1. Spirit Fanfics >
  2. Amor E Outras Drogas >
  3. Day 1 - Party And Bullshit

História Amor E Outras Drogas - Day 1 - Party And Bullshit


Escrita por: Haroldinha

Notas do Autor


Muito obrigada pelos comentários e favoritos. Vocês são demais!
Espero que gostem do capítulo, perdoem os possíveis erros e tenham uma boa leitura.

Capítulo 2 - Day 1 - Party And Bullshit


Jackelinne Becker P.O.V

- Respira,  Jackelinne. Não é tão ruim quanto parece. São apenas onze dias vagando pelo oceano, trancafiada nesse navio, alienada da realidade, sem sinal de celular, sem internet, sem amigos, se é que você ainda tem, e tendo que aguentar seu irmão nerd te vigiar vinte e quatro horas por dia. Certo, você é forte o suficiente para aguentar.

Essa última frase é a mentira mais deslavada que eu já falei. Jackelinne Becker forte? Pff... Posso ser um pouco forte fisicamente, e é exatamente pela minha personalidade agressiva que estou aqui, dentro de um banheiro menor que meu cérebro, sentada na tampa do vaso sanitário. Viu? Não sou forte psicologicamente. Tão fraca que cheguei a chorar. Aquelas gotinhas cheias de cloreto de sódio teimavam em cair dos meus olhos contra minha vontade.

- Jay? – Ouvi a voz abafada de Daniel soar preocupada do outro lado da porta. – Você ta chorando?

Meus soluços estavam tão altos assim? Provavelmente. Não costumo chorar com frequência, mas quando choro... Sai de baixo.

- Me deixe morrer esvaída em lágrimas e em paz, Daniel! – Falei o mais alto que consegui.

- Sai daí, garota! Preciso fazer xixi, to apertado, caramba! – Daniel bateu mais forte, tentando me intimidar. Já falei que ele é babaca?

- Que sua bexiga se exploda!

Continuei imóvel no vaso sanitário, sem a mínima vontade de levantar. Poxa, eu só queria ir embora, mas pelo balançar do navio nós já devíamos estar em alto mar. Eu deveria ter começado a fazer aulas de natação quando tive oportunidade, assim poderia sair nadando.

Aquele balançar do navio... Tão calmo, o som das ondas quebrando contra o casco do navio, a maresia... Senti-me tonta por um momento, ainda que estivesse sentada. Meu estômago revirou junto com meus olhos, que agora pareciam muito mais pesados. Meu estômago revirava, revirava, e revirava... Como se o furação Katrina estivesse dentro de mim.

Só sei que dois minutos depois eu via meu café da manhã boiar em forma de vômito na água do vaso sanitário. Eca!

Ah, é! A única coisa que me faltava era ficar enjoada em alto mar. Que vida maravilhosa eu tenho.

A pele do meu rosto estava mais pálida do que é, ou seja, eu estava mais feia do que já sou. Joguei uma boa quantia de água gelada no rosto, mas isso só me fez perceber que eu estava esbanjando água à toa. Minha aparência não melhoraria. Não enquanto o navio ainda estivesse em movimento.

Decidi sair do banheiro para pegar minha escova de dente, antes claro, dei descarga no vaso. Por mais que eu quisesse que Daniel explodisse, ele não merecia ver meu café da manhã daquele jeito. Eu tenho um lado não-tão-maldoso, ta?

Meio cambaleante, destravei a porta e saí desnorteada, fraca. Só consegui ver o vulto de Daniel ir direto para o banheiro, e eu não resisti ao ver aquela cama toda arrumada em minha frente. Deixei meu corpo cair sobre os lençóis – que percebi serem de seda (chique isso, heim?) – e afundei o rosto no travesseiro que era até mais macio que o próprio colchão, e ali fiquei, agonizando com aquela sensação doentia tomando conta do meu ser. À essa altura uma tremenda dor de cabeça começava a aflorar.

- O que você fez nesse banheiro, Jackelinne? – Daniel reclamou. – Que fedor!

Gemi mais, me encolhendo e choramingando feito uma criança que comeu doce demais no halloween. Se tem algo que eu odeie mais do que ficar presa, é ficar doente ou me sentir mal.

- Eu vomitei, Daniel – Falei da maneira que pude. – To enjoada.

