecida capacidade de perdoar. Sempre se considerou uma pessoa rancorosa; Catra jamais se esquecia de ações contra a mesma. Desde o cookie na qual Kyle uma vez roubou de seu lanche, até as mais cruéis palavras que Weaver à desferia. Tudo era guardado em seu coração, que remoía essas emoções ao ponto de tranformá-las na mais profunda mágoa e ódio.

E ela voltava ao questionamento principal: Como que, com Adora, essa mágoa era mal evidente? Justo ela? Aquela que a abandonou em seu momento mais vulnerável?

Respirou profundamente, afastando aqueles questionamentos. Não estava com cabeça para isso. Estendeu seu braço esquerdo até o criado-mudo ao lado de sua cama, revirando a gaveta até sentir seus dedos entrarem em contato com o objeto na qual buscava. Retirou o conteúdo da mesma, fechando-a em seguida.

Observou, em sua mão, uma elegante caixinha da marca Marlboro, com apenas 3 cigarros restantes e um pequeno isqueiro vermelho. Os retirou, posicionando o cigarro em sua boca, guardando a caixinha no bolso de sua calça. Levou a chama até a ponta do tabaco, e realizou uma profunda tragada no material. Catra precisava de um pouco de dopamina em sua manhã, e nada melhor que sua mais fiel amiga, vulgo nicotina, para lhe auxiliar.

Exalou a fumaça pelas narinas, sentindo aquela prazerosa queimação nas mesmas. Repetiu seu ritual algumas vezes, até sentir uma uniforme vibração em seu bolso; De lá, retirou seu telefone, observando o contato que a ligava, ao passe que levemente batucava seus dedos sobre a ponta do cigarro para retirar as cinzas do mesmo.

Scorpia.

Aguardou mais alguns segundos, para então atender a ligação.

- WILDCAT! - Uma voz animada ecoou do aparelho, fazendo com que Catra segurasse uma leve risada.

- Hey, Scorp. - Murmurou, dando uma última tragada, pressionando a ponta do cigarro sobre o cinzeiro próximo, apagando a chama.

- Pronta para o show de hoje? Cara, vai ser o máximo! - Catra poderia imaginar os pulos de alegria na qual a baterista provavelmente realizava por trás do telefone. Passou a mão livre por seus fios castanhos, levantando-se da cama.

- Eu já nasci pronta, meu bem. - Brincou, abrindo a porta de seu quarto. Pôde ouvir a risada debochada de Scorpia, ao passo que, ao adentrar na sala de estar, se deparou com uma Shadow Weaver esparramada sobre o sofá desgastado, assistindo à um programa qualquer no History Channel.

O semblante animado de Catra imediatamente se esvaiu, emitindo um pesado suspiro, se dirigindo à cozinha, evitando qualquer contato com a mulher, que se mostrava indiferente.

- Sinceramente, a minha ficha ainda não caiu. - A de cabelos platinado suspirou, tentando aliviar a tensão que sentia. - Nos apresentaremos na Crimson Waste, Catra! Crimson Waste! Tem noção disso?! Cara, Kyle e Rogelio estão surtando!

A morena segurou o riso, abrindo a porta de sua geladeira - Eu já entendi que você tá animada, Scorpia. Me ligou só pra isso? - falou, retirando uma grande embalagem de leite do congelador. Pressionou seu telefone entre seu ombro e orelha, retirando a tampa do conteúdo. Ingeriu 3 goladas do líquido, suspirando em satisfação. 

- Você fala de mim, mas duvido que não esteja mijando as calças! - Brincou, fazendo com que Catra revirasse os olhos.

- Nem. - Retrucou, claramente mentindo. A morena se encontrava em puro êxtase, mas era teimosa demais para admitir. De fato, quando recebeu o tal convite para uma apresentação via e-mail, chegou extremamente perto de infartar. Crimson Waste era, com absoluta certeza, o estabelecimento mais famoso de Bright Moon; Gerenciado por ninguém menos que Huntara, o local sempre fora um sonho distante para aquela banda. Mas agora, a The Horde finalmente realizaria seu objetivo mais cobiçado.

Um sorriso bobo cresceu no rosto de Catra, não prestando atenção ao que sua amiga falava. Limpou o canto de sua boca, devolvendo a embalagem à geladeira, para, logo em seguida, encarar uma pequena mochila recostada sobre o chão da cozinha. Era a mochila de Adora. Como ela fora parar ai? Ponderou, chegando à conclusão de que sua mãe a jogara ali. Revirou seus olhos bicolores, erguendo a mochila e colocando-a sobre o balcão americano que dividia a sala da cozinha.

