História Amor Por Outros "Olhos" - Bolinhas de Queijo

Na saída, Sabrina e Clarie saíram juntas. A loira percebeu que a cara abatida da amiga não tinha ido embora.

"Que horas posso ir lá?"

"Tenho que perguntar a minha mãe... Mas se tudo der certo, a qualquer hora."

Então cada uma foi para a sua casa. No caminho de casa, na praça perto de sua casa, ela acabou reconhecendo Izumi de costas, por causa do seu cabelo, sentada no banco como no dia anterior. Porém ela estava sem patins, estava com um saquinho na mão. Com vergonha, Clarie pensou em dar um susto na japonesa. Então se aproximou lentamente dela. Ao chegar perto do banco:

"E aí, pequena!" Clarie deu um pulo de susto.

"C-c-como você soube q-que eu tava atrás de ti!?"

"Heehee, teu perfume, ué." Izumi fez uma careta boba. Clarie se sentou ao lado dela.

"Hoje não teve matemática. Alívio, não?" Izumi brincou, e riu. Clarie não soube o que responder, apenas riu junto.

"Hoje vou ficar pouco, pois já tenho que ir almoçar..."

"Oh, sem problemas."

Um pequeno silêncio entre as duas paira no ar. Então Izumi acaba jogando um de seus biscoitinhos para os pombos.

"Você gosta daqui, né?" Olhou Clarie pra Izumi.

"Sim. Eu me sinto relaxada."

"Heh, entendo. Aqui é uma praça muito bonita. As cores aqui são um colírio para os olhos."

"Sim..." Izumi falou baixo. Clarie não percebeu ela suspirando.

"Ei, tem Whats?"

"Oi? Ah, não não. Nem celular direito tenho." Izumi riu de si mesma. "Eu pareço uma velha."

"Ei, nenhuma velha consegue ensinar matemática tão bem." Clarie fez uma careta, e Izumi riu. "Ninguém tem um carro tão da hora como o seu, ué."

Izumi riu de novo. Ela mostrou o simples celular dela para a loira.

"Esse eu só uso pra ligar pra pizzaria ou outras pessoas, e olhe lá." A japonesa sorriu para Clarie.

"Mas... Ainda é um celular." Então Clarie abriu sua mochila, pegou um pedaço de papel da sua agenda, anotou seu número e mostrou para Izumi.

"Você me liga?" Clarie corou um pouco, e Izumi ficou confusa.

"Hm?" Izumi não sabia o porquê de Clarie estar fazendo isso. Na verdade, nem a própria loira sabia, como se estivesse fora de si. Quando Clarie 'acordou', ela fechou sua mochila, se levantou e foi embora, deixando a japonesa ainda mais confusa.

Ao chegar em casa, Clarie correu para o quarto e deitou.

"O quê que eu fiz... O quê que eu fiz..." Clarie quase chora de vergonha. Tirou suas roupas e acabou cochilando.

×

À tarde, às 14:30, Clarie ouve a campainha de sua casa tocar. A loira acorda assustada e veste suas roupas. Era Sabrina, pôde vê-la da janela do seu quarto.

"A-ah, merda, dormi, e ela chegou, aaaaaaaah..." Pensou, enquanto tentava arrumar seu cabelo e vestir suas roupas. 

"Oie!" Cumprimentou Sabrina. "Casa legal."

"Ah, oi, moça. Desculpa a minha cara de zumbi, eu acabei dormindo."

Sabrina riu, e entrou. Clarie ligou seu notebook, conectou-o a TV do quarto e as duas começaram a jogar e conversar sobre várias coisas. Até que a loira puxou um assunto.

"Sabrina, qual é seu sonho?"

Sabrina pausou o jogo. Um silêncio pairou no ar por uns segundos.

"Meu sonho... É ser radialista."

"Sério!?" Clarie se assustou, porém com um sorriso.

"Sim! Eu AMO investigações policiais, reportagens assim e tudo do gênero!" Sabrina disse entusiasmada, quase pulando da cama. "Queria apresentar um programa assim. Do meu jeito."

"Você vai conseguir realizar esse sonho."