Daniel murmurou alguma coisa incompreensível aos meus ouvidos, e pelo que minha consciência ainda me permitia identificar, ele vinha em minha direção. Ao meu lado, senti o colchão afundar junto com a mão dele que deslizou pelos meus cabelos. Momento fofura de irmãos à vista, ou não.

- Ta sentindo o que, Jay? – Perguntou ele, tentando fazer o papel de irmão mais velho. Eu disse “tentando”. – Será que você ta grávida?

- Daniel! – Juro que meu pâncreas quase saiu para fora de tanta fora que fiz para gritar. – Mas o que... O que... Que merda foi essa que você disse?!

- Ué, foi só um palpite e eu espero estar errado.

- Vai plantar repolho, vai Daniel – Mesmo morrendo de dor eu consigo ser grossa, do meu jeito – Eu me sinto injustiçada!

- Lá vem você...

- É sério, Dan – Falei seriamente pela primeira vez no dia. Como se eu costumasse falar sério... Mas enfim. – Você, papai e mamãe agem como se eu fosse a única culpada, sendo que a maior vítima daquilo tudo foi eu.

- Você, vítima? Aham, ta...

- Eu não fiz nada demais, Daniel, e olha onde eu estou! Em um castigo extremamente drástico e desnecessário.

- O que você fez com Jason é motivo mais do que aceitável para o seu castigo – Ele retrucou, e o pior de tudo era que eu sabia que ele estava certo, em apenas um ponto.

- Só quis defender minha integridade, ou melhor, o que restava dela.

- Chega disso, Jackelinne. Você sabe o porquê que esta aqui e ponto final – Disse levantando e eu quase volvei a chorar. – Tanto eu quanto nossos pais esperamos que você pare de agir impulsivamente e cresça. Você não é mais uma garotinha.

- É, não sou mesmo, então não preciso de broncas.

- Continuo sendo seu irmão mais velho e posso fazer isso.

- Um irmão muito mau – Falei ficando na defensiva e dei língua.

Eu continuaria de castigo, não tinha jeito.

Tentei ignorar as rodopiadas que meu estômago dava e fui terminar o negócio inacabado de antes; escovar os dentes. Ficar com resquícios de vômito na boca não é agradável. Minha mala preta estava no canto da cabine e eu me estiquei para pegá-la sem precisar levantar. Ahá, eu sou preguiçosa, admito.

Mas tinha uma coisa estranha ali.

Quando abri o bolso frontal da mala onde deveriam estar meu Ipod, escova de dente e creme dental, o que saltou para fora foi um...

- Wood? – Peguei aquele boneco e o olhei com a testa franzida. Eu não tenho um Wood. – Mas o que? – Exclamei incrédula, abrindo o compartimento maior da mala, e aí saltou um Buss Lightyear. Qual é, o elenco inteiro de Toy Story invadiu minha mala?

- Ah, não! Não! – Pus as duas mãos na cabeça. – Trocaram minha mala! Não!

Daniel apenas me olhou de sobrancelhas arqueadas e se jogou na cama com um pacote de Nachos na mão. Tinha até uma cueca do Batman ali. Quem usa uma cueca do Batman?

Eu bufei indignada. Os empregados dessa bagaça de cruzeiro não merecem o meu respeito. Quem mandou trocarem a minha mala? Justo a minha mala das calcinhas!

Enjoos a parte, eu precisava dos meus pertences íntimos, e eu rezava para que eles não tivessem caído nas mãos de um pervertido ou qualquer adolescente cheio de testosterona.

- Onde você vai? – Daniel perguntou assim que me viu abrir a porta da cabine.

- Vou recuperar minha mala.

 

 

Louis Tomlinson P.O.V

Banheiro. Vaso sanitário. Vômito.

Assim se resumiram meus primeiros trinta minutos dentro do navio, e sinceramente, não era assim que eu pretendia passar meus preciosos dias de folga. Tudo bem, não posso reclamar, até porque eu aceitei vir para o cruzeiro de livre e espontânea vontade, mas também não tinha como imaginar que eu ficaria enjoado.

Enjoo é coisa de mulherzinha...

Foi esse pensamento que me fez sair cambaleando da cabine e ir até a enfermaria no segundo andar. Lá peguei um potinho com remédios para enjoo, só para prevenir. Coloquei alguns comprimidos no bolso da calça, soltos mesmo, para não correr o risco de vomitar no meio do corredor, e depois de dar uma ajeitada na minha aparência (eu parecia um zumbi de tão pálido) saí da cabine, e em poucos passos fui até a cabine de Liam, que ficava basicamente na frente da minha.