- Catra, você ta me ouvindo? - Esbravejou Scorpia, fazendo com que a morena desse um pequeno pulo sobre o piso; Se esquecera totalmente da ligação.

- A-ah, tô sim. - Gaguejou, limpando sua garganta.

Pôde ouvir Scorpia bufar do outro lado da linha, provavelmente movimentando o rosto em negação. - Olha, Wildcat, o Rogelio arrebentou uma das cordas do baixo ontem à noite. Ele disse que tentou falar com você pra emprestar um de seus baixos, mas tu não respondeu.

Catra pigarreou, coçando sua nuca. Ela nem sequer visualizou quaisquer outras mensagens que não fossem de Adora.

- ...Eu levo um baixo pra ele. - Murmurou, hesitante. A morena possuía um extremo ciúme de seus próprios equipamentos; Apenas Catra tocava neles, e ninguém ousava questionar isso. Porém, as circunstâncias eram outras, e sacrifícios eram necessários.

- Ótimo! - Comemorou, formando um largo sorriso em seu rosto. - Olha, gatinha, eu preciso me arrumar. Te encontro mais tarde?

- Imagina, acho que nem vou aparecer por lá. - Ironizou, desligando a chamada ao ouvir a estrondosa risada vindo de Scorpia.

Por alguns minutos, permaneceu imóvel naquele cômodo, encarando um ponto fixo qualquer. Recostou seu celular sobre seu peito, suspirando de forma angustiada; Aquilo estava realmente acontecendo.

Voltou sua atenção à mochila em cima do balcão. Um leve sorriso surgiu no canto de sua face, ao passo que agarrava a bolsa, encarando-a em ambas as suas mãos.

- Bem, você vem comigo. - Murmurou, posicionando-a em seu ombro.

-:-

 

Há quanto tempo ela está aí dentro? - O garoto perguntou, incrédulo, encarando a porta à sua frente. Possuía seus braços cruzados, ao passo que batucava o azulejo abaixo de si com seu pé, inquieto.

Glimmer possuía um semblante ranzinza. A mesma se encontrava deitada sobre a cama de Adora, mexendo em seu telefone. Bufou, agora voltando sua atenção à porta da frente, vulgo, o banheiro do quarto de Adora.

- Ela está aí faz exatos quarenta e três minutos. - murmurou, revirando os olhos - Ou ela morreu aí dentro, ou está tocando a siririca mais demorada que eu já vi.

Bow explodiu em uma risada histérica, abraçando sua própria barriga, flexionando seu corpo. Um sorriso irônico surgiu nos lábios da menor, que emitiu uma leve risada com o seu próprio comentário.

- Eu consigo ouvir vocês! - Uma voz irritada ecoou do banheiro, fazendo com que a dupla mergulhasse em uma intensa gargalhada. Glimmer levantou da cama, se dirigindo para a frente da porta do banheiro, 

-  Você vai mesmo lá só pra pegar uma mochila? - mordeu o lábio, reprimindo um sorriso - ...Ou você está indo ver alguém? - Supôs, encarando Bow em uma expressão travessa.

Se Glimmer estivesse a alguns centímetros mais próxima da porta, seu rosto estaria completamente desfigurado. Adora, de forma extremamente bruta, a abriu, quase fazendo com que a porta se desprendesse da estrutura lateral de madeira que lhe servia de suporte. De dentro do banheiro, a loira surgiu, fazendo com que o queixo de Glimmer e Bow caíssem em uníssimo.

Adora vestia um top branco demasiadamente justo, seguido de uma calça rasgada da cor preta, combinando perfeitamente com os coturnos na qual ela calçava. Possuía uma jaqueta escura amarrada sobre seu quadril definido, e diversas pulseiras de couro sobre seus pulsos. Uma leve delineador fazia sua trajetória por seus olhos, realçando o azul de sua íris.

- ...Quem é você e como entrou no banheiro da Adora? - A de cabelos rosados questionou, incrédula. Aquele, definitivamente, não era o estilo padrão de sua amiga, que sempre optou por tons pastéis e delicados. 

