História Amor por contrato - Capítulo 7

Com os olhos ainda pregados, sinto San se mecher e se levantar.

Ouço um suspiro pesado vindo do maior, e logo o som da pronta do banheiro se fechando.

Levanto meus braços afim de me expreguiçar, e me alongar.

Me levanto e abro as janelas, deixando uma claridade entrar, me fazendo fechar os olhos e virar de costas já com as mãos no rosto.

- Quer me deixar cego?- retiro as mãos do rosto devagar e vejo San sorrindo parado a minha frente. Sua voz estava grave, era gostoso ouvir sua voz de manhã.

- Eu não sabia que iria entrar tanta claridade assim.- coloco meus chinelos que estavam ao lado da cama.

- Vá se trocar, vamos tomar café e dar uma volta pela cidade.- ele retira um papel do bolso, e o observava com atenção.- Fiz uma lista de lugares que gostaria de conhecer com você, espero que dê tempo de fazer tudo isso em uma semana.- esbravejou com um semblante preocupado, porém havia um sorriso em seu rosto.

- Melhor eu me apressar então.- riu saindo correndo até o banheiro.

Tomo um banho quente e esqueço que não peguei nenhuma roupa ou toalha.

Após terminar o banho, coloco apenas minha cabeça para fora e procuro San.

- San? Preciso de ajuda.- digo preocupada.

- Pode falar.- ele diz vindo até mim com o celular em mãos.

- Não! Fica aí! Não se aproxima mais.- o vejo tirar os olhos do aparelho em suas mãos e focar em mim.- Pode pegar uma toalha e uma roupa pra mim?

Ele se afasta e vai até o armário, logo escolhendo uma roupa e pegando uma toalha.

Ele me entrega junto com a coroa de flores.

- Vai combinar mesmo?- arrisco perguntar ainda olhando a roupa.

- Confia do San e vai.- ele sorri e volta sua atenção ao aparelho.

Dou de ombros e fecho a porta do banheiro.

Passo a toalha pelo espelho embaçado depois de me trocar, e coloco a coroa de flores. Realmente ficou bonito, me fazendo eu me perguntar se ele escolheu essa roupa de propósito apenas para eu usar a coroa. Mas tudo bem...

Saio do banheiro, e ele guarda o celular no bolso.

Pego o elástico em meu pulso e tento prender o cabelo, mas ele corre até mim e pega o elástico, ele coloca o mesmo em seu bolso e olha pros lados.

- Me devolve.- peço esperando o mesmo me devolver.

- Não. Você está bonita assim, não precisa disso. Vai ficar comigo até segunda ordem.- ele abre a porta e eu saio.

- E quem da a segunda ordem?- pergunto o vendo fechar a porta com a chave.

- Eu.- ele joga a chave para cima, logo a pegando e guardando em seu bolso.

- Se eu bem me lembro, também falei para usar algo.- desabafo esperando uma resposta.

- Isso?- ele dobra sua blusa deixando a pulseira a mostra.

- Não precisa usar se não quiser, ela é horrível, sendo sincera.- aperto o botão do elevador e cruzo meus braços.

- Não diga isso. Quando você a fez, colocou seu coração nela, a intenção é que conta. Ela é bonita pra mim.- ele da de ombros e entra no elevador, que eu mesma não havia percebido que já tinha chegado.

Entro no elevador e fomos em um silêncio confortável até o refeitório.

Tomamos nosso café da manhã enquanto respondia perguntas sobre mim.

- Gosta de chá?- ele pergunta tomando um gole do seu café.

- Alguns...- respondo olhando a hora no celular.

- Quais?- resmungou.

- De morango, hortelã, e gelado. Sabe, aqueles de limão e pêssego.- respondo desligando o celular e comendo um pedaço da minha torta.

- Entendi...e comida? Sua favorita?

- Bom...eu já respondi isso ontem San.- lembro.

- Verdade.- ele sorri tímido enquanto olhava o sol através da janela.- A... E cor favorita?

- Cinza.

- Flor?

- De lótus, mas eu nunca vi uma.- dou de ombros.

- Por onde acha que começamos indo? Ao parque? Zoológico? Wow, tem um aquário também.- ele sorri animado parecendo uma criança feliz.

- Podemos ir no parque primeiro.- tomo meu último gole de suco e junto a sujeira que acabei fazendo sem querer.