Ele nem se preocupou quando entrei sem bater, já que a porta estava aberta, e os quartos do último andar eram exclusivamente para o One Direction, então óbvio que não seria outra pessoa além de um de nós.

- Nossa, que cara é essa, Louis? – Ele perguntou vendo meu estado deprimente, enquanto eu caía de qualquer jeito em qualquer lugar. Meu corpo estava mole, eu não tinha controle sob meus movimentos.

- To mal – Foi o que saiu de minha boca depois de muito esforço.

- Nem percebi – Liam ironizou. Eu estava podre demais para dar uma resposta à altura. - Ta assim por causa daquilo ainda?

Olhei sem ânimo (literalmente) para Liam. Ele achava mesmo que eu entenderia aquela mensagem criptada no estado que eu me encontrava?

- Aquilo o que? – Perguntei parecendo um drogado de tão grogue que minha voz saiu.

- Eleanor e o fim do namoro – Disse receoso.

E minha decadência teve início. Eu até tinha esquecido daquilo por algumas horas. Já fazia dois meses que eu e Eleanor terminamos, e eu não me envergonho em dizer que ainda não superei. Acho que vou demorar a superar.

- Dois meses, Liam.

- E você não superou – Ele completou, me fazendo soltar um gemido agoniado. – Aproveita o cruzeiro pra desencanar logo.

- Tá, eu sei – Resmunguei mal humorado. – Vou aproveitar de que jeito? Olha bem pra minha cara e me diz se eu tenho condições. Nem é por causa da Eleanor, acontece que eu to enjoado no sentido de vomitar.

Liam riu de mim, até porque, como eu disse anteriormente, enjoo é coisa de mulherzinha...

- Hoje à noite vai ter uma festa. Vê se aproveita pra curtir – Liam tornou a falar. – Terminar um namoro que não estava dando certo não é motivo pra você ficar assim, parecendo um morto vivo.

Antes que eu pudesse formular uma resposta, ouvi batidinhas tímidas na porta. Liam me olhou de soslaio, intrigado assim como eu. Se fosse um dos garotos, eles iriam entrar sem se importar ao invés de bater tão delicadamente. Liam foi até lá, e antes de abri-la, espiou pela janelinha da porta.

- Acho que é uma fã – Disse sem emoção, abrindo a porta. Inclinei-me para poder observar o que ele faria para mandar a fã embora sem ser grosso.

Vi uma ruiva com cara de tacho, e só para constar, seu rosto estava tão incolor quanto o meu, o que me fez pensar que ela também devia estar enjoada. Senti uma pontada de pena, porque estar desse jeito é horrível.

- Oi? – Falou Liam. Acho que ele esperava que a garota pulasse nele e não ficasse o encarando sem expressão.

- Você é... Liam Payne? – A ruiva disse finalmente, dando uma olhadinha para baixo onde havia uma mala encostada em sua perna.

- Sou eu. Algum problema?

- Hum, sim! É que a sua mala foi parar na minha cabine e eu acredito que a minha tenha vindo parar na sua – Disse a garota com cara de tédio.

Enquanto Liam ainda parecia esperar que a garota pulasse nele, eu comparei a mala que estava dentro da cabine com a que estava com a ruiva, e mesmo não conseguindo raciocinar direito, vi que eram idênticas.

- Como posso saber se é verdade? – Depois de muito pensar Liam decidiu falar. A ruiva revirou os olhos.

- Olhe a etiqueta – Disse ela apontando para a mala de dentro da cabine.

Para facilitar as coisas, empurrei a mala de rodinhas com o pé, fazendo-a parar ao lado de Liam, que prontamente se abaixou para ver a etiqueta no tecido preto.

- Jackelinne... – Liam estreitou os olhos, tentando ler o que dizia ali. – Jackelinne do que?

- Edward Becker – A ruiva esclareceu. – Jackelinne Edward Becker. Antes que achem engraçado, é mania da minha família colocar um nome masculino nas mulheres. Coisa de gente velha, sabe? – Ela revirou os olhos, parecia não gostar.