"Claro que vou, pombas! Tem uma mini estação de rádio lá na escola, posso começar por lá!"

Clarie riu. Ela achava que Sabrina ia falar algo pessimista ou algo do tipo. Ao mesmo tempo ficou surpresa ao saber da estação de rádio.

"Semana que vem começo a treinar! Tem um curso lá. Aí vamos ver se estreio. Vai no começo passar só na escola mesmo, à tarde. E você vai participar!"

"Eu!?"

"Sim!"

"Mas no quê? Eu sou uma bosta com câmera e TV!"

"Você verá~" Cantarolou Sabrina.

"Como será o programa?"

Sabrina cantarolou a mesma coisa, e riu alto. Então começaram a jogar. Clarie ficou feliz ao ver Sabrina sorridente de novo. Porém, por pouco tempo. O celular de Sabrina toca. Ela apenas responde 'uhum' para quem está na chamada. Ela desliga e se levanta.

"Loira, tenho que ir. Desculpa ter que ir cedo. É que tenho que resvolver umas coisas. É sobre o divórcio."

Sabrina para de falar por um tempo.

"É, mesmo sendo óbvio que eu vou escolher morar com minha mãe, precisam que eu vá lá pra decidirem legalmente."

"Ah sim."

"Desculpa ir cedo. Obrigada por me animar, Loira."

"De nada. Se cuida, tá?"

As duas vão à porta da casa. Sabrina abraça Clarie, se despedem, e ela vai embora. Clarie entra em casa e deita.

 

Não demora muito e ela acorda com o belo som de chuva, chuva das fortes. Ela se levanta para pegar um cobertor (quando chove, ela instantaneamente sente frio), e nisso, o celular dela toca. É um número que ela não conhece.

"Alô?"

"Ahm... Pequena?"

Clarie acaba se embananando.

"I-Izumi? Como conseguiu meu número? Você é ninja?"

Izumi começa a rir. "Ué, você me passou teu número, boba! Esqueceu?"

Clarie começa a rir de tanta vergonha. Ela tinha mesmo esquecido do que fez mais cedo.

"Bom, tá uma chuva gostosa, né?"

"É..."

"Queria te fazer um convite."

"C-convite?"

"Sim. Gosta de bolinhas de queijo?"

"Claro!" Clarie ficou frenética, a ponto de se jogar na cama.

"Eu sei que tá chovendo...mas queria te levar num lugar, pra comer. Eu achei que tu não tava bem, então pensei em sei lá, levar você pra experimentar as bolitas de queijo aqui, heehee."

Clarie ficou com o coração acelerado. Ela estranhou no começo, pois a japonesa realmente percebeu que ela não tava bem. Não só por causa de Eduardo, o seu ex-crush, mas também, problemas familiares estavam deixando-a pra baixo. E também, estranhou porque Izumi estava se aproximando dela. "Porque diabos uma pessoa, que é professora, está mostrando preocupação comigo? Uma garota tão esquisita e sem graça?"

"Pequena?" Izumi interrompeu seu pensamento. "Você pode? Eu sei que tá chovendo, mas eu posso ir aí."

"Acho que posso. Minha mãe está trabalhando hoje. Ela deve voltar tarde."

"Yay, tô indo aí, tá bom?"

"Uh.....okay." Clarie desliga o telefone e começa a se arrumar freneticamente.

"Merda, ela vai vir rápido, ainda mais com aquele Golf... E eu tô com un cabelo de bosta, socorro!" Pensou, enquanto corria ao banheiro para tomar banho.

 

Meia hora se arrumando, Clarie consegue terminar a tempo. Ela suspira de alívio. Uns minutos depois, ela ouve uma buzina. Vê pela janela o carro da japonesa. Ela sai da casa e a tranca.

"Oi Izumi!" Disse Clarie, enquanto entrava no carro.

"Ois!" Izumi diz enquanto arruma a temperatura do ar, para Clarie ficar mais confortável. Nisso, Clarie vê a forma que a japonesa está vestida de uma forma bem simples: uma calça moletom e uma camisa simples com mangas.