- É. Ela definitivamente está indo ver alguém. - Bow murmurou, mesmo assim fazendo com que a loira escutasse. A mesma revirou os olhos, 

- Vocês são uns chatos! - Adora brincou, cruzando os braços, ao passo que as maçãs de seu rosto se encontravam levemente ruborizadas. Retirou seu telefone de seu bolso, verificando o horário; Eram 22:40, e eles estavam dez minutos atrasados. - ...Droga.

- Pois é. - Grunhiu Glimmer, abrindo a porta do quarto da loira - Eu até teria chamado um Uber, mas você é uma cabeça dura que por algum motivo não quer nos falar para onde vamos.

Adora reprimiu uma risada. Ela sabia que, se dissesse para onde iriam, seus amigos com certeza não concordariam com aquilo.    

- Relaxem, ok? Eu já chamei um, ele já deve estar chegando. - Ela falou, com um leve sorriso em sua face.


-:-

 

- Identidades, por favor. - O homem de estatura colossal grunhiu, estreitando seus olhos para o trio à sua frente; Sua voz era abafada pelo rock que ecoava de dentro do enorme estabelecimento. Em um gesto desajeitado, Adora entregou a identidade de cada um. Enquanto o mesmo verificava a veracidade dos documentos, a loira forçou sua vista ao crachá pendurado sobre a blusa social do brutamontes;

Aparentemente, seu nome era Tung Lashor. Mordiscou seu lábio, reprimindo uma leve risada com o nome um tanto quanto exótico.

Após um breve momento, Lashor devolveu suas identidades. - A entrada sai por duzentos dólares.

- Na verdade, - A loira engoliu o seco, encarando qualquer outro ponto que não fossem aqueles olhos intimidadores. - ...Nossos nomes estão na lista.

O segurança ergueu sua sobrancelha esquerda, agarrando a prancheta que repousava sobre o pequeno balcão ao seu lado, folheando-a com rapidez. Parou em uma página específica, encarando seus respectivos nomes no papel. - ...Catra Prime colocou vocês aqui? - Incrédulo, ele murmurou, fazendo com que Bow e Glimmer engasgassem com a própria saliva, ao passo que Adora retraía seus ombros.

- ...Sim, senhor. - Pôde sentir o olhar flamejante de seus amigos sobre suas costas; 

- Vocês não parecem ser o tipo de companhia dela. - Murmurou, passando uma canetra hidrográfica sobre os nomes do trio.

Adora forçou uma leve risada, coçando sua própria nuca de forma desajeitada, evitando contato visual com Glimmer e Bow, que se encontravam furiosos com a nova informação.

Sem qualquer aviso, Lashor agarrou o braço direito de Bow e Adora, aplicando uma pulseira avermelhada em seus pulsos. - Vocês dois podem comprar bebidas alcoólicas no bar. Mas não é o caso da tampinha aí. - Riu, se afastando da entrada, permitindo a passagem do trio. - O show está acontecendo na cobertura. Aproveitem.

- QUEM VOCÊ CHAMOU DE TAM - Glimmer mal pôde completar sua frase, já que Adora a puxou pelo braço, adentrando no imenso estabelecimento; Dezenas de jovens, trajados com as mais diversas vestes, se concentravam no extravagante balcão, que se estendia por, no mínimo, 8 metros, sendo gerenciado por 5 bartenders. Atrás dos mesmos, uma escomunal parede, carregada com centenas de milhares das mais diversas bebidas. O rock abafado que vinha do último andar era mais audível, funcionando como uma caótica trilha sonora daquela noite.
Adora se encontrava maravilhada; Assustada, mas maravilhada. Em toda sua vida, noites do pijama e aniversários foram as únicas espécies de "festas" na qual ela participara; O mesmo para Bow e Glimmer, que, porém, se encontravam totalmente deslocados naquele ambiente um tanto quanto intimidador.

- Adora! - Bow exclamou, apoiando sua mão sobre o ombro da mesma. Tinha um semblante confuso e um tanto quanto irritado  - Desde quando você está andando com a Catra?! - enfatizou o nome, fazendo com que a loira arregalasse os olhos.


- Pois é! Eu pensei que sua mãe, sei lá, ODIASSE ELA?! - Glimmer esbravejou, cruzando seus braços, ao passo que o trio seguia Adora até o extenso balcão.