- Edward é legal – Eu falei, mas ela não deu a mínima. – Como foram confundir Jackelinne com Liam?

- Eu acho que quem escreveu essas etiquetas precisa de aulas de caligrafia, porque na boa, que letra mais horrenda – A ruiva disse mostrando algo a Liam. – E quem distribuiu as malas precisa urgentemente de um oculista, porque né...

- Realmente – Liam riu. – Mas me diz uma coisa – Balbuciou – Você abriu minha mala?

- Não vou mentir, eu abri – Ela fez cara de culpada. – Acabei vendo seu Wood.

- Você trouxe os bonecos? – Perguntei rindo.

- Fica quieto, Louis – Liam ralhou, levemente constrangido.

- Olha, eu agradeceria se você me alcançasse minha mala – A ruiva pediu.

- Ah, é – Aquele lerdo chamado Liam finalmente devolveu a mala dela e ela devolveu a dele. – Você ta bem... Jackelinne?

- Eu? Estou... – Começou a falar meio incerta. – Não, não estou – Sorriu sem graça. – Me acharia uma fracote se eu dissesse que fiquei enjoada com  o balançar do navio?

Antes de qualquer resposta de Liam, ouvi a gargalhada dele.

- Olha o outro fracote ali – Aquele cara que eu achava ser meu amigo apontou para mim, o fracote enjoado.

Muito diferente dele, a ruiva olhou para mim com compreensão. Claro, estávamos passando pela mesma coisa, e eu posso dizer que não é legal ver seu café da manhã sair pelo mesmo lugar que entrou.

- Quer um remédio? – Ofereci gentilmente.

- Onde posso arranjar?

- Na enfermaria no segundo andar. Mas antes que você vomite no corredor, toma um dos meus – Pus a mão no bolso e peguei os comprimidos (minhas mãos estavam limpas, okay?)

Pelo menos Liam deixou a ruiva entrar para pegar o remédio. Ela engoliu sem ao menos precisar empurrar com água.

- Você tem um monte, me dá mais um.

- Vai querer ter uma overdose de remédios pra enjoo? – Perguntei com a testa franzida. – Por ora, um é suficiente.

- Ta, obrigada – Disse pausadamente. – Bem, já recuperei minha preciosa mala, então estou indo. Desculpa se incomodei.

- Não incomodou nada. Eu que agradeço por ter trazido minha mala intacta. Se tivesse parado em outras mãos ela talvez nem voltasse – Liam disse, um pouco exagerado ao meu ver.

Jackelinne deu um sorriso fraco para ele antes de segurar a alça da mala e ir em direção a porta.

- Ao infinito e além – Disse passando por Liam, que sorriu abertamente.

Sem rodeios, ela sumiu de vista, assim Liam fechou a porta e voltou a fazer o que fazia antes, algo que eu não fiz questão de saber o que era.

- To indo, Liam – Falei levantando. Já estava melhor, não me sentia mais tonto, mas a sensação de que eu poderia vomitar a qualquer momento ainda me acompanhava.

- Vai pra onde? – Ele indagou.

Aff, Liam...

- Nós estamos em um navio, para onde mais eu iria? – Dei um sorriso irônico.

Eu estava bem o suficiente para fazer Liam querer me jogar pela janela, e isso é normal de acontecer.

- Vou deitar e tentar ficar melhor até a noite – Falei já fora da cabine dele e abrindo a minha.

Deitar e dormir até a noite... Não é algo muito difícil de fazer.

 

***

 

- Tenta curtir, Louis – Liam falou mais uma vez.

- Defina “Curtir”, Liam – Pedi fechando os olhos, querendo achar paciência para aguentar. – Liam?

Nenhum dos rapazes estava mais ao meu lado. Olhei na direção contrária e pude ver os quatro se dissipando, indo para lugares específicos. E eu continuei parado na entrada do salão de festas. Até isso tem em um navio...

Por um bom tempo fiquei olhando para as pessoas se remexerem feito peixes fora d’água, mas na verdade o peixe fora d’água era eu. Todo mundo se divertindo e eu tendo de lutar contra enjoos, pelo amor de Deus!

- Tente curtir, Louis – Repeti as palavras de Liam e suspirei, criando coragem para seguir em frente. Ia me esgueirando dos demais que ainda assim trombavam em mim.

Reparei que a grande maioria das pessoas eram adultas, ou talvez fossem adolescentes super desenvolvidos.