"Eu tô arrumada demais." Clarie deu um sorriso bobo enquanto olhava para Izumi.

"Bah, quem liga? Importante é você estar aqui." Izumi sorriu enquanto começa a guiar o carro.

"Onde vamos?"

"A um lugar que faz bolinhas de queijo e outras coisitas. Parecem coxinhas, mas com queijo dentro."

"Ain, tô com água na boca." Clarie riu enquanto apertava o painel do carro.

"Muito longe?"

"Um pouco. Tudo bem?"

"Ah, é que tenho medo de que minha mãe chegue em casa e não me encontre lá..."

"Ah, entendo."

Izumi fica com uma cara receosa, e começa a correr mais com o carro, o que assusta um pouco a loira, mas não a ponto de deixar de sentir segura.

 

Enfim elas chegam. É um lugar relativamente grande, e estava meio cheio. Também dá para ver o mar.

"Chegamos. Até que horas você poderá ficar?"

"Hm, até umas 8..."

"São quase 4 horas, temos tempo."

Izumi sorri, e as duas entram, procurando um lugar para sentar. Izumi pede uma porção de bolinhas de queijo com um litro de refrigerante.

"Olha, desculpa se tá estranho eu ter te chamado pra vir aqui. Tem algum problema em uma velha como eu ser tua amiga?"

"Não não, imagina! Mas por que? Eu sou tão....meh, sem graça." Clarie abaixa a cabeça.

"Sem graça? Eu não achei."

"Hm?"

"Lembra de quando a gente andou de patins?"

Clarie balança a cabeça afirmando.

"Bom, eu não sei explicar. Ali eu me senti como se estivesse me divertindo com uma amiga de tempos, coisa que nunca mais fiz."

"Hm?" Clarie entortou a cabeça, indicando dúvida.

"É. Eu costumava ter amigas, mas bem, só tenho realmente uma, e ela tá viajando, aí fiquei só aqui. Porque as outras..." Izumi suspira.

"Eu entendo. Aquela amizade superficial".

"Sim. Aí, quando a gente tava andando de patins, vi que você é uma pessoa divertida, que brinca. Porque você poderia recusar, não?"

"Pensando bem, poderia, mas não. Se eu tivesse recusado, teria me arrependido." Clarie riu, fazendo Izumi rir também.

"Nem se arrepende de ter caído?" As duas gargalharam alto.

"Aí pensei, por que a gente não se conhece melhor? Já temos algo em comum: gostamos de carros. É raro ver garota gostar." Izumi sorriu, e loira também.

"Mas..." Izumi fecha os olhos e põe a mão no queixo. "...por que você me passou o seu número daquele jeito?"

Clarie cora, e muito. Ela tenta arrumar alguma desculpa.

"A-ah... Eu não sei...o que deu na minha cabeça."

"Como não sabe?"

"A-ah, não sabendo. Desculpa." Clarie cora, e Izumi ri.

"Bom, se não fosse isso, não estaríamos aqui, não?"

Clarie sorri, e balança a cabeça confirmando. Enfim as aclamadas bolinhas de queijo chegam. Izumi pega uma, assopra e oferece à Clarie.

"Prove. As daqui são especiais."

Izumi leva a bolinha de queijo à boca da loira. Clarie cora, mas isso não a impede de morder a bolinha. Ao sentir o gosto, Clarie derrete de prazer.

"Aw... Que delícia..."

"Heh, eu disse."

As duas começam então a comer e conversar (e muito) sobre carros e paisagens, outro gosto que descobriram ter em comum.

 

 

 

Depois de um tempo, elas acabam de comer. Clarie estava com um sorriso na boca. E logo, esse sorriso fica ainda mais largo:

"Ei, quer guiar?" Izumi mostra a chave do carro para a loira.

"O-o que?" Clarie fica feliz, porém com medo. "Assim, eu sei dirigir, já dirigi antes, mas... Não quero estragar teu belo Golf."

"Fica tranquila. É só não meter o pé." Izumi ri. As duas chegam no carro, e Izumi, antes de dar a chave, propõe:

"Antes, você fará um teste."

"Teste? Sabia que não seria fácil."