A loira se apoiou sobre a superfície, massageando sua têmpora, exalando um pesado suspiro. - Primeiro, eu tive que fazer um trabalho na casa dela. Esqueci minhas coisas lá, e cá estamos, com o único e exclusivo objetivo de buscar minha mochila. - Ergueu seu dedo indicador e dedo médio, representando um "2" - Segundo, minha mãe tinha essa birra com a Catra há, sei lá, 6 anos?! O que quer que ela tenha feito psrs Mara não gostar dela, ela provavelmente já superou. Fim. 

A menor ergueu uma sobrancelha para o moreno, que retribuiu com o mesmo olhar duvidoso. Adora decidiu ignorar aquela interação, se virando para o bartender. Estreitou seus olhos em direção à gigantesca parede repleta das mais variadas bebidas, procurando por algo que aquecesse sua garganta.

Fixou sua atenção em uma bela garrafa de vodka, Belvedere era seu nome. Como uma criança em um parque de diversões, apontou para a bebida, chamando a atenção do funcionário, que a encarou com uma leve estranheza. - Dois shots dessa, por favor! - Exclamou animadamente.

Após alguns instantes, o barman empurrou os dois copos com o líquido pelo balcão até Adora, que murmurou um "Obrigada". Ao se virar, reparou que Bow e Glimmer conversavam animadamente com uma outra garota; Cabelo do mais intenso azul, com seus lindos olhos cor âmbar. Era Mermista.

- E se não é a mais certinha de Bright Moon! - A mesma exclamou, em um tom debochado, apoiando sua mão esquerda sobre seu próprio quadril. Recebeu um descontraído rolar de olhos de Adora como resposta. - Não sabia que vocês curtiam esse tipo de festa.

- Ah, pode apostar que não curtimos - Glimmer retrucou, em um sorriso cínico para Adora, fazendo com que todos da roda emitissem uma risada. - Estamos fazendo companhia para a senhorita Grayskull aqui.

- Ah! Eu também estou de babá. - A de cabelos azuis comentou, apontando para um jovem, quase inconsciente, jogado sobre o balcão. - Sea Hawk exagerou no whisky, e vou levá-lo pra casa. - Revirou os olhos, cruzando os braços - O desgraçado me fez perder o show da minha amiga, e ainda vou ter que gastar uma grana com o táxi.

- Que tal um shot pra te animar? - Adora estendeu um dos copos, em um sorriso amigável, fazendo com que os olhos de Mermista brilhassem ao encarar o conteúdo. Em um único gole, derramou todo o líquido em sua garganta, limpando o canto de sua boca em uma expressão serena. Aproveitando o embalo, a loira repetiu o gesto de Mermista, tomando a vodka de uma vez só. Sentiu seu peito esquentar, ao passo que uma cômica careta tomava sua face, fazendo com que os outros 3 rissem com aquilo.

- Você se acostuma, 'Dora. - A de cabelo azul comentou, dando leves batidinhas nas costas da mesma, que continuava com a expressão estranha em seu rosto. Mermista voltou sua visão para Sea, verificando o amigo. Uma expressão aflita em seu rosto. - Olha, vocês podem me ajudar com o Hawk até o táxi? Foi uma luta carregá-lo até aqui. - Suspirou, encarando o trio.

- Eu e Glimmer te ajudamos! - Bow exclamou, em um belo sorriso - Adora, você acha suas coisas, e nos encontra aqui, combinado? 
A loira meneou com a cabeça em confirmação. Se despediu de Mermista, e prosseguiu até o gigantesco elevador comercial, que se encontrava repleto de jovens com o mesmo objetivo que ela; Ver o show daquela banda.

Adentrou no elevador com dificuldade, sendo empurrada a todo instante por aquelas pessoas já alcoolizadas. Aquela tortura se estendeu por exatos quatro minutos; Tempo que aquele transporte levava para atravessar todos os 30 andares daquele imenso edifício. 
Sentiu várias gotas de suor surgirem por seu rosto, ao passo que o cheiro da bebida adentrava por suas narinas. A música, que antes era abafada pelas dezenas de andares de diferença, agora se tornava alta e clara, e só aumentava conforme se aproximavam do último andar.
Por fim, as portas do elevador se abriram, produzindo uma lufada de ar, para o alívio de Adora. Todos os adolescentes comprimidos por aquele cubículo, agora se espalhavam pelo ambiente em uma clara animação.

A loira se viu paralizada pela incrível vista da cobertura.