- Concordo.- ele responde enquanto também limpava sua sujeira, que aliás...foi maior que a minha.

- San, como consegue se sujar, e sujar tantas coisas?

- Yah! Você também sujou ok?- ele me mostra a língua e leva suas coisas ate o lixo.

Riu com tal ato e faço o mesmo que ele.

Bato um pouco em minha roupa para tirar algumas migalhas que haviam ficado e saímos do hotel.

- Mina! Vou buscar uma mochila que eu preparei, não saia daqui.- disse e logo saiu andando para dentro do hotel.

Fico alguns minutos ali esperando, até que ele aparece com uma mochila em suas costas.

- O que tem aí?- pergunto após começarmos a andar até o estacionamento.

- Uma blusa caso você e eu sintamos frio, garrafas de água por que eu sei que você vai precisar.- ele sorri ladino enquanto pensa em algo.- Mapas, e repelente, na praia percebi que sua pele é sensível.

Balanço a cabeça em concordância e finalmente chegamos até o carro.

Entramos e fomos direto ao parque.

- Puts, eu não passei repelente.- digo batendo a mão na testa após lembrar do meu deslize.

- Toma, passa isso e depois coloca esse.- ele me entrega o repelente e uma pulseira, parecia ser meio de...pano? Não conhece este material.

- Pra que serve a pulseira.- digo distribuindo o repelente por meu corpo.

- A moça da farmácia me disse que ele ajuda contra os mosquitos.- ele sorri.- Aí que menino inteligente eu.

- Obrigada San.- devolvo o repelente enquanto sorria.

Coloco a pulseira e fomos andando pelo parque.

Havia uma parte apenas de borboletas, tinha de várias espécies, fomos também a um observatório (ainda dentro do parque) de pássaros. Pássaros abandonados, ou que as pessoas deixavam lá, eram cuidados e ficavam ali.

Eles voavam naquele vasto espaço, era bonito de ver.

Saímos do observatório ainda comentando de como os pássaros eram lindos, até eu ouvir um certo som...que me era muito familiar.

Olho para os lados procurando e San sai correndo.

Mas ele logo volta com dois algodões doce na mão.

- Como sabia?- pergunto animada enquanto batia palmas.

- Minha cara Mina, meu ouvido para essas coisas nunca falha.- ele diz fazendo um gesto mas eu logo corto um pedaço e coloco em sua boca.

- Tá bom espertalhão.- ele ri.

Ficamos ali andando mais um pouco no parque e decidimos ir até um zoológico.

- San, sabia que você parece um lagarto?- pergunto distraída enquanto olhava o céu pela janela do carro.

- Como?- falou enquanto mechia em algo no volante.

- É, você parece um lagarto.- riu comigo mesma.

Ele tenta fugir do assunto mas eu continuo dizendo que ele se parece com um lagarto, logo chegamos no zoológico e fomos até a parte dos bichos preguiça.

- Agora me explica, por que flash?- resmungou enquanto apontava para um dos bichos.- Francamente, não tinha um nome melhor para a preguiça de Zootopia?

- San, eu não sou roteirista.- rimos e após vejo sua indignação.

- É sério, é fofo, mas...flash? Olha a lerdeza disso.

- Imita aí San, vai lá.- digo já tirando o celular do bolso.

- E...le...fa...la...a...ssim.- ele diz com algumas expressões engraçadas, me tirando risadas altas.- Ma...s...- ele continua falando.

Me abaixo para tentar me recuperar depois de alguma imitações dele e me levanto.

- Qual seu animal favorito daqui?- ele pergunta enquanto pegava a garrafa de água em sua mochila.

- A, eu gosto muito do tigre branco na verdade.- sorrio lembrando da última vez que fui a um zoológico, vi um tigre branco e desde então virou meu animal favorito.- E o seu?

- Pode ser...o lagarto.- ele sorri e sai andando na frente.

Fico um pouco confusa mas logo corro até ele e volto a andar ao seu lado.

Ficamos a tarde toda vendo os animais, ele tentava imaginar a girafa enclinando seu pescoço para a frente, e tentava imitar o panda subindo em alguns lugares, eu senti um pouco de vergonha? Talvez. Mas foi muito divertido passar o dia com ele.

- Aí.- pergunto após tropeçar e ter que agarrar seu braço.