Dei algumas voltas, apenas observando e agradeci por ninguém me atacar. Claro que se alguém pedisse um autógrafo eu daria, mas se pedissem fotos... Se bem que com a minha aparência de doente ninguém iria querer uma foto comigo. Depois de muito andar, acabei parando no bar; o único lugar onde havia cadeiras disponíveis.

Música e mal estar não combinam. Além de meu estômago revirar, minha cabeça começava a doer. Na boa, quero ir embora daqui!

- E aí, ta sozinha, gata? – Ouvi aquela cantada mais horrível do século e não me contive, olhei para a figura do possível cafajeste que falou.

- Cai fora! – Foi a resposta (muito agressiva) que o cara recebeu.

Soltei um riso abafado ao ver que a garota que fora cantada era a ruiva de hoje mais cedo. Não parecia tão acabada como antes, o que me fez pensar que o remédio fez mais efeito nela do que em mim. Diferente das outras mulheres da festa, ela não usava vestido que mostrasse a bunda. Usava um short não tão curto de cor preta, e eu achei interessante ela estar usando suspensórios e uma t-shirt dos Beatles. Nada condizente com a ocasião, ela estava vestida como se fosse para um passeio pela cidade. Ao invés de salto ela usava Oxford verde nos pés.

A conclusão que tirei foi que: Ela não estava “boa” para festas, assim como eu, que vesti a roupa mais chinfrim que tinha na mala.

Percebendo meu riso discreto-porém-divertido, ela me encarou de cara fechada, mas para minha sorte não usou toda sua agressividade e apenas disse:

- Melhorou do enjoo?

Eu me apoiei na bancada, tomando cuidado para não derrubar nenhuma bebida com o cotovelo e dei de ombros.

- O remédio tem ajudado – Respondi. – Você parece melhor também...

- Tento me distrair pensando que não estou nessa porcaria de cruzeiro – Disse tombando a cabeça para trás. – Por enquanto tem funcionado.

Assenti e voltei a olhar para frente, assim vendo Harry e Zayn em uma das mesas de pôquer. Era só o que me faltava aqueles dois ficarem viciados em jogo.

- Precisando de companhia, gata? – Outro ser dominado pelo álcool praticamente se jogou em cima da ruiva.

- Some da minha frente! – Disse fazendo cara de nojo. O cara fedia a álcool e cigarro. – Eu aqui parecendo uma defunta e ainda tem cara que vem me tentar? Por Deus!

Acabei rindo mais uma vez. Ela era tão dramática...

- Aquele ruivo lá te olha faz tempo – Apontei para o cara que olhava para ela de cinco em cinco segundos, que também estava na mesma mesa de pôquer que Harry e Zayn.

Foi a vez de ela rir.

- Aquele lá é meu irmão.

E a minha cara foi parar no chão. Claro... Ele é ruivo, ela é ruiva, e são irmãos! Tão óbvio... Por que você não pensa antes de falar merda, Louis?

Preferi ficar quieto e na minha. O negócio de se distrair pensando estar em outro lugar funcionou comigo. Pus em minha cabeça que eu estava em uma balada qualquer de Londres, em solo firme, e assim a sensação de instabilidade que me fazia enjoar diminuiu gradativamente. O ruim seria pensar assim durante o dia e sem festas.

- Você também ganhou uma admiradora – A ruiva comentou, apontando com a cabeça para o lado, onde encontrei alguém me olhando presunçosamente.

Mas aquilo mais parecia um... Homem?

- Parece travesti – Falei completamente arregalado.

- Algo contra? – A garota me alfinetou e por um momento me senti num beco sem saída.

- Não, imagina! Eu só... Hum... Não... Não é minha praia, entende? – Tentei soar convincente.

- Entendo – Disse normalmente – Sem querer te assustar, mas ela esta vindo para cá.

Meu sangue gelou.

- Ai meu Deus, o que eu faço? – Pedi olhando para cima como se conversasse com Deus.

- Quer ajuda? – A ruiva ofereceu.

- Se não for muito incômodo... – Disse sugestivamente, querendo na verdade me ajoelhar aos pés dela e implorar por ajuda.