O lugar era gigantesco, e incrivelmente belo; As paredes daquele andar eram cobertas inteiramnete por blindex, permitindo uma maravilhosa vista daquela cidade iluminada. A céu aberto, luzes surgiam do solo, realizando um show por si só com todos aqueles flashes e cores vibrantes. Por fim, o imenso palco, que abrigava a grande atração da noite; Os 5 integrantes da banda The Horde se apresentavam para aqueles milhares de jovens; Pulando ao ritmo da batida "Highway To Hell", todos daquele local forçavam suas cordas vocais ao máximo para acompanhar a voz de Catra, que se posicionava no centro do palco, erguendo sua guitarra com uma das mãos para os céus, ao passo que segurava o microfone com firmeza à centímetros de sua boca.

Adora fixou seu olhar na morena, completamente perplexa; Mesmo a dezenas de metros de distância da garota - e cercada por um mar de pessoas -, a loira conseguiu ter uma visão clara da líder da banda; A mesma vestia uma camisa social da cor vinho, com suas mangas dobradas até seus cotovelos. Possuía uma gravata preta desfeita sobre seu pescoço, quase desaparecendo por entre seus longos fios castanhos soltos ao vento. Sua calça social preta realçavava suas belas curvas, conforme ela, estranhamente, se encontrava descalça.

As últimas notas da música na qual a The Horde reproduzia chegavam ao fim, causando uma onda de aplausos, gritos e assobios. Adora, cada vez mais infiltrada na multidão, pôde observar Catra lentamente fixar seu microfone em um pedestal próximo de si. Apoiou ambas as suas mãos sobre o objeto, percorrendo seu olhar por toda a platéia, em puro êxtase.

Bem, - Sua voz rouca ecoou pelo ambiente, fazendo com que os pelos de Adora eriçassem - vamos acalmar nossos ânimos. Não quero que ninguém infarte por aqui, ou eles descontam da minha grana. - Parou por um instante, aproveitando as risadas que eram emitidas por centenas daqueles presentes. Agarrou a guitarra pendurada sobre seu ombro, posicionando-a em seu quadril. Aproximou sua boca do microfone, murmurando:

 - É hora de Janis Joplin, vadias.


COLOQUE MAYBE, DE JANIS JOPLIN, PARA TOCAR;

 

A morena dedilhou as primeiras notas, virando seu rosto para trás, encarando o resto de sua banda. Em um timing perfeito, Scorpia, Kyle e Rogelio iniciaram as melodias de sua bateria, teclado e baixo, respectivamente. 

Era uma batida um tanto quanto bela, em uma perfeita sincronia entre os integrantes da Horde. Porém, a voz que ecoou pelos megafones fez com que as pernas de Adora quase cedessem.


Maybe...
Talvez...
 Oh, if I could pray, and I try, dear
Se eu pudesse rezar, e eu tento, querida
You might come back home, home to me
Você poderia voltar para casa, voltar para mim

Maybe...
Talvez...
Whoah, if I could ever hold your little hand
Se eu pudesse ao menos segurar sua pequena mão
Oh, you might understand
Talvez você entenderia
Maybe, maybe, maybe, maybe...
Talvez, talvez, talvez, talvez


Maybe, maybe, maybe, maybe, maybe, dear
Talvez, talvez, talvez, talvez, talvez, querida
I guess I might have done something wrong
Talvez eu tenha feito algo de errado
Honey, I'd be glad do admit it
Querida, eu ficaria feliz em admitir
Oh, come home to me!
Volte para mim!
Honey, maybe, maybe, maybe, maybe... yeah!
Querida, talvez, talvez, talvez, talvez... yeah!

But I know that it just 
Mas eu sei que isso simplesmente
Doesn't ever seem to matter, baby
Nunca pareceu importante, meu bem
Oh, honey when I go out or what I'm trying to do
Querida, quando eu saio ou tento fazer algo
Can't you see I'm still left here?
Você não vê que ainda estou aqui?
And I'm holding on, in needing you
E estou te esperando, precisando de você

Please, please, please, please!
Por favor, por favor, por favor!
Oh, won't you reconsider babe?
Você não vai reconsiderar?
Now come on, I said come back
Agora vamos, eu disse volte
Won't you come back, to me?
Você não voltará, pra mim? 