Ouço sua risada forte e anasalada, enquanto o olhava com tédio por rir de mim pela quarta vez hoje.

- Você não perdoa uma né?- pergunto sorrindo.

- Nunca.- ele me puxa para fora do parque.- Olha pra foto.

Após olhar para seu celular ele já aperta o botão.

- Ei! Eu nem me arrumei.

- São assim que saem as melhores fotos.- ele pisca pra mim e me mostra a foto.

Realmente tinha ficado bonita, eu olhava pra ele enquanto o mesmo olhava pra mim, ficou bem fofa eu diria. Minha coroa de flores teve um certo destaque, e sua pulseira também.

- San, o que acha de deixar o parque aquático pra amanhã? Aí podemos ir em um parque de diversões também.- digo entrando no carro.

- Você quem manda.- ele diz mas fica pensativo por alguns segundos.- Mas não se acostuma.

Voltamos ao hotel mas ainda estávamos em um pique bom...decidimos nós trocar e ir jantar, hoje aqui no hotel teria a noite da valsa. Seria legal participar.

Coloco um vestido azul marinho, acompanhado de um salto preto, um colar de ouro com uma pedrinha de diamante e alguns anéis.

San vestia um terno preto que ficava perfeito nele, e um tênis, de pelo menos pra mim, era charmoso e lindo nele.

Descemos até o refeitório e nos sentamos.

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- Os casais já podem se levantar, se direcionam ao salão principal e curtam a música.- o recepcionista diz, fazendo todos os casais se levantarem.

Eu e San fomos até o salão, e decidimos dançar também.

Sua mão vai de encontro a minha cintura a apertando leve, enquanto a outra segurava minha mão um pouco acima, minha mãe segurava a sua e a outra seu ombro, que por sinal me parecia bem musculoso.

Meus pensamentos mais uma vez vão até Jongho, lembro da minha festa de dezoito anos, dançamos uma vez, foi a cena mais linda que eu já tinha visto...seus olhos estavam mais brilhantes do que nunca, seus lábios chamativos, e seu cheiro delicioso como sempre.

E...

- Eu sei...que está pensando naquele garoto.- San diz olhando diretamente ao chão.- Mas está noite, eu não gostaria que pensasse nele. Pense em coisas boas e...- uma de suas mãos vão até meu rosto e seu dedão limpa uma lágrima que eu não tinha percebido que havia caído.- Não chore por ele. Nem hoje e nem...nunca mais.

Ele sorri tentando me confortar e volto a nossa posição inicial.

Respiro fundo e concordo com o que o maior disse.

A música começa e nossos pés logo começam a se movimentar, nós estávamos em sincronia com a música e um com o outro, nossos olhos não se desgrudavam nem um minuto sequer, e eu nunca tinha reparado no quão bonito os olhos dele são...eles me passam segurança e conforto, tinham uma delicadeza única, era um olhar meigo, calmo, mas ao mesmo tempo pesado, pareciam ter suportado muita coisa.

Sorrio ao direcionar meus olhos até seus brincos e ver o quão lindo ele fica com os mesmos assim, de perto.

Minha mão direita vai até a sua nuca deixando um carinho confortável ali.

O maior fecha os olhos mas continua dançando comigo, ele suspira uma vez e abre os olhos.

Ele aproxima nossos corpos deixando a dança um pouco mais tensa, mesmo um pouco nervosa, sua leveza e calma me deixavam tranquila.

Depois de alguns minutos as músicas acabam, e retornamos ao nosso quarto.

- Mina, pode ficar com a cama, eu fico com o sofá.- ele diz tirando a gravata e se sentando em uma pequena poltrona para tirar seus tênis.

- A cama é grande, cada um dorme de um lado dela.- dou de ombros e entro no banheiro com meu pijama em mãos.

- Não se preocupa em dormir na mesma cama que eu?- esbravejou um pouco mais alto.

- Você não pareceu se importar com isso ontem.- saio do banheiro e vejo seu rosto vermelho.- Por que eu me preocuparia?

Me aproximo do mais velho porém ele sai correndo e entra no banheiro, provavelmente ia se trocar.

Sorri com tal ato e me deitei na cama, logo sentindo um peso atrás de mim e conseguindo fechar os olhos e dormir em paz...por que ele está aqui.