Engoli em seco, vendo aquele ser que eu não sabia se era melhor me referir como ele ou ela se aproximava. Me aliviei quando a ruiva desceu da cadeira e parou em minha frente, bem perto, e olhava com o canto do olho para o lado. Eu não sabia o que fazer, então fiquei parado. Ela buscou minha mão, segurando-a delicadamente e a levou até sua cintura, enquanto sua outra mão ia para minha nuca. Em questão de segundos meu rosto foi parar em seu pescoço, perdido em meio àqueles fios ruivos que exalavam um cheiro de xampu. Fiquei com as costas curvadas por ela ser mais baixa, e permaneci estático, sem entender direito o que ela fazia, porém gostando de sentir o frescor dela. Era como um calmante, a sensação doentia tinha ido embora.

- O que você ta fazendo? – Perguntei em um sussurro, sentindo que a ruiva deslizava as mãos por minhas costas.

- Não é difícil fingir que estamos nos agarrando, né? – Ela disse bem perto de meu ouvido.

- Hum, entendi - Falei, rodeando o braço na cintura fina dela. Já que estávamos fazendo aquilo, que fosse bem feito.

Acho que quem nos visse daquele jeito pensaria que estávamos nos beijando, porque realmente parecia.

- Como é seu nome mesmo? – Perguntei quebrando o silêncio entre nós.

- Jackelinne. E o seu?

- Louis.

- Louis – Ela repetiu como se precisasse fazer para não esquecer. – Se meu irmão vier tirar satisfações do porquê de estarmos assim tão próximos, diga algo convincente. Ele não vai acreditar em nada que eu disser.

- Tudo bem, mas por que seu próprio irmão não acreditaria no que você diz?

- Longa história  - Jackelinne se remexeu um pouco incomodada.

Preferi não insistir em aprofundar o assunto, visto que havia percebido que ela não falaria nada. E digamos que eu estava mais interessado em inalar o aroma que me rodeava, parecia cheiro de camomila ou algo assim.

- Pronto. Ele ou ela já sumiu de vista – Ouvi Jackelinne dizer. – Louis? Você já pode me soltar.

- Ah, ta... – Soltei-a me sentindo um pouco envergonhado. Quem manda ela ter um cheiro tão embriagante? – Fico te devendo uma.

- Fica nada. Me paga uma bebida que ta tudo certo.

Soltei um riso bem audível e ela me acompanhou, voltando a sentar na cadeira de antes e ficou de frente à bancada do bar, apoiando os cotovelos na mesma. Fiz o mesmo e chamei o Bar Man para pedir dois copos de alguma bebida.

- Será que se eu tomar um porre consigo esquecer o enjoo? – Jackelinne perguntou pensativa, me dando um olhar cético e duvidoso como se esperasse uma resposta minha.

- Será? – Comei a ponderar a hipótese.

Quando as bebidas chegarem, nós nos entreolhamos por alguns segundos. Dando de ombros, pegamos os copos e os levamos até a boca, tomando quase tudo em apenas um gole.

Tentar não custaria nada.

 

***

 

- Você só facilitou as coisas pra mim, cara! – Jackelinne gargalhou divertida – Vou encaçapar duas bolas em apenas uma tacada.

- Tsc tsc, duvido que consiga! - Olhei desafiadoramente para ela.

Estávamos em uma das várias mesas de sinuca há quase duas horas. Já era tarde da noite e a festa ainda rolava solta. Durante todo o tempo vi os rapazes poucas vezes e sinceramente não fazia questão de vê-los, estava bem e conseguindo aproveitar a noite sem passar mal, mesmo tendo ingerido uma grande quantidade de álcool, mas ainda assim continuava lúcido. Jackelinne não largava o copo de bebida, exceto quando era sua vez de dar uma tacada. Tenho que admitir que mesmo ela estando alterada pelo álcool, a garota era boa na sinuca. De muitas partidas que jogamos ela ganhou a maioria.

Como a própria havia dito que faria, Jackelinne encaçapou duas bolas em uma tacada, e uma delas foi a bola preta de número oito, ou seja, ganhou de novo. Eu disse que ela era boa. A ruiva empinou o copo, engolindo o restante do líquido todo em uma tragada e me encarou. Tinha os cabelos desalinhados, mas nem se importava.

- Me deve mais uma bebida – Jackelinne cobrou. O trato era que o perdedor de cada partida pagasse uma bebida para o vencedor.

- Como se você tivesse me pagado as vezes que ganhei.