 

 

O coração de Adora explodia em seu peito. Todos os pelos de seu corpo se encontravam arrepiados, e ela mal pôde se manter de pé. O que mais a teria atingido? A poderosa voz de Catra? Sua beleza descomunal? Ou a letra daquela música, na qual relembrava a loira de algo assustadoramente familiar? 

Uma convergência de tudo, seria a resposta correta

A música se estendeu por mais alguns minutos, mas Adora se encontrava absolutamente extravida daquele mundo. Os batimentos de seu coração eram a única coisa que ela conseguia ouvir, ao passo que seus olhos, nem por um segundo, se desviaram da figura da morena.

Por um segundo, pensou ter trocado contato visual com Catra. Em sua mente, achava isso impossível; Ela estava cercada por cerca de mil pessoas, em uma confusão de flashes sob a noite. Catra jamais notaria sua presença, ela concluiria.

Entretanto, a morena sim a notou. A notou, e fixou seu olhar na mesma por alguns milésimos de segundos, contemplando-a. Nesses milésimos de segundo, onde aqueles olhos cor safira se encontraram com seus verde-azuis, um nó se implantou em sua garganta, paralizando-a.

Não durou muito, pois a alta batida que ecoava à sua volta a resgatara para a realidade. Continuou cantando, porém, ligeiramente espiando aquele ponto em específico com frequência. 

-:-

 

As últimas notas da guitarra ecoaram pelo enorme ambiente, causando uma explosão de gritos e aplausos. Catra, em um dos maiores sorrisos que já se formaram em seu rosto, esfregou sua testa, limpando um pouco do suor. Aproximou seu rosto do microfone, exalando um suspiro de alívio. - Intervalo de 40 minutos. Não morram até voltarmos.

Retirou a correia que sustentava sua guitarra de seus ombros, apoiando o instrumento em um suporte no final do palco. De súbito, recebeu um forte tapa em suas costas, emitindo um alto "PORRA!"

Ao se virar, com sangue nos olhos, para a natureza da agressão, percebeu uma Scorpia com um sorriso de ponta a ponta em sua face. Sem quaisquer avisos, envolveu Catra em um abraço esmagador, fazendo com que a mesma perdesse totalmente o ar.

- WILDCAT! CONSEGUIMOS! EU TÔ TÃO FELIZ! - Ela gritava, sem perceber que esmagava a morena em seus braços tonificados. A mesma tentou dar tapinhas ao redor da platinada, mas a maior se encontrava em puro êxtase, ignorando os pedidos de misericórdia da amiga. - NÓS ARRASAMOS, PORRA!  - Parou no mesmo instante, tampando sua própria boca, permitindo que Catra desvencilhar-se de seus braços - ...Eu retiro esse palavrão - murmurou, sem graça.

A morena flexionou seu corpo, recuperando o ar aos poucos - Você... - ofegante, ela proferiu - ...é inacreditável. - limpou o canto de sua boca, encarando Scorpia com uma indignação cômica.

A baterista coçou sua própria nuca, rindo - Foi mal, você sabe que eu me empolgo!

A morena revirou os olhos, cruzando os braços. A mesma teria retrucado Scorpia, caso não tivesse ouvido seu nome ser pronunciado não muito longe dali. Virou seu rosto para a origem do som, se deparando com uma Adora posicionada em um dos últimos degraus que conectavam o palco do chão, acenando para a mesma.

Catra instintivamente ajeitou sua blusa, passando a mão por seus longos fios castanhos. Adotou um leve sorriso ao passo que se aproximava da loira.
- Hey, Adora. - Ela murmurou, se agachando para ficar na mesma altura que a loira - Quer um autógrafo? - debochou, conforme seu sorriso crescia.

Adora bufou, reprimindo uma risada - Nem um pouco convencida, né? 

- Jamais.

Após alguns segundos se encarando, Catra quebrou o contato visual, se pondo de pé. Se dirigiu até o mesmo degrau na qual Adora se encontrava, segurando sua mão e a guiando por entre a imensa multidão que as cercavam.

A loira sentiu suas bochechas levemente ruborizadas, ao passo que encarava a mão da morena. Pôde sentir os calos nas pontas de seus dedos, decorrente de tocar os instrumentos de corda; Sentiu uma ampla vontade de acariciar sua palma macia, mas se conteve. - Para onde você está me levando? - Perguntou, confusa.