Izumi ri da careta que Clarie fez, e continua: "Se você conseguir ligar o carro e tirá-lo da vaga, pode dirigir."

"Desafio aceito então!" Izumi entrega a chave para a loira, e elas entram no carro. Para a surpresa da japonesa, Clarie consegue ligar o carro e tirá-lo da vaga bem rápido, ainda regulando o banco para ela. Izumi achou que ela não saberia mexer bem no câmbio automático e nem ligar o carro, pois se lembra de ter se confundido quando o comprou.

"Pequena! Você soube mesmo?"

"Tava me subestimando?" Riu Clarie, fazendo Izumi rir também.

"Confesso que um pouco, desculpa." Izumi abaixou a cabeça fingindo estar triste.

"N-não! Tudo bem, fica triste não." Clarie começa a abraçar Izumi, e ela ri da reação.

"Hihi, calma calma, eu tô legal, tava brincando."

"Mesmo?"

"Hai."

"Hai?" Clarie entorta a cabeça, fazendo Izumi rir (de novo).

"É 'sim' em japonês, hihi~"

"Aaaaaaaah sim. Bom, vou te mostrar que sei dirigir."

E Clarie começa a andar, e muito bem por sinal.

"Quem diria que você dirige tão bem, melhor que eu." Sorriu Izumi, olhando para a loira.

"Aw, eu, dirigir melhor que tu? Hahahahaha, sei não."

As duas começam a rir. Izumi liga o som do carro e as duas começam a cantar junto com a música, por um bom tempo. Até que depois de certo tempo, apenas Clarie canta, porém ela não percebe. Numa freada em um semáforo, Izumi é jogada para o painel.

"I-IZUMI?" Gritou Clarie, rapidamente desligando o som do carro e abaixando o banco para ela ficar deitada. Ela ainda respirava, mas estava quente e inconsciente. Assim que o sinal abriu, a loira pisou fundo e se dirigiu a um retorno, e foi para um hospital que ela tinha ido antes, que ficava cada vez mais longe de casa. Clarie acabou ultrapassando o limite de velocidade, não se importando. Ela só queria o bem da japonesa.

 

Enfim ela chega no hospital. Clarie consegue fazer o que ela nunca imaginou que conseguiria: carregar alguém maior que ela. Clarie fez um estardalhaço, chamando atenção de todos lá dentro, gritando "isso é uma emergência, alguém, veja o que ela tem!". Logo, paramédicos chegam até Clarie e pegam Izumi. Clarie acompanha a maca.

×

Duas horas se passam. Clarie estava sentada, com a cabeça apoiada na cabeceira do leito onde Izumi estava. A loira já estava cochilando, quando sente cutucadas em seu braço.

"Pequena?"

Clarie acorda assustada. Ao ver Izumi acordada, ela a abraça.

"Izumi! Q-que susto você me deu. Você tá bem?"

"Um pouco tonta... Onde estamos?"

"No hospital."

"O que aconteceu?"

"Você desmaiou. Porque não me disse que estava com febre?"

Paira um silêncio. Izumi realmente sabia que estava com febre, ainda sentia dores no corpo, mas não queria preocupar Clarie, e nem estragar o encontro. Também, achava que a febre ia passar, pois tinha tomado um remédio.

"Poxa, quase me mata de susto. Você tá com dengue, sabia?"

Izumi se espanta.

"D-Dengue?"

"Sim. Você receberá alta após tomar este remédio e irá descansar. Vai ficar afastada de dar aulas."

"Que merda, hein..."

"Você precisa se cuidar, Izumi. Poxa."

Izumi observa o rosto de preocupação em Clarie, e pede desculpas.

"Vou ficar na tua casa hoje."

"O que? Não! Seus pais, eles podem te matar se fizer isso."

"Não, você precisa de cuidados."

"Eu chamo minha prima pra ficar comigo, não se preocupe. Você precisa ir pra casa."

Clarie suspira.

"Vou ficar mais um pouquinho, okay?" A loira segura o braço de Izumi, enquanto seu coração acelera.

"Acho que estou amando novamente." Pensou.