- Pff... Eu não tenho nem vergonha na minha cara, por que acha que eu teria dinheiro pra pagar alguma coisa?

Realmente. Todas as bebidas que ela tomou foi eu quem paguei. Ou melhor, foi tudo para minha conta. Resumindo; se ela ficou bêbada a culpa é minha.

Jackelinne largou o taco na mesa, logo em seguida passou reto por mim. Decidi ir atrás, afinal, ela me fez companhia durante a noite toda, sem falar que, provavelmente, se ela não tivesse conseguido me distrair eu ainda estaria vomitando em algum canto por aí.

- Aonde vai? – Precisei gritar para fazê-la escutar e virar-se para trás.

Deu alguns passos, andando de costas e eu gargalhei com a cena. Ela embolava um pé no outro, não sei como não caiu, e ria a toa, somo se há minutos atrás não estivesse odiando o fato de estar em um cruzeiro.

Consegui alcançá-la depois de passos largos e comecei a acompanhá-la para sabe-se onde ela estava indo. O vento que batia contra mim era úmido, o que o deixava ainda mais gelado e eu me encolhi. Enjoos até posso aguentar, mas um resfriado nos meus dias de folga não.

Segurei Jackelinne pelos ombros e comecei a guiá-la, levando-a para a parte de dentro do navio. Quando chegamos ao deck ela se jogou em uma das cadeira de praia que haviam ali. Tinha uma piscina de hidromassagem e eu faria questão de entrar nela um dia desses.

- Acho que eu to bêbada – Disse fazendo uma careta.

- Você acha? – Falei em tom divertido e Jackelinne me mostrou o dedo do meio.

- Aff, porcaria de navio – Ouvi ela praguejar, dando um coice na borda da piscina, que era feita de acrílico, então, o pé dela deve ter ficado doendo.

- Se acha isso uma porcaria porque esta aqui? – Perguntei, apoiando o rosto no braço para prestar atenção nela.

- Faz parte do castigo que recebi – Disse suspirando.

- E o que fez de tão grave pra receber um castigo?

- Não vou te contar não – Ela fez bico, balançando o dedo indicador de um lado para o outro em gesto de negação.

Se ela não queria falar era porque devia ser bastante particular, e como sei que um estranho se metendo na sua vida não é nada agradável, fiquei na minha.

- Ai – Jackelinne reclamou ao meu lado. – Tem um remédio ai?

- Deixa eu ver – Pus a mão no bolso realmente achando que teria um punhado de comprimidos, mas só tinha um. – Só tenho um – Falei mostrando o remédio.

- Me dá!

- Não!

Preciso melhorar meus reflexos, pois Jackelinne conseguiu pegar o remédio de minha mão na primeira tentativa.

- Eu queria ele – Reclamei fazendo birra feito uma criança.

- Preciso mais do que você – Ela retrucou.

- Você bebeu, Jackelinne, e medicamento e álcool não dão um bom resultado.

- Hum – Torceu os lábios em desaprovação. – Então vamos dividir. Assim, se eu passar mal, você também passa.

Então Jackelinne começou a tentar quebrar o comprimido com os dedos. Todos sabem que ela não obteve resultado.

- Não to conseguindo dividir – Estreitou os olhos. – Vou tomar inteiro.

A filha da mãe nem deu tempo para eu protestar e colocou o remédio entre os dentes.

- Devolve! – Falei em um misto de grito e sussurro. Existe isso?

- Vem pegar – Disse em tom provocante, me fazendo estreitar os olhos.

Ela achava que eu não iria? Se enganou.

Avancei na direção dela, que arregalou os olhos vendo que eu tentaria mesmo tomar dela o que era meu. Ouvi seu riso assim que segurei seu rosto pelo maxilar. Jackelinne ainda mantinha o remédio entre os dentes, era bem engraçado até, ela ficava com cara de cachorro com raiva. Querendo devolver a provocação anterior, mordi uma parte do remédio, e consequentemente nossos lábios se tocaram no mesmo instante que ela decidiu fechar a boca. É, nós nos beijamos em querer...

Claro que eu não ia simplesmente me afastar, porque ficaria um clima estranho, então continuei pressionando a boca na dela até criar coragem para mover os lábios. Por sorte, ela fez o mesmo e não protestou quando pedi passagem com a língua. Confesso que beijar uma garota bêbada foi melhor do que eu imaginava.