Catra se mantinha concentrada em desviar de todas aquelas pessoas, que frequentemente a cumprimentavam e elogiavam. A morena mostrava um belo sorriso em resposta. - Eu deixei suas coisas no depósito de bebidas - gesticulou, cada vez mais próxima do elevador - Fica no subsolo, então não tem risco de roubarem. Eu sei, sou genial - brincou, espiando a loira pelo canto do olho esverdeado, fazendo com que a maior gracejasse.

Após alguns instantes, adentraram no elevador; estranhamente vazio. Ambas se recostaram nas extremidades opostas do cubículo, encarando uma à outra, em um total silêncio.

Adora sentiu sua palma suar, à medida que percebia Catra analisar cada parte de seu corpo, em uma expressão indiferente. Observou a morena desviar o olhar, cruzando seus braços.

- ...Você está bonita. - Catra murmurou, coçando seu pescoço com o indicador, tentando disfarçar o rubor em seu rosto.

Adora emitiu uma leve risada, espregando sua mão esquerda sobre sua nuca. - Eu digo o mesmo. 

Mais alguns minutos levemente constrangedores se estenderam, acompanhados de um silêncio um tanto quanto cômico. A loira verificou o painel do elevador; restavam 15 andares até seu destino. Suspirou, decidindo quebrar o gelo.

- Sabe, - a mesma proferiu, chamando a atenção da morena - nunca pensei que você cantasse tão bem. Me deixou sem palavras, sério.

Catra emitiu uma leve risada com o comentário, encarando o ladrilho do chão. - Eu insisti bastante para que Hordak me colocasse em uma aula de canto. Segundo ele, música é coisa de gente fracassada e que curte uma erva. - Riu com o próprio comentário, porém, com um traço de angústia em sua face - E, como futura dona de Etheria, eu deveria focar em coisas mais "importantes". - Gesticulou as aspas com seus dedos, exalando um pesado suspiro - É um saco.

Adora refletiu sobre aquelas palavras, observando os números dos painéis cada vez mais decrescerem, - Bem, eu garanto que você não é uma fracassada - sorriu ligeiramente, agora encarando os olhos divergentes da morena - Ele ao menos sabe que você está se apresentando aqui?

- Ele não se importa. Vive falando que é só uma fase. - Revirou os olhos. Catra mal teve tempo de prosseguir com sua frase, pois as portas do elevador se abriram, revelando um cômodo colossal, repleto com prateleiras das mais diversas bebidas; Desde simples latinhas de cervejas armazenadas em grandes fardos de plástico, até os champagnes mais requintados, guardados em estantes especializadas, cobertas por um blindex resistente; Um paraíso para qualquer apreciador do álcool. Catra agarrou a mão de Adora mais uma vez, adentrando naquele local - Mas quer saber? Foda-se o que Hordak pensa. - correu pelo local, com um leve sorriso em seu rosto - Eu gosto de música, e pretendo viver com isso. Não vai ser um velho infeliz e rabugento que irá me impedir.

Adora não conseguiu conter o sorriso que surgiu em seu rosto com aquelas palavras, seguido de sua mais alta risada. As duas jovens corriam por entre os corredores, como duas crianças na qual elas costumavam ser. De relance, se lembrou de sua infância ao lado da morena; Tudo era tão simples, tão puro, e tão belo. O sorriso em sua face aumentou com as memórias que percorriam sua mente.

Elas correram pelo local por alguns minutos, gargalhando e gritando, sem preocupações, e sem problemas. Mãos conectadas, e vozes em sincronia. Não havia um motivo para tanta animação, mas apenas aconteceu. 

Ambas pararam no final de um dos diversos corredores, ofegantes e risonhas, a todo instante observando as feições uma da outra. Catra se recompôs primeiro, exalando um suspiro. Encarou o ambiente â sua volta; Estavam na ala de vinhos, justamente onde ela guardou as coisas de Adora. Se aproximou de uma das gigantescas estantes, vasculhando seu interior, à procura da mochila,

Após alguns instantes, retirou o conteúdo que procurava, junto com uma das garrafas de vinho que se encontravam na estante. Encarou a loira com um olhar travesso, entregando-a seu pertence. Caminhou até o outro lado do corredor, onde centenas de milhares de taças se encontravam erguidas por hastes de madeira, retirando dois de seus respectivos lugares. Se virou para Adora, entregando-a um dos cálices, que o segurou com um olhar suspeito.

Sem uma palavra, a morena retirou a rolha da garrafa, derramando o líquido sobre suas taças. Ergueu o objeto aos céus, em uma expressão indecifrável - Saúde? - Ela falou, encarando a loira de forma intensa.

Adora sorriu, repetindo o gesto de Catra. - Saúde.

 

-:-

 

E assim, elas passaram cerca de 10 minutos sentadas sobre aquele piso, revirando o líquido daquela garrafa, gargalhando a cada comentário que faziam. O álcool da bebida não as embebedaram por completo, mas permitiu que elas agissem com uma leveza nunca antes vista. Cada uma se encontrava recostada sobre uma das estantes, fazendo com que ambas estivessem frente a frente.

-  Eu nunca pensei que estaria aqui, sabe? - Adora afirmou, entornando as últimas gotas do vinho em sua taça - Virando uma garrafa de vinho, no subsolo de um show, com minha ex-melhor amiga como companhia. - Riu, sendo acompanhada pela gargalhada de Catra.

- E eu nunca pensei que te veria usando coturno. Sempre há uma primeira vez para tudo, não? - Ela proferiu, gesticulando com suas mãos.

Ambas caíram na gargalhada, ao passo que a morena, ao virar sua taça em sua boca, notou que ela se encontrava vazia. - Ei - ela falou, chamando a atenção da loira - me dá um gole do seu?

Adora bebericou um pouco do vinho, se arrastando até poucos centímetros separarem as jovens. Ergueu o cálice até a morena, em um belo sorriso - Pode ficar.

Catra pegou o objeto das mãos de Adora, erguendo sua cabeça, entornando o líquido, aos poucos, em sua boca. Os olhos da loira desceram do rosto da morena, agora focando em seu pescoço. Reparou na gravata desfeita em volta do mesmo, e meneou a cabeça em desaprovação.

Agarrou as extremidades do tecido, tentando realizar um nó decente. Catra, surpresa com o toque, quase engasgou com o vinho, tendo sua face inteiramente ruborizada. - O que você esta fazendo? - murmurou, ainda com a cabeça erguida.

- Ajeitando sua gravata. - Retrucou, concentrada em seu nó. Por culpa do álcool, seus movimentos estavam ligeiramente confusos, mas finalmente conseguiu. Ergueu seu rosto. - Viu? Muito Sim-

Suas palavras se perderam no momento em que percebeu a proximidade de seus rostos. Sentiu suas bochechas esquentarem, ao passo que sua respiração falhou. Seus olhos se arregalaram, juntos com os da morena. Constatava a respiração ofegante de Catra sobre seus lábios, enquanto ela se perdia naquela imensidão verde-azulada de seus olhos.

Foi exatamente assim, no dia anterior. A mesma respiração falhada, a mesma pupila dilatada, a mesma mistura indecifrável de emoções.

Só que, dessa vez, com um desfecho ligeiramente diferente.

Adora passou seu dedo indicador sobre seus fios dourados, prendendo-os por trás de sua orelha, colando seus lábios com os da morena.

Simples assim. Suas bocas se encontraram interligadas por um breve momento. Simples assim.

Adora sentiu o calor dominar todo o seu corpo, ao passo que, delicadamente, passava seu indicador pelo maxilar da guitarrista. 

Foram exatos 10 segundos. O pequeno selinho na qual a loira lhe deu duraram 10 segundos.

E 10 segundos foi mais que o suficiente para quase explodir o coração de Catra.

A morena se encontrou paralisada do início ao fim. Seu cérebro simplesmente desligou, e permaneceu assim por um bom tempo.

Ela ficou imóvel durante o pequeno beijo, e continuou imóvel quando Adora, de forma brusca, rompeu essa ligação; Seus olhos totalmente arregalados, e dois de seus dedos tocando seus próprios lábios.

Catra permaneceu imóvel, quando, aos sussuros, Adora falou um "Eu tenho que ir", agarrando sua mochila e correndo em disparada dali.

Catra permaneceu ali, com a companhia de seus batimentos descompassados.
 


Notas Finais


Esse foi um capítulo bem complicado de escrever, e provavelmente o mais longo também kkkj
<br />Prometo que não vou demorar tanto tempo para postar, mas acontece que eu estava em um bloqueio criativo tenso,,, vocês sabem como é
<br />Enfim, comente o que achou! Seus comentários me motivam a continuar, e eu fico muito grata :')
<br />Até a próxima!


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