- Rápido você, heim? – Ela disse mordendo o lábio inferior, o que só me fez querer beijá-la de novo.

- Disseram para eu curtir – Falei ficando por cima dela aquela cadeira de praia nada confortável, com uma perna em cada lado de seus quadris. – Eu só estou curtindo e tentando esquecer meus problemas. Você não pode reclamar, ficou com o remédio inteiro.

- Você não vai precisar dele – Ela disse antes de me olhar presunçosamente e puxar meu lábio inferior para si.

Me senti completamente atraído pelo olhar dela, e isso resultou em um beijo voraz, com um forte gosto de álcool, línguas lutando por dominação. E aquele beijo nos levou a outro, e outro, e mais outro...

 

***

 

- Você deveria saber que não se apalpa tanto a bunda de uma garota quando a beija pela primeira vez, mesmo que seja por apenas uma noite – Eram coisas assim que Jackelinne falava entre um beijo e outro quando nos separávamos para respirar.

- Não sou muito convencional – Falei transferindo os beijos para seu pescoço. O aroma suave dela não condizia com o seu nível de insanidade. - Mesmo não sendo muito bom em matemática, acho que esse não é nosso primeiro beijo.

- Você entendeu o que eu quis dizer, Louis – Disse apertando meus ombros.

Não estávamos mais no deck, e sim em um corredor vazio do primeiro andar. Quando alguém passava por nós tentávamos disfarçar andando como quem não quer nada, mas logo íamos para algum canto começar tudo de novo. Eu já começava a ficar animado com aqueles amassos, e a maneira que Jackelinne retribuía minhas provocações me fazia pensar que ela estava talvez ainda mais animada do que eu. Minha excitação pareceu triplicar assim que avistei o elevador, vazio, e subitamente apareceu uma enorme vontade de subir até o quarto e... Qual é, dois meses na seca é motivo suficiente pra eu querer ir para o quarto!

Em passos apressados comecei a ir em direção ao elevador com Jackelinne praticamente pendurada em meu pescoço. Assim que as grades se abriram, empurrei a garota para dentro e sem demora apertei o botão do último andar e começamos a subir. Jackelinne estava de costas para mim, então a puxei pela cintura fazendo suas costas se chocarem com meu peito e ela soltou um gritinho de surpresa. O pescoço era o ponto fraco dela, eu estava viciado no aroma daquela região, então juntando o útil ao agradável, levei o rosto para o pescoço dela e sem pena alguma suguei sua pele, que logo tomou uma cor arroxeada.

Depois de esperar impacientemente as grades do elevador finalmente se abriram. Cambaleei para fora junto com ela, dando passos rápidos e descompassados até chegar em frente à cabine, enquanto tentava de todo custo achar o cartão para abrir a maldita porta. Senti mãos se infiltrarem por debaixo de minha blusa e arranharem meu tórax. Eu já disse que ela é uma filha da mãe? E sabe muito bem como provocar.

Só sei que derrubamos muita coisa depois de entrarmos na cabine até que eu enfim achei a cama. Fui logo jogando-a ali com força, e aquele sorriso safado brotando no rosto de Jackelinne me fez concluir que ela deve gostar de um pouco de agressividade. Isso é bom...

Tirei a camisa e a joguei para longe nem me importando aonde ela pararia. Sem perder tempo, fiquei por cima da garota, voltando a beijá-la enquanto dava um jeito de tirar aqueles suspensórios, assim poderia tirar o resto com mais facilidade e sem demorar muito.

- Camisinha?! – Ela perguntou quando eu estava prestes a tirar seu short. Na verdade ela praticamente exigiu, mas é claro que eu não esqueceria também.

Tinha muitos preservativos na cabeceira da cama, eu já havia visto mais cedo. Bastou eu mostrar a ela que Jackelinne voltou a fazer o que fazia de melhor; me provocar.

- Então me mostre o que sabe – Disse perto de meu ouvido com a voz rouca de tesão.

Eu sorri perversamente.

- Já que insiste...


Notas Finais


Sei que vocês vão dizer "mas eles já tão se pegando?"
Não me xinguem por isso, mas lembrem que existe uma diferença enorme entre "se pegar" e "gostar/amar". Esse final não significa que eles vão se apaixonar logo de cara, ok?
Espero que tenham gostado!
xx


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...